Está infeliz no trabalho? Autor dá 3 dicas para encontrar um emprego que você ame


O americano Bruce Feiler, que escreveu livro sobre a felicidade no trabalho, discute o novo ambiente profissional e sugere caminhos para encontrar um emprego significativo

Por Bruna Klingspiegel
Atualização:
Foto: Jonica Moore
Entrevista comBruce FeilerAutor do livro "A busca: encontrando um trabalho significativo em um mundo pós-carreira" (em tradução livre).

Como deixar de ser infeliz no trabalho? É possível ganhar dinheiro e encontrar um propósito no seu emprego? Essas e outras questões são discutidas pelo escritor americano Bruce Feiler, autor do livro “The Search: Finding Meaningful Work in a Post-Career” (A busca: encontrar um trabalho significativo em uma pós-carreira, em tradução livre), ainda sem previsão de edição no Brasil.

Mestre em relações internacionais pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o jornalista Bruce Feiler é autor de sete best-sellers do New York Times, incluindo “A vida está nas transições”, “Os segredos das famílias felizes” e “O conselho dos pais”. Suas três TED Talks já foram vistas mais de quatro milhões de vezes, e ele ministra o curso “Ted How to Master Life Transitions”.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, Feiler compartilha dicas sobre como descobrir um trabalho que você ame e discute o poder das novas gerações em mudar a forma de ver o emprego.

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Leia a seguir os principais trechos da entrevista e saiba quais as três perguntas fundamentais que você deve fazer para definir sua carreira.

O senhor apresenta no seu livro 21 perguntas para alguém encontrar o trabalho que ama em seu livro. Poderia nos dar uma visão geral dessas ferramentas?

Acredito que envolva, basicamente, três principais elementos.

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1) Olhar para o passado. Uma história envolve passado, presente e futuro. Então, contar a história do passado envolve fazer uma pergunta interessante: o que você aprendeu de positivo e negativo sobre o trabalho com seus pais? Alguns podem ter aprendido que é importante trabalhar duro com base nos seus pais, mas também podem ter percebido que eles não estavam satisfeitos com o que faziam ou que isso sobrecarregava a família. É uma pergunta simples, e isso lhe dará uma pista sobre o que é importante para você.

2) É importante olhar para o presente. Então, talvez você possa se perguntar: estou em um momento da minha vida em que quero priorizar dinheiro, família ou criatividade? É uma pergunta simples que o ajudará a identificar onde você está agora.

3) Você deve fazer algumas perguntas sobre o futuro. Ao olhar para frente, você pode se questionar se deseja fazer um trabalho que contribua para tornar o mundo um lugar melhor, trabalhar com colegas interessantes ou ajudar a salvar o planeta. Faça essas perguntas, porque a resposta para o que você quer já está dentro de você, e seu trabalho é ajudá-lo a descobri-la.

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No livro, o senhor também discute como as pessoas estão repensando suas ideias sobre trabalho e planos de carreira. O que está impulsionando essa mudança?

Acredito que a covid acelerou uma mudança que já vinha acontecendo há algum tempo. Enquanto a maioria das pessoas com mais de 50 anos diz, “ah, os mais jovens não trabalham muito e não têm um bom compromisso com o trabalho duro”, a verdade é que os millennials e a geração Z salvaram o mundo do trabalho.

Nós, com mais de 50 anos, crescemos com a ideia de que o trabalho deveria ser infeliz, de que você não deveria gostar do seu trabalho ou que deveria priorizar seu trabalho sobre sua vida. Os jovens estão rompendo com essa ideia. Eles querem um trabalho que lhes dê sentido e lhes permita ter flexibilidade e equilíbrio em suas vidas. E essa é a mudança necessária e muito bem-vinda.

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Qual é o significado de mundo pós-carreira?

Isso significa que a concepção tradicional de carreira, criada há cerca de cem anos durante a migração das áreas rurais para as cidades, não se aplica mais à forma como as pessoas vivem hoje. A ideia de escolher uma ocupação aos 20 e poucos anos e mantê-la pelos próximos 50 anos não é mais a norma. Em vez disso, ao longo da vida, as pessoas enfrentam múltiplas vezes o que chamo de “trabalho temporário”, questionando se estão no caminho certo e considerando novas oportunidades.

A cada dois anos e meio, em média, ocorrem reflexões sobre o trabalho atual e possíveis mudanças. Você vai se perguntar diversas vezes se está fazendo o que quer fazer, se quer um novo emprego em sua empresa, se quer largar tudo e partir para começar algo novo. Isso nem sempre significa que você fará uma transição de carreira e mudará totalmente sua ocupação, mas que a ideia de você tem que fazer algo por 50 anos não existe mais.

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A noção tradicional de uma carreira linear geralmente enfatiza a ascensão na escada corporativa e a chegada ao topo. Em “The Search”, o senhor desafia essa ideia e oferece uma perspectiva diferente. Como as pessoas podem redefinir o sucesso?

Acho que o que está acontecendo é que definimos o sucesso quase exclusivamente por meio de termos financeiros. Ok, isso é sucesso, quanto dinheiro você ganha ou o tamanho de sua casas ou algo assim. Embora isso possa ser importante, nem sempre é importante, e em momentos diferentes em nossa vida precisamos repensar a ideia que temos sobre o que é ser bem-sucedido.

Precisamos entender que às vezes você quer priorizar o dinheiro, enquanto outras vezes você pode priorizar a família ou pode priorizar a entrega à sociedade ou a criatividade. Portanto, não é que o dinheiro ou chegar à liderança nunca sejam importantes, mas que nem sempre são o mais importante na tomada de decisões. O sucesso não tem a ver com status, é a história que você conta a si sobre o que é mais importante para você.

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Na sociedade de hoje, onde o trabalho está muitas vezes entrelaçado com nossa identidade e valor próprio, como os indivíduos podem enfrentar a pressão para se adequar às expectativas da sociedade e, em vez disso, criar sua própria história sem comparação com as de outras pessoas?

Essa é uma pergunta difícil. Acredito que a resposta seja que você deve abandonar a ideia de que há apenas uma história de sucesso e aceitar que cada pessoa define o sucesso de maneira diferente. É necessário parar de se envolver no sonho de outra pessoa e começar a perseguir o seu próprio sonho. Identificar qual é o seu sonho é a parte difícil, mas também é algo factível. Seguir o sonho de outra pessoa é tentador, mas não é o caminho certo. Pode parecer fácil quando se olha de fora, mas na realidade não é.

Como posso descobrir qual é o meu sonho?

Acho que o aspecto mais importante dos sonhos é que eles mudam ao longo do tempo. O que se sonha aos 20 anos pode ser diferente aos 30, 50 ou 60. Este ano marca o 15º aniversário do meu diagnóstico de câncer aos 43 anos, algo que não estava nos meus planos. Naquela época, eu tinha filhas gêmeas idênticas de três anos. De repente, meus sonhos tiveram que mudar. Hoje, recebi um e-mail de alguém que acabou de descobrir que tem uma doença terminal e também tem filhos pequenos.

O conselho de carreira mais problemático que existe é “persiga sua paixão”, e isso é um mau conselho de carreira porque 90% das pessoas mudam sua paixão ao longo do tempo, descobrem uma nova paixão ou simplesmente decidem que outra coisa é mais importante. Quero dizer, quantas mulheres conhecemos que começaram a trabalhar e depois tiveram filhos e disseram: “Quero passar mais tempo com meus filhos do que no meu trabalho”? E antigamente, isso era dito como: “Bem, desculpe se você faz isso, mas você terá que deixar seu emprego. Você nunca mais poderá voltar”. Por que deveria ser assim? Precisamos ser mais flexíveis para acomodar mudanças em nossos sonhos e expectativas.

O que espera que os leitores tirem de seu livro e como acredita que ele possa contribuir para o debate contínuo sobre trabalho e felicidade?

Conversamos com as pessoas sobre como encontrar trabalho, e é tudo sobre como corrigir seu currículo ou seu perfil do LinkedIn e coisas assim, mas não fornecemos às pessoas as ferramentas necessárias. Como elas decidem o que é significativo para elas, como elas decidirão qual trabalho lhes trará felicidade? E então o que tentei fazer em “The Search” foi criar um kit de ferramentas que permite identificar o que lhe traz significado e qual é o trabalho que te faria feliz.

Além disso, espero que as pessoas se deem permissão para confiar em suas próprias crenças. Quando pergunto às pessoas qual é o melhor conselho que recebem na transição de trabalho, a resposta número um é confiar em si. Você já sabe a resposta se está infeliz, já está escrevendo uma nova história. Você tem que se dar permissão para confiar em seus próprios instintos e fazer a mudança que você sente que quer fazer.

Como deixar de ser infeliz no trabalho? É possível ganhar dinheiro e encontrar um propósito no seu emprego? Essas e outras questões são discutidas pelo escritor americano Bruce Feiler, autor do livro “The Search: Finding Meaningful Work in a Post-Career” (A busca: encontrar um trabalho significativo em uma pós-carreira, em tradução livre), ainda sem previsão de edição no Brasil.

Mestre em relações internacionais pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o jornalista Bruce Feiler é autor de sete best-sellers do New York Times, incluindo “A vida está nas transições”, “Os segredos das famílias felizes” e “O conselho dos pais”. Suas três TED Talks já foram vistas mais de quatro milhões de vezes, e ele ministra o curso “Ted How to Master Life Transitions”.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, Feiler compartilha dicas sobre como descobrir um trabalho que você ame e discute o poder das novas gerações em mudar a forma de ver o emprego.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista e saiba quais as três perguntas fundamentais que você deve fazer para definir sua carreira.

O senhor apresenta no seu livro 21 perguntas para alguém encontrar o trabalho que ama em seu livro. Poderia nos dar uma visão geral dessas ferramentas?

Acredito que envolva, basicamente, três principais elementos.

1) Olhar para o passado. Uma história envolve passado, presente e futuro. Então, contar a história do passado envolve fazer uma pergunta interessante: o que você aprendeu de positivo e negativo sobre o trabalho com seus pais? Alguns podem ter aprendido que é importante trabalhar duro com base nos seus pais, mas também podem ter percebido que eles não estavam satisfeitos com o que faziam ou que isso sobrecarregava a família. É uma pergunta simples, e isso lhe dará uma pista sobre o que é importante para você.

2) É importante olhar para o presente. Então, talvez você possa se perguntar: estou em um momento da minha vida em que quero priorizar dinheiro, família ou criatividade? É uma pergunta simples que o ajudará a identificar onde você está agora.

3) Você deve fazer algumas perguntas sobre o futuro. Ao olhar para frente, você pode se questionar se deseja fazer um trabalho que contribua para tornar o mundo um lugar melhor, trabalhar com colegas interessantes ou ajudar a salvar o planeta. Faça essas perguntas, porque a resposta para o que você quer já está dentro de você, e seu trabalho é ajudá-lo a descobri-la.

No livro, o senhor também discute como as pessoas estão repensando suas ideias sobre trabalho e planos de carreira. O que está impulsionando essa mudança?

Acredito que a covid acelerou uma mudança que já vinha acontecendo há algum tempo. Enquanto a maioria das pessoas com mais de 50 anos diz, “ah, os mais jovens não trabalham muito e não têm um bom compromisso com o trabalho duro”, a verdade é que os millennials e a geração Z salvaram o mundo do trabalho.

Nós, com mais de 50 anos, crescemos com a ideia de que o trabalho deveria ser infeliz, de que você não deveria gostar do seu trabalho ou que deveria priorizar seu trabalho sobre sua vida. Os jovens estão rompendo com essa ideia. Eles querem um trabalho que lhes dê sentido e lhes permita ter flexibilidade e equilíbrio em suas vidas. E essa é a mudança necessária e muito bem-vinda.

Qual é o significado de mundo pós-carreira?

Isso significa que a concepção tradicional de carreira, criada há cerca de cem anos durante a migração das áreas rurais para as cidades, não se aplica mais à forma como as pessoas vivem hoje. A ideia de escolher uma ocupação aos 20 e poucos anos e mantê-la pelos próximos 50 anos não é mais a norma. Em vez disso, ao longo da vida, as pessoas enfrentam múltiplas vezes o que chamo de “trabalho temporário”, questionando se estão no caminho certo e considerando novas oportunidades.

A cada dois anos e meio, em média, ocorrem reflexões sobre o trabalho atual e possíveis mudanças. Você vai se perguntar diversas vezes se está fazendo o que quer fazer, se quer um novo emprego em sua empresa, se quer largar tudo e partir para começar algo novo. Isso nem sempre significa que você fará uma transição de carreira e mudará totalmente sua ocupação, mas que a ideia de você tem que fazer algo por 50 anos não existe mais.

A noção tradicional de uma carreira linear geralmente enfatiza a ascensão na escada corporativa e a chegada ao topo. Em “The Search”, o senhor desafia essa ideia e oferece uma perspectiva diferente. Como as pessoas podem redefinir o sucesso?

Acho que o que está acontecendo é que definimos o sucesso quase exclusivamente por meio de termos financeiros. Ok, isso é sucesso, quanto dinheiro você ganha ou o tamanho de sua casas ou algo assim. Embora isso possa ser importante, nem sempre é importante, e em momentos diferentes em nossa vida precisamos repensar a ideia que temos sobre o que é ser bem-sucedido.

Precisamos entender que às vezes você quer priorizar o dinheiro, enquanto outras vezes você pode priorizar a família ou pode priorizar a entrega à sociedade ou a criatividade. Portanto, não é que o dinheiro ou chegar à liderança nunca sejam importantes, mas que nem sempre são o mais importante na tomada de decisões. O sucesso não tem a ver com status, é a história que você conta a si sobre o que é mais importante para você.

Na sociedade de hoje, onde o trabalho está muitas vezes entrelaçado com nossa identidade e valor próprio, como os indivíduos podem enfrentar a pressão para se adequar às expectativas da sociedade e, em vez disso, criar sua própria história sem comparação com as de outras pessoas?

Essa é uma pergunta difícil. Acredito que a resposta seja que você deve abandonar a ideia de que há apenas uma história de sucesso e aceitar que cada pessoa define o sucesso de maneira diferente. É necessário parar de se envolver no sonho de outra pessoa e começar a perseguir o seu próprio sonho. Identificar qual é o seu sonho é a parte difícil, mas também é algo factível. Seguir o sonho de outra pessoa é tentador, mas não é o caminho certo. Pode parecer fácil quando se olha de fora, mas na realidade não é.

Como posso descobrir qual é o meu sonho?

Acho que o aspecto mais importante dos sonhos é que eles mudam ao longo do tempo. O que se sonha aos 20 anos pode ser diferente aos 30, 50 ou 60. Este ano marca o 15º aniversário do meu diagnóstico de câncer aos 43 anos, algo que não estava nos meus planos. Naquela época, eu tinha filhas gêmeas idênticas de três anos. De repente, meus sonhos tiveram que mudar. Hoje, recebi um e-mail de alguém que acabou de descobrir que tem uma doença terminal e também tem filhos pequenos.

O conselho de carreira mais problemático que existe é “persiga sua paixão”, e isso é um mau conselho de carreira porque 90% das pessoas mudam sua paixão ao longo do tempo, descobrem uma nova paixão ou simplesmente decidem que outra coisa é mais importante. Quero dizer, quantas mulheres conhecemos que começaram a trabalhar e depois tiveram filhos e disseram: “Quero passar mais tempo com meus filhos do que no meu trabalho”? E antigamente, isso era dito como: “Bem, desculpe se você faz isso, mas você terá que deixar seu emprego. Você nunca mais poderá voltar”. Por que deveria ser assim? Precisamos ser mais flexíveis para acomodar mudanças em nossos sonhos e expectativas.

O que espera que os leitores tirem de seu livro e como acredita que ele possa contribuir para o debate contínuo sobre trabalho e felicidade?

Conversamos com as pessoas sobre como encontrar trabalho, e é tudo sobre como corrigir seu currículo ou seu perfil do LinkedIn e coisas assim, mas não fornecemos às pessoas as ferramentas necessárias. Como elas decidem o que é significativo para elas, como elas decidirão qual trabalho lhes trará felicidade? E então o que tentei fazer em “The Search” foi criar um kit de ferramentas que permite identificar o que lhe traz significado e qual é o trabalho que te faria feliz.

Além disso, espero que as pessoas se deem permissão para confiar em suas próprias crenças. Quando pergunto às pessoas qual é o melhor conselho que recebem na transição de trabalho, a resposta número um é confiar em si. Você já sabe a resposta se está infeliz, já está escrevendo uma nova história. Você tem que se dar permissão para confiar em seus próprios instintos e fazer a mudança que você sente que quer fazer.

Como deixar de ser infeliz no trabalho? É possível ganhar dinheiro e encontrar um propósito no seu emprego? Essas e outras questões são discutidas pelo escritor americano Bruce Feiler, autor do livro “The Search: Finding Meaningful Work in a Post-Career” (A busca: encontrar um trabalho significativo em uma pós-carreira, em tradução livre), ainda sem previsão de edição no Brasil.

Mestre em relações internacionais pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o jornalista Bruce Feiler é autor de sete best-sellers do New York Times, incluindo “A vida está nas transições”, “Os segredos das famílias felizes” e “O conselho dos pais”. Suas três TED Talks já foram vistas mais de quatro milhões de vezes, e ele ministra o curso “Ted How to Master Life Transitions”.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, Feiler compartilha dicas sobre como descobrir um trabalho que você ame e discute o poder das novas gerações em mudar a forma de ver o emprego.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista e saiba quais as três perguntas fundamentais que você deve fazer para definir sua carreira.

O senhor apresenta no seu livro 21 perguntas para alguém encontrar o trabalho que ama em seu livro. Poderia nos dar uma visão geral dessas ferramentas?

Acredito que envolva, basicamente, três principais elementos.

1) Olhar para o passado. Uma história envolve passado, presente e futuro. Então, contar a história do passado envolve fazer uma pergunta interessante: o que você aprendeu de positivo e negativo sobre o trabalho com seus pais? Alguns podem ter aprendido que é importante trabalhar duro com base nos seus pais, mas também podem ter percebido que eles não estavam satisfeitos com o que faziam ou que isso sobrecarregava a família. É uma pergunta simples, e isso lhe dará uma pista sobre o que é importante para você.

2) É importante olhar para o presente. Então, talvez você possa se perguntar: estou em um momento da minha vida em que quero priorizar dinheiro, família ou criatividade? É uma pergunta simples que o ajudará a identificar onde você está agora.

3) Você deve fazer algumas perguntas sobre o futuro. Ao olhar para frente, você pode se questionar se deseja fazer um trabalho que contribua para tornar o mundo um lugar melhor, trabalhar com colegas interessantes ou ajudar a salvar o planeta. Faça essas perguntas, porque a resposta para o que você quer já está dentro de você, e seu trabalho é ajudá-lo a descobri-la.

No livro, o senhor também discute como as pessoas estão repensando suas ideias sobre trabalho e planos de carreira. O que está impulsionando essa mudança?

Acredito que a covid acelerou uma mudança que já vinha acontecendo há algum tempo. Enquanto a maioria das pessoas com mais de 50 anos diz, “ah, os mais jovens não trabalham muito e não têm um bom compromisso com o trabalho duro”, a verdade é que os millennials e a geração Z salvaram o mundo do trabalho.

Nós, com mais de 50 anos, crescemos com a ideia de que o trabalho deveria ser infeliz, de que você não deveria gostar do seu trabalho ou que deveria priorizar seu trabalho sobre sua vida. Os jovens estão rompendo com essa ideia. Eles querem um trabalho que lhes dê sentido e lhes permita ter flexibilidade e equilíbrio em suas vidas. E essa é a mudança necessária e muito bem-vinda.

Qual é o significado de mundo pós-carreira?

Isso significa que a concepção tradicional de carreira, criada há cerca de cem anos durante a migração das áreas rurais para as cidades, não se aplica mais à forma como as pessoas vivem hoje. A ideia de escolher uma ocupação aos 20 e poucos anos e mantê-la pelos próximos 50 anos não é mais a norma. Em vez disso, ao longo da vida, as pessoas enfrentam múltiplas vezes o que chamo de “trabalho temporário”, questionando se estão no caminho certo e considerando novas oportunidades.

A cada dois anos e meio, em média, ocorrem reflexões sobre o trabalho atual e possíveis mudanças. Você vai se perguntar diversas vezes se está fazendo o que quer fazer, se quer um novo emprego em sua empresa, se quer largar tudo e partir para começar algo novo. Isso nem sempre significa que você fará uma transição de carreira e mudará totalmente sua ocupação, mas que a ideia de você tem que fazer algo por 50 anos não existe mais.

A noção tradicional de uma carreira linear geralmente enfatiza a ascensão na escada corporativa e a chegada ao topo. Em “The Search”, o senhor desafia essa ideia e oferece uma perspectiva diferente. Como as pessoas podem redefinir o sucesso?

Acho que o que está acontecendo é que definimos o sucesso quase exclusivamente por meio de termos financeiros. Ok, isso é sucesso, quanto dinheiro você ganha ou o tamanho de sua casas ou algo assim. Embora isso possa ser importante, nem sempre é importante, e em momentos diferentes em nossa vida precisamos repensar a ideia que temos sobre o que é ser bem-sucedido.

Precisamos entender que às vezes você quer priorizar o dinheiro, enquanto outras vezes você pode priorizar a família ou pode priorizar a entrega à sociedade ou a criatividade. Portanto, não é que o dinheiro ou chegar à liderança nunca sejam importantes, mas que nem sempre são o mais importante na tomada de decisões. O sucesso não tem a ver com status, é a história que você conta a si sobre o que é mais importante para você.

Na sociedade de hoje, onde o trabalho está muitas vezes entrelaçado com nossa identidade e valor próprio, como os indivíduos podem enfrentar a pressão para se adequar às expectativas da sociedade e, em vez disso, criar sua própria história sem comparação com as de outras pessoas?

Essa é uma pergunta difícil. Acredito que a resposta seja que você deve abandonar a ideia de que há apenas uma história de sucesso e aceitar que cada pessoa define o sucesso de maneira diferente. É necessário parar de se envolver no sonho de outra pessoa e começar a perseguir o seu próprio sonho. Identificar qual é o seu sonho é a parte difícil, mas também é algo factível. Seguir o sonho de outra pessoa é tentador, mas não é o caminho certo. Pode parecer fácil quando se olha de fora, mas na realidade não é.

Como posso descobrir qual é o meu sonho?

Acho que o aspecto mais importante dos sonhos é que eles mudam ao longo do tempo. O que se sonha aos 20 anos pode ser diferente aos 30, 50 ou 60. Este ano marca o 15º aniversário do meu diagnóstico de câncer aos 43 anos, algo que não estava nos meus planos. Naquela época, eu tinha filhas gêmeas idênticas de três anos. De repente, meus sonhos tiveram que mudar. Hoje, recebi um e-mail de alguém que acabou de descobrir que tem uma doença terminal e também tem filhos pequenos.

O conselho de carreira mais problemático que existe é “persiga sua paixão”, e isso é um mau conselho de carreira porque 90% das pessoas mudam sua paixão ao longo do tempo, descobrem uma nova paixão ou simplesmente decidem que outra coisa é mais importante. Quero dizer, quantas mulheres conhecemos que começaram a trabalhar e depois tiveram filhos e disseram: “Quero passar mais tempo com meus filhos do que no meu trabalho”? E antigamente, isso era dito como: “Bem, desculpe se você faz isso, mas você terá que deixar seu emprego. Você nunca mais poderá voltar”. Por que deveria ser assim? Precisamos ser mais flexíveis para acomodar mudanças em nossos sonhos e expectativas.

O que espera que os leitores tirem de seu livro e como acredita que ele possa contribuir para o debate contínuo sobre trabalho e felicidade?

Conversamos com as pessoas sobre como encontrar trabalho, e é tudo sobre como corrigir seu currículo ou seu perfil do LinkedIn e coisas assim, mas não fornecemos às pessoas as ferramentas necessárias. Como elas decidem o que é significativo para elas, como elas decidirão qual trabalho lhes trará felicidade? E então o que tentei fazer em “The Search” foi criar um kit de ferramentas que permite identificar o que lhe traz significado e qual é o trabalho que te faria feliz.

Além disso, espero que as pessoas se deem permissão para confiar em suas próprias crenças. Quando pergunto às pessoas qual é o melhor conselho que recebem na transição de trabalho, a resposta número um é confiar em si. Você já sabe a resposta se está infeliz, já está escrevendo uma nova história. Você tem que se dar permissão para confiar em seus próprios instintos e fazer a mudança que você sente que quer fazer.

Como deixar de ser infeliz no trabalho? É possível ganhar dinheiro e encontrar um propósito no seu emprego? Essas e outras questões são discutidas pelo escritor americano Bruce Feiler, autor do livro “The Search: Finding Meaningful Work in a Post-Career” (A busca: encontrar um trabalho significativo em uma pós-carreira, em tradução livre), ainda sem previsão de edição no Brasil.

Mestre em relações internacionais pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o jornalista Bruce Feiler é autor de sete best-sellers do New York Times, incluindo “A vida está nas transições”, “Os segredos das famílias felizes” e “O conselho dos pais”. Suas três TED Talks já foram vistas mais de quatro milhões de vezes, e ele ministra o curso “Ted How to Master Life Transitions”.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, Feiler compartilha dicas sobre como descobrir um trabalho que você ame e discute o poder das novas gerações em mudar a forma de ver o emprego.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista e saiba quais as três perguntas fundamentais que você deve fazer para definir sua carreira.

O senhor apresenta no seu livro 21 perguntas para alguém encontrar o trabalho que ama em seu livro. Poderia nos dar uma visão geral dessas ferramentas?

Acredito que envolva, basicamente, três principais elementos.

1) Olhar para o passado. Uma história envolve passado, presente e futuro. Então, contar a história do passado envolve fazer uma pergunta interessante: o que você aprendeu de positivo e negativo sobre o trabalho com seus pais? Alguns podem ter aprendido que é importante trabalhar duro com base nos seus pais, mas também podem ter percebido que eles não estavam satisfeitos com o que faziam ou que isso sobrecarregava a família. É uma pergunta simples, e isso lhe dará uma pista sobre o que é importante para você.

2) É importante olhar para o presente. Então, talvez você possa se perguntar: estou em um momento da minha vida em que quero priorizar dinheiro, família ou criatividade? É uma pergunta simples que o ajudará a identificar onde você está agora.

3) Você deve fazer algumas perguntas sobre o futuro. Ao olhar para frente, você pode se questionar se deseja fazer um trabalho que contribua para tornar o mundo um lugar melhor, trabalhar com colegas interessantes ou ajudar a salvar o planeta. Faça essas perguntas, porque a resposta para o que você quer já está dentro de você, e seu trabalho é ajudá-lo a descobri-la.

No livro, o senhor também discute como as pessoas estão repensando suas ideias sobre trabalho e planos de carreira. O que está impulsionando essa mudança?

Acredito que a covid acelerou uma mudança que já vinha acontecendo há algum tempo. Enquanto a maioria das pessoas com mais de 50 anos diz, “ah, os mais jovens não trabalham muito e não têm um bom compromisso com o trabalho duro”, a verdade é que os millennials e a geração Z salvaram o mundo do trabalho.

Nós, com mais de 50 anos, crescemos com a ideia de que o trabalho deveria ser infeliz, de que você não deveria gostar do seu trabalho ou que deveria priorizar seu trabalho sobre sua vida. Os jovens estão rompendo com essa ideia. Eles querem um trabalho que lhes dê sentido e lhes permita ter flexibilidade e equilíbrio em suas vidas. E essa é a mudança necessária e muito bem-vinda.

Qual é o significado de mundo pós-carreira?

Isso significa que a concepção tradicional de carreira, criada há cerca de cem anos durante a migração das áreas rurais para as cidades, não se aplica mais à forma como as pessoas vivem hoje. A ideia de escolher uma ocupação aos 20 e poucos anos e mantê-la pelos próximos 50 anos não é mais a norma. Em vez disso, ao longo da vida, as pessoas enfrentam múltiplas vezes o que chamo de “trabalho temporário”, questionando se estão no caminho certo e considerando novas oportunidades.

A cada dois anos e meio, em média, ocorrem reflexões sobre o trabalho atual e possíveis mudanças. Você vai se perguntar diversas vezes se está fazendo o que quer fazer, se quer um novo emprego em sua empresa, se quer largar tudo e partir para começar algo novo. Isso nem sempre significa que você fará uma transição de carreira e mudará totalmente sua ocupação, mas que a ideia de você tem que fazer algo por 50 anos não existe mais.

A noção tradicional de uma carreira linear geralmente enfatiza a ascensão na escada corporativa e a chegada ao topo. Em “The Search”, o senhor desafia essa ideia e oferece uma perspectiva diferente. Como as pessoas podem redefinir o sucesso?

Acho que o que está acontecendo é que definimos o sucesso quase exclusivamente por meio de termos financeiros. Ok, isso é sucesso, quanto dinheiro você ganha ou o tamanho de sua casas ou algo assim. Embora isso possa ser importante, nem sempre é importante, e em momentos diferentes em nossa vida precisamos repensar a ideia que temos sobre o que é ser bem-sucedido.

Precisamos entender que às vezes você quer priorizar o dinheiro, enquanto outras vezes você pode priorizar a família ou pode priorizar a entrega à sociedade ou a criatividade. Portanto, não é que o dinheiro ou chegar à liderança nunca sejam importantes, mas que nem sempre são o mais importante na tomada de decisões. O sucesso não tem a ver com status, é a história que você conta a si sobre o que é mais importante para você.

Na sociedade de hoje, onde o trabalho está muitas vezes entrelaçado com nossa identidade e valor próprio, como os indivíduos podem enfrentar a pressão para se adequar às expectativas da sociedade e, em vez disso, criar sua própria história sem comparação com as de outras pessoas?

Essa é uma pergunta difícil. Acredito que a resposta seja que você deve abandonar a ideia de que há apenas uma história de sucesso e aceitar que cada pessoa define o sucesso de maneira diferente. É necessário parar de se envolver no sonho de outra pessoa e começar a perseguir o seu próprio sonho. Identificar qual é o seu sonho é a parte difícil, mas também é algo factível. Seguir o sonho de outra pessoa é tentador, mas não é o caminho certo. Pode parecer fácil quando se olha de fora, mas na realidade não é.

Como posso descobrir qual é o meu sonho?

Acho que o aspecto mais importante dos sonhos é que eles mudam ao longo do tempo. O que se sonha aos 20 anos pode ser diferente aos 30, 50 ou 60. Este ano marca o 15º aniversário do meu diagnóstico de câncer aos 43 anos, algo que não estava nos meus planos. Naquela época, eu tinha filhas gêmeas idênticas de três anos. De repente, meus sonhos tiveram que mudar. Hoje, recebi um e-mail de alguém que acabou de descobrir que tem uma doença terminal e também tem filhos pequenos.

O conselho de carreira mais problemático que existe é “persiga sua paixão”, e isso é um mau conselho de carreira porque 90% das pessoas mudam sua paixão ao longo do tempo, descobrem uma nova paixão ou simplesmente decidem que outra coisa é mais importante. Quero dizer, quantas mulheres conhecemos que começaram a trabalhar e depois tiveram filhos e disseram: “Quero passar mais tempo com meus filhos do que no meu trabalho”? E antigamente, isso era dito como: “Bem, desculpe se você faz isso, mas você terá que deixar seu emprego. Você nunca mais poderá voltar”. Por que deveria ser assim? Precisamos ser mais flexíveis para acomodar mudanças em nossos sonhos e expectativas.

O que espera que os leitores tirem de seu livro e como acredita que ele possa contribuir para o debate contínuo sobre trabalho e felicidade?

Conversamos com as pessoas sobre como encontrar trabalho, e é tudo sobre como corrigir seu currículo ou seu perfil do LinkedIn e coisas assim, mas não fornecemos às pessoas as ferramentas necessárias. Como elas decidem o que é significativo para elas, como elas decidirão qual trabalho lhes trará felicidade? E então o que tentei fazer em “The Search” foi criar um kit de ferramentas que permite identificar o que lhe traz significado e qual é o trabalho que te faria feliz.

Além disso, espero que as pessoas se deem permissão para confiar em suas próprias crenças. Quando pergunto às pessoas qual é o melhor conselho que recebem na transição de trabalho, a resposta número um é confiar em si. Você já sabe a resposta se está infeliz, já está escrevendo uma nova história. Você tem que se dar permissão para confiar em seus próprios instintos e fazer a mudança que você sente que quer fazer.

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