Simples e agronegócio concentram mais de um terço de gasto tributário que ‘mal impressionou’ Lula


Cifra, que saltou nos últimos anos, está na mira da equipe econômica, cuja agenda passa pela revisão de benefícios

Por Fernanda Trisotto, Amanda Pupo e Sofia Aguiar

BRASÍLIA – O custo do gasto tributário no Brasil deve bater R$ 523,7 bilhões em 2024, de acordo com dados da Receita Federal. O cálculo desses incentivos fiscais, que diminuem a arrecadação do governo, não inclui a desoneração da folha de pagamentos, que não estava vigente quando o Orçamento deste ano foi elaborado.

Essa cifra, que saltou nos últimos anos, deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “mal impressionado” – disse ontem a ministra do Planejamento, Simone Tebet – e está na mira da equipe econômica, cuja agenda passa pela correção da erosão da base fiscal (ou seja, da arrecadação) e revisão de benefícios. Mais de um terço das benesses tributárias é direcionada ao Simples Nacional e à agricultura e à agroindústria.

Lula citou besta terça-feira, 18, um valor inclusive superior ao gasto tributário projetado pelo Fisco para este ano. “De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País”, destacou, durante entrevista à CBN nesta terça-feira, 18.

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'De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País', disse Lula nesta terça-feira, 18. Foto: Wilton Junior/Estadão

O presidente se referia aos números apresentados por Tebet em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O dado engloba os gastos com renúncia fiscal, benefícios financeiros e creditícios. Dos R$ 646,6 bilhões projetados em 2023, R$ 519 bilhões são de benefícios tributários e R$ 127,6 bilhões de benefícios financeiros e creditícios. O valor correspondeu a 34% da receita primária líquida e a 5,96% do PIB.

“Você pega, por exemplo, a Confederação Nacional da Agricultura, que tem uma isenção de quase R$ 60 bilhões. Pega setor de combustível que tem isenção de quase R$ 32 bilhões. Ou seja, você vai tentar jogar isso em cima do aposentado? Do pescador? Da dona de casa? Da empregada doméstica?”, questionou Lula. Ele também citou a prorrogação da desoneração da folha para 17 setores da economia, cobrando uma contrapartida para o trabalhador.

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O documento do Fisco aponta que, em 2024, o principal gasto tributário do País será com o Simples Nacional, que responde por 23,94% das renúncias – R$ 125,359 bilhões no total (veja a lista completa abaixo). Para agricultura e agroindústria, mencionados por Lula, os benefícios somam R$ 58,925 bilhões em 2024, 11,25% do total.

No relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que foi levado a Lula ontem, sobre as contas do governo federal no ano de 2023, a Corte destacou que, num contexto de restrição fiscal como o enfrentado pela União, os valores associados a esses benefícios deveriam ser considerados “com maior atenção em virtude do seu impacto nas contas públicas”.

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Olhando para os dados do ano passado, o TCU chamou atenção para o fato de os gastos tributários relacionados ao Simples e à agricultura e agroindústria, juntos, terem somado mais de um terço do valor das renúncias (33,22%). Na comparação com 2022, houve crescimento de 12,56% no total, acima da inflação no período.

“Note-se que o incremento, tanto dos montantes dos novos gastos tributários quanto dos valores totais dos benefícios, ocorrido nos últimos dois anos, conforme demonstrado, vai de encontro à atual situação de restrição fiscal experimentada pelo País, bem como ao ‘plano de redução gradual de incentivos e benefícios federais de natureza tributária e o encerramento de benefícios fiscais’”, diz o relatório aprovado pelo plenário do TCU na semana passada.

Embora não conste nas projeções para 2024, a Receita já estimou que serão necessários R$ 26,3 bilhões para restituir a perda arrecadatória com a prorrogação da desoneração – R$ 15,8 bilhões compensam o benefício concedido aos 17 setores da economia que mais empregam e os outros R$ 10,5 bilhões bancam a mudança na tributação das prefeituras. O TCU pontuou que a benesse aplicada à folha de salários foi o benefício incidente sobre a contribuição previdenciária que mais cresceu entre 2022 e 2023, com avanço de 19,6% no período.

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O que é a desoneração da folha de pagamentos

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas. No caso dos municípios, o benefício reduz a tributação de 20% para 8%.

Por decisão do Congresso, em votações expressivas, a política foi prorrogada até 2027 pelo Congresso Nacional, mas acabou suspensa por uma decisão liminar do STF em ação movida pelo governo federal. A alegação é que o Congresso não previu uma fonte de receitas para bancar o programa e não estimou o impacto do benefício nas contas públicas. O Legislativo, porém, argumenta que medidas foram aprovadas para aumentar as receitas da União e que a estimativa de impacto estava descrita na proposta aprovada.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, em entrevista ao Estadãoum acordo para manter a desoneração em 2024 e negociar uma cobrança gradual a partir do ano que vem. Segundo o Desonera Brasil, os 17 setores beneficiados empregam 9,3 milhões de pessoas, e criou 151 mil empregos nos dois primeiros meses do ano. O movimento menciona ainda que o salário médio nestes setores é 12,7% maior ao dos setores que não são desonerados, dados que comprovariam os benefícios da medida.

BRASÍLIA – O custo do gasto tributário no Brasil deve bater R$ 523,7 bilhões em 2024, de acordo com dados da Receita Federal. O cálculo desses incentivos fiscais, que diminuem a arrecadação do governo, não inclui a desoneração da folha de pagamentos, que não estava vigente quando o Orçamento deste ano foi elaborado.

Essa cifra, que saltou nos últimos anos, deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “mal impressionado” – disse ontem a ministra do Planejamento, Simone Tebet – e está na mira da equipe econômica, cuja agenda passa pela correção da erosão da base fiscal (ou seja, da arrecadação) e revisão de benefícios. Mais de um terço das benesses tributárias é direcionada ao Simples Nacional e à agricultura e à agroindústria.

Lula citou besta terça-feira, 18, um valor inclusive superior ao gasto tributário projetado pelo Fisco para este ano. “De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País”, destacou, durante entrevista à CBN nesta terça-feira, 18.

'De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País', disse Lula nesta terça-feira, 18. Foto: Wilton Junior/Estadão

O presidente se referia aos números apresentados por Tebet em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O dado engloba os gastos com renúncia fiscal, benefícios financeiros e creditícios. Dos R$ 646,6 bilhões projetados em 2023, R$ 519 bilhões são de benefícios tributários e R$ 127,6 bilhões de benefícios financeiros e creditícios. O valor correspondeu a 34% da receita primária líquida e a 5,96% do PIB.

“Você pega, por exemplo, a Confederação Nacional da Agricultura, que tem uma isenção de quase R$ 60 bilhões. Pega setor de combustível que tem isenção de quase R$ 32 bilhões. Ou seja, você vai tentar jogar isso em cima do aposentado? Do pescador? Da dona de casa? Da empregada doméstica?”, questionou Lula. Ele também citou a prorrogação da desoneração da folha para 17 setores da economia, cobrando uma contrapartida para o trabalhador.

O documento do Fisco aponta que, em 2024, o principal gasto tributário do País será com o Simples Nacional, que responde por 23,94% das renúncias – R$ 125,359 bilhões no total (veja a lista completa abaixo). Para agricultura e agroindústria, mencionados por Lula, os benefícios somam R$ 58,925 bilhões em 2024, 11,25% do total.

No relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que foi levado a Lula ontem, sobre as contas do governo federal no ano de 2023, a Corte destacou que, num contexto de restrição fiscal como o enfrentado pela União, os valores associados a esses benefícios deveriam ser considerados “com maior atenção em virtude do seu impacto nas contas públicas”.

Olhando para os dados do ano passado, o TCU chamou atenção para o fato de os gastos tributários relacionados ao Simples e à agricultura e agroindústria, juntos, terem somado mais de um terço do valor das renúncias (33,22%). Na comparação com 2022, houve crescimento de 12,56% no total, acima da inflação no período.

“Note-se que o incremento, tanto dos montantes dos novos gastos tributários quanto dos valores totais dos benefícios, ocorrido nos últimos dois anos, conforme demonstrado, vai de encontro à atual situação de restrição fiscal experimentada pelo País, bem como ao ‘plano de redução gradual de incentivos e benefícios federais de natureza tributária e o encerramento de benefícios fiscais’”, diz o relatório aprovado pelo plenário do TCU na semana passada.

Embora não conste nas projeções para 2024, a Receita já estimou que serão necessários R$ 26,3 bilhões para restituir a perda arrecadatória com a prorrogação da desoneração – R$ 15,8 bilhões compensam o benefício concedido aos 17 setores da economia que mais empregam e os outros R$ 10,5 bilhões bancam a mudança na tributação das prefeituras. O TCU pontuou que a benesse aplicada à folha de salários foi o benefício incidente sobre a contribuição previdenciária que mais cresceu entre 2022 e 2023, com avanço de 19,6% no período.

O que é a desoneração da folha de pagamentos

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas. No caso dos municípios, o benefício reduz a tributação de 20% para 8%.

Por decisão do Congresso, em votações expressivas, a política foi prorrogada até 2027 pelo Congresso Nacional, mas acabou suspensa por uma decisão liminar do STF em ação movida pelo governo federal. A alegação é que o Congresso não previu uma fonte de receitas para bancar o programa e não estimou o impacto do benefício nas contas públicas. O Legislativo, porém, argumenta que medidas foram aprovadas para aumentar as receitas da União e que a estimativa de impacto estava descrita na proposta aprovada.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, em entrevista ao Estadãoum acordo para manter a desoneração em 2024 e negociar uma cobrança gradual a partir do ano que vem. Segundo o Desonera Brasil, os 17 setores beneficiados empregam 9,3 milhões de pessoas, e criou 151 mil empregos nos dois primeiros meses do ano. O movimento menciona ainda que o salário médio nestes setores é 12,7% maior ao dos setores que não são desonerados, dados que comprovariam os benefícios da medida.

BRASÍLIA – O custo do gasto tributário no Brasil deve bater R$ 523,7 bilhões em 2024, de acordo com dados da Receita Federal. O cálculo desses incentivos fiscais, que diminuem a arrecadação do governo, não inclui a desoneração da folha de pagamentos, que não estava vigente quando o Orçamento deste ano foi elaborado.

Essa cifra, que saltou nos últimos anos, deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “mal impressionado” – disse ontem a ministra do Planejamento, Simone Tebet – e está na mira da equipe econômica, cuja agenda passa pela correção da erosão da base fiscal (ou seja, da arrecadação) e revisão de benefícios. Mais de um terço das benesses tributárias é direcionada ao Simples Nacional e à agricultura e à agroindústria.

Lula citou besta terça-feira, 18, um valor inclusive superior ao gasto tributário projetado pelo Fisco para este ano. “De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País”, destacou, durante entrevista à CBN nesta terça-feira, 18.

'De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País', disse Lula nesta terça-feira, 18. Foto: Wilton Junior/Estadão

O presidente se referia aos números apresentados por Tebet em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O dado engloba os gastos com renúncia fiscal, benefícios financeiros e creditícios. Dos R$ 646,6 bilhões projetados em 2023, R$ 519 bilhões são de benefícios tributários e R$ 127,6 bilhões de benefícios financeiros e creditícios. O valor correspondeu a 34% da receita primária líquida e a 5,96% do PIB.

“Você pega, por exemplo, a Confederação Nacional da Agricultura, que tem uma isenção de quase R$ 60 bilhões. Pega setor de combustível que tem isenção de quase R$ 32 bilhões. Ou seja, você vai tentar jogar isso em cima do aposentado? Do pescador? Da dona de casa? Da empregada doméstica?”, questionou Lula. Ele também citou a prorrogação da desoneração da folha para 17 setores da economia, cobrando uma contrapartida para o trabalhador.

O documento do Fisco aponta que, em 2024, o principal gasto tributário do País será com o Simples Nacional, que responde por 23,94% das renúncias – R$ 125,359 bilhões no total (veja a lista completa abaixo). Para agricultura e agroindústria, mencionados por Lula, os benefícios somam R$ 58,925 bilhões em 2024, 11,25% do total.

No relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que foi levado a Lula ontem, sobre as contas do governo federal no ano de 2023, a Corte destacou que, num contexto de restrição fiscal como o enfrentado pela União, os valores associados a esses benefícios deveriam ser considerados “com maior atenção em virtude do seu impacto nas contas públicas”.

Olhando para os dados do ano passado, o TCU chamou atenção para o fato de os gastos tributários relacionados ao Simples e à agricultura e agroindústria, juntos, terem somado mais de um terço do valor das renúncias (33,22%). Na comparação com 2022, houve crescimento de 12,56% no total, acima da inflação no período.

“Note-se que o incremento, tanto dos montantes dos novos gastos tributários quanto dos valores totais dos benefícios, ocorrido nos últimos dois anos, conforme demonstrado, vai de encontro à atual situação de restrição fiscal experimentada pelo País, bem como ao ‘plano de redução gradual de incentivos e benefícios federais de natureza tributária e o encerramento de benefícios fiscais’”, diz o relatório aprovado pelo plenário do TCU na semana passada.

Embora não conste nas projeções para 2024, a Receita já estimou que serão necessários R$ 26,3 bilhões para restituir a perda arrecadatória com a prorrogação da desoneração – R$ 15,8 bilhões compensam o benefício concedido aos 17 setores da economia que mais empregam e os outros R$ 10,5 bilhões bancam a mudança na tributação das prefeituras. O TCU pontuou que a benesse aplicada à folha de salários foi o benefício incidente sobre a contribuição previdenciária que mais cresceu entre 2022 e 2023, com avanço de 19,6% no período.

O que é a desoneração da folha de pagamentos

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas. No caso dos municípios, o benefício reduz a tributação de 20% para 8%.

Por decisão do Congresso, em votações expressivas, a política foi prorrogada até 2027 pelo Congresso Nacional, mas acabou suspensa por uma decisão liminar do STF em ação movida pelo governo federal. A alegação é que o Congresso não previu uma fonte de receitas para bancar o programa e não estimou o impacto do benefício nas contas públicas. O Legislativo, porém, argumenta que medidas foram aprovadas para aumentar as receitas da União e que a estimativa de impacto estava descrita na proposta aprovada.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, em entrevista ao Estadãoum acordo para manter a desoneração em 2024 e negociar uma cobrança gradual a partir do ano que vem. Segundo o Desonera Brasil, os 17 setores beneficiados empregam 9,3 milhões de pessoas, e criou 151 mil empregos nos dois primeiros meses do ano. O movimento menciona ainda que o salário médio nestes setores é 12,7% maior ao dos setores que não são desonerados, dados que comprovariam os benefícios da medida.

BRASÍLIA – O custo do gasto tributário no Brasil deve bater R$ 523,7 bilhões em 2024, de acordo com dados da Receita Federal. O cálculo desses incentivos fiscais, que diminuem a arrecadação do governo, não inclui a desoneração da folha de pagamentos, que não estava vigente quando o Orçamento deste ano foi elaborado.

Essa cifra, que saltou nos últimos anos, deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “mal impressionado” – disse ontem a ministra do Planejamento, Simone Tebet – e está na mira da equipe econômica, cuja agenda passa pela correção da erosão da base fiscal (ou seja, da arrecadação) e revisão de benefícios. Mais de um terço das benesses tributárias é direcionada ao Simples Nacional e à agricultura e à agroindústria.

Lula citou besta terça-feira, 18, um valor inclusive superior ao gasto tributário projetado pelo Fisco para este ano. “De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País”, destacou, durante entrevista à CBN nesta terça-feira, 18.

'De repente, você descobre que tem R$ 646 bilhões de benefícios fiscais para os ricos desse País', disse Lula nesta terça-feira, 18. Foto: Wilton Junior/Estadão

O presidente se referia aos números apresentados por Tebet em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O dado engloba os gastos com renúncia fiscal, benefícios financeiros e creditícios. Dos R$ 646,6 bilhões projetados em 2023, R$ 519 bilhões são de benefícios tributários e R$ 127,6 bilhões de benefícios financeiros e creditícios. O valor correspondeu a 34% da receita primária líquida e a 5,96% do PIB.

“Você pega, por exemplo, a Confederação Nacional da Agricultura, que tem uma isenção de quase R$ 60 bilhões. Pega setor de combustível que tem isenção de quase R$ 32 bilhões. Ou seja, você vai tentar jogar isso em cima do aposentado? Do pescador? Da dona de casa? Da empregada doméstica?”, questionou Lula. Ele também citou a prorrogação da desoneração da folha para 17 setores da economia, cobrando uma contrapartida para o trabalhador.

O documento do Fisco aponta que, em 2024, o principal gasto tributário do País será com o Simples Nacional, que responde por 23,94% das renúncias – R$ 125,359 bilhões no total (veja a lista completa abaixo). Para agricultura e agroindústria, mencionados por Lula, os benefícios somam R$ 58,925 bilhões em 2024, 11,25% do total.

No relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que foi levado a Lula ontem, sobre as contas do governo federal no ano de 2023, a Corte destacou que, num contexto de restrição fiscal como o enfrentado pela União, os valores associados a esses benefícios deveriam ser considerados “com maior atenção em virtude do seu impacto nas contas públicas”.

Olhando para os dados do ano passado, o TCU chamou atenção para o fato de os gastos tributários relacionados ao Simples e à agricultura e agroindústria, juntos, terem somado mais de um terço do valor das renúncias (33,22%). Na comparação com 2022, houve crescimento de 12,56% no total, acima da inflação no período.

“Note-se que o incremento, tanto dos montantes dos novos gastos tributários quanto dos valores totais dos benefícios, ocorrido nos últimos dois anos, conforme demonstrado, vai de encontro à atual situação de restrição fiscal experimentada pelo País, bem como ao ‘plano de redução gradual de incentivos e benefícios federais de natureza tributária e o encerramento de benefícios fiscais’”, diz o relatório aprovado pelo plenário do TCU na semana passada.

Embora não conste nas projeções para 2024, a Receita já estimou que serão necessários R$ 26,3 bilhões para restituir a perda arrecadatória com a prorrogação da desoneração – R$ 15,8 bilhões compensam o benefício concedido aos 17 setores da economia que mais empregam e os outros R$ 10,5 bilhões bancam a mudança na tributação das prefeituras. O TCU pontuou que a benesse aplicada à folha de salários foi o benefício incidente sobre a contribuição previdenciária que mais cresceu entre 2022 e 2023, com avanço de 19,6% no período.

O que é a desoneração da folha de pagamentos

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas. No caso dos municípios, o benefício reduz a tributação de 20% para 8%.

Por decisão do Congresso, em votações expressivas, a política foi prorrogada até 2027 pelo Congresso Nacional, mas acabou suspensa por uma decisão liminar do STF em ação movida pelo governo federal. A alegação é que o Congresso não previu uma fonte de receitas para bancar o programa e não estimou o impacto do benefício nas contas públicas. O Legislativo, porém, argumenta que medidas foram aprovadas para aumentar as receitas da União e que a estimativa de impacto estava descrita na proposta aprovada.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, em entrevista ao Estadãoum acordo para manter a desoneração em 2024 e negociar uma cobrança gradual a partir do ano que vem. Segundo o Desonera Brasil, os 17 setores beneficiados empregam 9,3 milhões de pessoas, e criou 151 mil empregos nos dois primeiros meses do ano. O movimento menciona ainda que o salário médio nestes setores é 12,7% maior ao dos setores que não são desonerados, dados que comprovariam os benefícios da medida.

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