Terapia, educação financeira e até área de lazer para criança; como elevar a felicidade nas empresas


BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza investem em áreas dedicadas a monitorar a saúde dos colaboradores para reduzir estado de sofrimento dentro e fora do ambiente corporativo

Por Jayanne Rodrigues

A felicidade no ambiente de trabalho virou um mantra entoado por boa parte das grandes companhias globais, que tentam seduzir seus talentos para evitar a rotatividade. Empresas como BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza adotam uma série de ações para garantir a felicidade dentro de suas organizações, como programas de terapia, educação financeira, iniciativas para fortalecer a segurança psicológica e até área de recreação para os filhos de funcionários.

Mas criar esse ambiente contagiante precisa ultrapassar as paredes do escritório e das fábricas. “É preciso entender quais são as vulnerabilidades e o sofrimento de cada um do lado de fora da empresa”, afirma a diretora do Instituto Feliciência Carla Furtado.

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Um levantamento mundial, com participação do Brasil, revelou que 71% dos entrevistados se diziam felizes em relação à vida, mas apenas 46% estavam satisfeitos com o trabalho. A pesquisa foi divulgada em dezembro do ano passado, pela Woohoo Unlimited, maior certificadora internacional de chefe de felicidade.

Entre os principais pontos do estudo, um deles chamou atenção para ferramentas utilizadas pelas empresas para fomentar o bem-estar, felicidade e saúde mental. Segundo Carla, os recursos financeiros ofertados pelas instituições não são suficientes para garantir um ambiente seguro e auxiliar na qualidade de vida do trabalhador. A rede de apoio deve começar na alta gestão, ressalta, acrescentando que um chefe adoecido e sobrecarregado resulta em uma equipe em estado de sofrimento.

“Não é completo um programa que centre no indivíduo dentro da organização toda a responsabilidade”, diz. Ela explica que o sofrimento do trabalhador é investigada a partir de dois fatores: a cultura da empresa e a interligação com a liderança. No caso do gestor, ele não deve ser o principal responsável da companhia, mas representa um fator de promoção da saúde.

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“O líder precisa ter um comportamento orientado para a saúde. É um chefe que, em primeiro lugar, cuida da sua própria saúde, pois como ele vai reconhecer que a saúde do colaborador é importante, se a dele não é?”, provoca. A especialista em felicidade Mary Elbe pensa o mesmo. “O papel do chefe é muito importante para calcular se está diante de um ambiente tóxico”, pondera.

O Estadão conversou com profissionais das áreas responsáveis pelo cuidado com o trabalhador das três corporações: BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza. Cada companhia utiliza um tipo de nomenclatura para discutir o assunto.

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Por se tratar de empresas pulverizadas, com unidades em diferentes regiões do País e milhares de funcionários em diversas áreas (da fábrica ao escritório), cada corporação entrevistada pela reportagem citou ações que se diferenciavam de acordo com o modelo de trabalho (híbrido, remoto e presencial) e segmento da equipe.

BASF

Se antes de 2020, o foco da multinacional BASF no Brasil estava voltado para área social e esportiva, agora o eixo central é o bem-estar integral aliado a segurança psicológica, afirma a consultora de bem-estar da empresa, Bruna Fesneda. “O nosso objetivo genuíno é enxergar o colaborador não só como profissional, mas como pessoa”, explana. Para isso, a empresa oferece plataforma de terapia, a exemplo do Canal Sempre Bem, além de assistência política e financeira. Quando é identificado algum problema específico em uma equipe, são desenvolvidos conteúdos personalizados.

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Já o setor de acompanhamento financeiro é feito por meio de um canal sigiloso, com assessores financeiros. A Felicidade Interna Bruta (PIB) e a medição de estresse, por sua vez, são calculadas em pesquisas. Para assegurar o nível adequado, a empresa tem praticado a cultura do erro, para que o funcionário não sinta medo de se comunicar e se posicionar no ambiente, fator que está diretamente ligado à segurança psicológica da multinacional.

Bruna Fesneda afirma que as demandas emocionais na BASF, sede Brasil, aumentaram por conta do trabalho de conscientização nos últimos anos.  Foto: Werther Santana/Estadão

“A empresa é responsável por criar um ambiente saudável”, complementa Fesneda. Seguindo esta linha, a consultora comenta que a manutenção do espaço seguro envolve a confiança do time na liderança. Por isso, também é feito um acompanhamento particular com os chefes. Mesmo com os ajustes de prioridades da saúde integral, o setor esportivo continua na ativa na multinacional, como academia própria e sala de descompressão.

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Grupo Boticário

Com histórico de programas de bem-estar há mais de 12 anos, o aprendizado do Grupo Boticário durante a pandemia foi maturar o olhar sobre ações relacionadas ao tema e gerar consciência de colaboradores que ainda alimentavam um certo ceticismo a respeito de saúde mental, afirma a diretora Jornada Colaborador da empresa, Renata Simioni. “Era um tabu (saúde mental) muito grande. Após a pandemia o diálogo ficou mais fácil.” A rede de cosméticos apostou em transformar metas individuais em colaborativas para incentivar o trabalho em equipe e gerar ambientes mais seguros, relata Simioni.

Após o aprendizado deixado pela pandemia, Renata Simioni considera que o momento é de focar nos colaboradores que exigem maior suporte e evoluir ações implantadas há alguns anos. Foto: Alexandre Carnieri/Divulgação Grupo Boticário
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Outro avanço está ligado ao crescimento expressivo de terapias, informa a diretora. Atualmente, o Boticário custeia duas sessões por mês a cada colaborador e o benefício pode ser estendido para familiares.

O feedback das pessoas é feito por meio de perguntas semanais para avaliar, por exemplo, o índice de estresse. Foi a partir dessas análises que o grupo criou em 2018 o Sentinela, projeto que mantém uma matriz de risco (com informações sigilosas) para identificar funcionários que necessitam de suporte urgente, mas não buscam os canais disponíveis. Assim como a BASF, a rede oferta suporte para ajudar lideranças a direcionar e diagnosticar problemas dentro do time.

Hoje, o foco da empresa, de acordo com Simioni, é garantir o total acesso dos funcionários a plataformas, independente da localização da unidade.

Magazine Luiza

Propósito é a base para o desenvolvimento do bem-estar dos colaboradores da Magazine Luiza, afirma a diretora executiva de gestão de pessoas Patricia Pugas, que parte do seguinte questionamento: “Como facilito o cotidiano do meu colaborador e como torno a vida dele(a) melhor?”. Entre os métodos para medir a felicidade dos funcionários, a empresa utiliza pesquisas que observam o tempo de permanência, nível de carreiramento, engajamento e outros fatores internos.

“Como facilito o cotidiano do meu colaborador", questiona Patricia Pugas, diretora executiva de gestão de pessoas, da Magazine Luiza. Foto: Germano Lüders/Divulgação Magazine Luiza

Quando o assunto é saúde, a diretora explica que as ações são direcionadas para a área mental (telemedicina e terapia), financeira e física. Os benefícios diferenciados são voltados para os trabalhadores com filhos. “Nós temos o ‘Cheque-Mãe’, um auxílio para pagamento de creches, que também tem o objetivo de incentivar a carreira daquela funcionária”, diz. Ainda no espectro familiar, a Magalu ofereceu, neste ano, espaços de recreação em unidades da loja para os filhos dos colaboradores durante o período de férias escolares.

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

A felicidade no ambiente de trabalho virou um mantra entoado por boa parte das grandes companhias globais, que tentam seduzir seus talentos para evitar a rotatividade. Empresas como BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza adotam uma série de ações para garantir a felicidade dentro de suas organizações, como programas de terapia, educação financeira, iniciativas para fortalecer a segurança psicológica e até área de recreação para os filhos de funcionários.

Mas criar esse ambiente contagiante precisa ultrapassar as paredes do escritório e das fábricas. “É preciso entender quais são as vulnerabilidades e o sofrimento de cada um do lado de fora da empresa”, afirma a diretora do Instituto Feliciência Carla Furtado.

Um levantamento mundial, com participação do Brasil, revelou que 71% dos entrevistados se diziam felizes em relação à vida, mas apenas 46% estavam satisfeitos com o trabalho. A pesquisa foi divulgada em dezembro do ano passado, pela Woohoo Unlimited, maior certificadora internacional de chefe de felicidade.

Entre os principais pontos do estudo, um deles chamou atenção para ferramentas utilizadas pelas empresas para fomentar o bem-estar, felicidade e saúde mental. Segundo Carla, os recursos financeiros ofertados pelas instituições não são suficientes para garantir um ambiente seguro e auxiliar na qualidade de vida do trabalhador. A rede de apoio deve começar na alta gestão, ressalta, acrescentando que um chefe adoecido e sobrecarregado resulta em uma equipe em estado de sofrimento.

“Não é completo um programa que centre no indivíduo dentro da organização toda a responsabilidade”, diz. Ela explica que o sofrimento do trabalhador é investigada a partir de dois fatores: a cultura da empresa e a interligação com a liderança. No caso do gestor, ele não deve ser o principal responsável da companhia, mas representa um fator de promoção da saúde.

“O líder precisa ter um comportamento orientado para a saúde. É um chefe que, em primeiro lugar, cuida da sua própria saúde, pois como ele vai reconhecer que a saúde do colaborador é importante, se a dele não é?”, provoca. A especialista em felicidade Mary Elbe pensa o mesmo. “O papel do chefe é muito importante para calcular se está diante de um ambiente tóxico”, pondera.

O Estadão conversou com profissionais das áreas responsáveis pelo cuidado com o trabalhador das três corporações: BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza. Cada companhia utiliza um tipo de nomenclatura para discutir o assunto.

Por se tratar de empresas pulverizadas, com unidades em diferentes regiões do País e milhares de funcionários em diversas áreas (da fábrica ao escritório), cada corporação entrevistada pela reportagem citou ações que se diferenciavam de acordo com o modelo de trabalho (híbrido, remoto e presencial) e segmento da equipe.

BASF

Se antes de 2020, o foco da multinacional BASF no Brasil estava voltado para área social e esportiva, agora o eixo central é o bem-estar integral aliado a segurança psicológica, afirma a consultora de bem-estar da empresa, Bruna Fesneda. “O nosso objetivo genuíno é enxergar o colaborador não só como profissional, mas como pessoa”, explana. Para isso, a empresa oferece plataforma de terapia, a exemplo do Canal Sempre Bem, além de assistência política e financeira. Quando é identificado algum problema específico em uma equipe, são desenvolvidos conteúdos personalizados.

Já o setor de acompanhamento financeiro é feito por meio de um canal sigiloso, com assessores financeiros. A Felicidade Interna Bruta (PIB) e a medição de estresse, por sua vez, são calculadas em pesquisas. Para assegurar o nível adequado, a empresa tem praticado a cultura do erro, para que o funcionário não sinta medo de se comunicar e se posicionar no ambiente, fator que está diretamente ligado à segurança psicológica da multinacional.

Bruna Fesneda afirma que as demandas emocionais na BASF, sede Brasil, aumentaram por conta do trabalho de conscientização nos últimos anos.  Foto: Werther Santana/Estadão

“A empresa é responsável por criar um ambiente saudável”, complementa Fesneda. Seguindo esta linha, a consultora comenta que a manutenção do espaço seguro envolve a confiança do time na liderança. Por isso, também é feito um acompanhamento particular com os chefes. Mesmo com os ajustes de prioridades da saúde integral, o setor esportivo continua na ativa na multinacional, como academia própria e sala de descompressão.

Grupo Boticário

Com histórico de programas de bem-estar há mais de 12 anos, o aprendizado do Grupo Boticário durante a pandemia foi maturar o olhar sobre ações relacionadas ao tema e gerar consciência de colaboradores que ainda alimentavam um certo ceticismo a respeito de saúde mental, afirma a diretora Jornada Colaborador da empresa, Renata Simioni. “Era um tabu (saúde mental) muito grande. Após a pandemia o diálogo ficou mais fácil.” A rede de cosméticos apostou em transformar metas individuais em colaborativas para incentivar o trabalho em equipe e gerar ambientes mais seguros, relata Simioni.

Após o aprendizado deixado pela pandemia, Renata Simioni considera que o momento é de focar nos colaboradores que exigem maior suporte e evoluir ações implantadas há alguns anos. Foto: Alexandre Carnieri/Divulgação Grupo Boticário

Outro avanço está ligado ao crescimento expressivo de terapias, informa a diretora. Atualmente, o Boticário custeia duas sessões por mês a cada colaborador e o benefício pode ser estendido para familiares.

O feedback das pessoas é feito por meio de perguntas semanais para avaliar, por exemplo, o índice de estresse. Foi a partir dessas análises que o grupo criou em 2018 o Sentinela, projeto que mantém uma matriz de risco (com informações sigilosas) para identificar funcionários que necessitam de suporte urgente, mas não buscam os canais disponíveis. Assim como a BASF, a rede oferta suporte para ajudar lideranças a direcionar e diagnosticar problemas dentro do time.

Hoje, o foco da empresa, de acordo com Simioni, é garantir o total acesso dos funcionários a plataformas, independente da localização da unidade.

Magazine Luiza

Propósito é a base para o desenvolvimento do bem-estar dos colaboradores da Magazine Luiza, afirma a diretora executiva de gestão de pessoas Patricia Pugas, que parte do seguinte questionamento: “Como facilito o cotidiano do meu colaborador e como torno a vida dele(a) melhor?”. Entre os métodos para medir a felicidade dos funcionários, a empresa utiliza pesquisas que observam o tempo de permanência, nível de carreiramento, engajamento e outros fatores internos.

“Como facilito o cotidiano do meu colaborador", questiona Patricia Pugas, diretora executiva de gestão de pessoas, da Magazine Luiza. Foto: Germano Lüders/Divulgação Magazine Luiza

Quando o assunto é saúde, a diretora explica que as ações são direcionadas para a área mental (telemedicina e terapia), financeira e física. Os benefícios diferenciados são voltados para os trabalhadores com filhos. “Nós temos o ‘Cheque-Mãe’, um auxílio para pagamento de creches, que também tem o objetivo de incentivar a carreira daquela funcionária”, diz. Ainda no espectro familiar, a Magalu ofereceu, neste ano, espaços de recreação em unidades da loja para os filhos dos colaboradores durante o período de férias escolares.

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A felicidade no ambiente de trabalho virou um mantra entoado por boa parte das grandes companhias globais, que tentam seduzir seus talentos para evitar a rotatividade. Empresas como BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza adotam uma série de ações para garantir a felicidade dentro de suas organizações, como programas de terapia, educação financeira, iniciativas para fortalecer a segurança psicológica e até área de recreação para os filhos de funcionários.

Mas criar esse ambiente contagiante precisa ultrapassar as paredes do escritório e das fábricas. “É preciso entender quais são as vulnerabilidades e o sofrimento de cada um do lado de fora da empresa”, afirma a diretora do Instituto Feliciência Carla Furtado.

Um levantamento mundial, com participação do Brasil, revelou que 71% dos entrevistados se diziam felizes em relação à vida, mas apenas 46% estavam satisfeitos com o trabalho. A pesquisa foi divulgada em dezembro do ano passado, pela Woohoo Unlimited, maior certificadora internacional de chefe de felicidade.

Entre os principais pontos do estudo, um deles chamou atenção para ferramentas utilizadas pelas empresas para fomentar o bem-estar, felicidade e saúde mental. Segundo Carla, os recursos financeiros ofertados pelas instituições não são suficientes para garantir um ambiente seguro e auxiliar na qualidade de vida do trabalhador. A rede de apoio deve começar na alta gestão, ressalta, acrescentando que um chefe adoecido e sobrecarregado resulta em uma equipe em estado de sofrimento.

“Não é completo um programa que centre no indivíduo dentro da organização toda a responsabilidade”, diz. Ela explica que o sofrimento do trabalhador é investigada a partir de dois fatores: a cultura da empresa e a interligação com a liderança. No caso do gestor, ele não deve ser o principal responsável da companhia, mas representa um fator de promoção da saúde.

“O líder precisa ter um comportamento orientado para a saúde. É um chefe que, em primeiro lugar, cuida da sua própria saúde, pois como ele vai reconhecer que a saúde do colaborador é importante, se a dele não é?”, provoca. A especialista em felicidade Mary Elbe pensa o mesmo. “O papel do chefe é muito importante para calcular se está diante de um ambiente tóxico”, pondera.

O Estadão conversou com profissionais das áreas responsáveis pelo cuidado com o trabalhador das três corporações: BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza. Cada companhia utiliza um tipo de nomenclatura para discutir o assunto.

Por se tratar de empresas pulverizadas, com unidades em diferentes regiões do País e milhares de funcionários em diversas áreas (da fábrica ao escritório), cada corporação entrevistada pela reportagem citou ações que se diferenciavam de acordo com o modelo de trabalho (híbrido, remoto e presencial) e segmento da equipe.

BASF

Se antes de 2020, o foco da multinacional BASF no Brasil estava voltado para área social e esportiva, agora o eixo central é o bem-estar integral aliado a segurança psicológica, afirma a consultora de bem-estar da empresa, Bruna Fesneda. “O nosso objetivo genuíno é enxergar o colaborador não só como profissional, mas como pessoa”, explana. Para isso, a empresa oferece plataforma de terapia, a exemplo do Canal Sempre Bem, além de assistência política e financeira. Quando é identificado algum problema específico em uma equipe, são desenvolvidos conteúdos personalizados.

Já o setor de acompanhamento financeiro é feito por meio de um canal sigiloso, com assessores financeiros. A Felicidade Interna Bruta (PIB) e a medição de estresse, por sua vez, são calculadas em pesquisas. Para assegurar o nível adequado, a empresa tem praticado a cultura do erro, para que o funcionário não sinta medo de se comunicar e se posicionar no ambiente, fator que está diretamente ligado à segurança psicológica da multinacional.

Bruna Fesneda afirma que as demandas emocionais na BASF, sede Brasil, aumentaram por conta do trabalho de conscientização nos últimos anos.  Foto: Werther Santana/Estadão

“A empresa é responsável por criar um ambiente saudável”, complementa Fesneda. Seguindo esta linha, a consultora comenta que a manutenção do espaço seguro envolve a confiança do time na liderança. Por isso, também é feito um acompanhamento particular com os chefes. Mesmo com os ajustes de prioridades da saúde integral, o setor esportivo continua na ativa na multinacional, como academia própria e sala de descompressão.

Grupo Boticário

Com histórico de programas de bem-estar há mais de 12 anos, o aprendizado do Grupo Boticário durante a pandemia foi maturar o olhar sobre ações relacionadas ao tema e gerar consciência de colaboradores que ainda alimentavam um certo ceticismo a respeito de saúde mental, afirma a diretora Jornada Colaborador da empresa, Renata Simioni. “Era um tabu (saúde mental) muito grande. Após a pandemia o diálogo ficou mais fácil.” A rede de cosméticos apostou em transformar metas individuais em colaborativas para incentivar o trabalho em equipe e gerar ambientes mais seguros, relata Simioni.

Após o aprendizado deixado pela pandemia, Renata Simioni considera que o momento é de focar nos colaboradores que exigem maior suporte e evoluir ações implantadas há alguns anos. Foto: Alexandre Carnieri/Divulgação Grupo Boticário

Outro avanço está ligado ao crescimento expressivo de terapias, informa a diretora. Atualmente, o Boticário custeia duas sessões por mês a cada colaborador e o benefício pode ser estendido para familiares.

O feedback das pessoas é feito por meio de perguntas semanais para avaliar, por exemplo, o índice de estresse. Foi a partir dessas análises que o grupo criou em 2018 o Sentinela, projeto que mantém uma matriz de risco (com informações sigilosas) para identificar funcionários que necessitam de suporte urgente, mas não buscam os canais disponíveis. Assim como a BASF, a rede oferta suporte para ajudar lideranças a direcionar e diagnosticar problemas dentro do time.

Hoje, o foco da empresa, de acordo com Simioni, é garantir o total acesso dos funcionários a plataformas, independente da localização da unidade.

Magazine Luiza

Propósito é a base para o desenvolvimento do bem-estar dos colaboradores da Magazine Luiza, afirma a diretora executiva de gestão de pessoas Patricia Pugas, que parte do seguinte questionamento: “Como facilito o cotidiano do meu colaborador e como torno a vida dele(a) melhor?”. Entre os métodos para medir a felicidade dos funcionários, a empresa utiliza pesquisas que observam o tempo de permanência, nível de carreiramento, engajamento e outros fatores internos.

“Como facilito o cotidiano do meu colaborador", questiona Patricia Pugas, diretora executiva de gestão de pessoas, da Magazine Luiza. Foto: Germano Lüders/Divulgação Magazine Luiza

Quando o assunto é saúde, a diretora explica que as ações são direcionadas para a área mental (telemedicina e terapia), financeira e física. Os benefícios diferenciados são voltados para os trabalhadores com filhos. “Nós temos o ‘Cheque-Mãe’, um auxílio para pagamento de creches, que também tem o objetivo de incentivar a carreira daquela funcionária”, diz. Ainda no espectro familiar, a Magalu ofereceu, neste ano, espaços de recreação em unidades da loja para os filhos dos colaboradores durante o período de férias escolares.

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A felicidade no ambiente de trabalho virou um mantra entoado por boa parte das grandes companhias globais, que tentam seduzir seus talentos para evitar a rotatividade. Empresas como BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza adotam uma série de ações para garantir a felicidade dentro de suas organizações, como programas de terapia, educação financeira, iniciativas para fortalecer a segurança psicológica e até área de recreação para os filhos de funcionários.

Mas criar esse ambiente contagiante precisa ultrapassar as paredes do escritório e das fábricas. “É preciso entender quais são as vulnerabilidades e o sofrimento de cada um do lado de fora da empresa”, afirma a diretora do Instituto Feliciência Carla Furtado.

Um levantamento mundial, com participação do Brasil, revelou que 71% dos entrevistados se diziam felizes em relação à vida, mas apenas 46% estavam satisfeitos com o trabalho. A pesquisa foi divulgada em dezembro do ano passado, pela Woohoo Unlimited, maior certificadora internacional de chefe de felicidade.

Entre os principais pontos do estudo, um deles chamou atenção para ferramentas utilizadas pelas empresas para fomentar o bem-estar, felicidade e saúde mental. Segundo Carla, os recursos financeiros ofertados pelas instituições não são suficientes para garantir um ambiente seguro e auxiliar na qualidade de vida do trabalhador. A rede de apoio deve começar na alta gestão, ressalta, acrescentando que um chefe adoecido e sobrecarregado resulta em uma equipe em estado de sofrimento.

“Não é completo um programa que centre no indivíduo dentro da organização toda a responsabilidade”, diz. Ela explica que o sofrimento do trabalhador é investigada a partir de dois fatores: a cultura da empresa e a interligação com a liderança. No caso do gestor, ele não deve ser o principal responsável da companhia, mas representa um fator de promoção da saúde.

“O líder precisa ter um comportamento orientado para a saúde. É um chefe que, em primeiro lugar, cuida da sua própria saúde, pois como ele vai reconhecer que a saúde do colaborador é importante, se a dele não é?”, provoca. A especialista em felicidade Mary Elbe pensa o mesmo. “O papel do chefe é muito importante para calcular se está diante de um ambiente tóxico”, pondera.

O Estadão conversou com profissionais das áreas responsáveis pelo cuidado com o trabalhador das três corporações: BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza. Cada companhia utiliza um tipo de nomenclatura para discutir o assunto.

Por se tratar de empresas pulverizadas, com unidades em diferentes regiões do País e milhares de funcionários em diversas áreas (da fábrica ao escritório), cada corporação entrevistada pela reportagem citou ações que se diferenciavam de acordo com o modelo de trabalho (híbrido, remoto e presencial) e segmento da equipe.

BASF

Se antes de 2020, o foco da multinacional BASF no Brasil estava voltado para área social e esportiva, agora o eixo central é o bem-estar integral aliado a segurança psicológica, afirma a consultora de bem-estar da empresa, Bruna Fesneda. “O nosso objetivo genuíno é enxergar o colaborador não só como profissional, mas como pessoa”, explana. Para isso, a empresa oferece plataforma de terapia, a exemplo do Canal Sempre Bem, além de assistência política e financeira. Quando é identificado algum problema específico em uma equipe, são desenvolvidos conteúdos personalizados.

Já o setor de acompanhamento financeiro é feito por meio de um canal sigiloso, com assessores financeiros. A Felicidade Interna Bruta (PIB) e a medição de estresse, por sua vez, são calculadas em pesquisas. Para assegurar o nível adequado, a empresa tem praticado a cultura do erro, para que o funcionário não sinta medo de se comunicar e se posicionar no ambiente, fator que está diretamente ligado à segurança psicológica da multinacional.

Bruna Fesneda afirma que as demandas emocionais na BASF, sede Brasil, aumentaram por conta do trabalho de conscientização nos últimos anos.  Foto: Werther Santana/Estadão

“A empresa é responsável por criar um ambiente saudável”, complementa Fesneda. Seguindo esta linha, a consultora comenta que a manutenção do espaço seguro envolve a confiança do time na liderança. Por isso, também é feito um acompanhamento particular com os chefes. Mesmo com os ajustes de prioridades da saúde integral, o setor esportivo continua na ativa na multinacional, como academia própria e sala de descompressão.

Grupo Boticário

Com histórico de programas de bem-estar há mais de 12 anos, o aprendizado do Grupo Boticário durante a pandemia foi maturar o olhar sobre ações relacionadas ao tema e gerar consciência de colaboradores que ainda alimentavam um certo ceticismo a respeito de saúde mental, afirma a diretora Jornada Colaborador da empresa, Renata Simioni. “Era um tabu (saúde mental) muito grande. Após a pandemia o diálogo ficou mais fácil.” A rede de cosméticos apostou em transformar metas individuais em colaborativas para incentivar o trabalho em equipe e gerar ambientes mais seguros, relata Simioni.

Após o aprendizado deixado pela pandemia, Renata Simioni considera que o momento é de focar nos colaboradores que exigem maior suporte e evoluir ações implantadas há alguns anos. Foto: Alexandre Carnieri/Divulgação Grupo Boticário

Outro avanço está ligado ao crescimento expressivo de terapias, informa a diretora. Atualmente, o Boticário custeia duas sessões por mês a cada colaborador e o benefício pode ser estendido para familiares.

O feedback das pessoas é feito por meio de perguntas semanais para avaliar, por exemplo, o índice de estresse. Foi a partir dessas análises que o grupo criou em 2018 o Sentinela, projeto que mantém uma matriz de risco (com informações sigilosas) para identificar funcionários que necessitam de suporte urgente, mas não buscam os canais disponíveis. Assim como a BASF, a rede oferta suporte para ajudar lideranças a direcionar e diagnosticar problemas dentro do time.

Hoje, o foco da empresa, de acordo com Simioni, é garantir o total acesso dos funcionários a plataformas, independente da localização da unidade.

Magazine Luiza

Propósito é a base para o desenvolvimento do bem-estar dos colaboradores da Magazine Luiza, afirma a diretora executiva de gestão de pessoas Patricia Pugas, que parte do seguinte questionamento: “Como facilito o cotidiano do meu colaborador e como torno a vida dele(a) melhor?”. Entre os métodos para medir a felicidade dos funcionários, a empresa utiliza pesquisas que observam o tempo de permanência, nível de carreiramento, engajamento e outros fatores internos.

“Como facilito o cotidiano do meu colaborador", questiona Patricia Pugas, diretora executiva de gestão de pessoas, da Magazine Luiza. Foto: Germano Lüders/Divulgação Magazine Luiza

Quando o assunto é saúde, a diretora explica que as ações são direcionadas para a área mental (telemedicina e terapia), financeira e física. Os benefícios diferenciados são voltados para os trabalhadores com filhos. “Nós temos o ‘Cheque-Mãe’, um auxílio para pagamento de creches, que também tem o objetivo de incentivar a carreira daquela funcionária”, diz. Ainda no espectro familiar, a Magalu ofereceu, neste ano, espaços de recreação em unidades da loja para os filhos dos colaboradores durante o período de férias escolares.

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Mas criar esse ambiente contagiante precisa ultrapassar as paredes do escritório e das fábricas. “É preciso entender quais são as vulnerabilidades e o sofrimento de cada um do lado de fora da empresa”, afirma a diretora do Instituto Feliciência Carla Furtado.

Um levantamento mundial, com participação do Brasil, revelou que 71% dos entrevistados se diziam felizes em relação à vida, mas apenas 46% estavam satisfeitos com o trabalho. A pesquisa foi divulgada em dezembro do ano passado, pela Woohoo Unlimited, maior certificadora internacional de chefe de felicidade.

Entre os principais pontos do estudo, um deles chamou atenção para ferramentas utilizadas pelas empresas para fomentar o bem-estar, felicidade e saúde mental. Segundo Carla, os recursos financeiros ofertados pelas instituições não são suficientes para garantir um ambiente seguro e auxiliar na qualidade de vida do trabalhador. A rede de apoio deve começar na alta gestão, ressalta, acrescentando que um chefe adoecido e sobrecarregado resulta em uma equipe em estado de sofrimento.

“Não é completo um programa que centre no indivíduo dentro da organização toda a responsabilidade”, diz. Ela explica que o sofrimento do trabalhador é investigada a partir de dois fatores: a cultura da empresa e a interligação com a liderança. No caso do gestor, ele não deve ser o principal responsável da companhia, mas representa um fator de promoção da saúde.

“O líder precisa ter um comportamento orientado para a saúde. É um chefe que, em primeiro lugar, cuida da sua própria saúde, pois como ele vai reconhecer que a saúde do colaborador é importante, se a dele não é?”, provoca. A especialista em felicidade Mary Elbe pensa o mesmo. “O papel do chefe é muito importante para calcular se está diante de um ambiente tóxico”, pondera.

O Estadão conversou com profissionais das áreas responsáveis pelo cuidado com o trabalhador das três corporações: BASF, Grupo Boticário e Magazine Luiza. Cada companhia utiliza um tipo de nomenclatura para discutir o assunto.

Por se tratar de empresas pulverizadas, com unidades em diferentes regiões do País e milhares de funcionários em diversas áreas (da fábrica ao escritório), cada corporação entrevistada pela reportagem citou ações que se diferenciavam de acordo com o modelo de trabalho (híbrido, remoto e presencial) e segmento da equipe.

BASF

Se antes de 2020, o foco da multinacional BASF no Brasil estava voltado para área social e esportiva, agora o eixo central é o bem-estar integral aliado a segurança psicológica, afirma a consultora de bem-estar da empresa, Bruna Fesneda. “O nosso objetivo genuíno é enxergar o colaborador não só como profissional, mas como pessoa”, explana. Para isso, a empresa oferece plataforma de terapia, a exemplo do Canal Sempre Bem, além de assistência política e financeira. Quando é identificado algum problema específico em uma equipe, são desenvolvidos conteúdos personalizados.

Já o setor de acompanhamento financeiro é feito por meio de um canal sigiloso, com assessores financeiros. A Felicidade Interna Bruta (PIB) e a medição de estresse, por sua vez, são calculadas em pesquisas. Para assegurar o nível adequado, a empresa tem praticado a cultura do erro, para que o funcionário não sinta medo de se comunicar e se posicionar no ambiente, fator que está diretamente ligado à segurança psicológica da multinacional.

Bruna Fesneda afirma que as demandas emocionais na BASF, sede Brasil, aumentaram por conta do trabalho de conscientização nos últimos anos.  Foto: Werther Santana/Estadão

“A empresa é responsável por criar um ambiente saudável”, complementa Fesneda. Seguindo esta linha, a consultora comenta que a manutenção do espaço seguro envolve a confiança do time na liderança. Por isso, também é feito um acompanhamento particular com os chefes. Mesmo com os ajustes de prioridades da saúde integral, o setor esportivo continua na ativa na multinacional, como academia própria e sala de descompressão.

Grupo Boticário

Com histórico de programas de bem-estar há mais de 12 anos, o aprendizado do Grupo Boticário durante a pandemia foi maturar o olhar sobre ações relacionadas ao tema e gerar consciência de colaboradores que ainda alimentavam um certo ceticismo a respeito de saúde mental, afirma a diretora Jornada Colaborador da empresa, Renata Simioni. “Era um tabu (saúde mental) muito grande. Após a pandemia o diálogo ficou mais fácil.” A rede de cosméticos apostou em transformar metas individuais em colaborativas para incentivar o trabalho em equipe e gerar ambientes mais seguros, relata Simioni.

Após o aprendizado deixado pela pandemia, Renata Simioni considera que o momento é de focar nos colaboradores que exigem maior suporte e evoluir ações implantadas há alguns anos. Foto: Alexandre Carnieri/Divulgação Grupo Boticário

Outro avanço está ligado ao crescimento expressivo de terapias, informa a diretora. Atualmente, o Boticário custeia duas sessões por mês a cada colaborador e o benefício pode ser estendido para familiares.

O feedback das pessoas é feito por meio de perguntas semanais para avaliar, por exemplo, o índice de estresse. Foi a partir dessas análises que o grupo criou em 2018 o Sentinela, projeto que mantém uma matriz de risco (com informações sigilosas) para identificar funcionários que necessitam de suporte urgente, mas não buscam os canais disponíveis. Assim como a BASF, a rede oferta suporte para ajudar lideranças a direcionar e diagnosticar problemas dentro do time.

Hoje, o foco da empresa, de acordo com Simioni, é garantir o total acesso dos funcionários a plataformas, independente da localização da unidade.

Magazine Luiza

Propósito é a base para o desenvolvimento do bem-estar dos colaboradores da Magazine Luiza, afirma a diretora executiva de gestão de pessoas Patricia Pugas, que parte do seguinte questionamento: “Como facilito o cotidiano do meu colaborador e como torno a vida dele(a) melhor?”. Entre os métodos para medir a felicidade dos funcionários, a empresa utiliza pesquisas que observam o tempo de permanência, nível de carreiramento, engajamento e outros fatores internos.

“Como facilito o cotidiano do meu colaborador", questiona Patricia Pugas, diretora executiva de gestão de pessoas, da Magazine Luiza. Foto: Germano Lüders/Divulgação Magazine Luiza

Quando o assunto é saúde, a diretora explica que as ações são direcionadas para a área mental (telemedicina e terapia), financeira e física. Os benefícios diferenciados são voltados para os trabalhadores com filhos. “Nós temos o ‘Cheque-Mãe’, um auxílio para pagamento de creches, que também tem o objetivo de incentivar a carreira daquela funcionária”, diz. Ainda no espectro familiar, a Magalu ofereceu, neste ano, espaços de recreação em unidades da loja para os filhos dos colaboradores durante o período de férias escolares.

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