Só metade dos trabalhadores consegue reajustes acima da inflação


Com desemprego alto e menos negociações do que antes da reforma trabalhista, só 25 categorias de 49 tiveram aumento real em 2019

Por Douglas Gavras 

Só metade das negociações salariais que foram feitas no ano passado teve algum reajuste real, acima da inflação, para os trabalhadores. É o que apontam os dados do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Um ano antes, em 2018, a proporção de reajustes reais era de 75,5%.

O desemprego elevado e a subutilização da força de trabalho têm reduzido a pressão sobre reajustes salariais. Segundo entidades de classe, isso também é um reflexo da reforma trabalhista, feita em 2017, e a perda de poder de barganha explicaria a estagnação na variação do rendimento.

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Reginaldo Tomás, de 47 anos, é motorista – uma das 20 categorias que não tiveram perdas ou ganhos em 2019, eles só “empataram” com a inflação. “As coisas estão melhorando, mas não tem tanto trabalho quanto antes. Poderia estar ganhando mais, mas com esse desemprego, a gente até evita reclamar.” 

O motorista Reginaldo Tomás, de 47 anos Foto: DOUGLAS GAVRAS/ESTADÃO

No ano passado, quem trabalha no agronegócio da cana-de-açúcar teve reajustes salariais que acabaram perdendo para a inflação, com uma queda real de 1,07% no ano passado. Em seguida, vêm os empregados domésticos (0,44%) e os profissionais de lavanderias (0,11%).

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Esses cálculos consideram a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 3,4%, em 12 meses até dezembro.

De 49 categorias analisadas, 25 tiveram ganhos reais. Os maiores foram para funcionários de condomínios, de 1,08%, e limpeza urbana (0,7%).

O coordenador do projeto Salariômetro e professor da Universidade de São Paulo, Hélio Zylberstajn, diz que o principal fator que explica os reajustes mais baixos foi o aumento da inflação no ano passado. “No Brasil, existe uma cultura arraigada de que repor a inflação é direito do trabalhador. Nesse contexto de economia fraca, as empresas acabam conseguindo só repor a inflação do período.”

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Para este ano, segundo o economista, os reajustes devem voltar a ficar acima da inflação só a partir de abril. “Este ano deve ocorrer o mesmo que em 2019: poucos aumentos reais.” 

Mudanças após a reforma trabalhista

O número de acordos e convenções caiu quase 16% depois da reforma trabalhista, no fim de 2017. Naquele ano, foram concluídas 34,8 mil negociações, ante 29,4 no ano passado, pelos dados preliminares da Secretaria do Trabalho.

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Com as mudanças, o negociado passou a prevalecer sobre o legislado, quando consideradas as hipóteses previstas na própria legislação. Também houve uma flexibilização quanto à possibilidade de negociação entre empregado e empregador.

Em 2018, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que os sindicatos haviam perdido 1,5 milhão de filiados após a reforma trabalhista. 

Só metade das negociações salariais que foram feitas no ano passado teve algum reajuste real, acima da inflação, para os trabalhadores. É o que apontam os dados do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Um ano antes, em 2018, a proporção de reajustes reais era de 75,5%.

O desemprego elevado e a subutilização da força de trabalho têm reduzido a pressão sobre reajustes salariais. Segundo entidades de classe, isso também é um reflexo da reforma trabalhista, feita em 2017, e a perda de poder de barganha explicaria a estagnação na variação do rendimento.

Reginaldo Tomás, de 47 anos, é motorista – uma das 20 categorias que não tiveram perdas ou ganhos em 2019, eles só “empataram” com a inflação. “As coisas estão melhorando, mas não tem tanto trabalho quanto antes. Poderia estar ganhando mais, mas com esse desemprego, a gente até evita reclamar.” 

O motorista Reginaldo Tomás, de 47 anos Foto: DOUGLAS GAVRAS/ESTADÃO

No ano passado, quem trabalha no agronegócio da cana-de-açúcar teve reajustes salariais que acabaram perdendo para a inflação, com uma queda real de 1,07% no ano passado. Em seguida, vêm os empregados domésticos (0,44%) e os profissionais de lavanderias (0,11%).

Esses cálculos consideram a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 3,4%, em 12 meses até dezembro.

De 49 categorias analisadas, 25 tiveram ganhos reais. Os maiores foram para funcionários de condomínios, de 1,08%, e limpeza urbana (0,7%).

O coordenador do projeto Salariômetro e professor da Universidade de São Paulo, Hélio Zylberstajn, diz que o principal fator que explica os reajustes mais baixos foi o aumento da inflação no ano passado. “No Brasil, existe uma cultura arraigada de que repor a inflação é direito do trabalhador. Nesse contexto de economia fraca, as empresas acabam conseguindo só repor a inflação do período.”

Para este ano, segundo o economista, os reajustes devem voltar a ficar acima da inflação só a partir de abril. “Este ano deve ocorrer o mesmo que em 2019: poucos aumentos reais.” 

Mudanças após a reforma trabalhista

O número de acordos e convenções caiu quase 16% depois da reforma trabalhista, no fim de 2017. Naquele ano, foram concluídas 34,8 mil negociações, ante 29,4 no ano passado, pelos dados preliminares da Secretaria do Trabalho.

Com as mudanças, o negociado passou a prevalecer sobre o legislado, quando consideradas as hipóteses previstas na própria legislação. Também houve uma flexibilização quanto à possibilidade de negociação entre empregado e empregador.

Em 2018, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que os sindicatos haviam perdido 1,5 milhão de filiados após a reforma trabalhista. 

Só metade das negociações salariais que foram feitas no ano passado teve algum reajuste real, acima da inflação, para os trabalhadores. É o que apontam os dados do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Um ano antes, em 2018, a proporção de reajustes reais era de 75,5%.

O desemprego elevado e a subutilização da força de trabalho têm reduzido a pressão sobre reajustes salariais. Segundo entidades de classe, isso também é um reflexo da reforma trabalhista, feita em 2017, e a perda de poder de barganha explicaria a estagnação na variação do rendimento.

Reginaldo Tomás, de 47 anos, é motorista – uma das 20 categorias que não tiveram perdas ou ganhos em 2019, eles só “empataram” com a inflação. “As coisas estão melhorando, mas não tem tanto trabalho quanto antes. Poderia estar ganhando mais, mas com esse desemprego, a gente até evita reclamar.” 

O motorista Reginaldo Tomás, de 47 anos Foto: DOUGLAS GAVRAS/ESTADÃO

No ano passado, quem trabalha no agronegócio da cana-de-açúcar teve reajustes salariais que acabaram perdendo para a inflação, com uma queda real de 1,07% no ano passado. Em seguida, vêm os empregados domésticos (0,44%) e os profissionais de lavanderias (0,11%).

Esses cálculos consideram a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 3,4%, em 12 meses até dezembro.

De 49 categorias analisadas, 25 tiveram ganhos reais. Os maiores foram para funcionários de condomínios, de 1,08%, e limpeza urbana (0,7%).

O coordenador do projeto Salariômetro e professor da Universidade de São Paulo, Hélio Zylberstajn, diz que o principal fator que explica os reajustes mais baixos foi o aumento da inflação no ano passado. “No Brasil, existe uma cultura arraigada de que repor a inflação é direito do trabalhador. Nesse contexto de economia fraca, as empresas acabam conseguindo só repor a inflação do período.”

Para este ano, segundo o economista, os reajustes devem voltar a ficar acima da inflação só a partir de abril. “Este ano deve ocorrer o mesmo que em 2019: poucos aumentos reais.” 

Mudanças após a reforma trabalhista

O número de acordos e convenções caiu quase 16% depois da reforma trabalhista, no fim de 2017. Naquele ano, foram concluídas 34,8 mil negociações, ante 29,4 no ano passado, pelos dados preliminares da Secretaria do Trabalho.

Com as mudanças, o negociado passou a prevalecer sobre o legislado, quando consideradas as hipóteses previstas na própria legislação. Também houve uma flexibilização quanto à possibilidade de negociação entre empregado e empregador.

Em 2018, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que os sindicatos haviam perdido 1,5 milhão de filiados após a reforma trabalhista. 

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