Saiba como direcionar a ambição para impulsionar a carreira


Especialistas sugerem que é necessário manter objetivos definidos e buscar metas que ultrapassem o ambiente do trabalho para integrar a vida pessoal

Por Jayanne Rodrigues

Ambição. Provavelmente você já escutou algo sobre essa palavra. Em uma simples pesquisa na internet, a característica é resumida como “coragem, forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias”. A empresária e CEO da Cortes e Companhia, Egnalda Côrtes, 49, vai mais longe. Ela a considera uma “tecnologia de liberdade”, uma espécie de instrumentalização para alcance de objetivos. Afinal, a ambição pode favorecer o crescimento da carreira e de outros aspectos do âmbito pessoal? Especialistas indicam que é possível, sim. O diferencial está em como a direcionamos e em que lugar a colocamos na vida.

Egnalda dedicou 22 anos da sua trajetória atuando em grandes corporações. Durante o percurso, encarou situações que a fizeram enxergar a ambição como uma ferramenta positiva para o clima organizacional. A escolha das metas de forma estratégica foi um dos faróis para alcançar o equilíbrio.

continua após a publicidade

“Eu sabia o que eu queria: prosperidade, pluralidade”, conta. Para alcançar o propósito, ela costumava incentivar colegas de trabalho a praticar a colaboração no cotidiano. “Não tem sucesso, não tem ambição, se o coletivo não existe. Quando você cresce, outros vão crescendo junto”, defende a empresária. “Se esse lugar é muito individualizado pode dar certo, a longo prazo pode trazer algumas dores”.

Seguindo essa linha, a ambição para além do trabalho pode até ser mais saudável, afirma a psicóloga e consultora de RH Eymi Rocha. Isso porque investir na competência somente para a carreira tem o potencial de desencadear sinais de frustrações, explica.

“A ambição fora do trabalho ajuda alinhar as demandas e entender qual o momento de acelerar mais ou de puxar o freio”, diz. Por exemplo, uma pessoa que planeja metas ambiciosas apenas em busca de um aumento salarial, promoção e outras questões que são de responsabilidade da empresa, está mais sujeita ao esgotamento. “É preciso entender que o trabalho é um meio para atingir o que precisa, e não o fim”, recomenda.

continua após a publicidade
Egnalda Côrtes, 49, conta que suas experiências pessoais foram cruciais para direcionar, de forma equilibrada, a ambição para ações no trabalho e na vida.  Foto: Fábio Audi/Divulgação

Depender de um fator único para contemplar o status de felicidade é perigoso. A demissão silenciosa ou ‘quiet quitting’, por exemplo, ganhou visibilidade em um contexto pandêmico que evidenciou o trabalho remoto. A ambição funciona como um dispositivo motivador, aponta Eymi. Por conta disso, o desempenho mínimo no trabalho pode estar relacionado com a renúncia à competência.

“A total falta de ambição pode ser maléfica porque tende a estagnar. Por outro lado, o excesso oferece danos porque é uma pessoa que vai querer tudo a qualquer custo”, analisa. O caminho é descartar exageros e radicalismos. Sobre a ressignificação da palavra, Egnalda Côrtes comenta que a característica tem a ver com existência, pois “deve ser livre”, ressalta. Mas essa tal liberdade costuma ter um preço alto para as mulheres.

continua após a publicidade

Por que mulheres ambiciosas incomodam?

As mulheres só recebem 78% do que os homens ganham, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad). Neste contexto, a igualdade salarial ainda parece ser uma realidade distante. Mesmo que o número de mulheres ocupando cargos de liderança tenha aumentado nos últimos anos, essas profissionais encaram mais desafios que o sexo oposto.

A falta de ambição explícita é um dos fatores para não se reconhecerem em posição de líder, o que inclui o medo de dizer que almeja determinado cargo e o temor por falhar e não conseguir, segundo artigo publicado em 2018 no Caderno EBAPE.BR, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelas pesquisadoras Lygia Costa Hryniewicz e Maria Amorim Vianna.

continua após a publicidade

“A ambição feminina existe. Porém, vive em uma espécie de purgatório. Muitas de nós possuímos, mas poucas admitimos carregá-la conosco”, provoca a CEO e diretora criativa da Obvious Marcela Ceribelli durante a abertura do evento “Mulheres e Ambição”, idealizado pela plataforma em 2022. Ao longo da conversa, com a presença de outras convidadas, a anfitriã cita uma pesquisa do National Bureau of Economic Research, que revelou que jovens do sexo feminino tendem a minimizar suas ambições em relação a outros homens caso não estejam em um relacionamento sério.

Quando começou a trabalhar, Jenifer Zveiter, 32, viu de perto como as relações patriarcais dificultaram o processo de ser vista como profissional em pé de igualdade com os homens que disputavam a mesma vaga que ela. “O mercado não está preparado para receber as mulheres em suas inúmeras pluralidades. Isso faz com que a pessoa não se arrisque, não tenha ambição e a gente vai aceitando o que vem”, desabafa. Hoje, como especialista em Diversidade e Inclusão na Condurú Consultoria, ela conta que precisou enfrentar inúmeros obstáculos para ter seu potencial reconhecido. “É um processo difícil, pode até ser repetitivo. Mas vejo que a nova geração está se olhando como pares”, comemora.

continua após a publicidade

Pensando em combater os estereótipos impostos a mulheres ambiciosas, a jornalista americana Stefanie O’Connell Rodriguez mantém um boletim informativo para levantar discussões acerca do assunto. Em um de seus textos, ela indica a necessidade de contextualizar os custos econômicos reais da “penalidade da ambição” que recai sobre as mulheres.

Segundo O’Connell Rodriguez, mulheres enfrentam mais rejeição na hora de pedir aumento ou se posicionarem à frente de outros homens e por conta disso são consideradas “detestáveis”. Como consequência, acabam sendo ignoradas em rodadas de promoção e para cargos de liderança.

Para driblar a autossabotagem e inserir a ambição na prática, aqui estão as orientações que sugerem maneiras para assumir uma postura mais ativa na vida profissional, sem prejudicar a saúde mental.

continua após a publicidade

Como funciona no ambiente de trabalho

“Como trabalhar pessoas ambiciosas na minha empresa?”, provoca a empresária Egnalda. Definir os objetivos é o primeiro passo, diz a diretora da Consultoria Persona RH Vanessa Nóbrega, mas para garantir crescimento na carreira a empresa precisa estimular internamente a cultura da ambição. “O ideal é ter um ambiente que ajuda”, salienta. Com a retenção de talento em alta no mercado brasileiro, diz que as corporações querem atrair times ativos e multifuncionais. Ela revela que o processo seletivo vai exigir do candidato foco em resultados.

Como reforçado anteriormente, direcionar por completo a energia da ambição em dinheiro, prestígio ou status social, costuma gerar problemas psicológicos. No caso das empresas, a relevância da característica vai depender do grau de maturidade e da cultura corporativa de cada companhia. Os recrutadores, por sua vez, estão buscando cada vez mais profissionais que possuam mais facilidade em desenvolver não só a ambição, como também outras competências.

O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos

Diretora da Consultoria RH Vanessa Nóbrega

Cargos estratégicos, comercial e gestão de pessoas estão entre as vagas que valorizam um funcionário ambicioso, de acordo com Vanessa. Ela acrescenta que profissionais precisam estar atentos à forma de trabalhar em equipe. “O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos”, diz.

Há alguns anos, Egnalda Côrtes migrou da rotina corporativa para trabalhar assessorando Youtubers e criadores negros. Para a nova geração, ela deixa um conselho: “Encontre formas de se manter conectado com o seu objetivo, alinhe os pensamentos e não deixe de conquistar a sua liberdade, a ambição proporciona isso”, conclui.

Ambição. Provavelmente você já escutou algo sobre essa palavra. Em uma simples pesquisa na internet, a característica é resumida como “coragem, forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias”. A empresária e CEO da Cortes e Companhia, Egnalda Côrtes, 49, vai mais longe. Ela a considera uma “tecnologia de liberdade”, uma espécie de instrumentalização para alcance de objetivos. Afinal, a ambição pode favorecer o crescimento da carreira e de outros aspectos do âmbito pessoal? Especialistas indicam que é possível, sim. O diferencial está em como a direcionamos e em que lugar a colocamos na vida.

Egnalda dedicou 22 anos da sua trajetória atuando em grandes corporações. Durante o percurso, encarou situações que a fizeram enxergar a ambição como uma ferramenta positiva para o clima organizacional. A escolha das metas de forma estratégica foi um dos faróis para alcançar o equilíbrio.

“Eu sabia o que eu queria: prosperidade, pluralidade”, conta. Para alcançar o propósito, ela costumava incentivar colegas de trabalho a praticar a colaboração no cotidiano. “Não tem sucesso, não tem ambição, se o coletivo não existe. Quando você cresce, outros vão crescendo junto”, defende a empresária. “Se esse lugar é muito individualizado pode dar certo, a longo prazo pode trazer algumas dores”.

Seguindo essa linha, a ambição para além do trabalho pode até ser mais saudável, afirma a psicóloga e consultora de RH Eymi Rocha. Isso porque investir na competência somente para a carreira tem o potencial de desencadear sinais de frustrações, explica.

“A ambição fora do trabalho ajuda alinhar as demandas e entender qual o momento de acelerar mais ou de puxar o freio”, diz. Por exemplo, uma pessoa que planeja metas ambiciosas apenas em busca de um aumento salarial, promoção e outras questões que são de responsabilidade da empresa, está mais sujeita ao esgotamento. “É preciso entender que o trabalho é um meio para atingir o que precisa, e não o fim”, recomenda.

Egnalda Côrtes, 49, conta que suas experiências pessoais foram cruciais para direcionar, de forma equilibrada, a ambição para ações no trabalho e na vida.  Foto: Fábio Audi/Divulgação

Depender de um fator único para contemplar o status de felicidade é perigoso. A demissão silenciosa ou ‘quiet quitting’, por exemplo, ganhou visibilidade em um contexto pandêmico que evidenciou o trabalho remoto. A ambição funciona como um dispositivo motivador, aponta Eymi. Por conta disso, o desempenho mínimo no trabalho pode estar relacionado com a renúncia à competência.

“A total falta de ambição pode ser maléfica porque tende a estagnar. Por outro lado, o excesso oferece danos porque é uma pessoa que vai querer tudo a qualquer custo”, analisa. O caminho é descartar exageros e radicalismos. Sobre a ressignificação da palavra, Egnalda Côrtes comenta que a característica tem a ver com existência, pois “deve ser livre”, ressalta. Mas essa tal liberdade costuma ter um preço alto para as mulheres.

Por que mulheres ambiciosas incomodam?

As mulheres só recebem 78% do que os homens ganham, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad). Neste contexto, a igualdade salarial ainda parece ser uma realidade distante. Mesmo que o número de mulheres ocupando cargos de liderança tenha aumentado nos últimos anos, essas profissionais encaram mais desafios que o sexo oposto.

A falta de ambição explícita é um dos fatores para não se reconhecerem em posição de líder, o que inclui o medo de dizer que almeja determinado cargo e o temor por falhar e não conseguir, segundo artigo publicado em 2018 no Caderno EBAPE.BR, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelas pesquisadoras Lygia Costa Hryniewicz e Maria Amorim Vianna.

“A ambição feminina existe. Porém, vive em uma espécie de purgatório. Muitas de nós possuímos, mas poucas admitimos carregá-la conosco”, provoca a CEO e diretora criativa da Obvious Marcela Ceribelli durante a abertura do evento “Mulheres e Ambição”, idealizado pela plataforma em 2022. Ao longo da conversa, com a presença de outras convidadas, a anfitriã cita uma pesquisa do National Bureau of Economic Research, que revelou que jovens do sexo feminino tendem a minimizar suas ambições em relação a outros homens caso não estejam em um relacionamento sério.

Quando começou a trabalhar, Jenifer Zveiter, 32, viu de perto como as relações patriarcais dificultaram o processo de ser vista como profissional em pé de igualdade com os homens que disputavam a mesma vaga que ela. “O mercado não está preparado para receber as mulheres em suas inúmeras pluralidades. Isso faz com que a pessoa não se arrisque, não tenha ambição e a gente vai aceitando o que vem”, desabafa. Hoje, como especialista em Diversidade e Inclusão na Condurú Consultoria, ela conta que precisou enfrentar inúmeros obstáculos para ter seu potencial reconhecido. “É um processo difícil, pode até ser repetitivo. Mas vejo que a nova geração está se olhando como pares”, comemora.

Pensando em combater os estereótipos impostos a mulheres ambiciosas, a jornalista americana Stefanie O’Connell Rodriguez mantém um boletim informativo para levantar discussões acerca do assunto. Em um de seus textos, ela indica a necessidade de contextualizar os custos econômicos reais da “penalidade da ambição” que recai sobre as mulheres.

Segundo O’Connell Rodriguez, mulheres enfrentam mais rejeição na hora de pedir aumento ou se posicionarem à frente de outros homens e por conta disso são consideradas “detestáveis”. Como consequência, acabam sendo ignoradas em rodadas de promoção e para cargos de liderança.

Para driblar a autossabotagem e inserir a ambição na prática, aqui estão as orientações que sugerem maneiras para assumir uma postura mais ativa na vida profissional, sem prejudicar a saúde mental.

Como funciona no ambiente de trabalho

“Como trabalhar pessoas ambiciosas na minha empresa?”, provoca a empresária Egnalda. Definir os objetivos é o primeiro passo, diz a diretora da Consultoria Persona RH Vanessa Nóbrega, mas para garantir crescimento na carreira a empresa precisa estimular internamente a cultura da ambição. “O ideal é ter um ambiente que ajuda”, salienta. Com a retenção de talento em alta no mercado brasileiro, diz que as corporações querem atrair times ativos e multifuncionais. Ela revela que o processo seletivo vai exigir do candidato foco em resultados.

Como reforçado anteriormente, direcionar por completo a energia da ambição em dinheiro, prestígio ou status social, costuma gerar problemas psicológicos. No caso das empresas, a relevância da característica vai depender do grau de maturidade e da cultura corporativa de cada companhia. Os recrutadores, por sua vez, estão buscando cada vez mais profissionais que possuam mais facilidade em desenvolver não só a ambição, como também outras competências.

O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos

Diretora da Consultoria RH Vanessa Nóbrega

Cargos estratégicos, comercial e gestão de pessoas estão entre as vagas que valorizam um funcionário ambicioso, de acordo com Vanessa. Ela acrescenta que profissionais precisam estar atentos à forma de trabalhar em equipe. “O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos”, diz.

Há alguns anos, Egnalda Côrtes migrou da rotina corporativa para trabalhar assessorando Youtubers e criadores negros. Para a nova geração, ela deixa um conselho: “Encontre formas de se manter conectado com o seu objetivo, alinhe os pensamentos e não deixe de conquistar a sua liberdade, a ambição proporciona isso”, conclui.

Ambição. Provavelmente você já escutou algo sobre essa palavra. Em uma simples pesquisa na internet, a característica é resumida como “coragem, forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias”. A empresária e CEO da Cortes e Companhia, Egnalda Côrtes, 49, vai mais longe. Ela a considera uma “tecnologia de liberdade”, uma espécie de instrumentalização para alcance de objetivos. Afinal, a ambição pode favorecer o crescimento da carreira e de outros aspectos do âmbito pessoal? Especialistas indicam que é possível, sim. O diferencial está em como a direcionamos e em que lugar a colocamos na vida.

Egnalda dedicou 22 anos da sua trajetória atuando em grandes corporações. Durante o percurso, encarou situações que a fizeram enxergar a ambição como uma ferramenta positiva para o clima organizacional. A escolha das metas de forma estratégica foi um dos faróis para alcançar o equilíbrio.

“Eu sabia o que eu queria: prosperidade, pluralidade”, conta. Para alcançar o propósito, ela costumava incentivar colegas de trabalho a praticar a colaboração no cotidiano. “Não tem sucesso, não tem ambição, se o coletivo não existe. Quando você cresce, outros vão crescendo junto”, defende a empresária. “Se esse lugar é muito individualizado pode dar certo, a longo prazo pode trazer algumas dores”.

Seguindo essa linha, a ambição para além do trabalho pode até ser mais saudável, afirma a psicóloga e consultora de RH Eymi Rocha. Isso porque investir na competência somente para a carreira tem o potencial de desencadear sinais de frustrações, explica.

“A ambição fora do trabalho ajuda alinhar as demandas e entender qual o momento de acelerar mais ou de puxar o freio”, diz. Por exemplo, uma pessoa que planeja metas ambiciosas apenas em busca de um aumento salarial, promoção e outras questões que são de responsabilidade da empresa, está mais sujeita ao esgotamento. “É preciso entender que o trabalho é um meio para atingir o que precisa, e não o fim”, recomenda.

Egnalda Côrtes, 49, conta que suas experiências pessoais foram cruciais para direcionar, de forma equilibrada, a ambição para ações no trabalho e na vida.  Foto: Fábio Audi/Divulgação

Depender de um fator único para contemplar o status de felicidade é perigoso. A demissão silenciosa ou ‘quiet quitting’, por exemplo, ganhou visibilidade em um contexto pandêmico que evidenciou o trabalho remoto. A ambição funciona como um dispositivo motivador, aponta Eymi. Por conta disso, o desempenho mínimo no trabalho pode estar relacionado com a renúncia à competência.

“A total falta de ambição pode ser maléfica porque tende a estagnar. Por outro lado, o excesso oferece danos porque é uma pessoa que vai querer tudo a qualquer custo”, analisa. O caminho é descartar exageros e radicalismos. Sobre a ressignificação da palavra, Egnalda Côrtes comenta que a característica tem a ver com existência, pois “deve ser livre”, ressalta. Mas essa tal liberdade costuma ter um preço alto para as mulheres.

Por que mulheres ambiciosas incomodam?

As mulheres só recebem 78% do que os homens ganham, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad). Neste contexto, a igualdade salarial ainda parece ser uma realidade distante. Mesmo que o número de mulheres ocupando cargos de liderança tenha aumentado nos últimos anos, essas profissionais encaram mais desafios que o sexo oposto.

A falta de ambição explícita é um dos fatores para não se reconhecerem em posição de líder, o que inclui o medo de dizer que almeja determinado cargo e o temor por falhar e não conseguir, segundo artigo publicado em 2018 no Caderno EBAPE.BR, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelas pesquisadoras Lygia Costa Hryniewicz e Maria Amorim Vianna.

“A ambição feminina existe. Porém, vive em uma espécie de purgatório. Muitas de nós possuímos, mas poucas admitimos carregá-la conosco”, provoca a CEO e diretora criativa da Obvious Marcela Ceribelli durante a abertura do evento “Mulheres e Ambição”, idealizado pela plataforma em 2022. Ao longo da conversa, com a presença de outras convidadas, a anfitriã cita uma pesquisa do National Bureau of Economic Research, que revelou que jovens do sexo feminino tendem a minimizar suas ambições em relação a outros homens caso não estejam em um relacionamento sério.

Quando começou a trabalhar, Jenifer Zveiter, 32, viu de perto como as relações patriarcais dificultaram o processo de ser vista como profissional em pé de igualdade com os homens que disputavam a mesma vaga que ela. “O mercado não está preparado para receber as mulheres em suas inúmeras pluralidades. Isso faz com que a pessoa não se arrisque, não tenha ambição e a gente vai aceitando o que vem”, desabafa. Hoje, como especialista em Diversidade e Inclusão na Condurú Consultoria, ela conta que precisou enfrentar inúmeros obstáculos para ter seu potencial reconhecido. “É um processo difícil, pode até ser repetitivo. Mas vejo que a nova geração está se olhando como pares”, comemora.

Pensando em combater os estereótipos impostos a mulheres ambiciosas, a jornalista americana Stefanie O’Connell Rodriguez mantém um boletim informativo para levantar discussões acerca do assunto. Em um de seus textos, ela indica a necessidade de contextualizar os custos econômicos reais da “penalidade da ambição” que recai sobre as mulheres.

Segundo O’Connell Rodriguez, mulheres enfrentam mais rejeição na hora de pedir aumento ou se posicionarem à frente de outros homens e por conta disso são consideradas “detestáveis”. Como consequência, acabam sendo ignoradas em rodadas de promoção e para cargos de liderança.

Para driblar a autossabotagem e inserir a ambição na prática, aqui estão as orientações que sugerem maneiras para assumir uma postura mais ativa na vida profissional, sem prejudicar a saúde mental.

Como funciona no ambiente de trabalho

“Como trabalhar pessoas ambiciosas na minha empresa?”, provoca a empresária Egnalda. Definir os objetivos é o primeiro passo, diz a diretora da Consultoria Persona RH Vanessa Nóbrega, mas para garantir crescimento na carreira a empresa precisa estimular internamente a cultura da ambição. “O ideal é ter um ambiente que ajuda”, salienta. Com a retenção de talento em alta no mercado brasileiro, diz que as corporações querem atrair times ativos e multifuncionais. Ela revela que o processo seletivo vai exigir do candidato foco em resultados.

Como reforçado anteriormente, direcionar por completo a energia da ambição em dinheiro, prestígio ou status social, costuma gerar problemas psicológicos. No caso das empresas, a relevância da característica vai depender do grau de maturidade e da cultura corporativa de cada companhia. Os recrutadores, por sua vez, estão buscando cada vez mais profissionais que possuam mais facilidade em desenvolver não só a ambição, como também outras competências.

O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos

Diretora da Consultoria RH Vanessa Nóbrega

Cargos estratégicos, comercial e gestão de pessoas estão entre as vagas que valorizam um funcionário ambicioso, de acordo com Vanessa. Ela acrescenta que profissionais precisam estar atentos à forma de trabalhar em equipe. “O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos”, diz.

Há alguns anos, Egnalda Côrtes migrou da rotina corporativa para trabalhar assessorando Youtubers e criadores negros. Para a nova geração, ela deixa um conselho: “Encontre formas de se manter conectado com o seu objetivo, alinhe os pensamentos e não deixe de conquistar a sua liberdade, a ambição proporciona isso”, conclui.

Ambição. Provavelmente você já escutou algo sobre essa palavra. Em uma simples pesquisa na internet, a característica é resumida como “coragem, forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias”. A empresária e CEO da Cortes e Companhia, Egnalda Côrtes, 49, vai mais longe. Ela a considera uma “tecnologia de liberdade”, uma espécie de instrumentalização para alcance de objetivos. Afinal, a ambição pode favorecer o crescimento da carreira e de outros aspectos do âmbito pessoal? Especialistas indicam que é possível, sim. O diferencial está em como a direcionamos e em que lugar a colocamos na vida.

Egnalda dedicou 22 anos da sua trajetória atuando em grandes corporações. Durante o percurso, encarou situações que a fizeram enxergar a ambição como uma ferramenta positiva para o clima organizacional. A escolha das metas de forma estratégica foi um dos faróis para alcançar o equilíbrio.

“Eu sabia o que eu queria: prosperidade, pluralidade”, conta. Para alcançar o propósito, ela costumava incentivar colegas de trabalho a praticar a colaboração no cotidiano. “Não tem sucesso, não tem ambição, se o coletivo não existe. Quando você cresce, outros vão crescendo junto”, defende a empresária. “Se esse lugar é muito individualizado pode dar certo, a longo prazo pode trazer algumas dores”.

Seguindo essa linha, a ambição para além do trabalho pode até ser mais saudável, afirma a psicóloga e consultora de RH Eymi Rocha. Isso porque investir na competência somente para a carreira tem o potencial de desencadear sinais de frustrações, explica.

“A ambição fora do trabalho ajuda alinhar as demandas e entender qual o momento de acelerar mais ou de puxar o freio”, diz. Por exemplo, uma pessoa que planeja metas ambiciosas apenas em busca de um aumento salarial, promoção e outras questões que são de responsabilidade da empresa, está mais sujeita ao esgotamento. “É preciso entender que o trabalho é um meio para atingir o que precisa, e não o fim”, recomenda.

Egnalda Côrtes, 49, conta que suas experiências pessoais foram cruciais para direcionar, de forma equilibrada, a ambição para ações no trabalho e na vida.  Foto: Fábio Audi/Divulgação

Depender de um fator único para contemplar o status de felicidade é perigoso. A demissão silenciosa ou ‘quiet quitting’, por exemplo, ganhou visibilidade em um contexto pandêmico que evidenciou o trabalho remoto. A ambição funciona como um dispositivo motivador, aponta Eymi. Por conta disso, o desempenho mínimo no trabalho pode estar relacionado com a renúncia à competência.

“A total falta de ambição pode ser maléfica porque tende a estagnar. Por outro lado, o excesso oferece danos porque é uma pessoa que vai querer tudo a qualquer custo”, analisa. O caminho é descartar exageros e radicalismos. Sobre a ressignificação da palavra, Egnalda Côrtes comenta que a característica tem a ver com existência, pois “deve ser livre”, ressalta. Mas essa tal liberdade costuma ter um preço alto para as mulheres.

Por que mulheres ambiciosas incomodam?

As mulheres só recebem 78% do que os homens ganham, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad). Neste contexto, a igualdade salarial ainda parece ser uma realidade distante. Mesmo que o número de mulheres ocupando cargos de liderança tenha aumentado nos últimos anos, essas profissionais encaram mais desafios que o sexo oposto.

A falta de ambição explícita é um dos fatores para não se reconhecerem em posição de líder, o que inclui o medo de dizer que almeja determinado cargo e o temor por falhar e não conseguir, segundo artigo publicado em 2018 no Caderno EBAPE.BR, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelas pesquisadoras Lygia Costa Hryniewicz e Maria Amorim Vianna.

“A ambição feminina existe. Porém, vive em uma espécie de purgatório. Muitas de nós possuímos, mas poucas admitimos carregá-la conosco”, provoca a CEO e diretora criativa da Obvious Marcela Ceribelli durante a abertura do evento “Mulheres e Ambição”, idealizado pela plataforma em 2022. Ao longo da conversa, com a presença de outras convidadas, a anfitriã cita uma pesquisa do National Bureau of Economic Research, que revelou que jovens do sexo feminino tendem a minimizar suas ambições em relação a outros homens caso não estejam em um relacionamento sério.

Quando começou a trabalhar, Jenifer Zveiter, 32, viu de perto como as relações patriarcais dificultaram o processo de ser vista como profissional em pé de igualdade com os homens que disputavam a mesma vaga que ela. “O mercado não está preparado para receber as mulheres em suas inúmeras pluralidades. Isso faz com que a pessoa não se arrisque, não tenha ambição e a gente vai aceitando o que vem”, desabafa. Hoje, como especialista em Diversidade e Inclusão na Condurú Consultoria, ela conta que precisou enfrentar inúmeros obstáculos para ter seu potencial reconhecido. “É um processo difícil, pode até ser repetitivo. Mas vejo que a nova geração está se olhando como pares”, comemora.

Pensando em combater os estereótipos impostos a mulheres ambiciosas, a jornalista americana Stefanie O’Connell Rodriguez mantém um boletim informativo para levantar discussões acerca do assunto. Em um de seus textos, ela indica a necessidade de contextualizar os custos econômicos reais da “penalidade da ambição” que recai sobre as mulheres.

Segundo O’Connell Rodriguez, mulheres enfrentam mais rejeição na hora de pedir aumento ou se posicionarem à frente de outros homens e por conta disso são consideradas “detestáveis”. Como consequência, acabam sendo ignoradas em rodadas de promoção e para cargos de liderança.

Para driblar a autossabotagem e inserir a ambição na prática, aqui estão as orientações que sugerem maneiras para assumir uma postura mais ativa na vida profissional, sem prejudicar a saúde mental.

Como funciona no ambiente de trabalho

“Como trabalhar pessoas ambiciosas na minha empresa?”, provoca a empresária Egnalda. Definir os objetivos é o primeiro passo, diz a diretora da Consultoria Persona RH Vanessa Nóbrega, mas para garantir crescimento na carreira a empresa precisa estimular internamente a cultura da ambição. “O ideal é ter um ambiente que ajuda”, salienta. Com a retenção de talento em alta no mercado brasileiro, diz que as corporações querem atrair times ativos e multifuncionais. Ela revela que o processo seletivo vai exigir do candidato foco em resultados.

Como reforçado anteriormente, direcionar por completo a energia da ambição em dinheiro, prestígio ou status social, costuma gerar problemas psicológicos. No caso das empresas, a relevância da característica vai depender do grau de maturidade e da cultura corporativa de cada companhia. Os recrutadores, por sua vez, estão buscando cada vez mais profissionais que possuam mais facilidade em desenvolver não só a ambição, como também outras competências.

O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos

Diretora da Consultoria RH Vanessa Nóbrega

Cargos estratégicos, comercial e gestão de pessoas estão entre as vagas que valorizam um funcionário ambicioso, de acordo com Vanessa. Ela acrescenta que profissionais precisam estar atentos à forma de trabalhar em equipe. “O empregador vai desconfiar de alguém que passa por cima de outra pessoa para alcançar objetivos”, diz.

Há alguns anos, Egnalda Côrtes migrou da rotina corporativa para trabalhar assessorando Youtubers e criadores negros. Para a nova geração, ela deixa um conselho: “Encontre formas de se manter conectado com o seu objetivo, alinhe os pensamentos e não deixe de conquistar a sua liberdade, a ambição proporciona isso”, conclui.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.