Um dos principais bancos de investimentos do Brasil, o BTG viveu uma grande crise há quatro anos. A prisão do fundador da instituição, André Esteves, em novembro de 2015, obrigou o banco a empreender uma mudança de comando e também a vender ativos para combater o abalo de confiança sobre sua saúde financeira.
Esteves ficou menos de um mês preso. O banqueiro havia sido citado pelo ex-senador Delcídio do Amaral como integrante de um plano para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás, nas investigações da Operação Lava Jato. Posteriormente, porém, o próprio Delcídio admitiu que havia "blefado" em relação à participação de Esteves no episódio. O Supremo Tribunal Federal (STF) acabou arquivando o processo contra o banqueiro, por falta de provas.
Apesar disso, a crise de confiança gerada pela prisão de Esteves obrigou o executivo a deixar por vários anos o grupo de controle do banco que fundou. No curto período em que ficou preso no Rio de Janeiro, um “pool” de sete sócios assumiu o controle da instituição e Persio Arida, o do BTG.
Na mesma época em que o Supremo extinguiu o processo contra Esteves, o fundador do BTG voltou ao grupo de controle da instituição. Entre 2015 e 2018, parte dos sócios que haviam assumido a instituição durante a ausência de Esteves já havia deixado o banco. Essa lista inclui Arida, que foi presidente do conselho até o fim de 2016. Meses depois, ele deixou a instituição.
Ao longo dos últimos três anos e meio, o BTG passou por um processo de enxugamento, com a venda de ativos – entre eles a participação que detinha no suíço BSI – e também por mudança de estratégia. Agora, o BTG aposta em plataformas digitais para deixar para trás um passado em que queria ser grande – com apoio do governo.
As investigações da Operação Estrela Cadente, da Polícia Federal, são referentes aos anos de 2010 a 2012 – época do governo do PT – e envolvem o vazamento de decisões sobre juros tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), para pelo menos um fundo administrado pela instituição.