Vai faltar chefe nas empresas por exigência de novas habilidades e busca por qualidade de vida?


De um lado, empresas necessitam de líderes com novas habilidades, mas não os desenvolvem; do outro, lideranças buscam empregos com propósito e mais autonomia

Por Jayanne Rodrigues
Atualização:

Nos últimos anos, muitos profissionais que ocupavam cargos de lideranças repensaram o status corporativo. As motivações envolvem o contexto pós-pandêmico, que inclui busca por qualidade de vida, mudanças no local de trabalho, com o home office e o regresso ao escritório, além do avanço da inteligência artificial e o exigência de novas habilidades. Diante dessas mudanças, que aconteceram em um ritmo alucinante no mundo todo, faltam lideranças no Brasil?

Pesquisas demonstram que as empresas estão, de fato, observando um aumento da saída de profissionais de cargos executivos. Nos EUA, por exemplo, mais de 1.440 CEOs abandonaram seus empregos até setembro de 2023. A desistência equivale a um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período em 2022. Os dados são da pesquisa global da Challenger, Gray & Christmas, empresa de recolocação profissional e transição de carreira.

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Na visão da professora de liderança da Fundação Dom Cabral, Luciana Ferreira, no Brasil há uma busca no mercado que não está sendo suprida pela oferta.

Equação entre oferta e demanda no mercado está desequilibrada.  Foto: Nastudio/Adobe Stock

Falta de desenvolvimento dos líderes

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Segundo Ferreira, as empresas estão verificando, principalmente nas áreas de gestão de pessoas, que muitas lideranças não dominam as habilidades primordiais para guiar uma equipe.

“Falta sobretudo a habilidade que vai diferenciar um profissional mais técnico ou de gestão, de um profissional com potencial de liderança”, explica.

Com isso, as corporações não estão encontrando o que precisam no mercado. Mas existe um contratempo no caminho, conforme alerta a professora.

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“O quanto as empresas estão se prontificando para o desenvolvimento das pessoas em geral, em especial seus líderes? Então, fica a dúvida: a empresa quer um profissional com um perfil x, mas não se prontifica a desenvolvê-lo”, diz a professora.

Cecilia Ivanisk, cofundadora da Learn to Fly (empresa com programas de mentoria para lideranças), concorda que a urgência em desenvolver profissionais seja um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações. Ela ainda acrescenta que também falta aprimorar as competências socioemocionais.

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“As empresas não sabem o que fazer, estão completamente perdidas, e (o problema) é estrutural. Vivemos em um mundo no qual os adultos nunca foram ensinados sobre habilidades emocionais, apenas cognitivas”, afirma.

Ivanisk reforça que os profissionais não são estimulados a praticar comunicação, resiliência e a desenvolver a capacidade de resolução de conflitos.

Quando entramos em uma empresa, aprendemos a ser gestores. Quando falamos de liderança e de ser líder, é muito diferente de ser gestor. Ser líder é produzir mudança, é sobre pessoas e não sobre processos. É estabelecer uma direção, criar uma visão estratégica, não é planejamento e orçamento

Cecilia Ivanisk, cofundadora da Learn To Fly

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A professora Luciana Ferreira complementa que um repertório amplo também reflete uma maior adaptação para lidar com as mudanças. Seja a nova cultura organizacional que acomoda diferentes modelos (home office, híbrido e presencial), seja a diversidade que vem crescendo nos locais de trabalho (diversas gerações em uma equipe e pessoas com formações distintas).

O outro lado da moeda

A equação desse desequilíbrio que atinge o mercado de trabalho não é tão simples. Além da falta de desenvolvimento das lideranças, há outra variável que amplia essa realidade. É o que aponta Ferreira.

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“Juntou a pandemia, as tecnologias, os vínculos de trabalho e a questão geracional. Essa busca por um trabalho que traga mais significado, no qual a pessoa possa expressar quem ela é não é uma coisa nova. Só que juntou tudo e ainda a transição demográfica com o número de pessoas disponíveis diminuindo. As empresas estão sentindo”, diz.

Essas transformações e a necessidade de atualizar algumas habilidades compõem o problema de oferta e demanda no mercado, pontua Maria Eduarda Silveira, headhunter de executivos e fundadora da Bold HRO, consultoria de recrutamento.

Como mostrou o Estadão, 31% de jovens entre 18 e 34 anos podem abandonar cargos de liderança. Profissionais com mais de 35 anos representam 14%. O estudo global foi realizado pela consultoria Mckinsey e divulgado no final de 2022. Mais de 3 mil brasileiros participaram da pesquisa. Ausência de oportunidades de desenvolvimento, insegurança psicológica, inflexibilidade e falta de propósito estão entre os principais fatores.

“Está tudo mudando, não é papinho. Antes havia lideranças que tinham uma falsa sensação de controle em um contexto 100% presencial. Agora precisam lidar com o time que também atua de casa. Como trabalham em termos de comunicação, apuração, feedback e performance?”, questiona Silveira.

Qual o destino de lideranças capacitadas?

Muitos líderes estão migrando para outras empresas ou assumindo novas funções. Não é à toa que o termo “Quiet Ambition” - tendência que define o desinteresse de profissionais em se tornarem chefes - ganhou destaque.

Hoje, após desistirem de cargos de liderança em determinadas empresas, as pessoas tentam buscar espaços com mais autonomia e que se encaixem com o propósito de vida. Uma das opções é conceituada pela professora Luciana Ferreira como canto da sereia, ou melhor, canto da startup.

“As lideranças acabam procurando oportunidades em startups, principalmente porque entendem que nessas startups elas vão se ver mais contribuintes para o todo. Elas acham que finalmente vão conseguir fazer a diferença, mas nem sempre isso acontece. Também tem muito o desejo de empreender”, comenta.

Ferreira acrescenta que muitos líderes bem-sucedidos optam por se dedicar a projetos de curto prazo em áreas específicas de interesse. “Essas pessoas muito boas não estão preocupadas com empregabilidade porque elas podem fazer isso, mas nem todo mundo pode.”

As alternativas para frear essa falta de líderes no mercado requerem um local e uma cultura de trabalho mais atrativo para os indivíduos. Vale começar com um diagnóstico de cultura organizacional. Se deseja uma liderança que pense fora da caixa e seja arrojada observe se a empresa perpetua uma hierarquia muito definida, em que os funcionários demoram - mais que o normal dentro de um plano de carreira - para galgar cargos e salários.

Tenho feito o convite para as pessoas fazerem curso de improviso e de teatro para que consigam melhorar a habilidade de lidar com aquilo que é inesperado. O teatro é um espaço maravilhoso de desenvolvimento de habilidades socioemocionais, para se permitirem fazer coisas fora da caixa e ganhar um senso de apropriação maior daquilo que buscam

Luciana Ferreira, professora de lideranção da Fundação Dom Cabral

Do outro lado, as lideranças também precisam contribuir para essa mudança, avalia Ferreira. “Não dá para ficar passivamente achando que as empresas vão mudar, é parte da expectativa sobre uma liderança que ela trabalhe com essa transformação.”

Nos últimos anos, muitos profissionais que ocupavam cargos de lideranças repensaram o status corporativo. As motivações envolvem o contexto pós-pandêmico, que inclui busca por qualidade de vida, mudanças no local de trabalho, com o home office e o regresso ao escritório, além do avanço da inteligência artificial e o exigência de novas habilidades. Diante dessas mudanças, que aconteceram em um ritmo alucinante no mundo todo, faltam lideranças no Brasil?

Pesquisas demonstram que as empresas estão, de fato, observando um aumento da saída de profissionais de cargos executivos. Nos EUA, por exemplo, mais de 1.440 CEOs abandonaram seus empregos até setembro de 2023. A desistência equivale a um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período em 2022. Os dados são da pesquisa global da Challenger, Gray & Christmas, empresa de recolocação profissional e transição de carreira.

Na visão da professora de liderança da Fundação Dom Cabral, Luciana Ferreira, no Brasil há uma busca no mercado que não está sendo suprida pela oferta.

Equação entre oferta e demanda no mercado está desequilibrada.  Foto: Nastudio/Adobe Stock

Falta de desenvolvimento dos líderes

Segundo Ferreira, as empresas estão verificando, principalmente nas áreas de gestão de pessoas, que muitas lideranças não dominam as habilidades primordiais para guiar uma equipe.

“Falta sobretudo a habilidade que vai diferenciar um profissional mais técnico ou de gestão, de um profissional com potencial de liderança”, explica.

Com isso, as corporações não estão encontrando o que precisam no mercado. Mas existe um contratempo no caminho, conforme alerta a professora.

“O quanto as empresas estão se prontificando para o desenvolvimento das pessoas em geral, em especial seus líderes? Então, fica a dúvida: a empresa quer um profissional com um perfil x, mas não se prontifica a desenvolvê-lo”, diz a professora.

Cecilia Ivanisk, cofundadora da Learn to Fly (empresa com programas de mentoria para lideranças), concorda que a urgência em desenvolver profissionais seja um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações. Ela ainda acrescenta que também falta aprimorar as competências socioemocionais.

“As empresas não sabem o que fazer, estão completamente perdidas, e (o problema) é estrutural. Vivemos em um mundo no qual os adultos nunca foram ensinados sobre habilidades emocionais, apenas cognitivas”, afirma.

Ivanisk reforça que os profissionais não são estimulados a praticar comunicação, resiliência e a desenvolver a capacidade de resolução de conflitos.

Quando entramos em uma empresa, aprendemos a ser gestores. Quando falamos de liderança e de ser líder, é muito diferente de ser gestor. Ser líder é produzir mudança, é sobre pessoas e não sobre processos. É estabelecer uma direção, criar uma visão estratégica, não é planejamento e orçamento

Cecilia Ivanisk, cofundadora da Learn To Fly

A professora Luciana Ferreira complementa que um repertório amplo também reflete uma maior adaptação para lidar com as mudanças. Seja a nova cultura organizacional que acomoda diferentes modelos (home office, híbrido e presencial), seja a diversidade que vem crescendo nos locais de trabalho (diversas gerações em uma equipe e pessoas com formações distintas).

O outro lado da moeda

A equação desse desequilíbrio que atinge o mercado de trabalho não é tão simples. Além da falta de desenvolvimento das lideranças, há outra variável que amplia essa realidade. É o que aponta Ferreira.

“Juntou a pandemia, as tecnologias, os vínculos de trabalho e a questão geracional. Essa busca por um trabalho que traga mais significado, no qual a pessoa possa expressar quem ela é não é uma coisa nova. Só que juntou tudo e ainda a transição demográfica com o número de pessoas disponíveis diminuindo. As empresas estão sentindo”, diz.

Essas transformações e a necessidade de atualizar algumas habilidades compõem o problema de oferta e demanda no mercado, pontua Maria Eduarda Silveira, headhunter de executivos e fundadora da Bold HRO, consultoria de recrutamento.

Como mostrou o Estadão, 31% de jovens entre 18 e 34 anos podem abandonar cargos de liderança. Profissionais com mais de 35 anos representam 14%. O estudo global foi realizado pela consultoria Mckinsey e divulgado no final de 2022. Mais de 3 mil brasileiros participaram da pesquisa. Ausência de oportunidades de desenvolvimento, insegurança psicológica, inflexibilidade e falta de propósito estão entre os principais fatores.

“Está tudo mudando, não é papinho. Antes havia lideranças que tinham uma falsa sensação de controle em um contexto 100% presencial. Agora precisam lidar com o time que também atua de casa. Como trabalham em termos de comunicação, apuração, feedback e performance?”, questiona Silveira.

Qual o destino de lideranças capacitadas?

Muitos líderes estão migrando para outras empresas ou assumindo novas funções. Não é à toa que o termo “Quiet Ambition” - tendência que define o desinteresse de profissionais em se tornarem chefes - ganhou destaque.

Hoje, após desistirem de cargos de liderança em determinadas empresas, as pessoas tentam buscar espaços com mais autonomia e que se encaixem com o propósito de vida. Uma das opções é conceituada pela professora Luciana Ferreira como canto da sereia, ou melhor, canto da startup.

“As lideranças acabam procurando oportunidades em startups, principalmente porque entendem que nessas startups elas vão se ver mais contribuintes para o todo. Elas acham que finalmente vão conseguir fazer a diferença, mas nem sempre isso acontece. Também tem muito o desejo de empreender”, comenta.

Ferreira acrescenta que muitos líderes bem-sucedidos optam por se dedicar a projetos de curto prazo em áreas específicas de interesse. “Essas pessoas muito boas não estão preocupadas com empregabilidade porque elas podem fazer isso, mas nem todo mundo pode.”

As alternativas para frear essa falta de líderes no mercado requerem um local e uma cultura de trabalho mais atrativo para os indivíduos. Vale começar com um diagnóstico de cultura organizacional. Se deseja uma liderança que pense fora da caixa e seja arrojada observe se a empresa perpetua uma hierarquia muito definida, em que os funcionários demoram - mais que o normal dentro de um plano de carreira - para galgar cargos e salários.

Tenho feito o convite para as pessoas fazerem curso de improviso e de teatro para que consigam melhorar a habilidade de lidar com aquilo que é inesperado. O teatro é um espaço maravilhoso de desenvolvimento de habilidades socioemocionais, para se permitirem fazer coisas fora da caixa e ganhar um senso de apropriação maior daquilo que buscam

Luciana Ferreira, professora de lideranção da Fundação Dom Cabral

Do outro lado, as lideranças também precisam contribuir para essa mudança, avalia Ferreira. “Não dá para ficar passivamente achando que as empresas vão mudar, é parte da expectativa sobre uma liderança que ela trabalhe com essa transformação.”

Nos últimos anos, muitos profissionais que ocupavam cargos de lideranças repensaram o status corporativo. As motivações envolvem o contexto pós-pandêmico, que inclui busca por qualidade de vida, mudanças no local de trabalho, com o home office e o regresso ao escritório, além do avanço da inteligência artificial e o exigência de novas habilidades. Diante dessas mudanças, que aconteceram em um ritmo alucinante no mundo todo, faltam lideranças no Brasil?

Pesquisas demonstram que as empresas estão, de fato, observando um aumento da saída de profissionais de cargos executivos. Nos EUA, por exemplo, mais de 1.440 CEOs abandonaram seus empregos até setembro de 2023. A desistência equivale a um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período em 2022. Os dados são da pesquisa global da Challenger, Gray & Christmas, empresa de recolocação profissional e transição de carreira.

Na visão da professora de liderança da Fundação Dom Cabral, Luciana Ferreira, no Brasil há uma busca no mercado que não está sendo suprida pela oferta.

Equação entre oferta e demanda no mercado está desequilibrada.  Foto: Nastudio/Adobe Stock

Falta de desenvolvimento dos líderes

Segundo Ferreira, as empresas estão verificando, principalmente nas áreas de gestão de pessoas, que muitas lideranças não dominam as habilidades primordiais para guiar uma equipe.

“Falta sobretudo a habilidade que vai diferenciar um profissional mais técnico ou de gestão, de um profissional com potencial de liderança”, explica.

Com isso, as corporações não estão encontrando o que precisam no mercado. Mas existe um contratempo no caminho, conforme alerta a professora.

“O quanto as empresas estão se prontificando para o desenvolvimento das pessoas em geral, em especial seus líderes? Então, fica a dúvida: a empresa quer um profissional com um perfil x, mas não se prontifica a desenvolvê-lo”, diz a professora.

Cecilia Ivanisk, cofundadora da Learn to Fly (empresa com programas de mentoria para lideranças), concorda que a urgência em desenvolver profissionais seja um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações. Ela ainda acrescenta que também falta aprimorar as competências socioemocionais.

“As empresas não sabem o que fazer, estão completamente perdidas, e (o problema) é estrutural. Vivemos em um mundo no qual os adultos nunca foram ensinados sobre habilidades emocionais, apenas cognitivas”, afirma.

Ivanisk reforça que os profissionais não são estimulados a praticar comunicação, resiliência e a desenvolver a capacidade de resolução de conflitos.

Quando entramos em uma empresa, aprendemos a ser gestores. Quando falamos de liderança e de ser líder, é muito diferente de ser gestor. Ser líder é produzir mudança, é sobre pessoas e não sobre processos. É estabelecer uma direção, criar uma visão estratégica, não é planejamento e orçamento

Cecilia Ivanisk, cofundadora da Learn To Fly

A professora Luciana Ferreira complementa que um repertório amplo também reflete uma maior adaptação para lidar com as mudanças. Seja a nova cultura organizacional que acomoda diferentes modelos (home office, híbrido e presencial), seja a diversidade que vem crescendo nos locais de trabalho (diversas gerações em uma equipe e pessoas com formações distintas).

O outro lado da moeda

A equação desse desequilíbrio que atinge o mercado de trabalho não é tão simples. Além da falta de desenvolvimento das lideranças, há outra variável que amplia essa realidade. É o que aponta Ferreira.

“Juntou a pandemia, as tecnologias, os vínculos de trabalho e a questão geracional. Essa busca por um trabalho que traga mais significado, no qual a pessoa possa expressar quem ela é não é uma coisa nova. Só que juntou tudo e ainda a transição demográfica com o número de pessoas disponíveis diminuindo. As empresas estão sentindo”, diz.

Essas transformações e a necessidade de atualizar algumas habilidades compõem o problema de oferta e demanda no mercado, pontua Maria Eduarda Silveira, headhunter de executivos e fundadora da Bold HRO, consultoria de recrutamento.

Como mostrou o Estadão, 31% de jovens entre 18 e 34 anos podem abandonar cargos de liderança. Profissionais com mais de 35 anos representam 14%. O estudo global foi realizado pela consultoria Mckinsey e divulgado no final de 2022. Mais de 3 mil brasileiros participaram da pesquisa. Ausência de oportunidades de desenvolvimento, insegurança psicológica, inflexibilidade e falta de propósito estão entre os principais fatores.

“Está tudo mudando, não é papinho. Antes havia lideranças que tinham uma falsa sensação de controle em um contexto 100% presencial. Agora precisam lidar com o time que também atua de casa. Como trabalham em termos de comunicação, apuração, feedback e performance?”, questiona Silveira.

Qual o destino de lideranças capacitadas?

Muitos líderes estão migrando para outras empresas ou assumindo novas funções. Não é à toa que o termo “Quiet Ambition” - tendência que define o desinteresse de profissionais em se tornarem chefes - ganhou destaque.

Hoje, após desistirem de cargos de liderança em determinadas empresas, as pessoas tentam buscar espaços com mais autonomia e que se encaixem com o propósito de vida. Uma das opções é conceituada pela professora Luciana Ferreira como canto da sereia, ou melhor, canto da startup.

“As lideranças acabam procurando oportunidades em startups, principalmente porque entendem que nessas startups elas vão se ver mais contribuintes para o todo. Elas acham que finalmente vão conseguir fazer a diferença, mas nem sempre isso acontece. Também tem muito o desejo de empreender”, comenta.

Ferreira acrescenta que muitos líderes bem-sucedidos optam por se dedicar a projetos de curto prazo em áreas específicas de interesse. “Essas pessoas muito boas não estão preocupadas com empregabilidade porque elas podem fazer isso, mas nem todo mundo pode.”

As alternativas para frear essa falta de líderes no mercado requerem um local e uma cultura de trabalho mais atrativo para os indivíduos. Vale começar com um diagnóstico de cultura organizacional. Se deseja uma liderança que pense fora da caixa e seja arrojada observe se a empresa perpetua uma hierarquia muito definida, em que os funcionários demoram - mais que o normal dentro de um plano de carreira - para galgar cargos e salários.

Tenho feito o convite para as pessoas fazerem curso de improviso e de teatro para que consigam melhorar a habilidade de lidar com aquilo que é inesperado. O teatro é um espaço maravilhoso de desenvolvimento de habilidades socioemocionais, para se permitirem fazer coisas fora da caixa e ganhar um senso de apropriação maior daquilo que buscam

Luciana Ferreira, professora de lideranção da Fundação Dom Cabral

Do outro lado, as lideranças também precisam contribuir para essa mudança, avalia Ferreira. “Não dá para ficar passivamente achando que as empresas vão mudar, é parte da expectativa sobre uma liderança que ela trabalhe com essa transformação.”

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