Volume de serviços prestados cai 3,1% em janeiro ante dezembro e sobe 6,1% na comparação anual


Taxa acumulada em 12 meses apresenta alta de 8%, apontam dados do IBGE

Por Daniela Amorim
Atualização:

O volume de serviços prestados no País caiu 3,1% em janeiro de 2023 ante dezembro de 2022, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com janeiro do ano anterior, houve elevação de 6,1% em janeiro de 2023, já descontado o efeito da inflação.

O resultado surpreendeu analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 1,4%. A queda foi a mais intensa desde março de 2021. Considerando apenas meses de janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado de 2023 representou a perda mais aguda da série histórica.

No entanto, o recuo sucede dois meses de elevação, que levaram o volume de serviços prestados a alcançar em dezembro do ano passado um novo recorde na série histórica iniciada em 2011.

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“Essa é a queda mais intensa desde março de 2021, que coincide com a segunda onda de covid-19 que acometeu o Brasil em diversas cidades. Mas essa queda acontece depois de os serviços terem alcançado o pico em dezembro de 2022, a base de comparação do setor é extremamente elevada”, argumentou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

Pandemia

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O setor de serviços permanece operando em patamar 10,3% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da pandemia de covid-19 no País.

“Dezembro é um período em que as pessoas gastam mais”, analisou o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, corroborando a tese da base de comparação elevada.

Alves prevê uma manutenção do cenário de desaceleração da atividade econômica brasileira como um todo, em consequência da política monetária mais restritiva, mas crê que os estímulos fiscais promovidos pelo governo possam moderar de alguma maneira esse ritmo de arrefecimento, com a manutenção do Bolsa Família e os reajustes do salário mínimo e do funcionalismo público. Já a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, prevê perda de fôlego nos serviços ao longo do ano devido aos impactos dos juros elevados.

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“O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios. Mas o efeito positivo da reabertura já se dissipou e agora o setor deve começar a sentir mais fortemente os efeitos dos juros altos”, justificou Moreno, em comentário. “O dado de hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB de 1,5% em 2023. Para 2024, a projeção é que o PIB tenha um aumento de 1%.”

Setor de serviços foi um dos mais prejudicados durante a pandemia do novo coronavírus.  Foto: Alex Silva/Estadão.

Para Rodrigo Lobo, o recuo nos serviços em janeiro parece ser pontual, sem indícios, por ora, de uma reversão de tendência. A Pesquisa Mensal de Serviços passou por uma reformulação metodológica periódica, assim como as pesquisas de comércio e indústria, que atualizou amostra e itens pesquisados, incluindo serviços de streaming, aplicativos de transporte e empresas de delivery.

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“A queda não tem nada a ver com mudança metodológica. Não tem nada a ver com a mudança da amostra propriamente dita”, afirmou Lobo.

Transportes e tecnologia de informação

Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, com destaque para as perdas em transportes (-3,7%) e outros serviços (-9,9%). Houve recuo ainda nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%). Na direção oposta, os avanços ocorreram em informação e comunicação (1%) e serviços prestados às famílias (1%).

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O segmento de outros serviços foi afetado em janeiro por uma base de comparação foi inflada em dezembro, quando houve pagamento de bônus em empresas do setor financeiro, disse Lobo. Em transportes, a explicação também parece pontual, porque passa por um dezembro extraordinário para o segmento, que alcançou seu pico histórico naquele mês, assim como a média global dos serviços.

“É impossível apenas com esse resultado de janeiro cravar um momento de inflexão em função de momento de conjuntura econômica”, afirmou Lobo. “Pode ter recuado por causa de um dezembro muito bom. Precisamos aguardar. Tanto transportes quanto tecnologia de informação ainda são responsáveis pelo setor de serviços ter alcançado esse ápice em dezembro do ano passado. E a gente precisa aguardar para ver como vão se comportar daqui pra frente.”

Lobo afirma que não há sinal de falta de dinamismo de nenhum dos três motores do segmento de transportes: comércio eletrônico, exportação de commodities e indústria.

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“Enquanto esses três motores não demonstrarem algum tipo de declínio, o transporte de cargas também não vai demonstrar nenhum tipo de recuo”, previu.

O gerente da pesquisa do IBGE acrescentou que o cenário que fez com que o setor de serviços tivesse crescido nos últimos três anos não mudou do final do ano passado para este início de 2023. “No final de 2022, o patamar de juros já estava no que está agora”, observou.

Na avaliação de Lobo, os juros elevados não parecem estar influenciando os diferentes segmentos de prestação de serviços, tanto o de transportes quanto os demais segmentos, incluindo serviços prestados a empresas e os prestados às famílias. Segundo ele, o setor de serviços ainda se mostra “dinâmico”.

“É uma primeira queda (a de janeiro), calcada em três setores”, lembrou Lobo, acrescentando que as perdas parecem ter explicações pontuais.

Comparação anual

Na comparação com janeiro de 2022, o setor de serviços teve uma alta de 6,1% em janeiro de 2023, a 23ª taxa positiva consecutiva, com avanços em quatro das cinco atividades pesquisadas.

“Mais um motivo pra gente reforçar essa continuidade do comportamento positivo do setor de serviços, quando a gente olha essa comparação interanual”, apontou Rodrigo Lobo. “O predomínio de taxas positivas de forma disseminada na comparação anual nos confere a impressão de que não há movimento de perda de fôlego de maneira categórica.”

Os avanços ocorreram em transportes (6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (8,3%), informação e comunicação (5,9%) e serviços prestados às famílias (11,4%). A única taxa negativa do mês foi de outros serviços, com ligeira queda de 0,1%. O índice de difusão – que mostra o porcentual de serviços com crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior – cresceu de 57,8% em dezembro para 63,9% em janeiro.

“Tem ligeiro aumento de itens de serviços crescendo frente a igual mês do ano anterior”, frisou Lobo.

(Colaborou Marianna Gualter)

O volume de serviços prestados no País caiu 3,1% em janeiro de 2023 ante dezembro de 2022, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com janeiro do ano anterior, houve elevação de 6,1% em janeiro de 2023, já descontado o efeito da inflação.

O resultado surpreendeu analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 1,4%. A queda foi a mais intensa desde março de 2021. Considerando apenas meses de janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado de 2023 representou a perda mais aguda da série histórica.

No entanto, o recuo sucede dois meses de elevação, que levaram o volume de serviços prestados a alcançar em dezembro do ano passado um novo recorde na série histórica iniciada em 2011.

“Essa é a queda mais intensa desde março de 2021, que coincide com a segunda onda de covid-19 que acometeu o Brasil em diversas cidades. Mas essa queda acontece depois de os serviços terem alcançado o pico em dezembro de 2022, a base de comparação do setor é extremamente elevada”, argumentou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

Pandemia

O setor de serviços permanece operando em patamar 10,3% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da pandemia de covid-19 no País.

“Dezembro é um período em que as pessoas gastam mais”, analisou o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, corroborando a tese da base de comparação elevada.

Alves prevê uma manutenção do cenário de desaceleração da atividade econômica brasileira como um todo, em consequência da política monetária mais restritiva, mas crê que os estímulos fiscais promovidos pelo governo possam moderar de alguma maneira esse ritmo de arrefecimento, com a manutenção do Bolsa Família e os reajustes do salário mínimo e do funcionalismo público. Já a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, prevê perda de fôlego nos serviços ao longo do ano devido aos impactos dos juros elevados.

“O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios. Mas o efeito positivo da reabertura já se dissipou e agora o setor deve começar a sentir mais fortemente os efeitos dos juros altos”, justificou Moreno, em comentário. “O dado de hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB de 1,5% em 2023. Para 2024, a projeção é que o PIB tenha um aumento de 1%.”

Setor de serviços foi um dos mais prejudicados durante a pandemia do novo coronavírus.  Foto: Alex Silva/Estadão.

Para Rodrigo Lobo, o recuo nos serviços em janeiro parece ser pontual, sem indícios, por ora, de uma reversão de tendência. A Pesquisa Mensal de Serviços passou por uma reformulação metodológica periódica, assim como as pesquisas de comércio e indústria, que atualizou amostra e itens pesquisados, incluindo serviços de streaming, aplicativos de transporte e empresas de delivery.

“A queda não tem nada a ver com mudança metodológica. Não tem nada a ver com a mudança da amostra propriamente dita”, afirmou Lobo.

Transportes e tecnologia de informação

Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, com destaque para as perdas em transportes (-3,7%) e outros serviços (-9,9%). Houve recuo ainda nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%). Na direção oposta, os avanços ocorreram em informação e comunicação (1%) e serviços prestados às famílias (1%).

O segmento de outros serviços foi afetado em janeiro por uma base de comparação foi inflada em dezembro, quando houve pagamento de bônus em empresas do setor financeiro, disse Lobo. Em transportes, a explicação também parece pontual, porque passa por um dezembro extraordinário para o segmento, que alcançou seu pico histórico naquele mês, assim como a média global dos serviços.

“É impossível apenas com esse resultado de janeiro cravar um momento de inflexão em função de momento de conjuntura econômica”, afirmou Lobo. “Pode ter recuado por causa de um dezembro muito bom. Precisamos aguardar. Tanto transportes quanto tecnologia de informação ainda são responsáveis pelo setor de serviços ter alcançado esse ápice em dezembro do ano passado. E a gente precisa aguardar para ver como vão se comportar daqui pra frente.”

Lobo afirma que não há sinal de falta de dinamismo de nenhum dos três motores do segmento de transportes: comércio eletrônico, exportação de commodities e indústria.

“Enquanto esses três motores não demonstrarem algum tipo de declínio, o transporte de cargas também não vai demonstrar nenhum tipo de recuo”, previu.

O gerente da pesquisa do IBGE acrescentou que o cenário que fez com que o setor de serviços tivesse crescido nos últimos três anos não mudou do final do ano passado para este início de 2023. “No final de 2022, o patamar de juros já estava no que está agora”, observou.

Na avaliação de Lobo, os juros elevados não parecem estar influenciando os diferentes segmentos de prestação de serviços, tanto o de transportes quanto os demais segmentos, incluindo serviços prestados a empresas e os prestados às famílias. Segundo ele, o setor de serviços ainda se mostra “dinâmico”.

“É uma primeira queda (a de janeiro), calcada em três setores”, lembrou Lobo, acrescentando que as perdas parecem ter explicações pontuais.

Comparação anual

Na comparação com janeiro de 2022, o setor de serviços teve uma alta de 6,1% em janeiro de 2023, a 23ª taxa positiva consecutiva, com avanços em quatro das cinco atividades pesquisadas.

“Mais um motivo pra gente reforçar essa continuidade do comportamento positivo do setor de serviços, quando a gente olha essa comparação interanual”, apontou Rodrigo Lobo. “O predomínio de taxas positivas de forma disseminada na comparação anual nos confere a impressão de que não há movimento de perda de fôlego de maneira categórica.”

Os avanços ocorreram em transportes (6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (8,3%), informação e comunicação (5,9%) e serviços prestados às famílias (11,4%). A única taxa negativa do mês foi de outros serviços, com ligeira queda de 0,1%. O índice de difusão – que mostra o porcentual de serviços com crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior – cresceu de 57,8% em dezembro para 63,9% em janeiro.

“Tem ligeiro aumento de itens de serviços crescendo frente a igual mês do ano anterior”, frisou Lobo.

(Colaborou Marianna Gualter)

O volume de serviços prestados no País caiu 3,1% em janeiro de 2023 ante dezembro de 2022, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com janeiro do ano anterior, houve elevação de 6,1% em janeiro de 2023, já descontado o efeito da inflação.

O resultado surpreendeu analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 1,4%. A queda foi a mais intensa desde março de 2021. Considerando apenas meses de janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado de 2023 representou a perda mais aguda da série histórica.

No entanto, o recuo sucede dois meses de elevação, que levaram o volume de serviços prestados a alcançar em dezembro do ano passado um novo recorde na série histórica iniciada em 2011.

“Essa é a queda mais intensa desde março de 2021, que coincide com a segunda onda de covid-19 que acometeu o Brasil em diversas cidades. Mas essa queda acontece depois de os serviços terem alcançado o pico em dezembro de 2022, a base de comparação do setor é extremamente elevada”, argumentou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

Pandemia

O setor de serviços permanece operando em patamar 10,3% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da pandemia de covid-19 no País.

“Dezembro é um período em que as pessoas gastam mais”, analisou o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, corroborando a tese da base de comparação elevada.

Alves prevê uma manutenção do cenário de desaceleração da atividade econômica brasileira como um todo, em consequência da política monetária mais restritiva, mas crê que os estímulos fiscais promovidos pelo governo possam moderar de alguma maneira esse ritmo de arrefecimento, com a manutenção do Bolsa Família e os reajustes do salário mínimo e do funcionalismo público. Já a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, prevê perda de fôlego nos serviços ao longo do ano devido aos impactos dos juros elevados.

“O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios. Mas o efeito positivo da reabertura já se dissipou e agora o setor deve começar a sentir mais fortemente os efeitos dos juros altos”, justificou Moreno, em comentário. “O dado de hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB de 1,5% em 2023. Para 2024, a projeção é que o PIB tenha um aumento de 1%.”

Setor de serviços foi um dos mais prejudicados durante a pandemia do novo coronavírus.  Foto: Alex Silva/Estadão.

Para Rodrigo Lobo, o recuo nos serviços em janeiro parece ser pontual, sem indícios, por ora, de uma reversão de tendência. A Pesquisa Mensal de Serviços passou por uma reformulação metodológica periódica, assim como as pesquisas de comércio e indústria, que atualizou amostra e itens pesquisados, incluindo serviços de streaming, aplicativos de transporte e empresas de delivery.

“A queda não tem nada a ver com mudança metodológica. Não tem nada a ver com a mudança da amostra propriamente dita”, afirmou Lobo.

Transportes e tecnologia de informação

Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, com destaque para as perdas em transportes (-3,7%) e outros serviços (-9,9%). Houve recuo ainda nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%). Na direção oposta, os avanços ocorreram em informação e comunicação (1%) e serviços prestados às famílias (1%).

O segmento de outros serviços foi afetado em janeiro por uma base de comparação foi inflada em dezembro, quando houve pagamento de bônus em empresas do setor financeiro, disse Lobo. Em transportes, a explicação também parece pontual, porque passa por um dezembro extraordinário para o segmento, que alcançou seu pico histórico naquele mês, assim como a média global dos serviços.

“É impossível apenas com esse resultado de janeiro cravar um momento de inflexão em função de momento de conjuntura econômica”, afirmou Lobo. “Pode ter recuado por causa de um dezembro muito bom. Precisamos aguardar. Tanto transportes quanto tecnologia de informação ainda são responsáveis pelo setor de serviços ter alcançado esse ápice em dezembro do ano passado. E a gente precisa aguardar para ver como vão se comportar daqui pra frente.”

Lobo afirma que não há sinal de falta de dinamismo de nenhum dos três motores do segmento de transportes: comércio eletrônico, exportação de commodities e indústria.

“Enquanto esses três motores não demonstrarem algum tipo de declínio, o transporte de cargas também não vai demonstrar nenhum tipo de recuo”, previu.

O gerente da pesquisa do IBGE acrescentou que o cenário que fez com que o setor de serviços tivesse crescido nos últimos três anos não mudou do final do ano passado para este início de 2023. “No final de 2022, o patamar de juros já estava no que está agora”, observou.

Na avaliação de Lobo, os juros elevados não parecem estar influenciando os diferentes segmentos de prestação de serviços, tanto o de transportes quanto os demais segmentos, incluindo serviços prestados a empresas e os prestados às famílias. Segundo ele, o setor de serviços ainda se mostra “dinâmico”.

“É uma primeira queda (a de janeiro), calcada em três setores”, lembrou Lobo, acrescentando que as perdas parecem ter explicações pontuais.

Comparação anual

Na comparação com janeiro de 2022, o setor de serviços teve uma alta de 6,1% em janeiro de 2023, a 23ª taxa positiva consecutiva, com avanços em quatro das cinco atividades pesquisadas.

“Mais um motivo pra gente reforçar essa continuidade do comportamento positivo do setor de serviços, quando a gente olha essa comparação interanual”, apontou Rodrigo Lobo. “O predomínio de taxas positivas de forma disseminada na comparação anual nos confere a impressão de que não há movimento de perda de fôlego de maneira categórica.”

Os avanços ocorreram em transportes (6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (8,3%), informação e comunicação (5,9%) e serviços prestados às famílias (11,4%). A única taxa negativa do mês foi de outros serviços, com ligeira queda de 0,1%. O índice de difusão – que mostra o porcentual de serviços com crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior – cresceu de 57,8% em dezembro para 63,9% em janeiro.

“Tem ligeiro aumento de itens de serviços crescendo frente a igual mês do ano anterior”, frisou Lobo.

(Colaborou Marianna Gualter)

O volume de serviços prestados no País caiu 3,1% em janeiro de 2023 ante dezembro de 2022, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com janeiro do ano anterior, houve elevação de 6,1% em janeiro de 2023, já descontado o efeito da inflação.

O resultado surpreendeu analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 1,4%. A queda foi a mais intensa desde março de 2021. Considerando apenas meses de janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado de 2023 representou a perda mais aguda da série histórica.

No entanto, o recuo sucede dois meses de elevação, que levaram o volume de serviços prestados a alcançar em dezembro do ano passado um novo recorde na série histórica iniciada em 2011.

“Essa é a queda mais intensa desde março de 2021, que coincide com a segunda onda de covid-19 que acometeu o Brasil em diversas cidades. Mas essa queda acontece depois de os serviços terem alcançado o pico em dezembro de 2022, a base de comparação do setor é extremamente elevada”, argumentou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

Pandemia

O setor de serviços permanece operando em patamar 10,3% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da pandemia de covid-19 no País.

“Dezembro é um período em que as pessoas gastam mais”, analisou o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, corroborando a tese da base de comparação elevada.

Alves prevê uma manutenção do cenário de desaceleração da atividade econômica brasileira como um todo, em consequência da política monetária mais restritiva, mas crê que os estímulos fiscais promovidos pelo governo possam moderar de alguma maneira esse ritmo de arrefecimento, com a manutenção do Bolsa Família e os reajustes do salário mínimo e do funcionalismo público. Já a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, prevê perda de fôlego nos serviços ao longo do ano devido aos impactos dos juros elevados.

“O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios. Mas o efeito positivo da reabertura já se dissipou e agora o setor deve começar a sentir mais fortemente os efeitos dos juros altos”, justificou Moreno, em comentário. “O dado de hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB de 1,5% em 2023. Para 2024, a projeção é que o PIB tenha um aumento de 1%.”

Setor de serviços foi um dos mais prejudicados durante a pandemia do novo coronavírus.  Foto: Alex Silva/Estadão.

Para Rodrigo Lobo, o recuo nos serviços em janeiro parece ser pontual, sem indícios, por ora, de uma reversão de tendência. A Pesquisa Mensal de Serviços passou por uma reformulação metodológica periódica, assim como as pesquisas de comércio e indústria, que atualizou amostra e itens pesquisados, incluindo serviços de streaming, aplicativos de transporte e empresas de delivery.

“A queda não tem nada a ver com mudança metodológica. Não tem nada a ver com a mudança da amostra propriamente dita”, afirmou Lobo.

Transportes e tecnologia de informação

Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, com destaque para as perdas em transportes (-3,7%) e outros serviços (-9,9%). Houve recuo ainda nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%). Na direção oposta, os avanços ocorreram em informação e comunicação (1%) e serviços prestados às famílias (1%).

O segmento de outros serviços foi afetado em janeiro por uma base de comparação foi inflada em dezembro, quando houve pagamento de bônus em empresas do setor financeiro, disse Lobo. Em transportes, a explicação também parece pontual, porque passa por um dezembro extraordinário para o segmento, que alcançou seu pico histórico naquele mês, assim como a média global dos serviços.

“É impossível apenas com esse resultado de janeiro cravar um momento de inflexão em função de momento de conjuntura econômica”, afirmou Lobo. “Pode ter recuado por causa de um dezembro muito bom. Precisamos aguardar. Tanto transportes quanto tecnologia de informação ainda são responsáveis pelo setor de serviços ter alcançado esse ápice em dezembro do ano passado. E a gente precisa aguardar para ver como vão se comportar daqui pra frente.”

Lobo afirma que não há sinal de falta de dinamismo de nenhum dos três motores do segmento de transportes: comércio eletrônico, exportação de commodities e indústria.

“Enquanto esses três motores não demonstrarem algum tipo de declínio, o transporte de cargas também não vai demonstrar nenhum tipo de recuo”, previu.

O gerente da pesquisa do IBGE acrescentou que o cenário que fez com que o setor de serviços tivesse crescido nos últimos três anos não mudou do final do ano passado para este início de 2023. “No final de 2022, o patamar de juros já estava no que está agora”, observou.

Na avaliação de Lobo, os juros elevados não parecem estar influenciando os diferentes segmentos de prestação de serviços, tanto o de transportes quanto os demais segmentos, incluindo serviços prestados a empresas e os prestados às famílias. Segundo ele, o setor de serviços ainda se mostra “dinâmico”.

“É uma primeira queda (a de janeiro), calcada em três setores”, lembrou Lobo, acrescentando que as perdas parecem ter explicações pontuais.

Comparação anual

Na comparação com janeiro de 2022, o setor de serviços teve uma alta de 6,1% em janeiro de 2023, a 23ª taxa positiva consecutiva, com avanços em quatro das cinco atividades pesquisadas.

“Mais um motivo pra gente reforçar essa continuidade do comportamento positivo do setor de serviços, quando a gente olha essa comparação interanual”, apontou Rodrigo Lobo. “O predomínio de taxas positivas de forma disseminada na comparação anual nos confere a impressão de que não há movimento de perda de fôlego de maneira categórica.”

Os avanços ocorreram em transportes (6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (8,3%), informação e comunicação (5,9%) e serviços prestados às famílias (11,4%). A única taxa negativa do mês foi de outros serviços, com ligeira queda de 0,1%. O índice de difusão – que mostra o porcentual de serviços com crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior – cresceu de 57,8% em dezembro para 63,9% em janeiro.

“Tem ligeiro aumento de itens de serviços crescendo frente a igual mês do ano anterior”, frisou Lobo.

(Colaborou Marianna Gualter)

O volume de serviços prestados no País caiu 3,1% em janeiro de 2023 ante dezembro de 2022, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com janeiro do ano anterior, houve elevação de 6,1% em janeiro de 2023, já descontado o efeito da inflação.

O resultado surpreendeu analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 1,4%. A queda foi a mais intensa desde março de 2021. Considerando apenas meses de janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado de 2023 representou a perda mais aguda da série histórica.

No entanto, o recuo sucede dois meses de elevação, que levaram o volume de serviços prestados a alcançar em dezembro do ano passado um novo recorde na série histórica iniciada em 2011.

“Essa é a queda mais intensa desde março de 2021, que coincide com a segunda onda de covid-19 que acometeu o Brasil em diversas cidades. Mas essa queda acontece depois de os serviços terem alcançado o pico em dezembro de 2022, a base de comparação do setor é extremamente elevada”, argumentou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

Pandemia

O setor de serviços permanece operando em patamar 10,3% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da pandemia de covid-19 no País.

“Dezembro é um período em que as pessoas gastam mais”, analisou o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, corroborando a tese da base de comparação elevada.

Alves prevê uma manutenção do cenário de desaceleração da atividade econômica brasileira como um todo, em consequência da política monetária mais restritiva, mas crê que os estímulos fiscais promovidos pelo governo possam moderar de alguma maneira esse ritmo de arrefecimento, com a manutenção do Bolsa Família e os reajustes do salário mínimo e do funcionalismo público. Já a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, prevê perda de fôlego nos serviços ao longo do ano devido aos impactos dos juros elevados.

“O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios. Mas o efeito positivo da reabertura já se dissipou e agora o setor deve começar a sentir mais fortemente os efeitos dos juros altos”, justificou Moreno, em comentário. “O dado de hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB de 1,5% em 2023. Para 2024, a projeção é que o PIB tenha um aumento de 1%.”

Setor de serviços foi um dos mais prejudicados durante a pandemia do novo coronavírus.  Foto: Alex Silva/Estadão.

Para Rodrigo Lobo, o recuo nos serviços em janeiro parece ser pontual, sem indícios, por ora, de uma reversão de tendência. A Pesquisa Mensal de Serviços passou por uma reformulação metodológica periódica, assim como as pesquisas de comércio e indústria, que atualizou amostra e itens pesquisados, incluindo serviços de streaming, aplicativos de transporte e empresas de delivery.

“A queda não tem nada a ver com mudança metodológica. Não tem nada a ver com a mudança da amostra propriamente dita”, afirmou Lobo.

Transportes e tecnologia de informação

Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, com destaque para as perdas em transportes (-3,7%) e outros serviços (-9,9%). Houve recuo ainda nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%). Na direção oposta, os avanços ocorreram em informação e comunicação (1%) e serviços prestados às famílias (1%).

O segmento de outros serviços foi afetado em janeiro por uma base de comparação foi inflada em dezembro, quando houve pagamento de bônus em empresas do setor financeiro, disse Lobo. Em transportes, a explicação também parece pontual, porque passa por um dezembro extraordinário para o segmento, que alcançou seu pico histórico naquele mês, assim como a média global dos serviços.

“É impossível apenas com esse resultado de janeiro cravar um momento de inflexão em função de momento de conjuntura econômica”, afirmou Lobo. “Pode ter recuado por causa de um dezembro muito bom. Precisamos aguardar. Tanto transportes quanto tecnologia de informação ainda são responsáveis pelo setor de serviços ter alcançado esse ápice em dezembro do ano passado. E a gente precisa aguardar para ver como vão se comportar daqui pra frente.”

Lobo afirma que não há sinal de falta de dinamismo de nenhum dos três motores do segmento de transportes: comércio eletrônico, exportação de commodities e indústria.

“Enquanto esses três motores não demonstrarem algum tipo de declínio, o transporte de cargas também não vai demonstrar nenhum tipo de recuo”, previu.

O gerente da pesquisa do IBGE acrescentou que o cenário que fez com que o setor de serviços tivesse crescido nos últimos três anos não mudou do final do ano passado para este início de 2023. “No final de 2022, o patamar de juros já estava no que está agora”, observou.

Na avaliação de Lobo, os juros elevados não parecem estar influenciando os diferentes segmentos de prestação de serviços, tanto o de transportes quanto os demais segmentos, incluindo serviços prestados a empresas e os prestados às famílias. Segundo ele, o setor de serviços ainda se mostra “dinâmico”.

“É uma primeira queda (a de janeiro), calcada em três setores”, lembrou Lobo, acrescentando que as perdas parecem ter explicações pontuais.

Comparação anual

Na comparação com janeiro de 2022, o setor de serviços teve uma alta de 6,1% em janeiro de 2023, a 23ª taxa positiva consecutiva, com avanços em quatro das cinco atividades pesquisadas.

“Mais um motivo pra gente reforçar essa continuidade do comportamento positivo do setor de serviços, quando a gente olha essa comparação interanual”, apontou Rodrigo Lobo. “O predomínio de taxas positivas de forma disseminada na comparação anual nos confere a impressão de que não há movimento de perda de fôlego de maneira categórica.”

Os avanços ocorreram em transportes (6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (8,3%), informação e comunicação (5,9%) e serviços prestados às famílias (11,4%). A única taxa negativa do mês foi de outros serviços, com ligeira queda de 0,1%. O índice de difusão – que mostra o porcentual de serviços com crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior – cresceu de 57,8% em dezembro para 63,9% em janeiro.

“Tem ligeiro aumento de itens de serviços crescendo frente a igual mês do ano anterior”, frisou Lobo.

(Colaborou Marianna Gualter)

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