Por que Pérsio Arida, Candido Bracher e fundadores da Natura estão investindo na startup Nintx


Empresa que pretende criar medicamentos à base de plantas da Amazônia recebe novo aporte de US$ 10 milhões; Fundo Pitanga, do qual também fazem parte Fernando Reinach e Luiz Terepins, é um dos principais investidores

Por Carlos Eduardo Valim
Atualização:

A biotech brasileira Nintx, nome baseado na contração de Next Innovative Therapeutics (ou Próxima Terapia Inovadora), anuncia nesta segunda-feira, 9, a captação de US$ 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões) em recursos, em uma rodada de investimentos composta por conhecidos investidores individuais e fundos voltados para startups. Os valores incluem ainda uma subvenção de US$ 2,5 milhões (R$ 13,7 milhões) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O valor é representativo para o mercado de biotechs, um dos mais promissores entre os campos de atuação de startups e que envolve o desenvolvimento de produtos à base de ciências biológicas, principalmente para serem aplicados em medicamentos. Apesar disso, essa categoria de empresas ainda não movimenta valores como os vistos entre as fintechs, as startups voltadas para o setor financeiro.

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Além de se considerar uma biotech, a Nintx, empresa fundada em 2021 e baseada em Campinas (SP), também se classifica como uma deep tech, por usar alta tecnologia e buscar grandes inovações. O objetivo é fazer pesquisas e desenvolver medicamentos com a biodiversidade brasileira.

Ela é comandada pelo bioquímico Miller Freitas, pelo engenheiro químico Cristiano Guimarães e pelo executivo Stephani Saverio, que se conheceram ao trabalhar na farmacêutica Aché. Depois do novo aporte, Saverio assumirá em janeiro o posto de CEO. Anteriormente, ele atuava apenas no conselho de administração, enquanto a empresa ainda estava numa fase inicial de pesquisas. Na divisão de tarefas dos fundadores, Guimarães fica focado na descoberta de compostos e Freitas é responsável pela fase de desenvolvimento.

Cristiano Guimarães (E), Stephani Saverio (C) e Miller Freitas, os fundadores da Nintx Foto: Germano Lüders
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“Temos um papel extremamente importante para transformar toda a biodiversidade brasileira, que a gente ouve falar há muito tempo que tem uma riqueza enorme, em projetos efetivos que vão virar medicamentos”, afirma Saverio. “O grande diferencial da Nintx foi ter encontrado a forma de ser a plataforma para usar a biodiversidade e causar impacto na sociedade de uma forma ampla.”

Entre os investidores na nova rodada de investimentos estão o fundo de capital de risco Pitanga, fundado pelo cientista Fernando Reinach, colunista do Estadão, e que inclui também recursos do empresário Guilherme Leal, um dos cofundadores da Natura, que fez aporte também por meio do seu escritório familiar de investimentos. O Pitanga também conta com recursos do economista Pérsio Arida, do ex-presidente do Itaú Candido Bracher, de Pedro Passos, outro cofundador da Natura, e Luis Terepins, da família fundadora da incorporadora Even.

O Pitanga fez o investimento-semente na empresa, que levantou US$ 3 milhões em sua primeira rodada. “Fomos o primeiro investidor na Nintx e a estávamos acompanhando antes mesmo de sua criação”, diz Reinach. “Praticamente, não existe nenhum remédio derivado de extratos de plantas da Amazônia. Isso já foi testado algumas vezes, mas consideramos que, agora, com tecnologias mais novas, valia a pena voltar ao problema.”

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Também participaram da nova rodada a Ecoa Capital e a MOV Investimentos. A Nintx ainda foi a primeira empresa a receber recursos da Finep para desenvolvimento de novos princípios ativos farmacêuticos.

Os investimentos recebidos deverão ser direcionados para ampliar os esforços de pesquisa e desenvolvimento, que envolvem oito programas que buscam resultar em novos medicamentos. O foco da Nintx está em enfrentar doenças multifatoriais, que podem ser causadas por fatores genéticos ou ambientais, e a interação entre eles. E, em especial, os estudos são feitos com relação ao microbioma intestinal humano, uma vez que a flora intestinal é composta majoritariamente por microorganismos.

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Doenças no foco da pesquisa

Entre as doenças consideradas estão câncer, doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável, síndrome metabólica e até doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, além de regeneração cardíaca. “Temos de colocar a microbiota intestinal no centro do desenvolvimento”, diz Guimarães. “O que mais modula a microbiota são moléculas de plantas, porque elas e os microorganismos já se comunicam na natureza há milhões de anos e faz sentido aproveitar a biodiversidade enorme que temos para ser a melhor ferramenta para essa solução.”

Segundo o cientista e empreendedor, o intestino também produz a maior parte da serotonina, que é um neurotransmissor importante para o humor e para o sistema nervoso central. Além disso, 70% do sistema imunológico é mediado pelo intestino. Então, ao tratar o intestino, é possível cuidar de doenças imunológicas, metabólicas e autoimunes, como psoríase e vitiligo, e até o humor.

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As pesquisas da Nintx são feitas nas etapas anteriores à pesquisa clínica, que é aquela realizada em humanos. A empresa se encarrega de buscar ativos e testá-los até a fase de estudos pré-clínicos, que ocorre em animais. Depois disso, o desenvolvimento é licenciado para parceiros dentre as grandes indústrias farmacêuticas. Elas, então, podem promover os testes clínicos e finalizar o desenvolvimento clínico, para comercializar os produtos.

A empresa ainda não tem faturamento. A expectativa é de que o licenciamento do primeiro candidato a medicamento para ser vendido por uma grande farmacêutica ocorra ainda neste ciclo de três anos. “Esse grupo de fundadores da Nintx já fez desenvolvimentos como esses, quando a gente atuava como executivos, e agora buscamos novos resultados com projetos próprios”, afirma Freitas.

O mercado farmacêutico movimenta mais de US$ 1,3 trilhão no mundo e cerca de US$ 50 bilhões no Brasil. Por sua participação no desenvolvimento de novos produtos, a Nintx estima que possa abrir para si um mercado de uma média de US$ 400 milhões a cada medicamento criado, considerando que ela deve contribuir com 20% de cada projeto completo, que em média vale US$ 2 bilhões.

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A expectativa é que, dos oito candidatos a medicamento que estão hoje em fase de estudos, pelo menos três deles consigam chegar até a fase planejada de licenciamento global. Isso ficaria em linha com a taxa de sucesso típica do setor.

A empresa já fez um grande trabalho de bioprospecção, que permitiu montar uma biblioteca de 7 mil extratos e frações de 700 plantas coletadas na natureza por parceiros da Nintx. A partir disso, a biotech estuda as relações deles com o organismo humano.

Para isso, conta ainda com uma parceria especial com o Sirius, o acelerador de partículas que é vizinho da Nintx, no Techno Park, em Campinas. Ele permite identificar entre os extratos quais compostos têm ação com a microbiota intestinal, se ligam ao alvo, e qual a estrutura deles.

A biotech brasileira Nintx, nome baseado na contração de Next Innovative Therapeutics (ou Próxima Terapia Inovadora), anuncia nesta segunda-feira, 9, a captação de US$ 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões) em recursos, em uma rodada de investimentos composta por conhecidos investidores individuais e fundos voltados para startups. Os valores incluem ainda uma subvenção de US$ 2,5 milhões (R$ 13,7 milhões) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O valor é representativo para o mercado de biotechs, um dos mais promissores entre os campos de atuação de startups e que envolve o desenvolvimento de produtos à base de ciências biológicas, principalmente para serem aplicados em medicamentos. Apesar disso, essa categoria de empresas ainda não movimenta valores como os vistos entre as fintechs, as startups voltadas para o setor financeiro.

Além de se considerar uma biotech, a Nintx, empresa fundada em 2021 e baseada em Campinas (SP), também se classifica como uma deep tech, por usar alta tecnologia e buscar grandes inovações. O objetivo é fazer pesquisas e desenvolver medicamentos com a biodiversidade brasileira.

Ela é comandada pelo bioquímico Miller Freitas, pelo engenheiro químico Cristiano Guimarães e pelo executivo Stephani Saverio, que se conheceram ao trabalhar na farmacêutica Aché. Depois do novo aporte, Saverio assumirá em janeiro o posto de CEO. Anteriormente, ele atuava apenas no conselho de administração, enquanto a empresa ainda estava numa fase inicial de pesquisas. Na divisão de tarefas dos fundadores, Guimarães fica focado na descoberta de compostos e Freitas é responsável pela fase de desenvolvimento.

Cristiano Guimarães (E), Stephani Saverio (C) e Miller Freitas, os fundadores da Nintx Foto: Germano Lüders

“Temos um papel extremamente importante para transformar toda a biodiversidade brasileira, que a gente ouve falar há muito tempo que tem uma riqueza enorme, em projetos efetivos que vão virar medicamentos”, afirma Saverio. “O grande diferencial da Nintx foi ter encontrado a forma de ser a plataforma para usar a biodiversidade e causar impacto na sociedade de uma forma ampla.”

Entre os investidores na nova rodada de investimentos estão o fundo de capital de risco Pitanga, fundado pelo cientista Fernando Reinach, colunista do Estadão, e que inclui também recursos do empresário Guilherme Leal, um dos cofundadores da Natura, que fez aporte também por meio do seu escritório familiar de investimentos. O Pitanga também conta com recursos do economista Pérsio Arida, do ex-presidente do Itaú Candido Bracher, de Pedro Passos, outro cofundador da Natura, e Luis Terepins, da família fundadora da incorporadora Even.

O Pitanga fez o investimento-semente na empresa, que levantou US$ 3 milhões em sua primeira rodada. “Fomos o primeiro investidor na Nintx e a estávamos acompanhando antes mesmo de sua criação”, diz Reinach. “Praticamente, não existe nenhum remédio derivado de extratos de plantas da Amazônia. Isso já foi testado algumas vezes, mas consideramos que, agora, com tecnologias mais novas, valia a pena voltar ao problema.”

Também participaram da nova rodada a Ecoa Capital e a MOV Investimentos. A Nintx ainda foi a primeira empresa a receber recursos da Finep para desenvolvimento de novos princípios ativos farmacêuticos.

Os investimentos recebidos deverão ser direcionados para ampliar os esforços de pesquisa e desenvolvimento, que envolvem oito programas que buscam resultar em novos medicamentos. O foco da Nintx está em enfrentar doenças multifatoriais, que podem ser causadas por fatores genéticos ou ambientais, e a interação entre eles. E, em especial, os estudos são feitos com relação ao microbioma intestinal humano, uma vez que a flora intestinal é composta majoritariamente por microorganismos.

Doenças no foco da pesquisa

Entre as doenças consideradas estão câncer, doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável, síndrome metabólica e até doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, além de regeneração cardíaca. “Temos de colocar a microbiota intestinal no centro do desenvolvimento”, diz Guimarães. “O que mais modula a microbiota são moléculas de plantas, porque elas e os microorganismos já se comunicam na natureza há milhões de anos e faz sentido aproveitar a biodiversidade enorme que temos para ser a melhor ferramenta para essa solução.”

Segundo o cientista e empreendedor, o intestino também produz a maior parte da serotonina, que é um neurotransmissor importante para o humor e para o sistema nervoso central. Além disso, 70% do sistema imunológico é mediado pelo intestino. Então, ao tratar o intestino, é possível cuidar de doenças imunológicas, metabólicas e autoimunes, como psoríase e vitiligo, e até o humor.

As pesquisas da Nintx são feitas nas etapas anteriores à pesquisa clínica, que é aquela realizada em humanos. A empresa se encarrega de buscar ativos e testá-los até a fase de estudos pré-clínicos, que ocorre em animais. Depois disso, o desenvolvimento é licenciado para parceiros dentre as grandes indústrias farmacêuticas. Elas, então, podem promover os testes clínicos e finalizar o desenvolvimento clínico, para comercializar os produtos.

A empresa ainda não tem faturamento. A expectativa é de que o licenciamento do primeiro candidato a medicamento para ser vendido por uma grande farmacêutica ocorra ainda neste ciclo de três anos. “Esse grupo de fundadores da Nintx já fez desenvolvimentos como esses, quando a gente atuava como executivos, e agora buscamos novos resultados com projetos próprios”, afirma Freitas.

O mercado farmacêutico movimenta mais de US$ 1,3 trilhão no mundo e cerca de US$ 50 bilhões no Brasil. Por sua participação no desenvolvimento de novos produtos, a Nintx estima que possa abrir para si um mercado de uma média de US$ 400 milhões a cada medicamento criado, considerando que ela deve contribuir com 20% de cada projeto completo, que em média vale US$ 2 bilhões.

A expectativa é que, dos oito candidatos a medicamento que estão hoje em fase de estudos, pelo menos três deles consigam chegar até a fase planejada de licenciamento global. Isso ficaria em linha com a taxa de sucesso típica do setor.

A empresa já fez um grande trabalho de bioprospecção, que permitiu montar uma biblioteca de 7 mil extratos e frações de 700 plantas coletadas na natureza por parceiros da Nintx. A partir disso, a biotech estuda as relações deles com o organismo humano.

Para isso, conta ainda com uma parceria especial com o Sirius, o acelerador de partículas que é vizinho da Nintx, no Techno Park, em Campinas. Ele permite identificar entre os extratos quais compostos têm ação com a microbiota intestinal, se ligam ao alvo, e qual a estrutura deles.

A biotech brasileira Nintx, nome baseado na contração de Next Innovative Therapeutics (ou Próxima Terapia Inovadora), anuncia nesta segunda-feira, 9, a captação de US$ 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões) em recursos, em uma rodada de investimentos composta por conhecidos investidores individuais e fundos voltados para startups. Os valores incluem ainda uma subvenção de US$ 2,5 milhões (R$ 13,7 milhões) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O valor é representativo para o mercado de biotechs, um dos mais promissores entre os campos de atuação de startups e que envolve o desenvolvimento de produtos à base de ciências biológicas, principalmente para serem aplicados em medicamentos. Apesar disso, essa categoria de empresas ainda não movimenta valores como os vistos entre as fintechs, as startups voltadas para o setor financeiro.

Além de se considerar uma biotech, a Nintx, empresa fundada em 2021 e baseada em Campinas (SP), também se classifica como uma deep tech, por usar alta tecnologia e buscar grandes inovações. O objetivo é fazer pesquisas e desenvolver medicamentos com a biodiversidade brasileira.

Ela é comandada pelo bioquímico Miller Freitas, pelo engenheiro químico Cristiano Guimarães e pelo executivo Stephani Saverio, que se conheceram ao trabalhar na farmacêutica Aché. Depois do novo aporte, Saverio assumirá em janeiro o posto de CEO. Anteriormente, ele atuava apenas no conselho de administração, enquanto a empresa ainda estava numa fase inicial de pesquisas. Na divisão de tarefas dos fundadores, Guimarães fica focado na descoberta de compostos e Freitas é responsável pela fase de desenvolvimento.

Cristiano Guimarães (E), Stephani Saverio (C) e Miller Freitas, os fundadores da Nintx Foto: Germano Lüders

“Temos um papel extremamente importante para transformar toda a biodiversidade brasileira, que a gente ouve falar há muito tempo que tem uma riqueza enorme, em projetos efetivos que vão virar medicamentos”, afirma Saverio. “O grande diferencial da Nintx foi ter encontrado a forma de ser a plataforma para usar a biodiversidade e causar impacto na sociedade de uma forma ampla.”

Entre os investidores na nova rodada de investimentos estão o fundo de capital de risco Pitanga, fundado pelo cientista Fernando Reinach, colunista do Estadão, e que inclui também recursos do empresário Guilherme Leal, um dos cofundadores da Natura, que fez aporte também por meio do seu escritório familiar de investimentos. O Pitanga também conta com recursos do economista Pérsio Arida, do ex-presidente do Itaú Candido Bracher, de Pedro Passos, outro cofundador da Natura, e Luis Terepins, da família fundadora da incorporadora Even.

O Pitanga fez o investimento-semente na empresa, que levantou US$ 3 milhões em sua primeira rodada. “Fomos o primeiro investidor na Nintx e a estávamos acompanhando antes mesmo de sua criação”, diz Reinach. “Praticamente, não existe nenhum remédio derivado de extratos de plantas da Amazônia. Isso já foi testado algumas vezes, mas consideramos que, agora, com tecnologias mais novas, valia a pena voltar ao problema.”

Também participaram da nova rodada a Ecoa Capital e a MOV Investimentos. A Nintx ainda foi a primeira empresa a receber recursos da Finep para desenvolvimento de novos princípios ativos farmacêuticos.

Os investimentos recebidos deverão ser direcionados para ampliar os esforços de pesquisa e desenvolvimento, que envolvem oito programas que buscam resultar em novos medicamentos. O foco da Nintx está em enfrentar doenças multifatoriais, que podem ser causadas por fatores genéticos ou ambientais, e a interação entre eles. E, em especial, os estudos são feitos com relação ao microbioma intestinal humano, uma vez que a flora intestinal é composta majoritariamente por microorganismos.

Doenças no foco da pesquisa

Entre as doenças consideradas estão câncer, doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável, síndrome metabólica e até doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, além de regeneração cardíaca. “Temos de colocar a microbiota intestinal no centro do desenvolvimento”, diz Guimarães. “O que mais modula a microbiota são moléculas de plantas, porque elas e os microorganismos já se comunicam na natureza há milhões de anos e faz sentido aproveitar a biodiversidade enorme que temos para ser a melhor ferramenta para essa solução.”

Segundo o cientista e empreendedor, o intestino também produz a maior parte da serotonina, que é um neurotransmissor importante para o humor e para o sistema nervoso central. Além disso, 70% do sistema imunológico é mediado pelo intestino. Então, ao tratar o intestino, é possível cuidar de doenças imunológicas, metabólicas e autoimunes, como psoríase e vitiligo, e até o humor.

As pesquisas da Nintx são feitas nas etapas anteriores à pesquisa clínica, que é aquela realizada em humanos. A empresa se encarrega de buscar ativos e testá-los até a fase de estudos pré-clínicos, que ocorre em animais. Depois disso, o desenvolvimento é licenciado para parceiros dentre as grandes indústrias farmacêuticas. Elas, então, podem promover os testes clínicos e finalizar o desenvolvimento clínico, para comercializar os produtos.

A empresa ainda não tem faturamento. A expectativa é de que o licenciamento do primeiro candidato a medicamento para ser vendido por uma grande farmacêutica ocorra ainda neste ciclo de três anos. “Esse grupo de fundadores da Nintx já fez desenvolvimentos como esses, quando a gente atuava como executivos, e agora buscamos novos resultados com projetos próprios”, afirma Freitas.

O mercado farmacêutico movimenta mais de US$ 1,3 trilhão no mundo e cerca de US$ 50 bilhões no Brasil. Por sua participação no desenvolvimento de novos produtos, a Nintx estima que possa abrir para si um mercado de uma média de US$ 400 milhões a cada medicamento criado, considerando que ela deve contribuir com 20% de cada projeto completo, que em média vale US$ 2 bilhões.

A expectativa é que, dos oito candidatos a medicamento que estão hoje em fase de estudos, pelo menos três deles consigam chegar até a fase planejada de licenciamento global. Isso ficaria em linha com a taxa de sucesso típica do setor.

A empresa já fez um grande trabalho de bioprospecção, que permitiu montar uma biblioteca de 7 mil extratos e frações de 700 plantas coletadas na natureza por parceiros da Nintx. A partir disso, a biotech estuda as relações deles com o organismo humano.

Para isso, conta ainda com uma parceria especial com o Sirius, o acelerador de partículas que é vizinho da Nintx, no Techno Park, em Campinas. Ele permite identificar entre os extratos quais compostos têm ação com a microbiota intestinal, se ligam ao alvo, e qual a estrutura deles.

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