Home office, presencial ou híbrido: qual o modelo de trabalho das 10 maiores empresas do País


Possibilidade de trabalhar de casa virou quase um pré-requisito para profissionais continuarem nas companhias ou aceitarem uma nova vaga

Por Renée Pereira, Felipe Siqueira e Ludimila Honorato
Atualização:

Mais de dois anos depois do início da pandemia de coronavírus, algumas medidas adotadas de forma emergencial se consolidaram no dia a dia das grandes corporações. O home office, que no início tirou o sossego de empresas e trabalhadores, é uma delas. Levantamento feito pelo Estado com as 10 maiores companhias listadas na B3 mostra que, na volta à normalidade, a maioria optou pelo modelo híbrido (em que o funcionário trabalha alguns dias em casa e outros na empresa) e flexível (sem dias definidos para ir ao escritório) nas áreas administrativas.

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Restrito a poucas empresas até 2020, hoje o home office virou quase que um pré-requisito para os profissionais. Executivos e recrutadores afirmam que a pergunta mais recorrente nas entrevistas de emprego é sobre a possibilidade do trabalho remoto. Os candidatos chegam a desistir de uma vaga se não há essa possibilidade, diz o sócio da 99hunter, Luciano Montezzo. “No mercado de tecnologia, é quase mandatório ter home office; desenvolvedor só quer trabalhar de casa.”

Segundo ele, os líderes até gostariam de trazer os times de volta, pois sabem da importância das trocas presenciais. Mas os funcionários não estão muito afim de voltar. Ao ficarem quase dois anos em home office, os trabalhadores se adaptaram a uma nova rotina e viram que é possível serem produtivos mesmo num trabalho flexível. Agora não querem voltar ao que era antes da pandemia. Um levantamento feito pela empresa de recrutamento Robert Half, com 1.161 profissionais, mostra que 39% dos funcionários buscariam um novo emprego se a empresa onde trabalham decidisse não oferecer uma opção, ao menos, parcialmente remota.

Para Montezzo, trabalhadores chegam a recusar vagas se não houver a opção de home office Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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“A flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório”, diz a diretora de Pessoas da B3, Renata Caffaro. No caso da Bolsa, os funcionários vão três dias ao escritório e trabalham dois dias de casa. Mas o modelo não é linear para todos. No setor de tecnologia, por exemplo, os líderes seguem essa mesma regra e suas equipes fazem apenas dois dias presenciais. Algumas funções específicas dentro de TI, como engenheiros de software, engenheiros de testes e engenheiros de dados, seguem a regra de uma vez por semana presencial.

Na avaliação de Renata, o modelo presencial tem seus benefícios, como o maior aprendizado, sobretudo para os mais jovens de empresa. Mas o home office também traz vantagens. Além de poder ficar mais tempo com a família, há toda a questão da mobilidade urbana e não precisar pegar trânsito todos os dias para ir de casa para o trabalho - fato que pesa bastante para os trabalhadores das grandes cidades.

Por esse motivo, algumas empresas deram aos funcionários e líderes o direito de escolher e definir junto com as equipes os dias de trabalho presencial e o home office. No Bradesco, enquanto as agências mantém o trabalho presencial por causa dos atendimentos, os trabalhadores do escritório têm diferentes possibilidades de trabalho híbrido (dias na semana, semanas alternadas). “Um ponto importante é que os profissionais sejam consultados e possam optar de acordo com as especificidades e possibilidades da área em que atua. É facultado aos funcionários aderir ao modelo oferecido ou permanecer presencialmente”, afirmou o banco.

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Para a instituição, enquanto a atividade remota do modelo híbrido permite contemplar necessidades individuais, a parte presencial é fundamental para o fortalecimento da cultura e do pertencimento por meio da convivência social e relações interpessoais no ambiente de trabalho. “Vale lembrar que para alguns profissionais o presencial é um impulso emocional necessário e inato ao ser humano, pois a interação fortalece o bem-estar.”

Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro

Luciano Montezzo, sócio da 99hunters

Segundo Montezzo, as empresas estão tentando ver o que funciona melhor. Elas sabem que o contato e a presença nos escritórios é importante para aumentar o engajamento, que tem caído muito nos últimos tempos. Também entendem que a criatividade depende da interação. “Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro.”

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Nessa linha, o Itaú Unibanco fez um projeto-piloto para a retomada gradual do trabalho presencial nos escritórios, iniciado em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, definiu três modelos de trabalho para as áreas administrativas: presencial, para funcionários cujas funções demandam presença no banco todos os dias; híbrido, para times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência ou em situações pré-definidas; e flexível, que prevê mais autonomia e liberdade no que diz respeito ao local de trabalho.

Para Renata Caffaro, diretora de Pessoas da B3, flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório Foto: Wanezza Soares

Incentivo

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De acordo com o levantamento da Robert Half, quase 70% dos empregados aprovam o modelo híbrido com idas entre 2 e 4 vezes por semana ao escritório; 9% preferem ir apenas uma vez; e 24% querem ter flexibilidade para ir apenas quando necessário. Do lado das empresas, mesmo adotando modelos mais flexíveis, há o incentivo para os funcionários irem ao escritório alguns dias durante a semana.

Essa é a estratégia da Suzano, que adorou o modelo híbrido. A escolha do dia e da frequência é definida com os gestores de cada equipe. A orientação, no entanto, é que reuniões mais importantes sejam feitas presencialmente. Além disso, a companhia estimula a ida ao escritório de duas ou três vezes por semana.

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Apesar de o home office fazer parte da nova normalidade, há um receio de que ficar longe do escritório possa atrasar ou prejudicar o crescimento do profissional. Por isso, os líderes entendem a importância de rituais e encontros presenciais para aumentar a afinidade entre as equipes. “Com a minha equipe, por exemplo, combino uma reunião uma vez por mês para que possamos nos encontrar”, diz Irina Catta Preta, chefe de RH da Cosan, que adotou o modelo 100% flexível. Segundo ela, alguns profissionais trabalham o tempo todo em home office.

Segundo a Robert Half, para 57% dos recrutadores entrevistados, as companhias para as quais trabalham devem adotar o modelo híbrido de trabalho daqui para a frente. Cerca de 33% indicaram que planejam retornar ao modelo 100% presencial e 10% disseram que permanecerão integralmente em home office. Confira o modelo das outras empresas (além de Itaú, Bradesco e B3) consultadas pelo Estado:

Vale

A empresa adota o modelo de trabalho flexível, em que permite que empregados alternem entre o trabalho remoto e encontros presenciais nos hubs, ou até mesmo visitas restritas e planejadas nas operações. Somente funções operacionais seguirão no presencial para garantir a continuidade operacional do negócio com total segurança.

Eletrobras

Na Eletrobras, coube aos gestores a definição do regime de trabalho do empregado, entre dois modelos: presencial, em que o empregado retorna ao trabalho de forma presencial, todos os dias; e teletrabalho, na qual o empregado trabalha presencialmente até no máximo 11 dias no mês e o restante de forma remota. A definição sobre a quantidade de dias (limitado a 11 dias no mês) e os dias que os empregados deverão comparecer à empresa é uma prerrogativa do gestor. Os modelos estão vigentes desde 3 de janeiro de 2022 e podem ser reavaliados.

Santander

O Santander adota prioritariamente o modelo de trabalho presencial, usando o remoto (híbrido) apenas em algumas áreas, conforme a natureza do trabalho desenvolvido.

Petrobras

Em outubro de 2021, por ocasião do retorno dos colaboradores ao trabalho presencial, a Petrobras implementou o modelo de trabalho híbrido para os empregados em regime administrativo. A flexibilização de regime 100% presencial para modelo híbrido é feita por meio de solicitação do colaborador, que pode exercer suas atividades de forma remota, até três dias por semana. Empregados que não optam pelo teletrabalho atuam presencialmente por cinco dias na semana.

Rede D’Or

Por ser um serviço essencial, os hospitais têm modelo 100% presencial. Isso representa 97% do quadro de pessoas da Rede D’Or São Luiz. A área administrativa, por sua vez, tem escala híbrida organizada em trabalho presencial duas vezes por semana e três vezes de maneira remota.

Ambev

Modelo híbrido para os escritórios com flexibilidade para o funcionário escolher o dia que deseja ir ao escritório.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil adotou o modelo híbrido, sendo até dois dias por semana de atividades remotamente, conforme especificidade de cada unidade. No modelo vigente, o trabalho remoto pode ser realizado por funcionários que não exerçam funções gerenciais e que estejam vinculados a áreas com processos passíveis de serem realizados à distância, desde que atendam a critérios de elegibilidade previamente definidos nas regras do modelo.

Mais de dois anos depois do início da pandemia de coronavírus, algumas medidas adotadas de forma emergencial se consolidaram no dia a dia das grandes corporações. O home office, que no início tirou o sossego de empresas e trabalhadores, é uma delas. Levantamento feito pelo Estado com as 10 maiores companhias listadas na B3 mostra que, na volta à normalidade, a maioria optou pelo modelo híbrido (em que o funcionário trabalha alguns dias em casa e outros na empresa) e flexível (sem dias definidos para ir ao escritório) nas áreas administrativas.

Restrito a poucas empresas até 2020, hoje o home office virou quase que um pré-requisito para os profissionais. Executivos e recrutadores afirmam que a pergunta mais recorrente nas entrevistas de emprego é sobre a possibilidade do trabalho remoto. Os candidatos chegam a desistir de uma vaga se não há essa possibilidade, diz o sócio da 99hunter, Luciano Montezzo. “No mercado de tecnologia, é quase mandatório ter home office; desenvolvedor só quer trabalhar de casa.”

Segundo ele, os líderes até gostariam de trazer os times de volta, pois sabem da importância das trocas presenciais. Mas os funcionários não estão muito afim de voltar. Ao ficarem quase dois anos em home office, os trabalhadores se adaptaram a uma nova rotina e viram que é possível serem produtivos mesmo num trabalho flexível. Agora não querem voltar ao que era antes da pandemia. Um levantamento feito pela empresa de recrutamento Robert Half, com 1.161 profissionais, mostra que 39% dos funcionários buscariam um novo emprego se a empresa onde trabalham decidisse não oferecer uma opção, ao menos, parcialmente remota.

Para Montezzo, trabalhadores chegam a recusar vagas se não houver a opção de home office Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“A flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório”, diz a diretora de Pessoas da B3, Renata Caffaro. No caso da Bolsa, os funcionários vão três dias ao escritório e trabalham dois dias de casa. Mas o modelo não é linear para todos. No setor de tecnologia, por exemplo, os líderes seguem essa mesma regra e suas equipes fazem apenas dois dias presenciais. Algumas funções específicas dentro de TI, como engenheiros de software, engenheiros de testes e engenheiros de dados, seguem a regra de uma vez por semana presencial.

Na avaliação de Renata, o modelo presencial tem seus benefícios, como o maior aprendizado, sobretudo para os mais jovens de empresa. Mas o home office também traz vantagens. Além de poder ficar mais tempo com a família, há toda a questão da mobilidade urbana e não precisar pegar trânsito todos os dias para ir de casa para o trabalho - fato que pesa bastante para os trabalhadores das grandes cidades.

Por esse motivo, algumas empresas deram aos funcionários e líderes o direito de escolher e definir junto com as equipes os dias de trabalho presencial e o home office. No Bradesco, enquanto as agências mantém o trabalho presencial por causa dos atendimentos, os trabalhadores do escritório têm diferentes possibilidades de trabalho híbrido (dias na semana, semanas alternadas). “Um ponto importante é que os profissionais sejam consultados e possam optar de acordo com as especificidades e possibilidades da área em que atua. É facultado aos funcionários aderir ao modelo oferecido ou permanecer presencialmente”, afirmou o banco.

Para a instituição, enquanto a atividade remota do modelo híbrido permite contemplar necessidades individuais, a parte presencial é fundamental para o fortalecimento da cultura e do pertencimento por meio da convivência social e relações interpessoais no ambiente de trabalho. “Vale lembrar que para alguns profissionais o presencial é um impulso emocional necessário e inato ao ser humano, pois a interação fortalece o bem-estar.”

Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro

Luciano Montezzo, sócio da 99hunters

Segundo Montezzo, as empresas estão tentando ver o que funciona melhor. Elas sabem que o contato e a presença nos escritórios é importante para aumentar o engajamento, que tem caído muito nos últimos tempos. Também entendem que a criatividade depende da interação. “Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro.”

Nessa linha, o Itaú Unibanco fez um projeto-piloto para a retomada gradual do trabalho presencial nos escritórios, iniciado em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, definiu três modelos de trabalho para as áreas administrativas: presencial, para funcionários cujas funções demandam presença no banco todos os dias; híbrido, para times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência ou em situações pré-definidas; e flexível, que prevê mais autonomia e liberdade no que diz respeito ao local de trabalho.

Para Renata Caffaro, diretora de Pessoas da B3, flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório Foto: Wanezza Soares

Incentivo

De acordo com o levantamento da Robert Half, quase 70% dos empregados aprovam o modelo híbrido com idas entre 2 e 4 vezes por semana ao escritório; 9% preferem ir apenas uma vez; e 24% querem ter flexibilidade para ir apenas quando necessário. Do lado das empresas, mesmo adotando modelos mais flexíveis, há o incentivo para os funcionários irem ao escritório alguns dias durante a semana.

Essa é a estratégia da Suzano, que adorou o modelo híbrido. A escolha do dia e da frequência é definida com os gestores de cada equipe. A orientação, no entanto, é que reuniões mais importantes sejam feitas presencialmente. Além disso, a companhia estimula a ida ao escritório de duas ou três vezes por semana.

Apesar de o home office fazer parte da nova normalidade, há um receio de que ficar longe do escritório possa atrasar ou prejudicar o crescimento do profissional. Por isso, os líderes entendem a importância de rituais e encontros presenciais para aumentar a afinidade entre as equipes. “Com a minha equipe, por exemplo, combino uma reunião uma vez por mês para que possamos nos encontrar”, diz Irina Catta Preta, chefe de RH da Cosan, que adotou o modelo 100% flexível. Segundo ela, alguns profissionais trabalham o tempo todo em home office.

Segundo a Robert Half, para 57% dos recrutadores entrevistados, as companhias para as quais trabalham devem adotar o modelo híbrido de trabalho daqui para a frente. Cerca de 33% indicaram que planejam retornar ao modelo 100% presencial e 10% disseram que permanecerão integralmente em home office. Confira o modelo das outras empresas (além de Itaú, Bradesco e B3) consultadas pelo Estado:

Vale

A empresa adota o modelo de trabalho flexível, em que permite que empregados alternem entre o trabalho remoto e encontros presenciais nos hubs, ou até mesmo visitas restritas e planejadas nas operações. Somente funções operacionais seguirão no presencial para garantir a continuidade operacional do negócio com total segurança.

Eletrobras

Na Eletrobras, coube aos gestores a definição do regime de trabalho do empregado, entre dois modelos: presencial, em que o empregado retorna ao trabalho de forma presencial, todos os dias; e teletrabalho, na qual o empregado trabalha presencialmente até no máximo 11 dias no mês e o restante de forma remota. A definição sobre a quantidade de dias (limitado a 11 dias no mês) e os dias que os empregados deverão comparecer à empresa é uma prerrogativa do gestor. Os modelos estão vigentes desde 3 de janeiro de 2022 e podem ser reavaliados.

Santander

O Santander adota prioritariamente o modelo de trabalho presencial, usando o remoto (híbrido) apenas em algumas áreas, conforme a natureza do trabalho desenvolvido.

Petrobras

Em outubro de 2021, por ocasião do retorno dos colaboradores ao trabalho presencial, a Petrobras implementou o modelo de trabalho híbrido para os empregados em regime administrativo. A flexibilização de regime 100% presencial para modelo híbrido é feita por meio de solicitação do colaborador, que pode exercer suas atividades de forma remota, até três dias por semana. Empregados que não optam pelo teletrabalho atuam presencialmente por cinco dias na semana.

Rede D’Or

Por ser um serviço essencial, os hospitais têm modelo 100% presencial. Isso representa 97% do quadro de pessoas da Rede D’Or São Luiz. A área administrativa, por sua vez, tem escala híbrida organizada em trabalho presencial duas vezes por semana e três vezes de maneira remota.

Ambev

Modelo híbrido para os escritórios com flexibilidade para o funcionário escolher o dia que deseja ir ao escritório.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil adotou o modelo híbrido, sendo até dois dias por semana de atividades remotamente, conforme especificidade de cada unidade. No modelo vigente, o trabalho remoto pode ser realizado por funcionários que não exerçam funções gerenciais e que estejam vinculados a áreas com processos passíveis de serem realizados à distância, desde que atendam a critérios de elegibilidade previamente definidos nas regras do modelo.

Mais de dois anos depois do início da pandemia de coronavírus, algumas medidas adotadas de forma emergencial se consolidaram no dia a dia das grandes corporações. O home office, que no início tirou o sossego de empresas e trabalhadores, é uma delas. Levantamento feito pelo Estado com as 10 maiores companhias listadas na B3 mostra que, na volta à normalidade, a maioria optou pelo modelo híbrido (em que o funcionário trabalha alguns dias em casa e outros na empresa) e flexível (sem dias definidos para ir ao escritório) nas áreas administrativas.

Restrito a poucas empresas até 2020, hoje o home office virou quase que um pré-requisito para os profissionais. Executivos e recrutadores afirmam que a pergunta mais recorrente nas entrevistas de emprego é sobre a possibilidade do trabalho remoto. Os candidatos chegam a desistir de uma vaga se não há essa possibilidade, diz o sócio da 99hunter, Luciano Montezzo. “No mercado de tecnologia, é quase mandatório ter home office; desenvolvedor só quer trabalhar de casa.”

Segundo ele, os líderes até gostariam de trazer os times de volta, pois sabem da importância das trocas presenciais. Mas os funcionários não estão muito afim de voltar. Ao ficarem quase dois anos em home office, os trabalhadores se adaptaram a uma nova rotina e viram que é possível serem produtivos mesmo num trabalho flexível. Agora não querem voltar ao que era antes da pandemia. Um levantamento feito pela empresa de recrutamento Robert Half, com 1.161 profissionais, mostra que 39% dos funcionários buscariam um novo emprego se a empresa onde trabalham decidisse não oferecer uma opção, ao menos, parcialmente remota.

Para Montezzo, trabalhadores chegam a recusar vagas se não houver a opção de home office Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“A flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório”, diz a diretora de Pessoas da B3, Renata Caffaro. No caso da Bolsa, os funcionários vão três dias ao escritório e trabalham dois dias de casa. Mas o modelo não é linear para todos. No setor de tecnologia, por exemplo, os líderes seguem essa mesma regra e suas equipes fazem apenas dois dias presenciais. Algumas funções específicas dentro de TI, como engenheiros de software, engenheiros de testes e engenheiros de dados, seguem a regra de uma vez por semana presencial.

Na avaliação de Renata, o modelo presencial tem seus benefícios, como o maior aprendizado, sobretudo para os mais jovens de empresa. Mas o home office também traz vantagens. Além de poder ficar mais tempo com a família, há toda a questão da mobilidade urbana e não precisar pegar trânsito todos os dias para ir de casa para o trabalho - fato que pesa bastante para os trabalhadores das grandes cidades.

Por esse motivo, algumas empresas deram aos funcionários e líderes o direito de escolher e definir junto com as equipes os dias de trabalho presencial e o home office. No Bradesco, enquanto as agências mantém o trabalho presencial por causa dos atendimentos, os trabalhadores do escritório têm diferentes possibilidades de trabalho híbrido (dias na semana, semanas alternadas). “Um ponto importante é que os profissionais sejam consultados e possam optar de acordo com as especificidades e possibilidades da área em que atua. É facultado aos funcionários aderir ao modelo oferecido ou permanecer presencialmente”, afirmou o banco.

Para a instituição, enquanto a atividade remota do modelo híbrido permite contemplar necessidades individuais, a parte presencial é fundamental para o fortalecimento da cultura e do pertencimento por meio da convivência social e relações interpessoais no ambiente de trabalho. “Vale lembrar que para alguns profissionais o presencial é um impulso emocional necessário e inato ao ser humano, pois a interação fortalece o bem-estar.”

Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro

Luciano Montezzo, sócio da 99hunters

Segundo Montezzo, as empresas estão tentando ver o que funciona melhor. Elas sabem que o contato e a presença nos escritórios é importante para aumentar o engajamento, que tem caído muito nos últimos tempos. Também entendem que a criatividade depende da interação. “Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro.”

Nessa linha, o Itaú Unibanco fez um projeto-piloto para a retomada gradual do trabalho presencial nos escritórios, iniciado em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, definiu três modelos de trabalho para as áreas administrativas: presencial, para funcionários cujas funções demandam presença no banco todos os dias; híbrido, para times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência ou em situações pré-definidas; e flexível, que prevê mais autonomia e liberdade no que diz respeito ao local de trabalho.

Para Renata Caffaro, diretora de Pessoas da B3, flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório Foto: Wanezza Soares

Incentivo

De acordo com o levantamento da Robert Half, quase 70% dos empregados aprovam o modelo híbrido com idas entre 2 e 4 vezes por semana ao escritório; 9% preferem ir apenas uma vez; e 24% querem ter flexibilidade para ir apenas quando necessário. Do lado das empresas, mesmo adotando modelos mais flexíveis, há o incentivo para os funcionários irem ao escritório alguns dias durante a semana.

Essa é a estratégia da Suzano, que adorou o modelo híbrido. A escolha do dia e da frequência é definida com os gestores de cada equipe. A orientação, no entanto, é que reuniões mais importantes sejam feitas presencialmente. Além disso, a companhia estimula a ida ao escritório de duas ou três vezes por semana.

Apesar de o home office fazer parte da nova normalidade, há um receio de que ficar longe do escritório possa atrasar ou prejudicar o crescimento do profissional. Por isso, os líderes entendem a importância de rituais e encontros presenciais para aumentar a afinidade entre as equipes. “Com a minha equipe, por exemplo, combino uma reunião uma vez por mês para que possamos nos encontrar”, diz Irina Catta Preta, chefe de RH da Cosan, que adotou o modelo 100% flexível. Segundo ela, alguns profissionais trabalham o tempo todo em home office.

Segundo a Robert Half, para 57% dos recrutadores entrevistados, as companhias para as quais trabalham devem adotar o modelo híbrido de trabalho daqui para a frente. Cerca de 33% indicaram que planejam retornar ao modelo 100% presencial e 10% disseram que permanecerão integralmente em home office. Confira o modelo das outras empresas (além de Itaú, Bradesco e B3) consultadas pelo Estado:

Vale

A empresa adota o modelo de trabalho flexível, em que permite que empregados alternem entre o trabalho remoto e encontros presenciais nos hubs, ou até mesmo visitas restritas e planejadas nas operações. Somente funções operacionais seguirão no presencial para garantir a continuidade operacional do negócio com total segurança.

Eletrobras

Na Eletrobras, coube aos gestores a definição do regime de trabalho do empregado, entre dois modelos: presencial, em que o empregado retorna ao trabalho de forma presencial, todos os dias; e teletrabalho, na qual o empregado trabalha presencialmente até no máximo 11 dias no mês e o restante de forma remota. A definição sobre a quantidade de dias (limitado a 11 dias no mês) e os dias que os empregados deverão comparecer à empresa é uma prerrogativa do gestor. Os modelos estão vigentes desde 3 de janeiro de 2022 e podem ser reavaliados.

Santander

O Santander adota prioritariamente o modelo de trabalho presencial, usando o remoto (híbrido) apenas em algumas áreas, conforme a natureza do trabalho desenvolvido.

Petrobras

Em outubro de 2021, por ocasião do retorno dos colaboradores ao trabalho presencial, a Petrobras implementou o modelo de trabalho híbrido para os empregados em regime administrativo. A flexibilização de regime 100% presencial para modelo híbrido é feita por meio de solicitação do colaborador, que pode exercer suas atividades de forma remota, até três dias por semana. Empregados que não optam pelo teletrabalho atuam presencialmente por cinco dias na semana.

Rede D’Or

Por ser um serviço essencial, os hospitais têm modelo 100% presencial. Isso representa 97% do quadro de pessoas da Rede D’Or São Luiz. A área administrativa, por sua vez, tem escala híbrida organizada em trabalho presencial duas vezes por semana e três vezes de maneira remota.

Ambev

Modelo híbrido para os escritórios com flexibilidade para o funcionário escolher o dia que deseja ir ao escritório.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil adotou o modelo híbrido, sendo até dois dias por semana de atividades remotamente, conforme especificidade de cada unidade. No modelo vigente, o trabalho remoto pode ser realizado por funcionários que não exerçam funções gerenciais e que estejam vinculados a áreas com processos passíveis de serem realizados à distância, desde que atendam a critérios de elegibilidade previamente definidos nas regras do modelo.

Mais de dois anos depois do início da pandemia de coronavírus, algumas medidas adotadas de forma emergencial se consolidaram no dia a dia das grandes corporações. O home office, que no início tirou o sossego de empresas e trabalhadores, é uma delas. Levantamento feito pelo Estado com as 10 maiores companhias listadas na B3 mostra que, na volta à normalidade, a maioria optou pelo modelo híbrido (em que o funcionário trabalha alguns dias em casa e outros na empresa) e flexível (sem dias definidos para ir ao escritório) nas áreas administrativas.

Restrito a poucas empresas até 2020, hoje o home office virou quase que um pré-requisito para os profissionais. Executivos e recrutadores afirmam que a pergunta mais recorrente nas entrevistas de emprego é sobre a possibilidade do trabalho remoto. Os candidatos chegam a desistir de uma vaga se não há essa possibilidade, diz o sócio da 99hunter, Luciano Montezzo. “No mercado de tecnologia, é quase mandatório ter home office; desenvolvedor só quer trabalhar de casa.”

Segundo ele, os líderes até gostariam de trazer os times de volta, pois sabem da importância das trocas presenciais. Mas os funcionários não estão muito afim de voltar. Ao ficarem quase dois anos em home office, os trabalhadores se adaptaram a uma nova rotina e viram que é possível serem produtivos mesmo num trabalho flexível. Agora não querem voltar ao que era antes da pandemia. Um levantamento feito pela empresa de recrutamento Robert Half, com 1.161 profissionais, mostra que 39% dos funcionários buscariam um novo emprego se a empresa onde trabalham decidisse não oferecer uma opção, ao menos, parcialmente remota.

Para Montezzo, trabalhadores chegam a recusar vagas se não houver a opção de home office Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“A flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório”, diz a diretora de Pessoas da B3, Renata Caffaro. No caso da Bolsa, os funcionários vão três dias ao escritório e trabalham dois dias de casa. Mas o modelo não é linear para todos. No setor de tecnologia, por exemplo, os líderes seguem essa mesma regra e suas equipes fazem apenas dois dias presenciais. Algumas funções específicas dentro de TI, como engenheiros de software, engenheiros de testes e engenheiros de dados, seguem a regra de uma vez por semana presencial.

Na avaliação de Renata, o modelo presencial tem seus benefícios, como o maior aprendizado, sobretudo para os mais jovens de empresa. Mas o home office também traz vantagens. Além de poder ficar mais tempo com a família, há toda a questão da mobilidade urbana e não precisar pegar trânsito todos os dias para ir de casa para o trabalho - fato que pesa bastante para os trabalhadores das grandes cidades.

Por esse motivo, algumas empresas deram aos funcionários e líderes o direito de escolher e definir junto com as equipes os dias de trabalho presencial e o home office. No Bradesco, enquanto as agências mantém o trabalho presencial por causa dos atendimentos, os trabalhadores do escritório têm diferentes possibilidades de trabalho híbrido (dias na semana, semanas alternadas). “Um ponto importante é que os profissionais sejam consultados e possam optar de acordo com as especificidades e possibilidades da área em que atua. É facultado aos funcionários aderir ao modelo oferecido ou permanecer presencialmente”, afirmou o banco.

Para a instituição, enquanto a atividade remota do modelo híbrido permite contemplar necessidades individuais, a parte presencial é fundamental para o fortalecimento da cultura e do pertencimento por meio da convivência social e relações interpessoais no ambiente de trabalho. “Vale lembrar que para alguns profissionais o presencial é um impulso emocional necessário e inato ao ser humano, pois a interação fortalece o bem-estar.”

Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro

Luciano Montezzo, sócio da 99hunters

Segundo Montezzo, as empresas estão tentando ver o que funciona melhor. Elas sabem que o contato e a presença nos escritórios é importante para aumentar o engajamento, que tem caído muito nos últimos tempos. Também entendem que a criatividade depende da interação. “Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro.”

Nessa linha, o Itaú Unibanco fez um projeto-piloto para a retomada gradual do trabalho presencial nos escritórios, iniciado em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, definiu três modelos de trabalho para as áreas administrativas: presencial, para funcionários cujas funções demandam presença no banco todos os dias; híbrido, para times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência ou em situações pré-definidas; e flexível, que prevê mais autonomia e liberdade no que diz respeito ao local de trabalho.

Para Renata Caffaro, diretora de Pessoas da B3, flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório Foto: Wanezza Soares

Incentivo

De acordo com o levantamento da Robert Half, quase 70% dos empregados aprovam o modelo híbrido com idas entre 2 e 4 vezes por semana ao escritório; 9% preferem ir apenas uma vez; e 24% querem ter flexibilidade para ir apenas quando necessário. Do lado das empresas, mesmo adotando modelos mais flexíveis, há o incentivo para os funcionários irem ao escritório alguns dias durante a semana.

Essa é a estratégia da Suzano, que adorou o modelo híbrido. A escolha do dia e da frequência é definida com os gestores de cada equipe. A orientação, no entanto, é que reuniões mais importantes sejam feitas presencialmente. Além disso, a companhia estimula a ida ao escritório de duas ou três vezes por semana.

Apesar de o home office fazer parte da nova normalidade, há um receio de que ficar longe do escritório possa atrasar ou prejudicar o crescimento do profissional. Por isso, os líderes entendem a importância de rituais e encontros presenciais para aumentar a afinidade entre as equipes. “Com a minha equipe, por exemplo, combino uma reunião uma vez por mês para que possamos nos encontrar”, diz Irina Catta Preta, chefe de RH da Cosan, que adotou o modelo 100% flexível. Segundo ela, alguns profissionais trabalham o tempo todo em home office.

Segundo a Robert Half, para 57% dos recrutadores entrevistados, as companhias para as quais trabalham devem adotar o modelo híbrido de trabalho daqui para a frente. Cerca de 33% indicaram que planejam retornar ao modelo 100% presencial e 10% disseram que permanecerão integralmente em home office. Confira o modelo das outras empresas (além de Itaú, Bradesco e B3) consultadas pelo Estado:

Vale

A empresa adota o modelo de trabalho flexível, em que permite que empregados alternem entre o trabalho remoto e encontros presenciais nos hubs, ou até mesmo visitas restritas e planejadas nas operações. Somente funções operacionais seguirão no presencial para garantir a continuidade operacional do negócio com total segurança.

Eletrobras

Na Eletrobras, coube aos gestores a definição do regime de trabalho do empregado, entre dois modelos: presencial, em que o empregado retorna ao trabalho de forma presencial, todos os dias; e teletrabalho, na qual o empregado trabalha presencialmente até no máximo 11 dias no mês e o restante de forma remota. A definição sobre a quantidade de dias (limitado a 11 dias no mês) e os dias que os empregados deverão comparecer à empresa é uma prerrogativa do gestor. Os modelos estão vigentes desde 3 de janeiro de 2022 e podem ser reavaliados.

Santander

O Santander adota prioritariamente o modelo de trabalho presencial, usando o remoto (híbrido) apenas em algumas áreas, conforme a natureza do trabalho desenvolvido.

Petrobras

Em outubro de 2021, por ocasião do retorno dos colaboradores ao trabalho presencial, a Petrobras implementou o modelo de trabalho híbrido para os empregados em regime administrativo. A flexibilização de regime 100% presencial para modelo híbrido é feita por meio de solicitação do colaborador, que pode exercer suas atividades de forma remota, até três dias por semana. Empregados que não optam pelo teletrabalho atuam presencialmente por cinco dias na semana.

Rede D’Or

Por ser um serviço essencial, os hospitais têm modelo 100% presencial. Isso representa 97% do quadro de pessoas da Rede D’Or São Luiz. A área administrativa, por sua vez, tem escala híbrida organizada em trabalho presencial duas vezes por semana e três vezes de maneira remota.

Ambev

Modelo híbrido para os escritórios com flexibilidade para o funcionário escolher o dia que deseja ir ao escritório.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil adotou o modelo híbrido, sendo até dois dias por semana de atividades remotamente, conforme especificidade de cada unidade. No modelo vigente, o trabalho remoto pode ser realizado por funcionários que não exerçam funções gerenciais e que estejam vinculados a áreas com processos passíveis de serem realizados à distância, desde que atendam a critérios de elegibilidade previamente definidos nas regras do modelo.

Mais de dois anos depois do início da pandemia de coronavírus, algumas medidas adotadas de forma emergencial se consolidaram no dia a dia das grandes corporações. O home office, que no início tirou o sossego de empresas e trabalhadores, é uma delas. Levantamento feito pelo Estado com as 10 maiores companhias listadas na B3 mostra que, na volta à normalidade, a maioria optou pelo modelo híbrido (em que o funcionário trabalha alguns dias em casa e outros na empresa) e flexível (sem dias definidos para ir ao escritório) nas áreas administrativas.

Restrito a poucas empresas até 2020, hoje o home office virou quase que um pré-requisito para os profissionais. Executivos e recrutadores afirmam que a pergunta mais recorrente nas entrevistas de emprego é sobre a possibilidade do trabalho remoto. Os candidatos chegam a desistir de uma vaga se não há essa possibilidade, diz o sócio da 99hunter, Luciano Montezzo. “No mercado de tecnologia, é quase mandatório ter home office; desenvolvedor só quer trabalhar de casa.”

Segundo ele, os líderes até gostariam de trazer os times de volta, pois sabem da importância das trocas presenciais. Mas os funcionários não estão muito afim de voltar. Ao ficarem quase dois anos em home office, os trabalhadores se adaptaram a uma nova rotina e viram que é possível serem produtivos mesmo num trabalho flexível. Agora não querem voltar ao que era antes da pandemia. Um levantamento feito pela empresa de recrutamento Robert Half, com 1.161 profissionais, mostra que 39% dos funcionários buscariam um novo emprego se a empresa onde trabalham decidisse não oferecer uma opção, ao menos, parcialmente remota.

Para Montezzo, trabalhadores chegam a recusar vagas se não houver a opção de home office Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“A flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório”, diz a diretora de Pessoas da B3, Renata Caffaro. No caso da Bolsa, os funcionários vão três dias ao escritório e trabalham dois dias de casa. Mas o modelo não é linear para todos. No setor de tecnologia, por exemplo, os líderes seguem essa mesma regra e suas equipes fazem apenas dois dias presenciais. Algumas funções específicas dentro de TI, como engenheiros de software, engenheiros de testes e engenheiros de dados, seguem a regra de uma vez por semana presencial.

Na avaliação de Renata, o modelo presencial tem seus benefícios, como o maior aprendizado, sobretudo para os mais jovens de empresa. Mas o home office também traz vantagens. Além de poder ficar mais tempo com a família, há toda a questão da mobilidade urbana e não precisar pegar trânsito todos os dias para ir de casa para o trabalho - fato que pesa bastante para os trabalhadores das grandes cidades.

Por esse motivo, algumas empresas deram aos funcionários e líderes o direito de escolher e definir junto com as equipes os dias de trabalho presencial e o home office. No Bradesco, enquanto as agências mantém o trabalho presencial por causa dos atendimentos, os trabalhadores do escritório têm diferentes possibilidades de trabalho híbrido (dias na semana, semanas alternadas). “Um ponto importante é que os profissionais sejam consultados e possam optar de acordo com as especificidades e possibilidades da área em que atua. É facultado aos funcionários aderir ao modelo oferecido ou permanecer presencialmente”, afirmou o banco.

Para a instituição, enquanto a atividade remota do modelo híbrido permite contemplar necessidades individuais, a parte presencial é fundamental para o fortalecimento da cultura e do pertencimento por meio da convivência social e relações interpessoais no ambiente de trabalho. “Vale lembrar que para alguns profissionais o presencial é um impulso emocional necessário e inato ao ser humano, pois a interação fortalece o bem-estar.”

Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro

Luciano Montezzo, sócio da 99hunters

Segundo Montezzo, as empresas estão tentando ver o que funciona melhor. Elas sabem que o contato e a presença nos escritórios é importante para aumentar o engajamento, que tem caído muito nos últimos tempos. Também entendem que a criatividade depende da interação. “Sei de grandes empresas que passaram semanas discutindo sobre o assunto e não conseguiram chegar a conclusão de qual era o melhor formato. Optaram pelo modelo híbrido, mas já avisaram que não sabem como será no futuro.”

Nessa linha, o Itaú Unibanco fez um projeto-piloto para a retomada gradual do trabalho presencial nos escritórios, iniciado em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, definiu três modelos de trabalho para as áreas administrativas: presencial, para funcionários cujas funções demandam presença no banco todos os dias; híbrido, para times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência ou em situações pré-definidas; e flexível, que prevê mais autonomia e liberdade no que diz respeito ao local de trabalho.

Para Renata Caffaro, diretora de Pessoas da B3, flexibilização traz o mais produtivo do remoto e o mais produtivo do escritório Foto: Wanezza Soares

Incentivo

De acordo com o levantamento da Robert Half, quase 70% dos empregados aprovam o modelo híbrido com idas entre 2 e 4 vezes por semana ao escritório; 9% preferem ir apenas uma vez; e 24% querem ter flexibilidade para ir apenas quando necessário. Do lado das empresas, mesmo adotando modelos mais flexíveis, há o incentivo para os funcionários irem ao escritório alguns dias durante a semana.

Essa é a estratégia da Suzano, que adorou o modelo híbrido. A escolha do dia e da frequência é definida com os gestores de cada equipe. A orientação, no entanto, é que reuniões mais importantes sejam feitas presencialmente. Além disso, a companhia estimula a ida ao escritório de duas ou três vezes por semana.

Apesar de o home office fazer parte da nova normalidade, há um receio de que ficar longe do escritório possa atrasar ou prejudicar o crescimento do profissional. Por isso, os líderes entendem a importância de rituais e encontros presenciais para aumentar a afinidade entre as equipes. “Com a minha equipe, por exemplo, combino uma reunião uma vez por mês para que possamos nos encontrar”, diz Irina Catta Preta, chefe de RH da Cosan, que adotou o modelo 100% flexível. Segundo ela, alguns profissionais trabalham o tempo todo em home office.

Segundo a Robert Half, para 57% dos recrutadores entrevistados, as companhias para as quais trabalham devem adotar o modelo híbrido de trabalho daqui para a frente. Cerca de 33% indicaram que planejam retornar ao modelo 100% presencial e 10% disseram que permanecerão integralmente em home office. Confira o modelo das outras empresas (além de Itaú, Bradesco e B3) consultadas pelo Estado:

Vale

A empresa adota o modelo de trabalho flexível, em que permite que empregados alternem entre o trabalho remoto e encontros presenciais nos hubs, ou até mesmo visitas restritas e planejadas nas operações. Somente funções operacionais seguirão no presencial para garantir a continuidade operacional do negócio com total segurança.

Eletrobras

Na Eletrobras, coube aos gestores a definição do regime de trabalho do empregado, entre dois modelos: presencial, em que o empregado retorna ao trabalho de forma presencial, todos os dias; e teletrabalho, na qual o empregado trabalha presencialmente até no máximo 11 dias no mês e o restante de forma remota. A definição sobre a quantidade de dias (limitado a 11 dias no mês) e os dias que os empregados deverão comparecer à empresa é uma prerrogativa do gestor. Os modelos estão vigentes desde 3 de janeiro de 2022 e podem ser reavaliados.

Santander

O Santander adota prioritariamente o modelo de trabalho presencial, usando o remoto (híbrido) apenas em algumas áreas, conforme a natureza do trabalho desenvolvido.

Petrobras

Em outubro de 2021, por ocasião do retorno dos colaboradores ao trabalho presencial, a Petrobras implementou o modelo de trabalho híbrido para os empregados em regime administrativo. A flexibilização de regime 100% presencial para modelo híbrido é feita por meio de solicitação do colaborador, que pode exercer suas atividades de forma remota, até três dias por semana. Empregados que não optam pelo teletrabalho atuam presencialmente por cinco dias na semana.

Rede D’Or

Por ser um serviço essencial, os hospitais têm modelo 100% presencial. Isso representa 97% do quadro de pessoas da Rede D’Or São Luiz. A área administrativa, por sua vez, tem escala híbrida organizada em trabalho presencial duas vezes por semana e três vezes de maneira remota.

Ambev

Modelo híbrido para os escritórios com flexibilidade para o funcionário escolher o dia que deseja ir ao escritório.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil adotou o modelo híbrido, sendo até dois dias por semana de atividades remotamente, conforme especificidade de cada unidade. No modelo vigente, o trabalho remoto pode ser realizado por funcionários que não exerçam funções gerenciais e que estejam vinculados a áreas com processos passíveis de serem realizados à distância, desde que atendam a critérios de elegibilidade previamente definidos nas regras do modelo.

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