Ela fez home office até para o Canadá, mas agora não acha mais vaga 100% remota; vai acabar?


Empresas chamaram seus funcionários para o escritório e agora, no máximo, há vagas híbridas; trabalhadores brasileiros relatam dificuldades

Por Jayanne Rodrigues

Na pandemia de covid-19, o novo normal foi um dos motes que forçaram o redesenho do modelo de trabalho e a incorporação do home office. Após mais de três anos, muitas empresas que adotaram o formato recuaram, e os trabalhadores não estão encontrando mais essas vagas.

A publicitária Flávia Carvalho, 30, tem enfrentado a caça por um trabalho 100% home office. Desempregada há pouco mais de um mês, ela já se inscreveu em mais de 25 colocações. Dessas, recebeu feedback de menos da metade. Assim como muitos trabalhadores, a primeira vez que Flávia teve experiência com emprego remoto foi durante a pandemia.

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As duas empresas em que trabalhou adotavam esse modelo. De Joinville (SC), ela ocupou cargos em uma organização de Uberlândia (MG) e, por último, prestou serviços para um escritório do Canadá.

A flexibilidade de trabalhar para empresas de qualquer lugar do País e do mundo sem ir embora da cidade natal reforçou outra prioridade: a remuneração salarial. Na região em que mora, por exemplo, não consegue uma posição que ofereça um valor equivalente ao que as empresas anteriores pagavam.

Enquanto não encontra a vaga dos sonhos, Flávia vive um impasse. “Dificilmente na minha cidade vão pagar o salário que almejo. Então, não tem como conseguir algo aqui. Se fosse, teria que voltar para o presencial, e não quero”, afirma.

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Há um ano, havia várias vagas, mas hoje mudou

O engenheiro de dados, Victor Oliveira, 32, já negociava trabalhar remotamente em 2019. Naquela época, a empresa não topou. Porém, foi obrigada dali a alguns meses por causa da pandemia. Mas pouco tempo depois determinaram que os funcionários voltassem cinco dias por semana. Insatisfeito, o engenheiro procurou outro emprego, na ocasião, e encontrou com facilidade.

“Há um ano, existia um assédio gigantesco. Colegas que saíam de uma empresa para outra, e eu conseguia até indicar algumas pessoas”, relata Oliveira. Hoje não é bem assim. Em maio, ele foi um dos 400 funcionários atingidos pelos cortes da empresa de viagens Hurb. Desde então, não obteve sucesso em nenhuma das vagas remotas a que se candidatou.

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A maioria das vagas que encontrou era híbrida. Recentemente, Oliveira começou a procurar vagas no exterior. “Eu tive muito resistência de procurar algo ‘na gringa’ porque quero ver meu país crescer. Mas como não tem oportunidade, vou tentar trabalhar daqui para fora.”

3 horas de percurso até o trabalho

Três vezes por semana, a produtora de conteúdo para gestão de marcas Renata Rodrigues, 26, acorda às 4h da manhã e gasta mais de três horas no percurso de casa, em Petrópolis (RJ), até a sede da companhia em que atua na área de marketing, no Rio. Esse tempo perdido no trajeto é um dos principais fatores que motivam a jovem a buscar uma vaga 100% remota.

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Para ela, conciliar as responsabilidades no trabalho e a vida pessoal piorou significativamente desde que a organização em que trabalha decretou o retorno gradativo ao escritório após o recuo da pandemia. “Meu trabalho é todo no computador, mas não existe possibilidade da empresa voltar ao home office.”

Renata conta que não consegue dormir o tempo necessário por acordar muito cedo, não sobra tempo para a vida social e deixa de lado o cuidado com a alimentação e com o exercício físico.

A partir de março deste ano, ela passou a procurar um novo emprego com mais persistência, mas não teve retorno das seleções para as quais se candidatou.

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“Não consegui passar nem da triagem”, lamenta. Caso não consiga uma vaga remota até o fim do ano, a jovem cogita fazer uma transição de carreira para TI na esperança de alcançar uma chance nesta área.

Pesquisa mostra preferência por trabalho híbrido

Segundo pesquisa conduzida pela consultoria Robert Half, 76% dos trabalhadores brasileiros entrevistados consideram como formato ideal de trabalho o híbrido. Na sequência, 18% preferem o home office integral, enquanto 6% optam pelo presencial. O levantamento ouviu 1.161 profissionais em maio deste ano.

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Profissionais de diferentes regiões do Brasil relatam dificuldades para encontrar vagas 100% remotas. A maioria dos anúncios de empregos são para vagas híbridas, modelo que representa o 'novo normal', segundo Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half. Foto: Adobe Stock

O estudo não estima a quantidade de profissionais que atuam em casa, mas já é um indício do declínio do trabalho remoto.

“Nós aprendemos a trabalhar de casa. Não deveria existir um retrocesso. A não ser que seja por uma questão prioritária de governança ou por algo provisório para reogarnizar e alinhar as equipes”, analisa Fernando Brancaccio, fundador da FairJob, plataforma para humanização organizacional.

Vagas remotas estão congeladas, mas não devem desaparecer

Nem sobe, nem desce. Segundo Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half, as pesquisas mais recentes confirmam a escassez de vagas remotas no Brasil. Conforme o especialista, após o boom do home office forçado pela era pandêmica, o novo normal de hoje é diferente e não deve retomar ao cenário da pandemia nem ao período anterior.

“Os novos modelos presenciais não significam cinco dias por semana no escritório. Quem faz isso está perdendo atratividade.” Nogueira defende que o retorno está mais flexível e alguns locais estão dispostos a negociar acordos informais com funcionários que desejam trabalhar remotamente.

Por outro lado, as perspectivas para quem não abre mão de um modelo 100% home office não são animadoras. “O sonho não é mais remoto, o sonho é híbrido. Talvez as pessoas consigam emprego mais rápido se pensarem nesse ponto. O modelo home office não vai acabar, mas será mais escasso”, projeta.

Três fatores colaboram para o cenário, segundo Nogueira:

  • Contexto econômico: mesmo com uma melhoria sutil, o cenário da macroeconomia ainda é desafiador e gera incerteza.
  • Novos chefes: alguns profissionais assumiram a chefia durante a pandemia, e as empresas sentem a necessidade de um suporte presencial a eles.
  • Relação de confiança: preocupação em como os colaboradores estão utilizando o horário de trabalho fora do ambiente corporativo.

Esta última razão é um desafio específico que ainda deve perdurar nos próximos anos por ainda fazer parte da cultura de trabalho de muitas organizações, diz o especialista.

Porém, isso deveria mudar. “A gestão moderna pede muito mais foco nas tarefas entregues do que nas atividades realizadas.”

Falta de relacionamento é ponto negativo no home office

Fernando Brancaccio, da FairJob, concorda que os colaboradores sentiram falta do feedback presencial, por exemplo. “As pessoas estavam sedentas por contato direto com as empresas. No home office, elas ganham em saúde mental e uso do tempo, mas perdem no quesito relacionamento”, diz.

Sobre a manutenção do formato remoto, Brancaccio pondera. “É uma análise que deve ser feita de maneira individual. Depende de como era a cultura da organização antes da pandemia.”

Na pandemia de covid-19, o novo normal foi um dos motes que forçaram o redesenho do modelo de trabalho e a incorporação do home office. Após mais de três anos, muitas empresas que adotaram o formato recuaram, e os trabalhadores não estão encontrando mais essas vagas.

A publicitária Flávia Carvalho, 30, tem enfrentado a caça por um trabalho 100% home office. Desempregada há pouco mais de um mês, ela já se inscreveu em mais de 25 colocações. Dessas, recebeu feedback de menos da metade. Assim como muitos trabalhadores, a primeira vez que Flávia teve experiência com emprego remoto foi durante a pandemia.

As duas empresas em que trabalhou adotavam esse modelo. De Joinville (SC), ela ocupou cargos em uma organização de Uberlândia (MG) e, por último, prestou serviços para um escritório do Canadá.

A flexibilidade de trabalhar para empresas de qualquer lugar do País e do mundo sem ir embora da cidade natal reforçou outra prioridade: a remuneração salarial. Na região em que mora, por exemplo, não consegue uma posição que ofereça um valor equivalente ao que as empresas anteriores pagavam.

Enquanto não encontra a vaga dos sonhos, Flávia vive um impasse. “Dificilmente na minha cidade vão pagar o salário que almejo. Então, não tem como conseguir algo aqui. Se fosse, teria que voltar para o presencial, e não quero”, afirma.

Há um ano, havia várias vagas, mas hoje mudou

O engenheiro de dados, Victor Oliveira, 32, já negociava trabalhar remotamente em 2019. Naquela época, a empresa não topou. Porém, foi obrigada dali a alguns meses por causa da pandemia. Mas pouco tempo depois determinaram que os funcionários voltassem cinco dias por semana. Insatisfeito, o engenheiro procurou outro emprego, na ocasião, e encontrou com facilidade.

“Há um ano, existia um assédio gigantesco. Colegas que saíam de uma empresa para outra, e eu conseguia até indicar algumas pessoas”, relata Oliveira. Hoje não é bem assim. Em maio, ele foi um dos 400 funcionários atingidos pelos cortes da empresa de viagens Hurb. Desde então, não obteve sucesso em nenhuma das vagas remotas a que se candidatou.

A maioria das vagas que encontrou era híbrida. Recentemente, Oliveira começou a procurar vagas no exterior. “Eu tive muito resistência de procurar algo ‘na gringa’ porque quero ver meu país crescer. Mas como não tem oportunidade, vou tentar trabalhar daqui para fora.”

3 horas de percurso até o trabalho

Três vezes por semana, a produtora de conteúdo para gestão de marcas Renata Rodrigues, 26, acorda às 4h da manhã e gasta mais de três horas no percurso de casa, em Petrópolis (RJ), até a sede da companhia em que atua na área de marketing, no Rio. Esse tempo perdido no trajeto é um dos principais fatores que motivam a jovem a buscar uma vaga 100% remota.

Para ela, conciliar as responsabilidades no trabalho e a vida pessoal piorou significativamente desde que a organização em que trabalha decretou o retorno gradativo ao escritório após o recuo da pandemia. “Meu trabalho é todo no computador, mas não existe possibilidade da empresa voltar ao home office.”

Renata conta que não consegue dormir o tempo necessário por acordar muito cedo, não sobra tempo para a vida social e deixa de lado o cuidado com a alimentação e com o exercício físico.

A partir de março deste ano, ela passou a procurar um novo emprego com mais persistência, mas não teve retorno das seleções para as quais se candidatou.

“Não consegui passar nem da triagem”, lamenta. Caso não consiga uma vaga remota até o fim do ano, a jovem cogita fazer uma transição de carreira para TI na esperança de alcançar uma chance nesta área.

Pesquisa mostra preferência por trabalho híbrido

Segundo pesquisa conduzida pela consultoria Robert Half, 76% dos trabalhadores brasileiros entrevistados consideram como formato ideal de trabalho o híbrido. Na sequência, 18% preferem o home office integral, enquanto 6% optam pelo presencial. O levantamento ouviu 1.161 profissionais em maio deste ano.

Profissionais de diferentes regiões do Brasil relatam dificuldades para encontrar vagas 100% remotas. A maioria dos anúncios de empregos são para vagas híbridas, modelo que representa o 'novo normal', segundo Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half. Foto: Adobe Stock

O estudo não estima a quantidade de profissionais que atuam em casa, mas já é um indício do declínio do trabalho remoto.

“Nós aprendemos a trabalhar de casa. Não deveria existir um retrocesso. A não ser que seja por uma questão prioritária de governança ou por algo provisório para reogarnizar e alinhar as equipes”, analisa Fernando Brancaccio, fundador da FairJob, plataforma para humanização organizacional.

Vagas remotas estão congeladas, mas não devem desaparecer

Nem sobe, nem desce. Segundo Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half, as pesquisas mais recentes confirmam a escassez de vagas remotas no Brasil. Conforme o especialista, após o boom do home office forçado pela era pandêmica, o novo normal de hoje é diferente e não deve retomar ao cenário da pandemia nem ao período anterior.

“Os novos modelos presenciais não significam cinco dias por semana no escritório. Quem faz isso está perdendo atratividade.” Nogueira defende que o retorno está mais flexível e alguns locais estão dispostos a negociar acordos informais com funcionários que desejam trabalhar remotamente.

Por outro lado, as perspectivas para quem não abre mão de um modelo 100% home office não são animadoras. “O sonho não é mais remoto, o sonho é híbrido. Talvez as pessoas consigam emprego mais rápido se pensarem nesse ponto. O modelo home office não vai acabar, mas será mais escasso”, projeta.

Três fatores colaboram para o cenário, segundo Nogueira:

  • Contexto econômico: mesmo com uma melhoria sutil, o cenário da macroeconomia ainda é desafiador e gera incerteza.
  • Novos chefes: alguns profissionais assumiram a chefia durante a pandemia, e as empresas sentem a necessidade de um suporte presencial a eles.
  • Relação de confiança: preocupação em como os colaboradores estão utilizando o horário de trabalho fora do ambiente corporativo.

Esta última razão é um desafio específico que ainda deve perdurar nos próximos anos por ainda fazer parte da cultura de trabalho de muitas organizações, diz o especialista.

Porém, isso deveria mudar. “A gestão moderna pede muito mais foco nas tarefas entregues do que nas atividades realizadas.”

Falta de relacionamento é ponto negativo no home office

Fernando Brancaccio, da FairJob, concorda que os colaboradores sentiram falta do feedback presencial, por exemplo. “As pessoas estavam sedentas por contato direto com as empresas. No home office, elas ganham em saúde mental e uso do tempo, mas perdem no quesito relacionamento”, diz.

Sobre a manutenção do formato remoto, Brancaccio pondera. “É uma análise que deve ser feita de maneira individual. Depende de como era a cultura da organização antes da pandemia.”

Na pandemia de covid-19, o novo normal foi um dos motes que forçaram o redesenho do modelo de trabalho e a incorporação do home office. Após mais de três anos, muitas empresas que adotaram o formato recuaram, e os trabalhadores não estão encontrando mais essas vagas.

A publicitária Flávia Carvalho, 30, tem enfrentado a caça por um trabalho 100% home office. Desempregada há pouco mais de um mês, ela já se inscreveu em mais de 25 colocações. Dessas, recebeu feedback de menos da metade. Assim como muitos trabalhadores, a primeira vez que Flávia teve experiência com emprego remoto foi durante a pandemia.

As duas empresas em que trabalhou adotavam esse modelo. De Joinville (SC), ela ocupou cargos em uma organização de Uberlândia (MG) e, por último, prestou serviços para um escritório do Canadá.

A flexibilidade de trabalhar para empresas de qualquer lugar do País e do mundo sem ir embora da cidade natal reforçou outra prioridade: a remuneração salarial. Na região em que mora, por exemplo, não consegue uma posição que ofereça um valor equivalente ao que as empresas anteriores pagavam.

Enquanto não encontra a vaga dos sonhos, Flávia vive um impasse. “Dificilmente na minha cidade vão pagar o salário que almejo. Então, não tem como conseguir algo aqui. Se fosse, teria que voltar para o presencial, e não quero”, afirma.

Há um ano, havia várias vagas, mas hoje mudou

O engenheiro de dados, Victor Oliveira, 32, já negociava trabalhar remotamente em 2019. Naquela época, a empresa não topou. Porém, foi obrigada dali a alguns meses por causa da pandemia. Mas pouco tempo depois determinaram que os funcionários voltassem cinco dias por semana. Insatisfeito, o engenheiro procurou outro emprego, na ocasião, e encontrou com facilidade.

“Há um ano, existia um assédio gigantesco. Colegas que saíam de uma empresa para outra, e eu conseguia até indicar algumas pessoas”, relata Oliveira. Hoje não é bem assim. Em maio, ele foi um dos 400 funcionários atingidos pelos cortes da empresa de viagens Hurb. Desde então, não obteve sucesso em nenhuma das vagas remotas a que se candidatou.

A maioria das vagas que encontrou era híbrida. Recentemente, Oliveira começou a procurar vagas no exterior. “Eu tive muito resistência de procurar algo ‘na gringa’ porque quero ver meu país crescer. Mas como não tem oportunidade, vou tentar trabalhar daqui para fora.”

3 horas de percurso até o trabalho

Três vezes por semana, a produtora de conteúdo para gestão de marcas Renata Rodrigues, 26, acorda às 4h da manhã e gasta mais de três horas no percurso de casa, em Petrópolis (RJ), até a sede da companhia em que atua na área de marketing, no Rio. Esse tempo perdido no trajeto é um dos principais fatores que motivam a jovem a buscar uma vaga 100% remota.

Para ela, conciliar as responsabilidades no trabalho e a vida pessoal piorou significativamente desde que a organização em que trabalha decretou o retorno gradativo ao escritório após o recuo da pandemia. “Meu trabalho é todo no computador, mas não existe possibilidade da empresa voltar ao home office.”

Renata conta que não consegue dormir o tempo necessário por acordar muito cedo, não sobra tempo para a vida social e deixa de lado o cuidado com a alimentação e com o exercício físico.

A partir de março deste ano, ela passou a procurar um novo emprego com mais persistência, mas não teve retorno das seleções para as quais se candidatou.

“Não consegui passar nem da triagem”, lamenta. Caso não consiga uma vaga remota até o fim do ano, a jovem cogita fazer uma transição de carreira para TI na esperança de alcançar uma chance nesta área.

Pesquisa mostra preferência por trabalho híbrido

Segundo pesquisa conduzida pela consultoria Robert Half, 76% dos trabalhadores brasileiros entrevistados consideram como formato ideal de trabalho o híbrido. Na sequência, 18% preferem o home office integral, enquanto 6% optam pelo presencial. O levantamento ouviu 1.161 profissionais em maio deste ano.

Profissionais de diferentes regiões do Brasil relatam dificuldades para encontrar vagas 100% remotas. A maioria dos anúncios de empregos são para vagas híbridas, modelo que representa o 'novo normal', segundo Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half. Foto: Adobe Stock

O estudo não estima a quantidade de profissionais que atuam em casa, mas já é um indício do declínio do trabalho remoto.

“Nós aprendemos a trabalhar de casa. Não deveria existir um retrocesso. A não ser que seja por uma questão prioritária de governança ou por algo provisório para reogarnizar e alinhar as equipes”, analisa Fernando Brancaccio, fundador da FairJob, plataforma para humanização organizacional.

Vagas remotas estão congeladas, mas não devem desaparecer

Nem sobe, nem desce. Segundo Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half, as pesquisas mais recentes confirmam a escassez de vagas remotas no Brasil. Conforme o especialista, após o boom do home office forçado pela era pandêmica, o novo normal de hoje é diferente e não deve retomar ao cenário da pandemia nem ao período anterior.

“Os novos modelos presenciais não significam cinco dias por semana no escritório. Quem faz isso está perdendo atratividade.” Nogueira defende que o retorno está mais flexível e alguns locais estão dispostos a negociar acordos informais com funcionários que desejam trabalhar remotamente.

Por outro lado, as perspectivas para quem não abre mão de um modelo 100% home office não são animadoras. “O sonho não é mais remoto, o sonho é híbrido. Talvez as pessoas consigam emprego mais rápido se pensarem nesse ponto. O modelo home office não vai acabar, mas será mais escasso”, projeta.

Três fatores colaboram para o cenário, segundo Nogueira:

  • Contexto econômico: mesmo com uma melhoria sutil, o cenário da macroeconomia ainda é desafiador e gera incerteza.
  • Novos chefes: alguns profissionais assumiram a chefia durante a pandemia, e as empresas sentem a necessidade de um suporte presencial a eles.
  • Relação de confiança: preocupação em como os colaboradores estão utilizando o horário de trabalho fora do ambiente corporativo.

Esta última razão é um desafio específico que ainda deve perdurar nos próximos anos por ainda fazer parte da cultura de trabalho de muitas organizações, diz o especialista.

Porém, isso deveria mudar. “A gestão moderna pede muito mais foco nas tarefas entregues do que nas atividades realizadas.”

Falta de relacionamento é ponto negativo no home office

Fernando Brancaccio, da FairJob, concorda que os colaboradores sentiram falta do feedback presencial, por exemplo. “As pessoas estavam sedentas por contato direto com as empresas. No home office, elas ganham em saúde mental e uso do tempo, mas perdem no quesito relacionamento”, diz.

Sobre a manutenção do formato remoto, Brancaccio pondera. “É uma análise que deve ser feita de maneira individual. Depende de como era a cultura da organização antes da pandemia.”

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