“Há 25 anos, se tirassem meu crachá, não restaria nada da Daniela”, revela a executiva Daniela Bertoldo. Durante um extenso período, a ex-diretora executiva da CVC Corp sacrificou diversos aspectos de sua vida em busca da ascensão ao alto escalão.
Contudo, em determinado momento, o dilema entre status, dinheiro e realização pessoal se interpôs em seu caminho, levando-a a repensar como encarava sua carreira. Este dilema é universal e algo com que a maioria das pessoas se depara constantemente.
Afinal, como decidir o que é melhor para mim nesse momento da minha vida?
Bertoldo afirma que priorizar o dinheiro ou a realização pessoal não deve ser encarado como uma decisão binária. Ao longo da carreira, é natural que as pessoas priorizem coisas diferentes, seja estabilidade, crescimento profissional, vida pessoal ou simplesmente um salário alto.
“Eu fiz carreira no corporativo por 25 anos e abri mão da minha vida pessoal por isso”, conta. No entanto, essa escolha teve um custo significativo para ela. Ao priorizar a remuneração e o status ao longo de sua trajetória, ela relata que, após 25 anos, não tinha mais sua autenticidade.
“Eu não queria mais aquilo. Agora posso escolher trabalhar com aquilo que sei fazer de melhor”, diz.
Essa indecisão também é influenciada pela questão geracional. A geração X, por exemplo, foi criada com a convicção da importância da segurança financeira e frequentemente priorizou carreiras tradicionais em busca dessa estabilidade.
Por outro lado, a geração Y, mais orientada por valores, propósito e inclusão, tende a buscar satisfação pessoal em escolhas profissionais, explica a executiva.
O importante, segundo ela, é que toda decisão vale até surgir uma nova oportunidade. Essa flexibilidade permite ajustes alinhados aos valores pessoais. Cada decisão impacta a carreira de maneira única, e compreender as consequências é fundamental.
Se a prioridade é crescer na carreira e alcançar estabilidade financeira, é preciso aceitar que isso pode limitar outras opções, como ter filhos, mudar de país ou aprender uma nova língua.
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“Precisamos nos arriscar e compreender que a carreira não é uma linha reta do ponto A para o ponto B, mas sim cheia de variações, onde você está sempre explorando outras carreiras, outros desejos e outras habilidades.”
Como saber o que eu quero?
Uma escolha baseada apenas no dinheiro não proporcionará engajamento, sensação de entrega e produtividade sustentável. No entanto, a realização pessoal por si só não paga as contas. Como, então, tomamos essa decisão?
O autoconhecimento se torna uma ferramenta fundamental. Bertoldo comenta a diversidade de ferramentas disponíveis no mercado, como mentorias e redes de apoio.
Ela destaca a importância de entender a fundo quais são suas habilidades e preferências, mas tudo isso demanda uma imersão na realidade de cada um.
Ela sugere cinco perguntas que podem auxiliar nessa jornada e na tomada de decisão:
- Quais são os meus valores inegociáveis?
- Por que a opinião do outro impacta na minha vida?
- O que me faz feliz?
- Qual é a minha contribuição?
- No que sou boa de verdade?
- Qual é o meu momento de vida?