Neuroarquitetura ajuda a transformar espaços de trabalho para os novos tempos


Ambientes com diferentes cores e texturas estimulam integração em empresas como Pepsico e CondoConta; altura de pé-direito e vegetação afetam percepções e bem-estar

Por Ludimila Honorato

Com a volta ao trabalho presencial, algumas empresas recorrem à neuroarquitetura para criar ambientes instigantes, com o conforto e a segurança que o home office permitiu por tanto tempo. Formas, cores e texturas são usadas para estimular criatividade, integração entre as pessoas e bem-estar do funcionário, uma proposta que também reflete e fortalece a cultura das companhias.

Aliar neurociência à arquitetura é agregar e dar valor científico ao que, antes, os arquitetos faziam intuitivamente. “Agora, não só o comportamento das pessoas no espaço está sendo estudado, mas também como o espaço afeta o comportamento das pessoas ao longo do tempo, como a memória e as sensações de bem-estar melhoram”, diz Mainara Avelino, arquiteta do escritório Spaceplan, que atua há 25 anos com foco no corporativo.

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Em qualquer ambiente, os elementos utilizados podem despertar gatilhos positivos ou negativos. “Uma das coisas que a neuroarquitetura ajuda a entender é que, de certa forma, temos algumas necessidades em relação ao ambiente, nem sempre conscientes, que ele pode nos ajudar a cumprir”, explica Andréa de Paiva, arquiteta especialista em neuroarquitetura e idealizadora do projeto Neuro AU.

É por isso que, nas organizações, a ideia é que os projetos auxiliem também nas atividades dos profissionais. “Um espaço menor com pé direito baixo ajuda na concentração. Um espaço amplo, sem forro, com bastante iluminação e cores auxilia na socialização, na criatividade”, exemplifica Mainara. Ao mesmo tempo, esses componentes guiam o comportamento das pessoas de acordo com a situação: mais silenciosas nos espaços menores e com poucas informações, mais expansivas em ambientes abertos e coloridos. 

Escritório da PepsiCo, em São Paulo, foi reformado com base na neuroarquitetura para promover ambiente aberto de integração. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana
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Na promoção do bem-estar, destaca-se o uso de plantas, madeira, iluminação e texturas naturais para invocar a biofilia, ou seja, a integração do ser humano com a natureza. Ter uma vista do ambiente externo ao prédio também é indicado, comenta a arquiteta do Spaceplan. “A pessoa ter consciência se está frio lá fora, noite ou dia, para ter noção do ciclo circadiano, faz ela se sentir melhor e agrega no bem-estar.”

Andréa cita um estudo da década de 1980 feito em um hospital onde pacientes internados em quartos com vista para a paisagem natural se recuperaram mais rápido e sentiram menos dor do que aqueles sem exposição ao ambiente externo. “Outros estudos indicam que a ausência de natureza, no longo prazo, pode ser nociva, porque ela ajuda a controlar níveis de estresse, de modo geral.”

Reforço de marca

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A neuroarquitetura também permite comunicar a cultura da empresa e fortalecer a marca para os colaboradores. Um exemplo é o escritório da PepsiCo, em São Paulo, que foi reformado e reaberto em março deste ano. A decoração remete a produtos da marca, como cookies, coco verde e linhas paralelas em tom amarelo que lembram uma batata ondulada. Essa sugestão, inclusive, veio dos próprios funcionários, que foram ouvidos acerca do que gostavam no escritório antes da pandemia e o que gostariam que tivesse ali.

Os espaços de convivência são amplos, com muita iluminação natural, cores e assentos em formatos e materiais diversos, como tecido e madeira. “Nossa cultura é aberta, com pouca hierarquia e isso está refletido nos ambientes, que são dinâmicos, trazem alergia e poucas estações de trabalho. Deixamos espaços abertos de criação e colaboração para reforçar esse elo da cultura”, diz Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da companhia.

Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da PepsiCo, diz que os espaços refletem o elo com a cultura da organização. Foto: Patrícia Zequeto
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Ele percebe que os momentos de criação fluem melhor presencialmente no novo espaço, bem como a construção de projetos com clientes e parceiros. Andréa de Paiva, que prestou consultoria no projeto da PepsiCo pelo escritório Athié Wohnrath, cita algumas soluções que justificam essa mudança.

“Tem diferentes tipos de espaços para gerar diferentes tipos de encontros: ambiente para reunião completa, encontro informal na copa, a possibilidade de encontrar uma pessoa no corredor e sentar ali perto para trocar uma ideia rápida”, diz. Ambientes privados e silenciosos também foram elaborados, bem como o uso de mobiliário diversificado, com e sem encosto, de madeira ou tecido, para estimular a movimentação do corpo, uma vez que ficamos mais sedentários no home office.

Nave espacial e mesa triangular

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Para inspirar criatividade e inovação, o banco digital para condomínios CondoConta inaugurou no começo do ano uma sala com cara de nave espacial na sede, em Florianópolis. A irreverência surpreendeu os funcionários que desejavam trabalhar presencialmente e atraiu até quem atua remotamente em outro Estado, que viaja uma vez por mês para vivenciar o local.

O banco digital para condomínios CondoConta reformou uma das salas com o tema de nave espacial, proposta que atraiu funcionários de outros Estados. Foto: Andressa Sachetti

O projeto foi assinado pela designer de interiores Myrella Masseli, que investiu em cores e formatos que despertam também alegria e descontração, como círculos, triângulos e ondas. Rodrigo Della Rocca, CEO e cofundador da startup, diz que a ideia veio da analogia entre a empresa e um foguete, pois avança rápido, tem time unido e desafios a transpor.

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O ambiente comporta até 20 pessoas, tem uma grande tela projetando uma vista do espaço sideral, mesas e cadeiras semelhantes às dos filmes de ficção e iluminação em led predominantemente azul. A transformação deu resultado. “O principal ponto que percebi do time todo foi engajamento entre as áreas, que é o maior desafio para empresas de tecnologia”, diz o executivo.

“Quando a gente traz um ambiente sem parede, sem lugar definido, com maior integração, as áreas de diferentes formações e culturas foram se integrando. Quem é extremamente técnico se interessou por negócio e quem é de negócio se interessou pela área técnica”, completa. A empresa, instalada dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), tem mais duas salas que receberam características de condomínios, e os times se intercalam para usar a “nave espacial”.

Tanto o CondoConta quanto a PepsiCo usam mesas triangulares com cantos arredondados. “Quando tem escritório muito ortogonal (com ângulos retos), dá sensação de maior rigidez, então quando quebra essas formas com formas orgânicas, diagonais, ajuda a trazer maior flexibilidade, criatividade e integrar mais as pessoas”, explica Mainara. O formato também rompe a ideia de hierarquia e de lideranças que sentam nas pontas do móvel.

Mesas com formatos variados, sem ângulos retos, valorizam a sensação de fluidez e flexibilidade. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

As mudanças possibilitadas pela neuroarquitetura estão conectadas aos novos tempos de flexibilidade, trabalho híbrido e bem-estar pessoal e profissional. “Estamos mudando a forma de usar esses espaços e a consequência é que eles vão nos afetar de forma diferente. A neuroarquitetura tem muito a contribuir para essa criação de nova estratégia”, comenta Andréa, que destaca que a maioria dos efeitos positivos são vistos no longo prazo.

Fabio Barbagli conta que o escritório da PepsiCo tem quatro propósitos: conexão, criação, colaboração e celebração. Um detalhe que o executivo aponta na reforma é a localização da área do café: antes, ficava escondida no fundo do escritório; agora, está na área nobre, perto da entrada e de janelas.

“Isso reforça nosso traço cultural, um ambiente de flexibilidade, liberdade e autonomia”, ele diz. E como a ideia é o funcionário ir quando e como quiser, para se sentir à vontade, o dress code caiu por terra e agora vale desde bermuda e chinelo até terno e gravata.

Com a volta ao trabalho presencial, algumas empresas recorrem à neuroarquitetura para criar ambientes instigantes, com o conforto e a segurança que o home office permitiu por tanto tempo. Formas, cores e texturas são usadas para estimular criatividade, integração entre as pessoas e bem-estar do funcionário, uma proposta que também reflete e fortalece a cultura das companhias.

Aliar neurociência à arquitetura é agregar e dar valor científico ao que, antes, os arquitetos faziam intuitivamente. “Agora, não só o comportamento das pessoas no espaço está sendo estudado, mas também como o espaço afeta o comportamento das pessoas ao longo do tempo, como a memória e as sensações de bem-estar melhoram”, diz Mainara Avelino, arquiteta do escritório Spaceplan, que atua há 25 anos com foco no corporativo.

Em qualquer ambiente, os elementos utilizados podem despertar gatilhos positivos ou negativos. “Uma das coisas que a neuroarquitetura ajuda a entender é que, de certa forma, temos algumas necessidades em relação ao ambiente, nem sempre conscientes, que ele pode nos ajudar a cumprir”, explica Andréa de Paiva, arquiteta especialista em neuroarquitetura e idealizadora do projeto Neuro AU.

É por isso que, nas organizações, a ideia é que os projetos auxiliem também nas atividades dos profissionais. “Um espaço menor com pé direito baixo ajuda na concentração. Um espaço amplo, sem forro, com bastante iluminação e cores auxilia na socialização, na criatividade”, exemplifica Mainara. Ao mesmo tempo, esses componentes guiam o comportamento das pessoas de acordo com a situação: mais silenciosas nos espaços menores e com poucas informações, mais expansivas em ambientes abertos e coloridos. 

Escritório da PepsiCo, em São Paulo, foi reformado com base na neuroarquitetura para promover ambiente aberto de integração. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

Na promoção do bem-estar, destaca-se o uso de plantas, madeira, iluminação e texturas naturais para invocar a biofilia, ou seja, a integração do ser humano com a natureza. Ter uma vista do ambiente externo ao prédio também é indicado, comenta a arquiteta do Spaceplan. “A pessoa ter consciência se está frio lá fora, noite ou dia, para ter noção do ciclo circadiano, faz ela se sentir melhor e agrega no bem-estar.”

Andréa cita um estudo da década de 1980 feito em um hospital onde pacientes internados em quartos com vista para a paisagem natural se recuperaram mais rápido e sentiram menos dor do que aqueles sem exposição ao ambiente externo. “Outros estudos indicam que a ausência de natureza, no longo prazo, pode ser nociva, porque ela ajuda a controlar níveis de estresse, de modo geral.”

Reforço de marca

A neuroarquitetura também permite comunicar a cultura da empresa e fortalecer a marca para os colaboradores. Um exemplo é o escritório da PepsiCo, em São Paulo, que foi reformado e reaberto em março deste ano. A decoração remete a produtos da marca, como cookies, coco verde e linhas paralelas em tom amarelo que lembram uma batata ondulada. Essa sugestão, inclusive, veio dos próprios funcionários, que foram ouvidos acerca do que gostavam no escritório antes da pandemia e o que gostariam que tivesse ali.

Os espaços de convivência são amplos, com muita iluminação natural, cores e assentos em formatos e materiais diversos, como tecido e madeira. “Nossa cultura é aberta, com pouca hierarquia e isso está refletido nos ambientes, que são dinâmicos, trazem alergia e poucas estações de trabalho. Deixamos espaços abertos de criação e colaboração para reforçar esse elo da cultura”, diz Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da companhia.

Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da PepsiCo, diz que os espaços refletem o elo com a cultura da organização. Foto: Patrícia Zequeto

Ele percebe que os momentos de criação fluem melhor presencialmente no novo espaço, bem como a construção de projetos com clientes e parceiros. Andréa de Paiva, que prestou consultoria no projeto da PepsiCo pelo escritório Athié Wohnrath, cita algumas soluções que justificam essa mudança.

“Tem diferentes tipos de espaços para gerar diferentes tipos de encontros: ambiente para reunião completa, encontro informal na copa, a possibilidade de encontrar uma pessoa no corredor e sentar ali perto para trocar uma ideia rápida”, diz. Ambientes privados e silenciosos também foram elaborados, bem como o uso de mobiliário diversificado, com e sem encosto, de madeira ou tecido, para estimular a movimentação do corpo, uma vez que ficamos mais sedentários no home office.

Nave espacial e mesa triangular

Para inspirar criatividade e inovação, o banco digital para condomínios CondoConta inaugurou no começo do ano uma sala com cara de nave espacial na sede, em Florianópolis. A irreverência surpreendeu os funcionários que desejavam trabalhar presencialmente e atraiu até quem atua remotamente em outro Estado, que viaja uma vez por mês para vivenciar o local.

O banco digital para condomínios CondoConta reformou uma das salas com o tema de nave espacial, proposta que atraiu funcionários de outros Estados. Foto: Andressa Sachetti

O projeto foi assinado pela designer de interiores Myrella Masseli, que investiu em cores e formatos que despertam também alegria e descontração, como círculos, triângulos e ondas. Rodrigo Della Rocca, CEO e cofundador da startup, diz que a ideia veio da analogia entre a empresa e um foguete, pois avança rápido, tem time unido e desafios a transpor.

O ambiente comporta até 20 pessoas, tem uma grande tela projetando uma vista do espaço sideral, mesas e cadeiras semelhantes às dos filmes de ficção e iluminação em led predominantemente azul. A transformação deu resultado. “O principal ponto que percebi do time todo foi engajamento entre as áreas, que é o maior desafio para empresas de tecnologia”, diz o executivo.

“Quando a gente traz um ambiente sem parede, sem lugar definido, com maior integração, as áreas de diferentes formações e culturas foram se integrando. Quem é extremamente técnico se interessou por negócio e quem é de negócio se interessou pela área técnica”, completa. A empresa, instalada dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), tem mais duas salas que receberam características de condomínios, e os times se intercalam para usar a “nave espacial”.

Tanto o CondoConta quanto a PepsiCo usam mesas triangulares com cantos arredondados. “Quando tem escritório muito ortogonal (com ângulos retos), dá sensação de maior rigidez, então quando quebra essas formas com formas orgânicas, diagonais, ajuda a trazer maior flexibilidade, criatividade e integrar mais as pessoas”, explica Mainara. O formato também rompe a ideia de hierarquia e de lideranças que sentam nas pontas do móvel.

Mesas com formatos variados, sem ângulos retos, valorizam a sensação de fluidez e flexibilidade. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

As mudanças possibilitadas pela neuroarquitetura estão conectadas aos novos tempos de flexibilidade, trabalho híbrido e bem-estar pessoal e profissional. “Estamos mudando a forma de usar esses espaços e a consequência é que eles vão nos afetar de forma diferente. A neuroarquitetura tem muito a contribuir para essa criação de nova estratégia”, comenta Andréa, que destaca que a maioria dos efeitos positivos são vistos no longo prazo.

Fabio Barbagli conta que o escritório da PepsiCo tem quatro propósitos: conexão, criação, colaboração e celebração. Um detalhe que o executivo aponta na reforma é a localização da área do café: antes, ficava escondida no fundo do escritório; agora, está na área nobre, perto da entrada e de janelas.

“Isso reforça nosso traço cultural, um ambiente de flexibilidade, liberdade e autonomia”, ele diz. E como a ideia é o funcionário ir quando e como quiser, para se sentir à vontade, o dress code caiu por terra e agora vale desde bermuda e chinelo até terno e gravata.

Com a volta ao trabalho presencial, algumas empresas recorrem à neuroarquitetura para criar ambientes instigantes, com o conforto e a segurança que o home office permitiu por tanto tempo. Formas, cores e texturas são usadas para estimular criatividade, integração entre as pessoas e bem-estar do funcionário, uma proposta que também reflete e fortalece a cultura das companhias.

Aliar neurociência à arquitetura é agregar e dar valor científico ao que, antes, os arquitetos faziam intuitivamente. “Agora, não só o comportamento das pessoas no espaço está sendo estudado, mas também como o espaço afeta o comportamento das pessoas ao longo do tempo, como a memória e as sensações de bem-estar melhoram”, diz Mainara Avelino, arquiteta do escritório Spaceplan, que atua há 25 anos com foco no corporativo.

Em qualquer ambiente, os elementos utilizados podem despertar gatilhos positivos ou negativos. “Uma das coisas que a neuroarquitetura ajuda a entender é que, de certa forma, temos algumas necessidades em relação ao ambiente, nem sempre conscientes, que ele pode nos ajudar a cumprir”, explica Andréa de Paiva, arquiteta especialista em neuroarquitetura e idealizadora do projeto Neuro AU.

É por isso que, nas organizações, a ideia é que os projetos auxiliem também nas atividades dos profissionais. “Um espaço menor com pé direito baixo ajuda na concentração. Um espaço amplo, sem forro, com bastante iluminação e cores auxilia na socialização, na criatividade”, exemplifica Mainara. Ao mesmo tempo, esses componentes guiam o comportamento das pessoas de acordo com a situação: mais silenciosas nos espaços menores e com poucas informações, mais expansivas em ambientes abertos e coloridos. 

Escritório da PepsiCo, em São Paulo, foi reformado com base na neuroarquitetura para promover ambiente aberto de integração. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

Na promoção do bem-estar, destaca-se o uso de plantas, madeira, iluminação e texturas naturais para invocar a biofilia, ou seja, a integração do ser humano com a natureza. Ter uma vista do ambiente externo ao prédio também é indicado, comenta a arquiteta do Spaceplan. “A pessoa ter consciência se está frio lá fora, noite ou dia, para ter noção do ciclo circadiano, faz ela se sentir melhor e agrega no bem-estar.”

Andréa cita um estudo da década de 1980 feito em um hospital onde pacientes internados em quartos com vista para a paisagem natural se recuperaram mais rápido e sentiram menos dor do que aqueles sem exposição ao ambiente externo. “Outros estudos indicam que a ausência de natureza, no longo prazo, pode ser nociva, porque ela ajuda a controlar níveis de estresse, de modo geral.”

Reforço de marca

A neuroarquitetura também permite comunicar a cultura da empresa e fortalecer a marca para os colaboradores. Um exemplo é o escritório da PepsiCo, em São Paulo, que foi reformado e reaberto em março deste ano. A decoração remete a produtos da marca, como cookies, coco verde e linhas paralelas em tom amarelo que lembram uma batata ondulada. Essa sugestão, inclusive, veio dos próprios funcionários, que foram ouvidos acerca do que gostavam no escritório antes da pandemia e o que gostariam que tivesse ali.

Os espaços de convivência são amplos, com muita iluminação natural, cores e assentos em formatos e materiais diversos, como tecido e madeira. “Nossa cultura é aberta, com pouca hierarquia e isso está refletido nos ambientes, que são dinâmicos, trazem alergia e poucas estações de trabalho. Deixamos espaços abertos de criação e colaboração para reforçar esse elo da cultura”, diz Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da companhia.

Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da PepsiCo, diz que os espaços refletem o elo com a cultura da organização. Foto: Patrícia Zequeto

Ele percebe que os momentos de criação fluem melhor presencialmente no novo espaço, bem como a construção de projetos com clientes e parceiros. Andréa de Paiva, que prestou consultoria no projeto da PepsiCo pelo escritório Athié Wohnrath, cita algumas soluções que justificam essa mudança.

“Tem diferentes tipos de espaços para gerar diferentes tipos de encontros: ambiente para reunião completa, encontro informal na copa, a possibilidade de encontrar uma pessoa no corredor e sentar ali perto para trocar uma ideia rápida”, diz. Ambientes privados e silenciosos também foram elaborados, bem como o uso de mobiliário diversificado, com e sem encosto, de madeira ou tecido, para estimular a movimentação do corpo, uma vez que ficamos mais sedentários no home office.

Nave espacial e mesa triangular

Para inspirar criatividade e inovação, o banco digital para condomínios CondoConta inaugurou no começo do ano uma sala com cara de nave espacial na sede, em Florianópolis. A irreverência surpreendeu os funcionários que desejavam trabalhar presencialmente e atraiu até quem atua remotamente em outro Estado, que viaja uma vez por mês para vivenciar o local.

O banco digital para condomínios CondoConta reformou uma das salas com o tema de nave espacial, proposta que atraiu funcionários de outros Estados. Foto: Andressa Sachetti

O projeto foi assinado pela designer de interiores Myrella Masseli, que investiu em cores e formatos que despertam também alegria e descontração, como círculos, triângulos e ondas. Rodrigo Della Rocca, CEO e cofundador da startup, diz que a ideia veio da analogia entre a empresa e um foguete, pois avança rápido, tem time unido e desafios a transpor.

O ambiente comporta até 20 pessoas, tem uma grande tela projetando uma vista do espaço sideral, mesas e cadeiras semelhantes às dos filmes de ficção e iluminação em led predominantemente azul. A transformação deu resultado. “O principal ponto que percebi do time todo foi engajamento entre as áreas, que é o maior desafio para empresas de tecnologia”, diz o executivo.

“Quando a gente traz um ambiente sem parede, sem lugar definido, com maior integração, as áreas de diferentes formações e culturas foram se integrando. Quem é extremamente técnico se interessou por negócio e quem é de negócio se interessou pela área técnica”, completa. A empresa, instalada dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), tem mais duas salas que receberam características de condomínios, e os times se intercalam para usar a “nave espacial”.

Tanto o CondoConta quanto a PepsiCo usam mesas triangulares com cantos arredondados. “Quando tem escritório muito ortogonal (com ângulos retos), dá sensação de maior rigidez, então quando quebra essas formas com formas orgânicas, diagonais, ajuda a trazer maior flexibilidade, criatividade e integrar mais as pessoas”, explica Mainara. O formato também rompe a ideia de hierarquia e de lideranças que sentam nas pontas do móvel.

Mesas com formatos variados, sem ângulos retos, valorizam a sensação de fluidez e flexibilidade. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

As mudanças possibilitadas pela neuroarquitetura estão conectadas aos novos tempos de flexibilidade, trabalho híbrido e bem-estar pessoal e profissional. “Estamos mudando a forma de usar esses espaços e a consequência é que eles vão nos afetar de forma diferente. A neuroarquitetura tem muito a contribuir para essa criação de nova estratégia”, comenta Andréa, que destaca que a maioria dos efeitos positivos são vistos no longo prazo.

Fabio Barbagli conta que o escritório da PepsiCo tem quatro propósitos: conexão, criação, colaboração e celebração. Um detalhe que o executivo aponta na reforma é a localização da área do café: antes, ficava escondida no fundo do escritório; agora, está na área nobre, perto da entrada e de janelas.

“Isso reforça nosso traço cultural, um ambiente de flexibilidade, liberdade e autonomia”, ele diz. E como a ideia é o funcionário ir quando e como quiser, para se sentir à vontade, o dress code caiu por terra e agora vale desde bermuda e chinelo até terno e gravata.

Com a volta ao trabalho presencial, algumas empresas recorrem à neuroarquitetura para criar ambientes instigantes, com o conforto e a segurança que o home office permitiu por tanto tempo. Formas, cores e texturas são usadas para estimular criatividade, integração entre as pessoas e bem-estar do funcionário, uma proposta que também reflete e fortalece a cultura das companhias.

Aliar neurociência à arquitetura é agregar e dar valor científico ao que, antes, os arquitetos faziam intuitivamente. “Agora, não só o comportamento das pessoas no espaço está sendo estudado, mas também como o espaço afeta o comportamento das pessoas ao longo do tempo, como a memória e as sensações de bem-estar melhoram”, diz Mainara Avelino, arquiteta do escritório Spaceplan, que atua há 25 anos com foco no corporativo.

Em qualquer ambiente, os elementos utilizados podem despertar gatilhos positivos ou negativos. “Uma das coisas que a neuroarquitetura ajuda a entender é que, de certa forma, temos algumas necessidades em relação ao ambiente, nem sempre conscientes, que ele pode nos ajudar a cumprir”, explica Andréa de Paiva, arquiteta especialista em neuroarquitetura e idealizadora do projeto Neuro AU.

É por isso que, nas organizações, a ideia é que os projetos auxiliem também nas atividades dos profissionais. “Um espaço menor com pé direito baixo ajuda na concentração. Um espaço amplo, sem forro, com bastante iluminação e cores auxilia na socialização, na criatividade”, exemplifica Mainara. Ao mesmo tempo, esses componentes guiam o comportamento das pessoas de acordo com a situação: mais silenciosas nos espaços menores e com poucas informações, mais expansivas em ambientes abertos e coloridos. 

Escritório da PepsiCo, em São Paulo, foi reformado com base na neuroarquitetura para promover ambiente aberto de integração. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

Na promoção do bem-estar, destaca-se o uso de plantas, madeira, iluminação e texturas naturais para invocar a biofilia, ou seja, a integração do ser humano com a natureza. Ter uma vista do ambiente externo ao prédio também é indicado, comenta a arquiteta do Spaceplan. “A pessoa ter consciência se está frio lá fora, noite ou dia, para ter noção do ciclo circadiano, faz ela se sentir melhor e agrega no bem-estar.”

Andréa cita um estudo da década de 1980 feito em um hospital onde pacientes internados em quartos com vista para a paisagem natural se recuperaram mais rápido e sentiram menos dor do que aqueles sem exposição ao ambiente externo. “Outros estudos indicam que a ausência de natureza, no longo prazo, pode ser nociva, porque ela ajuda a controlar níveis de estresse, de modo geral.”

Reforço de marca

A neuroarquitetura também permite comunicar a cultura da empresa e fortalecer a marca para os colaboradores. Um exemplo é o escritório da PepsiCo, em São Paulo, que foi reformado e reaberto em março deste ano. A decoração remete a produtos da marca, como cookies, coco verde e linhas paralelas em tom amarelo que lembram uma batata ondulada. Essa sugestão, inclusive, veio dos próprios funcionários, que foram ouvidos acerca do que gostavam no escritório antes da pandemia e o que gostariam que tivesse ali.

Os espaços de convivência são amplos, com muita iluminação natural, cores e assentos em formatos e materiais diversos, como tecido e madeira. “Nossa cultura é aberta, com pouca hierarquia e isso está refletido nos ambientes, que são dinâmicos, trazem alergia e poucas estações de trabalho. Deixamos espaços abertos de criação e colaboração para reforçar esse elo da cultura”, diz Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da companhia.

Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da PepsiCo, diz que os espaços refletem o elo com a cultura da organização. Foto: Patrícia Zequeto

Ele percebe que os momentos de criação fluem melhor presencialmente no novo espaço, bem como a construção de projetos com clientes e parceiros. Andréa de Paiva, que prestou consultoria no projeto da PepsiCo pelo escritório Athié Wohnrath, cita algumas soluções que justificam essa mudança.

“Tem diferentes tipos de espaços para gerar diferentes tipos de encontros: ambiente para reunião completa, encontro informal na copa, a possibilidade de encontrar uma pessoa no corredor e sentar ali perto para trocar uma ideia rápida”, diz. Ambientes privados e silenciosos também foram elaborados, bem como o uso de mobiliário diversificado, com e sem encosto, de madeira ou tecido, para estimular a movimentação do corpo, uma vez que ficamos mais sedentários no home office.

Nave espacial e mesa triangular

Para inspirar criatividade e inovação, o banco digital para condomínios CondoConta inaugurou no começo do ano uma sala com cara de nave espacial na sede, em Florianópolis. A irreverência surpreendeu os funcionários que desejavam trabalhar presencialmente e atraiu até quem atua remotamente em outro Estado, que viaja uma vez por mês para vivenciar o local.

O banco digital para condomínios CondoConta reformou uma das salas com o tema de nave espacial, proposta que atraiu funcionários de outros Estados. Foto: Andressa Sachetti

O projeto foi assinado pela designer de interiores Myrella Masseli, que investiu em cores e formatos que despertam também alegria e descontração, como círculos, triângulos e ondas. Rodrigo Della Rocca, CEO e cofundador da startup, diz que a ideia veio da analogia entre a empresa e um foguete, pois avança rápido, tem time unido e desafios a transpor.

O ambiente comporta até 20 pessoas, tem uma grande tela projetando uma vista do espaço sideral, mesas e cadeiras semelhantes às dos filmes de ficção e iluminação em led predominantemente azul. A transformação deu resultado. “O principal ponto que percebi do time todo foi engajamento entre as áreas, que é o maior desafio para empresas de tecnologia”, diz o executivo.

“Quando a gente traz um ambiente sem parede, sem lugar definido, com maior integração, as áreas de diferentes formações e culturas foram se integrando. Quem é extremamente técnico se interessou por negócio e quem é de negócio se interessou pela área técnica”, completa. A empresa, instalada dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), tem mais duas salas que receberam características de condomínios, e os times se intercalam para usar a “nave espacial”.

Tanto o CondoConta quanto a PepsiCo usam mesas triangulares com cantos arredondados. “Quando tem escritório muito ortogonal (com ângulos retos), dá sensação de maior rigidez, então quando quebra essas formas com formas orgânicas, diagonais, ajuda a trazer maior flexibilidade, criatividade e integrar mais as pessoas”, explica Mainara. O formato também rompe a ideia de hierarquia e de lideranças que sentam nas pontas do móvel.

Mesas com formatos variados, sem ângulos retos, valorizam a sensação de fluidez e flexibilidade. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

As mudanças possibilitadas pela neuroarquitetura estão conectadas aos novos tempos de flexibilidade, trabalho híbrido e bem-estar pessoal e profissional. “Estamos mudando a forma de usar esses espaços e a consequência é que eles vão nos afetar de forma diferente. A neuroarquitetura tem muito a contribuir para essa criação de nova estratégia”, comenta Andréa, que destaca que a maioria dos efeitos positivos são vistos no longo prazo.

Fabio Barbagli conta que o escritório da PepsiCo tem quatro propósitos: conexão, criação, colaboração e celebração. Um detalhe que o executivo aponta na reforma é a localização da área do café: antes, ficava escondida no fundo do escritório; agora, está na área nobre, perto da entrada e de janelas.

“Isso reforça nosso traço cultural, um ambiente de flexibilidade, liberdade e autonomia”, ele diz. E como a ideia é o funcionário ir quando e como quiser, para se sentir à vontade, o dress code caiu por terra e agora vale desde bermuda e chinelo até terno e gravata.

Com a volta ao trabalho presencial, algumas empresas recorrem à neuroarquitetura para criar ambientes instigantes, com o conforto e a segurança que o home office permitiu por tanto tempo. Formas, cores e texturas são usadas para estimular criatividade, integração entre as pessoas e bem-estar do funcionário, uma proposta que também reflete e fortalece a cultura das companhias.

Aliar neurociência à arquitetura é agregar e dar valor científico ao que, antes, os arquitetos faziam intuitivamente. “Agora, não só o comportamento das pessoas no espaço está sendo estudado, mas também como o espaço afeta o comportamento das pessoas ao longo do tempo, como a memória e as sensações de bem-estar melhoram”, diz Mainara Avelino, arquiteta do escritório Spaceplan, que atua há 25 anos com foco no corporativo.

Em qualquer ambiente, os elementos utilizados podem despertar gatilhos positivos ou negativos. “Uma das coisas que a neuroarquitetura ajuda a entender é que, de certa forma, temos algumas necessidades em relação ao ambiente, nem sempre conscientes, que ele pode nos ajudar a cumprir”, explica Andréa de Paiva, arquiteta especialista em neuroarquitetura e idealizadora do projeto Neuro AU.

É por isso que, nas organizações, a ideia é que os projetos auxiliem também nas atividades dos profissionais. “Um espaço menor com pé direito baixo ajuda na concentração. Um espaço amplo, sem forro, com bastante iluminação e cores auxilia na socialização, na criatividade”, exemplifica Mainara. Ao mesmo tempo, esses componentes guiam o comportamento das pessoas de acordo com a situação: mais silenciosas nos espaços menores e com poucas informações, mais expansivas em ambientes abertos e coloridos. 

Escritório da PepsiCo, em São Paulo, foi reformado com base na neuroarquitetura para promover ambiente aberto de integração. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

Na promoção do bem-estar, destaca-se o uso de plantas, madeira, iluminação e texturas naturais para invocar a biofilia, ou seja, a integração do ser humano com a natureza. Ter uma vista do ambiente externo ao prédio também é indicado, comenta a arquiteta do Spaceplan. “A pessoa ter consciência se está frio lá fora, noite ou dia, para ter noção do ciclo circadiano, faz ela se sentir melhor e agrega no bem-estar.”

Andréa cita um estudo da década de 1980 feito em um hospital onde pacientes internados em quartos com vista para a paisagem natural se recuperaram mais rápido e sentiram menos dor do que aqueles sem exposição ao ambiente externo. “Outros estudos indicam que a ausência de natureza, no longo prazo, pode ser nociva, porque ela ajuda a controlar níveis de estresse, de modo geral.”

Reforço de marca

A neuroarquitetura também permite comunicar a cultura da empresa e fortalecer a marca para os colaboradores. Um exemplo é o escritório da PepsiCo, em São Paulo, que foi reformado e reaberto em março deste ano. A decoração remete a produtos da marca, como cookies, coco verde e linhas paralelas em tom amarelo que lembram uma batata ondulada. Essa sugestão, inclusive, veio dos próprios funcionários, que foram ouvidos acerca do que gostavam no escritório antes da pandemia e o que gostariam que tivesse ali.

Os espaços de convivência são amplos, com muita iluminação natural, cores e assentos em formatos e materiais diversos, como tecido e madeira. “Nossa cultura é aberta, com pouca hierarquia e isso está refletido nos ambientes, que são dinâmicos, trazem alergia e poucas estações de trabalho. Deixamos espaços abertos de criação e colaboração para reforçar esse elo da cultura”, diz Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da companhia.

Fabio Barbagli, vice-presidente de RH da PepsiCo, diz que os espaços refletem o elo com a cultura da organização. Foto: Patrícia Zequeto

Ele percebe que os momentos de criação fluem melhor presencialmente no novo espaço, bem como a construção de projetos com clientes e parceiros. Andréa de Paiva, que prestou consultoria no projeto da PepsiCo pelo escritório Athié Wohnrath, cita algumas soluções que justificam essa mudança.

“Tem diferentes tipos de espaços para gerar diferentes tipos de encontros: ambiente para reunião completa, encontro informal na copa, a possibilidade de encontrar uma pessoa no corredor e sentar ali perto para trocar uma ideia rápida”, diz. Ambientes privados e silenciosos também foram elaborados, bem como o uso de mobiliário diversificado, com e sem encosto, de madeira ou tecido, para estimular a movimentação do corpo, uma vez que ficamos mais sedentários no home office.

Nave espacial e mesa triangular

Para inspirar criatividade e inovação, o banco digital para condomínios CondoConta inaugurou no começo do ano uma sala com cara de nave espacial na sede, em Florianópolis. A irreverência surpreendeu os funcionários que desejavam trabalhar presencialmente e atraiu até quem atua remotamente em outro Estado, que viaja uma vez por mês para vivenciar o local.

O banco digital para condomínios CondoConta reformou uma das salas com o tema de nave espacial, proposta que atraiu funcionários de outros Estados. Foto: Andressa Sachetti

O projeto foi assinado pela designer de interiores Myrella Masseli, que investiu em cores e formatos que despertam também alegria e descontração, como círculos, triângulos e ondas. Rodrigo Della Rocca, CEO e cofundador da startup, diz que a ideia veio da analogia entre a empresa e um foguete, pois avança rápido, tem time unido e desafios a transpor.

O ambiente comporta até 20 pessoas, tem uma grande tela projetando uma vista do espaço sideral, mesas e cadeiras semelhantes às dos filmes de ficção e iluminação em led predominantemente azul. A transformação deu resultado. “O principal ponto que percebi do time todo foi engajamento entre as áreas, que é o maior desafio para empresas de tecnologia”, diz o executivo.

“Quando a gente traz um ambiente sem parede, sem lugar definido, com maior integração, as áreas de diferentes formações e culturas foram se integrando. Quem é extremamente técnico se interessou por negócio e quem é de negócio se interessou pela área técnica”, completa. A empresa, instalada dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), tem mais duas salas que receberam características de condomínios, e os times se intercalam para usar a “nave espacial”.

Tanto o CondoConta quanto a PepsiCo usam mesas triangulares com cantos arredondados. “Quando tem escritório muito ortogonal (com ângulos retos), dá sensação de maior rigidez, então quando quebra essas formas com formas orgânicas, diagonais, ajuda a trazer maior flexibilidade, criatividade e integrar mais as pessoas”, explica Mainara. O formato também rompe a ideia de hierarquia e de lideranças que sentam nas pontas do móvel.

Mesas com formatos variados, sem ângulos retos, valorizam a sensação de fluidez e flexibilidade. Foto: Marco Máximo/Agência Kibakana

As mudanças possibilitadas pela neuroarquitetura estão conectadas aos novos tempos de flexibilidade, trabalho híbrido e bem-estar pessoal e profissional. “Estamos mudando a forma de usar esses espaços e a consequência é que eles vão nos afetar de forma diferente. A neuroarquitetura tem muito a contribuir para essa criação de nova estratégia”, comenta Andréa, que destaca que a maioria dos efeitos positivos são vistos no longo prazo.

Fabio Barbagli conta que o escritório da PepsiCo tem quatro propósitos: conexão, criação, colaboração e celebração. Um detalhe que o executivo aponta na reforma é a localização da área do café: antes, ficava escondida no fundo do escritório; agora, está na área nobre, perto da entrada e de janelas.

“Isso reforça nosso traço cultural, um ambiente de flexibilidade, liberdade e autonomia”, ele diz. E como a ideia é o funcionário ir quando e como quiser, para se sentir à vontade, o dress code caiu por terra e agora vale desde bermuda e chinelo até terno e gravata.

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