O saldo líquido de novas empresas no Estado de São Paulo aumentou 47% em setembro deste ano na comparação anual, totalizando 21.663. O valor é o quarto recorde de 2024 e representa um acréscimo de 7,7% em relação a agosto, última marca histórica, de 20.107. Os dados são da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do governo paulista.
O saldo líquido é calculado a partir da diferença entre empresas criadas e fechadas no período e é usado como indicador da dinâmica do empreendedorismo local.
Segundo Antonio André Neto, coordenador Acadêmico do MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV, alguns “vetores” impulsionaram o crescimento do resultado líquido de novas empresas. O primeiro, segundo ele, é a dificuldade dos indivíduos na casa dos 30 anos de encontrar emprego.
Ainda de acordo com o especialista, o mesmo vale para pessoas com 50 anos ou mais que enfrentam o obstáculo do etarismo para encontrar um trabalho e recorrem à criação de um negócio.
A influência das franquias
Para Neto, outra explicação é a expansão de franquias. Ele explica que o modelo de negócio “reduz muito o risco do empreendedor”, porque “o franqueador transfere todo o conhecimento e expertise que ele tem, para o franqueado”.
O presidente da Jucesp, Marcio Shimomoto, disse que a facilitação no processo burocrático de abertura de novas empresas junto ao órgão também tem contribuído para o aumento no resultado líquido. Em 2023, o tempo médio de abertura era de 3 dias e, agora, diminuiu para 1.
Medidas de incentivo do governo podem ser outra justificativa para os recordes no dado, observa Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV: “Você tem uma parte da população que quer abrir um novo negócio, mas precisa de estímulo, precisa de redução de burocracia e de linhas de crédito mais baratas do que as do mercado”.
Cidades e atividades que lideram
As cidades de São Paulo, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos são as que lideram o ranking, com os maiores saldos líquidos, assim como constituições — quando há a solicitação junto a um órgão competente para a criação de um empreendimento. Shimomoto, afirma que, como a capital paulista contém 33% dos CNPJs do Estado, naturalmente é onde se concentra a maior quantidade de criação de empresas. Proporcionalmente, observa ele, o saldo líquido de empresas da capital paulista cresce “bem mais do que outros municípios”.
A cidade de São Paulo concentra a maior abertura de novos empreendimentos, assim como o saldo líquido, por conta do mercado consumidor e do ticket médio, avalia Carla Beni. “Você busca sempre abrir um comércio onde você tem para quem vender”, diz.
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Nas três primeiras cidades, os tipos de empreendimentos que aparecem na frente no que se refere à quantidade de constituições em setembro são comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas; atividades administrativas e serviços complementares; e atividades profissionais, científicas e técnicas. No caso de São José dos Campos, a única diferença está no terceiro lugar, em que se destaca o setor de saúde humana e serviços sociais. Shimomoto explica que historicamente o comércio varejista é o setor que mais tem demandas de abertura.