Jovens em início de carreira: 7 histórias de emprego em 1 ano de pandemia


‘Estadão’ revisitou jovens desempregados entrevistados no último ano; maior entendimento do mercado e busca de propósito guiam recém-formados na carreira

Por Marcos Leandro

O início de carreira é um momento desafiador, desde a hora de escolher a profissão que deseja seguir até conseguir, de fato, se inserir no mercado de trabalho. Nesse meio do caminho, existem muitas nuances que afetam diretamente a vida desse novo profissional, como a falta de oportunidades de trabalho, as dificuldades financeiras para se manter na faculdade, queda na oferta de vagas, processos seletivos enviesados e que não estimulam a diversidade, e até mesmo falta de fit cultural com as empresas. 

Nesse último ano, o Estadão ouviu histórias de sete jovens que estavam iniciando ou tentando iniciar uma carreira no mercado de trabalho formal, como é o caso da Aline Teles, de 30 anos, que decidiu ingressar na área de tecnologia, com alta demanda de profissionais. No entanto, na hora de procurar emprego, ela descobriu que sobram vagas, mas a maioria não é direcionada para iniciantes. Além disso, a exigência de muitos requisitos em cargos de entrada também acabou se tornando uma barreira. 

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Após a publicação da matéria, no mês passado, uma boa notícia: uma gerente de TI (tecnologia da informação) do Itaú viu a história dela e resolveu chamá-la para uma entrevista. “Fui acionada por meio do LinkedIn. Conversamos, mandei meu currículo e na mesma semana marcamos uma reunião online com os gestores de tecnologia do banco. A conversa foi tranquila, falei sobre a minha vida, minha trajetória e o meu interesse pela tecnologia.” Logo após, soube que havia sido aprovada e 15 dias depois já estava contratada. 

“Minha vida mudou bastante. Antes, eu seguia tentando uma colocação na área que estudei e sempre desejei, e, assim, foram três anos tentando até conseguir. Agora sou analista de desenvolvimento de engenharia de software júnior. No momento, estou trabalhando em home office, por conta da pandemia, mas muito realizada com essa conquista”, conta. “Pretendo continuar estudando e me desenvolvendo. Tenho planos de fazer uma outra graduação, mas a meta agora é passar para o nível pleno.”

Aline Teles: emprego no Itaú depois de relatar desemprego em reportagem. Foto: Taba Benedicto/Estadão-21/4/2021
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Outra história é a de Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Ela fazia parte do grupo de 10,9 milhões de jovens conhecidos como “nem-nem”, que nem trabalham nem estudam. Em janeiro do ano passado, ela contou ao Estadão sobre as dificuldades para conseguir um trabalho e sobre os preconceitos enfrentados, principalmente em relação ao local onde mora. 

“Em 2020, eu não consegui emprego. Fiz algumas entrevistas, mas sem sucesso. Algumas eu não cheguei a passar na entrevista pelo fato da empresa só disponibilizar um única condução e eu precisar de duas.”

No início deste ano, ela passou por um processo seletivo e foi aprovada para trabalhar em uma empresa de call center. “Agora já estou há cinco meses nessa empresa”, conta. “Minha maior dificuldade é em razão da pandemia, pois vamos trabalhar com aquele receio de se contaminar e trazer o vírus para dentro de casa.” Há alguns dias, ela chegou a ter alguns sintomas de covid-19, mas fez o teste e deu negativo.

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“Minha meta para o futuro é fazer um curso, me profissionalizar e adquirir mais conhecimentos para poder trabalhar em outra área. Porque eu hoje trabalho de domingo a domingo e é muito cansativo, mas não posso me dar ao luxo de ficar desempregada, principalmente neste momento de pandemia”. Aline conta que pensa em fazer faculdade e já tem duas opções em mente: Recursos Humanos ou Fisioterapia. “Estou me decidindo ainda entre essas duas áreas.”

Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Foto: Nilton Fukuda/Estadão-23/12/2019

A pandemia também trouxe incertezas para a estudante de farmácia Noely Sampaio, de 22 anos, que no ano passado procurava uma oportunidade de estágio em um cenário em que os processos seletivos estavam sendo adiados e as vagas ofertadas diminuindo. Ela conseguiu ingressar na Sanofi, empresa do setor farmacêutico, em maio de 2020 junto com outros 57 estagiários. Um ano depois, ela conta sobre como está sendo a experiência.

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“Eu não tinha experiência na área industrial e a única experiência que tive em laboratório foi na faculdade. Então entrei na Sanofi apenas com conhecimento teórico. As minhas expectativas eram bem altas e foi um pouco difícil no começo, fiquei com medo de muitas coisas que eu não sabia. Mas hoje, depois de um ano, sei que esse estágio foi de extrema importância, porque agora eu sei qual caminho quero seguir. Eu não poderia ter entrado em uma área melhor, pois é o que eu quero continuar fazendo”, relata. 

Identificação e realização profissional

Na hora de escolher um local para trabalhar, muitos jovens procuram por empresas que tenham valores semelhantes aos seus. Esse foi o caso da Manuela Bernadino, de 21 anos, que conheceu a IBM em uma feira destinada a profissionais negros. Ela já trabalha na empresa há quase três anos, sendo dois como jovem aprendiz. Depois desse período, ela começou a estagiar e, no final do ano passado, a estudante de Ciência da Computação contou ao Estadão que seu objetivo era se tornar gerente aos 26 anos.

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Manuela Bernadino, que continua sonhando em se tornar gerente até os 26 anos. Foto: Pedro Pavanato

Há quatro meses, Manuela foi promovida ao cargo de analista de Salesforce. “É uma grande oportunidade para mim. Estou utilizando tudo o que aprendi nos treinamentos que tive no início da minha carreira e como estagiária. Além disso, tomei uma decisão nova também: eu queria ser programadora, mas depois descobri que não é isso o que eu quero. Então, estou migrando para a área de UX Designer aqui na IBM.”

E tornar-se gerente ainda está nas suas metas. “Tenho que estudar muito, mas vou lutar para isso acontecer. Se eu chegar aos 26 e ainda não tiver conseguido, eu aumento o prazo mais um pouquinho.”

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Valores da geração e o processo seletivo

Para Gabriel Santos, de 20 anos, princípios de diversidade promovidos pela empresa também são considerados como atrativo, além do emprego em si. O estudante de Relações Internacionais da ESPM participa de coletivos negro e LGBTQIA+ na sua faculdade. Há quase um ano, ele contou sobre a importância desses movimentos na luta contra as desigualdades ainda presentes em ambientes universitários e profissionais.

  • Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

“Depois que a matéria foi ao ar, eu lembro que várias pessoas da ESPM começaram a me dar espaço, me perguntar como foi, querer saber o que é essa discussão. Então, eu sinto que, para os coletivos que eu faço parte, foi uma oportunidade de conseguirmos lutar mais e levar a discussão de uma forma mais incisiva.”

Na vida profissional, ele conta que conseguiu entrar na empresa dos sonhos, a Amazon. “Logo após a matéria, eu recebi uma uma aprovação em um emprego efetivo, mas acabei passando também na Amazon Brasil. Hoje, eu sou estagiário de marketing lá na Amazon e eu estou muito feliz”, conta Gabriel, que completou seis meses no novo estágio. Segundo ele, a Amazon estava na lista de cinco empresas em que ele sonhava em trabalhar.

Para conseguir um bom emprego, é fundamental se dar bem no processo seletivo. No final do ano passado, Raquel Oliveira, de 21 anos, contou que, para conseguir um estágio na Deezer, sua playlist musical e seus vídeos agregaram tanto quanto o seu currículo. Formada em Estudos de Mídia, hoje ela é assistente de marketing do Canal Brasil e deseja seguir na área cultural. 

“Quero me especializar em Marketing e Indústria Cultural cada vez mais. Me tornar especialista nessas áreas, adquirir um bom portfólio de projetos e ter experiência internacional. Almejo, nos próximos anos, me tornar analista de Marketing e Conteúdo, e, mais para frente, head ou coordenadora da área”, conta.

Em alguns processos de estágio, por falta de informação, recrutadores eliminam estudantes dos cursos tecnólogos por acharem que não são graduados. Julia Santos, de 23 anos, é estudante de Gestão de Recursos Humanos e viu de perto essa desvalorização e foi vetada em inúmeras vagas. 

“Hoje, estou terminando o estágio no time de Gente e Gestão na Ambev, que super me acolheu e desenvolveu uma proposta de programa diferente de tudo o que eu já havia vivido”, conta ela, que participou do programa de estágio Representa, destinado a profissionais negros. No final deste mês, ela se forma. “Estou me preparando para levantar o meu canudo de formatura.”

O início de carreira é um momento desafiador, desde a hora de escolher a profissão que deseja seguir até conseguir, de fato, se inserir no mercado de trabalho. Nesse meio do caminho, existem muitas nuances que afetam diretamente a vida desse novo profissional, como a falta de oportunidades de trabalho, as dificuldades financeiras para se manter na faculdade, queda na oferta de vagas, processos seletivos enviesados e que não estimulam a diversidade, e até mesmo falta de fit cultural com as empresas. 

Nesse último ano, o Estadão ouviu histórias de sete jovens que estavam iniciando ou tentando iniciar uma carreira no mercado de trabalho formal, como é o caso da Aline Teles, de 30 anos, que decidiu ingressar na área de tecnologia, com alta demanda de profissionais. No entanto, na hora de procurar emprego, ela descobriu que sobram vagas, mas a maioria não é direcionada para iniciantes. Além disso, a exigência de muitos requisitos em cargos de entrada também acabou se tornando uma barreira. 

Após a publicação da matéria, no mês passado, uma boa notícia: uma gerente de TI (tecnologia da informação) do Itaú viu a história dela e resolveu chamá-la para uma entrevista. “Fui acionada por meio do LinkedIn. Conversamos, mandei meu currículo e na mesma semana marcamos uma reunião online com os gestores de tecnologia do banco. A conversa foi tranquila, falei sobre a minha vida, minha trajetória e o meu interesse pela tecnologia.” Logo após, soube que havia sido aprovada e 15 dias depois já estava contratada. 

“Minha vida mudou bastante. Antes, eu seguia tentando uma colocação na área que estudei e sempre desejei, e, assim, foram três anos tentando até conseguir. Agora sou analista de desenvolvimento de engenharia de software júnior. No momento, estou trabalhando em home office, por conta da pandemia, mas muito realizada com essa conquista”, conta. “Pretendo continuar estudando e me desenvolvendo. Tenho planos de fazer uma outra graduação, mas a meta agora é passar para o nível pleno.”

Aline Teles: emprego no Itaú depois de relatar desemprego em reportagem. Foto: Taba Benedicto/Estadão-21/4/2021

Outra história é a de Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Ela fazia parte do grupo de 10,9 milhões de jovens conhecidos como “nem-nem”, que nem trabalham nem estudam. Em janeiro do ano passado, ela contou ao Estadão sobre as dificuldades para conseguir um trabalho e sobre os preconceitos enfrentados, principalmente em relação ao local onde mora. 

“Em 2020, eu não consegui emprego. Fiz algumas entrevistas, mas sem sucesso. Algumas eu não cheguei a passar na entrevista pelo fato da empresa só disponibilizar um única condução e eu precisar de duas.”

No início deste ano, ela passou por um processo seletivo e foi aprovada para trabalhar em uma empresa de call center. “Agora já estou há cinco meses nessa empresa”, conta. “Minha maior dificuldade é em razão da pandemia, pois vamos trabalhar com aquele receio de se contaminar e trazer o vírus para dentro de casa.” Há alguns dias, ela chegou a ter alguns sintomas de covid-19, mas fez o teste e deu negativo.

“Minha meta para o futuro é fazer um curso, me profissionalizar e adquirir mais conhecimentos para poder trabalhar em outra área. Porque eu hoje trabalho de domingo a domingo e é muito cansativo, mas não posso me dar ao luxo de ficar desempregada, principalmente neste momento de pandemia”. Aline conta que pensa em fazer faculdade e já tem duas opções em mente: Recursos Humanos ou Fisioterapia. “Estou me decidindo ainda entre essas duas áreas.”

Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Foto: Nilton Fukuda/Estadão-23/12/2019

A pandemia também trouxe incertezas para a estudante de farmácia Noely Sampaio, de 22 anos, que no ano passado procurava uma oportunidade de estágio em um cenário em que os processos seletivos estavam sendo adiados e as vagas ofertadas diminuindo. Ela conseguiu ingressar na Sanofi, empresa do setor farmacêutico, em maio de 2020 junto com outros 57 estagiários. Um ano depois, ela conta sobre como está sendo a experiência.

“Eu não tinha experiência na área industrial e a única experiência que tive em laboratório foi na faculdade. Então entrei na Sanofi apenas com conhecimento teórico. As minhas expectativas eram bem altas e foi um pouco difícil no começo, fiquei com medo de muitas coisas que eu não sabia. Mas hoje, depois de um ano, sei que esse estágio foi de extrema importância, porque agora eu sei qual caminho quero seguir. Eu não poderia ter entrado em uma área melhor, pois é o que eu quero continuar fazendo”, relata. 

Identificação e realização profissional

Na hora de escolher um local para trabalhar, muitos jovens procuram por empresas que tenham valores semelhantes aos seus. Esse foi o caso da Manuela Bernadino, de 21 anos, que conheceu a IBM em uma feira destinada a profissionais negros. Ela já trabalha na empresa há quase três anos, sendo dois como jovem aprendiz. Depois desse período, ela começou a estagiar e, no final do ano passado, a estudante de Ciência da Computação contou ao Estadão que seu objetivo era se tornar gerente aos 26 anos.

Manuela Bernadino, que continua sonhando em se tornar gerente até os 26 anos. Foto: Pedro Pavanato

Há quatro meses, Manuela foi promovida ao cargo de analista de Salesforce. “É uma grande oportunidade para mim. Estou utilizando tudo o que aprendi nos treinamentos que tive no início da minha carreira e como estagiária. Além disso, tomei uma decisão nova também: eu queria ser programadora, mas depois descobri que não é isso o que eu quero. Então, estou migrando para a área de UX Designer aqui na IBM.”

E tornar-se gerente ainda está nas suas metas. “Tenho que estudar muito, mas vou lutar para isso acontecer. Se eu chegar aos 26 e ainda não tiver conseguido, eu aumento o prazo mais um pouquinho.”

Valores da geração e o processo seletivo

Para Gabriel Santos, de 20 anos, princípios de diversidade promovidos pela empresa também são considerados como atrativo, além do emprego em si. O estudante de Relações Internacionais da ESPM participa de coletivos negro e LGBTQIA+ na sua faculdade. Há quase um ano, ele contou sobre a importância desses movimentos na luta contra as desigualdades ainda presentes em ambientes universitários e profissionais.

  • Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

“Depois que a matéria foi ao ar, eu lembro que várias pessoas da ESPM começaram a me dar espaço, me perguntar como foi, querer saber o que é essa discussão. Então, eu sinto que, para os coletivos que eu faço parte, foi uma oportunidade de conseguirmos lutar mais e levar a discussão de uma forma mais incisiva.”

Na vida profissional, ele conta que conseguiu entrar na empresa dos sonhos, a Amazon. “Logo após a matéria, eu recebi uma uma aprovação em um emprego efetivo, mas acabei passando também na Amazon Brasil. Hoje, eu sou estagiário de marketing lá na Amazon e eu estou muito feliz”, conta Gabriel, que completou seis meses no novo estágio. Segundo ele, a Amazon estava na lista de cinco empresas em que ele sonhava em trabalhar.

Para conseguir um bom emprego, é fundamental se dar bem no processo seletivo. No final do ano passado, Raquel Oliveira, de 21 anos, contou que, para conseguir um estágio na Deezer, sua playlist musical e seus vídeos agregaram tanto quanto o seu currículo. Formada em Estudos de Mídia, hoje ela é assistente de marketing do Canal Brasil e deseja seguir na área cultural. 

“Quero me especializar em Marketing e Indústria Cultural cada vez mais. Me tornar especialista nessas áreas, adquirir um bom portfólio de projetos e ter experiência internacional. Almejo, nos próximos anos, me tornar analista de Marketing e Conteúdo, e, mais para frente, head ou coordenadora da área”, conta.

Em alguns processos de estágio, por falta de informação, recrutadores eliminam estudantes dos cursos tecnólogos por acharem que não são graduados. Julia Santos, de 23 anos, é estudante de Gestão de Recursos Humanos e viu de perto essa desvalorização e foi vetada em inúmeras vagas. 

“Hoje, estou terminando o estágio no time de Gente e Gestão na Ambev, que super me acolheu e desenvolveu uma proposta de programa diferente de tudo o que eu já havia vivido”, conta ela, que participou do programa de estágio Representa, destinado a profissionais negros. No final deste mês, ela se forma. “Estou me preparando para levantar o meu canudo de formatura.”

O início de carreira é um momento desafiador, desde a hora de escolher a profissão que deseja seguir até conseguir, de fato, se inserir no mercado de trabalho. Nesse meio do caminho, existem muitas nuances que afetam diretamente a vida desse novo profissional, como a falta de oportunidades de trabalho, as dificuldades financeiras para se manter na faculdade, queda na oferta de vagas, processos seletivos enviesados e que não estimulam a diversidade, e até mesmo falta de fit cultural com as empresas. 

Nesse último ano, o Estadão ouviu histórias de sete jovens que estavam iniciando ou tentando iniciar uma carreira no mercado de trabalho formal, como é o caso da Aline Teles, de 30 anos, que decidiu ingressar na área de tecnologia, com alta demanda de profissionais. No entanto, na hora de procurar emprego, ela descobriu que sobram vagas, mas a maioria não é direcionada para iniciantes. Além disso, a exigência de muitos requisitos em cargos de entrada também acabou se tornando uma barreira. 

Após a publicação da matéria, no mês passado, uma boa notícia: uma gerente de TI (tecnologia da informação) do Itaú viu a história dela e resolveu chamá-la para uma entrevista. “Fui acionada por meio do LinkedIn. Conversamos, mandei meu currículo e na mesma semana marcamos uma reunião online com os gestores de tecnologia do banco. A conversa foi tranquila, falei sobre a minha vida, minha trajetória e o meu interesse pela tecnologia.” Logo após, soube que havia sido aprovada e 15 dias depois já estava contratada. 

“Minha vida mudou bastante. Antes, eu seguia tentando uma colocação na área que estudei e sempre desejei, e, assim, foram três anos tentando até conseguir. Agora sou analista de desenvolvimento de engenharia de software júnior. No momento, estou trabalhando em home office, por conta da pandemia, mas muito realizada com essa conquista”, conta. “Pretendo continuar estudando e me desenvolvendo. Tenho planos de fazer uma outra graduação, mas a meta agora é passar para o nível pleno.”

Aline Teles: emprego no Itaú depois de relatar desemprego em reportagem. Foto: Taba Benedicto/Estadão-21/4/2021

Outra história é a de Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Ela fazia parte do grupo de 10,9 milhões de jovens conhecidos como “nem-nem”, que nem trabalham nem estudam. Em janeiro do ano passado, ela contou ao Estadão sobre as dificuldades para conseguir um trabalho e sobre os preconceitos enfrentados, principalmente em relação ao local onde mora. 

“Em 2020, eu não consegui emprego. Fiz algumas entrevistas, mas sem sucesso. Algumas eu não cheguei a passar na entrevista pelo fato da empresa só disponibilizar um única condução e eu precisar de duas.”

No início deste ano, ela passou por um processo seletivo e foi aprovada para trabalhar em uma empresa de call center. “Agora já estou há cinco meses nessa empresa”, conta. “Minha maior dificuldade é em razão da pandemia, pois vamos trabalhar com aquele receio de se contaminar e trazer o vírus para dentro de casa.” Há alguns dias, ela chegou a ter alguns sintomas de covid-19, mas fez o teste e deu negativo.

“Minha meta para o futuro é fazer um curso, me profissionalizar e adquirir mais conhecimentos para poder trabalhar em outra área. Porque eu hoje trabalho de domingo a domingo e é muito cansativo, mas não posso me dar ao luxo de ficar desempregada, principalmente neste momento de pandemia”. Aline conta que pensa em fazer faculdade e já tem duas opções em mente: Recursos Humanos ou Fisioterapia. “Estou me decidindo ainda entre essas duas áreas.”

Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Foto: Nilton Fukuda/Estadão-23/12/2019

A pandemia também trouxe incertezas para a estudante de farmácia Noely Sampaio, de 22 anos, que no ano passado procurava uma oportunidade de estágio em um cenário em que os processos seletivos estavam sendo adiados e as vagas ofertadas diminuindo. Ela conseguiu ingressar na Sanofi, empresa do setor farmacêutico, em maio de 2020 junto com outros 57 estagiários. Um ano depois, ela conta sobre como está sendo a experiência.

“Eu não tinha experiência na área industrial e a única experiência que tive em laboratório foi na faculdade. Então entrei na Sanofi apenas com conhecimento teórico. As minhas expectativas eram bem altas e foi um pouco difícil no começo, fiquei com medo de muitas coisas que eu não sabia. Mas hoje, depois de um ano, sei que esse estágio foi de extrema importância, porque agora eu sei qual caminho quero seguir. Eu não poderia ter entrado em uma área melhor, pois é o que eu quero continuar fazendo”, relata. 

Identificação e realização profissional

Na hora de escolher um local para trabalhar, muitos jovens procuram por empresas que tenham valores semelhantes aos seus. Esse foi o caso da Manuela Bernadino, de 21 anos, que conheceu a IBM em uma feira destinada a profissionais negros. Ela já trabalha na empresa há quase três anos, sendo dois como jovem aprendiz. Depois desse período, ela começou a estagiar e, no final do ano passado, a estudante de Ciência da Computação contou ao Estadão que seu objetivo era se tornar gerente aos 26 anos.

Manuela Bernadino, que continua sonhando em se tornar gerente até os 26 anos. Foto: Pedro Pavanato

Há quatro meses, Manuela foi promovida ao cargo de analista de Salesforce. “É uma grande oportunidade para mim. Estou utilizando tudo o que aprendi nos treinamentos que tive no início da minha carreira e como estagiária. Além disso, tomei uma decisão nova também: eu queria ser programadora, mas depois descobri que não é isso o que eu quero. Então, estou migrando para a área de UX Designer aqui na IBM.”

E tornar-se gerente ainda está nas suas metas. “Tenho que estudar muito, mas vou lutar para isso acontecer. Se eu chegar aos 26 e ainda não tiver conseguido, eu aumento o prazo mais um pouquinho.”

Valores da geração e o processo seletivo

Para Gabriel Santos, de 20 anos, princípios de diversidade promovidos pela empresa também são considerados como atrativo, além do emprego em si. O estudante de Relações Internacionais da ESPM participa de coletivos negro e LGBTQIA+ na sua faculdade. Há quase um ano, ele contou sobre a importância desses movimentos na luta contra as desigualdades ainda presentes em ambientes universitários e profissionais.

  • Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

“Depois que a matéria foi ao ar, eu lembro que várias pessoas da ESPM começaram a me dar espaço, me perguntar como foi, querer saber o que é essa discussão. Então, eu sinto que, para os coletivos que eu faço parte, foi uma oportunidade de conseguirmos lutar mais e levar a discussão de uma forma mais incisiva.”

Na vida profissional, ele conta que conseguiu entrar na empresa dos sonhos, a Amazon. “Logo após a matéria, eu recebi uma uma aprovação em um emprego efetivo, mas acabei passando também na Amazon Brasil. Hoje, eu sou estagiário de marketing lá na Amazon e eu estou muito feliz”, conta Gabriel, que completou seis meses no novo estágio. Segundo ele, a Amazon estava na lista de cinco empresas em que ele sonhava em trabalhar.

Para conseguir um bom emprego, é fundamental se dar bem no processo seletivo. No final do ano passado, Raquel Oliveira, de 21 anos, contou que, para conseguir um estágio na Deezer, sua playlist musical e seus vídeos agregaram tanto quanto o seu currículo. Formada em Estudos de Mídia, hoje ela é assistente de marketing do Canal Brasil e deseja seguir na área cultural. 

“Quero me especializar em Marketing e Indústria Cultural cada vez mais. Me tornar especialista nessas áreas, adquirir um bom portfólio de projetos e ter experiência internacional. Almejo, nos próximos anos, me tornar analista de Marketing e Conteúdo, e, mais para frente, head ou coordenadora da área”, conta.

Em alguns processos de estágio, por falta de informação, recrutadores eliminam estudantes dos cursos tecnólogos por acharem que não são graduados. Julia Santos, de 23 anos, é estudante de Gestão de Recursos Humanos e viu de perto essa desvalorização e foi vetada em inúmeras vagas. 

“Hoje, estou terminando o estágio no time de Gente e Gestão na Ambev, que super me acolheu e desenvolveu uma proposta de programa diferente de tudo o que eu já havia vivido”, conta ela, que participou do programa de estágio Representa, destinado a profissionais negros. No final deste mês, ela se forma. “Estou me preparando para levantar o meu canudo de formatura.”

O início de carreira é um momento desafiador, desde a hora de escolher a profissão que deseja seguir até conseguir, de fato, se inserir no mercado de trabalho. Nesse meio do caminho, existem muitas nuances que afetam diretamente a vida desse novo profissional, como a falta de oportunidades de trabalho, as dificuldades financeiras para se manter na faculdade, queda na oferta de vagas, processos seletivos enviesados e que não estimulam a diversidade, e até mesmo falta de fit cultural com as empresas. 

Nesse último ano, o Estadão ouviu histórias de sete jovens que estavam iniciando ou tentando iniciar uma carreira no mercado de trabalho formal, como é o caso da Aline Teles, de 30 anos, que decidiu ingressar na área de tecnologia, com alta demanda de profissionais. No entanto, na hora de procurar emprego, ela descobriu que sobram vagas, mas a maioria não é direcionada para iniciantes. Além disso, a exigência de muitos requisitos em cargos de entrada também acabou se tornando uma barreira. 

Após a publicação da matéria, no mês passado, uma boa notícia: uma gerente de TI (tecnologia da informação) do Itaú viu a história dela e resolveu chamá-la para uma entrevista. “Fui acionada por meio do LinkedIn. Conversamos, mandei meu currículo e na mesma semana marcamos uma reunião online com os gestores de tecnologia do banco. A conversa foi tranquila, falei sobre a minha vida, minha trajetória e o meu interesse pela tecnologia.” Logo após, soube que havia sido aprovada e 15 dias depois já estava contratada. 

“Minha vida mudou bastante. Antes, eu seguia tentando uma colocação na área que estudei e sempre desejei, e, assim, foram três anos tentando até conseguir. Agora sou analista de desenvolvimento de engenharia de software júnior. No momento, estou trabalhando em home office, por conta da pandemia, mas muito realizada com essa conquista”, conta. “Pretendo continuar estudando e me desenvolvendo. Tenho planos de fazer uma outra graduação, mas a meta agora é passar para o nível pleno.”

Aline Teles: emprego no Itaú depois de relatar desemprego em reportagem. Foto: Taba Benedicto/Estadão-21/4/2021

Outra história é a de Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Ela fazia parte do grupo de 10,9 milhões de jovens conhecidos como “nem-nem”, que nem trabalham nem estudam. Em janeiro do ano passado, ela contou ao Estadão sobre as dificuldades para conseguir um trabalho e sobre os preconceitos enfrentados, principalmente em relação ao local onde mora. 

“Em 2020, eu não consegui emprego. Fiz algumas entrevistas, mas sem sucesso. Algumas eu não cheguei a passar na entrevista pelo fato da empresa só disponibilizar um única condução e eu precisar de duas.”

No início deste ano, ela passou por um processo seletivo e foi aprovada para trabalhar em uma empresa de call center. “Agora já estou há cinco meses nessa empresa”, conta. “Minha maior dificuldade é em razão da pandemia, pois vamos trabalhar com aquele receio de se contaminar e trazer o vírus para dentro de casa.” Há alguns dias, ela chegou a ter alguns sintomas de covid-19, mas fez o teste e deu negativo.

“Minha meta para o futuro é fazer um curso, me profissionalizar e adquirir mais conhecimentos para poder trabalhar em outra área. Porque eu hoje trabalho de domingo a domingo e é muito cansativo, mas não posso me dar ao luxo de ficar desempregada, principalmente neste momento de pandemia”. Aline conta que pensa em fazer faculdade e já tem duas opções em mente: Recursos Humanos ou Fisioterapia. “Estou me decidindo ainda entre essas duas áreas.”

Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Foto: Nilton Fukuda/Estadão-23/12/2019

A pandemia também trouxe incertezas para a estudante de farmácia Noely Sampaio, de 22 anos, que no ano passado procurava uma oportunidade de estágio em um cenário em que os processos seletivos estavam sendo adiados e as vagas ofertadas diminuindo. Ela conseguiu ingressar na Sanofi, empresa do setor farmacêutico, em maio de 2020 junto com outros 57 estagiários. Um ano depois, ela conta sobre como está sendo a experiência.

“Eu não tinha experiência na área industrial e a única experiência que tive em laboratório foi na faculdade. Então entrei na Sanofi apenas com conhecimento teórico. As minhas expectativas eram bem altas e foi um pouco difícil no começo, fiquei com medo de muitas coisas que eu não sabia. Mas hoje, depois de um ano, sei que esse estágio foi de extrema importância, porque agora eu sei qual caminho quero seguir. Eu não poderia ter entrado em uma área melhor, pois é o que eu quero continuar fazendo”, relata. 

Identificação e realização profissional

Na hora de escolher um local para trabalhar, muitos jovens procuram por empresas que tenham valores semelhantes aos seus. Esse foi o caso da Manuela Bernadino, de 21 anos, que conheceu a IBM em uma feira destinada a profissionais negros. Ela já trabalha na empresa há quase três anos, sendo dois como jovem aprendiz. Depois desse período, ela começou a estagiar e, no final do ano passado, a estudante de Ciência da Computação contou ao Estadão que seu objetivo era se tornar gerente aos 26 anos.

Manuela Bernadino, que continua sonhando em se tornar gerente até os 26 anos. Foto: Pedro Pavanato

Há quatro meses, Manuela foi promovida ao cargo de analista de Salesforce. “É uma grande oportunidade para mim. Estou utilizando tudo o que aprendi nos treinamentos que tive no início da minha carreira e como estagiária. Além disso, tomei uma decisão nova também: eu queria ser programadora, mas depois descobri que não é isso o que eu quero. Então, estou migrando para a área de UX Designer aqui na IBM.”

E tornar-se gerente ainda está nas suas metas. “Tenho que estudar muito, mas vou lutar para isso acontecer. Se eu chegar aos 26 e ainda não tiver conseguido, eu aumento o prazo mais um pouquinho.”

Valores da geração e o processo seletivo

Para Gabriel Santos, de 20 anos, princípios de diversidade promovidos pela empresa também são considerados como atrativo, além do emprego em si. O estudante de Relações Internacionais da ESPM participa de coletivos negro e LGBTQIA+ na sua faculdade. Há quase um ano, ele contou sobre a importância desses movimentos na luta contra as desigualdades ainda presentes em ambientes universitários e profissionais.

  • Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

“Depois que a matéria foi ao ar, eu lembro que várias pessoas da ESPM começaram a me dar espaço, me perguntar como foi, querer saber o que é essa discussão. Então, eu sinto que, para os coletivos que eu faço parte, foi uma oportunidade de conseguirmos lutar mais e levar a discussão de uma forma mais incisiva.”

Na vida profissional, ele conta que conseguiu entrar na empresa dos sonhos, a Amazon. “Logo após a matéria, eu recebi uma uma aprovação em um emprego efetivo, mas acabei passando também na Amazon Brasil. Hoje, eu sou estagiário de marketing lá na Amazon e eu estou muito feliz”, conta Gabriel, que completou seis meses no novo estágio. Segundo ele, a Amazon estava na lista de cinco empresas em que ele sonhava em trabalhar.

Para conseguir um bom emprego, é fundamental se dar bem no processo seletivo. No final do ano passado, Raquel Oliveira, de 21 anos, contou que, para conseguir um estágio na Deezer, sua playlist musical e seus vídeos agregaram tanto quanto o seu currículo. Formada em Estudos de Mídia, hoje ela é assistente de marketing do Canal Brasil e deseja seguir na área cultural. 

“Quero me especializar em Marketing e Indústria Cultural cada vez mais. Me tornar especialista nessas áreas, adquirir um bom portfólio de projetos e ter experiência internacional. Almejo, nos próximos anos, me tornar analista de Marketing e Conteúdo, e, mais para frente, head ou coordenadora da área”, conta.

Em alguns processos de estágio, por falta de informação, recrutadores eliminam estudantes dos cursos tecnólogos por acharem que não são graduados. Julia Santos, de 23 anos, é estudante de Gestão de Recursos Humanos e viu de perto essa desvalorização e foi vetada em inúmeras vagas. 

“Hoje, estou terminando o estágio no time de Gente e Gestão na Ambev, que super me acolheu e desenvolveu uma proposta de programa diferente de tudo o que eu já havia vivido”, conta ela, que participou do programa de estágio Representa, destinado a profissionais negros. No final deste mês, ela se forma. “Estou me preparando para levantar o meu canudo de formatura.”

O início de carreira é um momento desafiador, desde a hora de escolher a profissão que deseja seguir até conseguir, de fato, se inserir no mercado de trabalho. Nesse meio do caminho, existem muitas nuances que afetam diretamente a vida desse novo profissional, como a falta de oportunidades de trabalho, as dificuldades financeiras para se manter na faculdade, queda na oferta de vagas, processos seletivos enviesados e que não estimulam a diversidade, e até mesmo falta de fit cultural com as empresas. 

Nesse último ano, o Estadão ouviu histórias de sete jovens que estavam iniciando ou tentando iniciar uma carreira no mercado de trabalho formal, como é o caso da Aline Teles, de 30 anos, que decidiu ingressar na área de tecnologia, com alta demanda de profissionais. No entanto, na hora de procurar emprego, ela descobriu que sobram vagas, mas a maioria não é direcionada para iniciantes. Além disso, a exigência de muitos requisitos em cargos de entrada também acabou se tornando uma barreira. 

Após a publicação da matéria, no mês passado, uma boa notícia: uma gerente de TI (tecnologia da informação) do Itaú viu a história dela e resolveu chamá-la para uma entrevista. “Fui acionada por meio do LinkedIn. Conversamos, mandei meu currículo e na mesma semana marcamos uma reunião online com os gestores de tecnologia do banco. A conversa foi tranquila, falei sobre a minha vida, minha trajetória e o meu interesse pela tecnologia.” Logo após, soube que havia sido aprovada e 15 dias depois já estava contratada. 

“Minha vida mudou bastante. Antes, eu seguia tentando uma colocação na área que estudei e sempre desejei, e, assim, foram três anos tentando até conseguir. Agora sou analista de desenvolvimento de engenharia de software júnior. No momento, estou trabalhando em home office, por conta da pandemia, mas muito realizada com essa conquista”, conta. “Pretendo continuar estudando e me desenvolvendo. Tenho planos de fazer uma outra graduação, mas a meta agora é passar para o nível pleno.”

Aline Teles: emprego no Itaú depois de relatar desemprego em reportagem. Foto: Taba Benedicto/Estadão-21/4/2021

Outra história é a de Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Ela fazia parte do grupo de 10,9 milhões de jovens conhecidos como “nem-nem”, que nem trabalham nem estudam. Em janeiro do ano passado, ela contou ao Estadão sobre as dificuldades para conseguir um trabalho e sobre os preconceitos enfrentados, principalmente em relação ao local onde mora. 

“Em 2020, eu não consegui emprego. Fiz algumas entrevistas, mas sem sucesso. Algumas eu não cheguei a passar na entrevista pelo fato da empresa só disponibilizar um única condução e eu precisar de duas.”

No início deste ano, ela passou por um processo seletivo e foi aprovada para trabalhar em uma empresa de call center. “Agora já estou há cinco meses nessa empresa”, conta. “Minha maior dificuldade é em razão da pandemia, pois vamos trabalhar com aquele receio de se contaminar e trazer o vírus para dentro de casa.” Há alguns dias, ela chegou a ter alguns sintomas de covid-19, mas fez o teste e deu negativo.

“Minha meta para o futuro é fazer um curso, me profissionalizar e adquirir mais conhecimentos para poder trabalhar em outra área. Porque eu hoje trabalho de domingo a domingo e é muito cansativo, mas não posso me dar ao luxo de ficar desempregada, principalmente neste momento de pandemia”. Aline conta que pensa em fazer faculdade e já tem duas opções em mente: Recursos Humanos ou Fisioterapia. “Estou me decidindo ainda entre essas duas áreas.”

Aline Tavares, de 26 anos, que estava desde 2016 sem conseguir um emprego de carteira assinada. Foto: Nilton Fukuda/Estadão-23/12/2019

A pandemia também trouxe incertezas para a estudante de farmácia Noely Sampaio, de 22 anos, que no ano passado procurava uma oportunidade de estágio em um cenário em que os processos seletivos estavam sendo adiados e as vagas ofertadas diminuindo. Ela conseguiu ingressar na Sanofi, empresa do setor farmacêutico, em maio de 2020 junto com outros 57 estagiários. Um ano depois, ela conta sobre como está sendo a experiência.

“Eu não tinha experiência na área industrial e a única experiência que tive em laboratório foi na faculdade. Então entrei na Sanofi apenas com conhecimento teórico. As minhas expectativas eram bem altas e foi um pouco difícil no começo, fiquei com medo de muitas coisas que eu não sabia. Mas hoje, depois de um ano, sei que esse estágio foi de extrema importância, porque agora eu sei qual caminho quero seguir. Eu não poderia ter entrado em uma área melhor, pois é o que eu quero continuar fazendo”, relata. 

Identificação e realização profissional

Na hora de escolher um local para trabalhar, muitos jovens procuram por empresas que tenham valores semelhantes aos seus. Esse foi o caso da Manuela Bernadino, de 21 anos, que conheceu a IBM em uma feira destinada a profissionais negros. Ela já trabalha na empresa há quase três anos, sendo dois como jovem aprendiz. Depois desse período, ela começou a estagiar e, no final do ano passado, a estudante de Ciência da Computação contou ao Estadão que seu objetivo era se tornar gerente aos 26 anos.

Manuela Bernadino, que continua sonhando em se tornar gerente até os 26 anos. Foto: Pedro Pavanato

Há quatro meses, Manuela foi promovida ao cargo de analista de Salesforce. “É uma grande oportunidade para mim. Estou utilizando tudo o que aprendi nos treinamentos que tive no início da minha carreira e como estagiária. Além disso, tomei uma decisão nova também: eu queria ser programadora, mas depois descobri que não é isso o que eu quero. Então, estou migrando para a área de UX Designer aqui na IBM.”

E tornar-se gerente ainda está nas suas metas. “Tenho que estudar muito, mas vou lutar para isso acontecer. Se eu chegar aos 26 e ainda não tiver conseguido, eu aumento o prazo mais um pouquinho.”

Valores da geração e o processo seletivo

Para Gabriel Santos, de 20 anos, princípios de diversidade promovidos pela empresa também são considerados como atrativo, além do emprego em si. O estudante de Relações Internacionais da ESPM participa de coletivos negro e LGBTQIA+ na sua faculdade. Há quase um ano, ele contou sobre a importância desses movimentos na luta contra as desigualdades ainda presentes em ambientes universitários e profissionais.

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“Depois que a matéria foi ao ar, eu lembro que várias pessoas da ESPM começaram a me dar espaço, me perguntar como foi, querer saber o que é essa discussão. Então, eu sinto que, para os coletivos que eu faço parte, foi uma oportunidade de conseguirmos lutar mais e levar a discussão de uma forma mais incisiva.”

Na vida profissional, ele conta que conseguiu entrar na empresa dos sonhos, a Amazon. “Logo após a matéria, eu recebi uma uma aprovação em um emprego efetivo, mas acabei passando também na Amazon Brasil. Hoje, eu sou estagiário de marketing lá na Amazon e eu estou muito feliz”, conta Gabriel, que completou seis meses no novo estágio. Segundo ele, a Amazon estava na lista de cinco empresas em que ele sonhava em trabalhar.

Para conseguir um bom emprego, é fundamental se dar bem no processo seletivo. No final do ano passado, Raquel Oliveira, de 21 anos, contou que, para conseguir um estágio na Deezer, sua playlist musical e seus vídeos agregaram tanto quanto o seu currículo. Formada em Estudos de Mídia, hoje ela é assistente de marketing do Canal Brasil e deseja seguir na área cultural. 

“Quero me especializar em Marketing e Indústria Cultural cada vez mais. Me tornar especialista nessas áreas, adquirir um bom portfólio de projetos e ter experiência internacional. Almejo, nos próximos anos, me tornar analista de Marketing e Conteúdo, e, mais para frente, head ou coordenadora da área”, conta.

Em alguns processos de estágio, por falta de informação, recrutadores eliminam estudantes dos cursos tecnólogos por acharem que não são graduados. Julia Santos, de 23 anos, é estudante de Gestão de Recursos Humanos e viu de perto essa desvalorização e foi vetada em inúmeras vagas. 

“Hoje, estou terminando o estágio no time de Gente e Gestão na Ambev, que super me acolheu e desenvolveu uma proposta de programa diferente de tudo o que eu já havia vivido”, conta ela, que participou do programa de estágio Representa, destinado a profissionais negros. No final deste mês, ela se forma. “Estou me preparando para levantar o meu canudo de formatura.”

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