Retorno ao escritório, demissão silenciosa, funcionários bumerangue: expressões populares de 2022


Termos mostram como a pandemia mudou as relações entre funcionários e empregadores

Por Taylor Telford

Em 2022, a batalha pela cultura organizacional trouxe um novo vocabulário, conforme os profissionais mostravam seu poder no mercado de trabalho e os empregadores declaravam o fim da pandemia.

Funcionários e patrões se envolveram em conflitos sobre o futuro do trabalho, já que as tensões quanto às máscaras e vacinas deram lugar a um cabo de guerra entre trabalho presencial, remoto e esquema híbrido. O engajamento e a produtividade diminuíram. Os esgotamentos e os pedidos de demissão dispararam.

No novo cenário, um ritmo constante de termos surgiu para descrever como o trabalho estava evoluindo, de acordo com Daniel Zhao, economista-chefe do Glassdoor, um site de vagas de emprego e recrutamento.

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“Passamos o ano tentando criar essas novas expressões e terminologia para entender o que está acontecendo”, disse Zhao.

Aqui vai um guia de alguns dos termos e tendências que predominaram nas conversas a respeito de trabalho este ano.

Volta ao escritório

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Retorno ao escritório – cuja sigla em inglês “RTO” ficou famosa em inúmeros sites de emprego e empresas – foi escolhida pelo Glassdoor como a expressão do ano, porque sintetiza a rotatividade e as mudanças que aconteceram depois disso, disse Zhao.

Volta ao escritório foi a expressão do ano, segundo o Glassdoor Foto: Pixabay

A expressão surgiu para se referir às exigências feitas pelas empresas que queriam trazer os funcionários de volta ao escritório depois de tanto tempo trabalhando remotamente. Executivos como Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, e David Solomon, do Goldman Sachs, defenderam publicamente o retorno ao escritório como a única solução aceitável pós-pandemia, argumentando que o trabalho remoto dá espaço para procrastinação e menor comprometimento. Alguns, como Elon Musk, recorreram a políticas rígidas de trabalho presencial para dar ultimatos aos funcionários.

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Mas os planos inflexíveis de retorno ao escritório se depararam com a reação negativa dos profissionais sob a forma de protestos e rotatividade generalizados. As menções ao “RTO” em avaliações de funcionários de empresas com sede nos EUA no site Glassdoor mais do que dobraram de 2021 para 2022, disse Zhao, e são majoritariamente negativas.

“No geral, eles estão dizendo que não querem voltar ao escritório e gostam da flexibilidade”, disse Zhao. “Mesmo nos comentários que são mais neutros ou conflitantes, eles mencionam como o ‘RTO’ tem sido difícil.”

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Desistência silenciosa

A desistência silenciosa, também conhecida como demissão silenciosa, é um novo termo para uma ideia antiga, a de descomprometimento dos trabalhadores.

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É uma expressão um pouco equivocada, pois aqueles a quem ela se refere não estão desistindo de seus empregos. Em vez disso, estão rejeitando a cultura de agitação, desistindo da “ideia de fazer o máximo possível no trabalho”, como o usuário do TikTok zaidleppelin disse em uma publicação de julho que ajudou a popularizar a expressão. A tendência tem sido bastante apoiada pela Geração Z e pelos profissionais millenials que lutam para mudar as regras no local de trabalho.

Alguns profissionais dizem que a expressão significa fazer o mínimo necessário. Outros a definem como estabelecer limites razoáveis e dizer não a trabalhar até tarde ou estar sempre disponível por e-mail ou Slack.

Um dos fatores mais importantes na desistência silenciosa é a percepção dos funcionários se há equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, de acordo com Benjamin Granger, psicólogo do trabalho da Qualtrics, fabricante de um software de pesquisa. Os funcionários que dizem se sentir sobrecarregados têm mais chances de estabelecer limites e dizer: “Vou tirar o pé do acelerador”, disse Granger.

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Seja qual for a definição, o objetivo é o mesmo: desatrelar a identidade dos trabalhadores de seus empregos e deixá-los com mais tempo e energia para investir em outras coisas.

Paranoia da produtividade

Conforme o trabalho em esquema híbrido se tornava regra e os chefes percebiam uma pressão cada vez maior para aumentar o desempenho com uma possível recessão ameaçando a economia americana, surgiu um fluxo constante de executivos como Sundar Pichai, do Google, e Mark Zuckerberg, da Meta, prometendo aumentar a produtividade, chamando a atenção daqueles com performances aquém do esperado e pedindo a seus funcionários mais resultados.

Eles tinham certa razão para se preocupar: no primeiro semestre de 2022, a produtividade teve a maior queda já registrada desde 1947, de acordo com dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA. A queda foi desconcertante para alguns, porque a produtividade disparou para níveis não vistos em décadas quando o coronavírus forçou uma mudança da noite para o dia para o trabalho remoto, levando alguns economistas a sugerir que a pandemia poderia desencadear um crescimento de longo prazo. Aconteceu o contrário.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que sua empresa cunhou a expressão “paranoia da produtividade” para descrever as angústias dos empregadores para saber se os funcionários estão se esforçando o bastante, sobretudo quando estão fora do escritório.

“Quando conversamos com os chefes, eles dizem sentir falta de velhos hábitos, como poder caminhar pelos corredores, ver e entender com o que as pessoas estão trabalhando”, disse Colette Stallbaumer, gerente-geral do Microsoft 365 e das iniciativas de trabalho para o futuro da empresa.

A paranoia da produtividade pode criar espaço para comportamentos desagradáveis entre os chefes, disse Colette, seja com a adoção de ferramentas de vigilância no local de trabalho ou a imposição de políticas rigorosas de retorno ao escritório que deixam os funcionários se sentindo isolados.

Funcionários bumerangue

Como a pandemia levou os profissionais a rever de que forma o trabalho se encaixa em suas vidas, o mercado de trabalho aquecido deu aos trabalhadores vantagem para buscar novas opções. Aproximadamente 48 milhões de profissionais pediram demissão de seus empregos em 2021, movimento que ficou conhecido como a Grande Renúncia.

Mas alguns trabalhadores deixaram seus cargos apenas para descobrir que a grama do vizinho nem sempre é mais verde. No passado, alguns empregadores hesitavam em recontratar profissionais que pediam demissão para outras oportunidades, mas desta vez, com o número de vagas maior que o de pessoas em busca de emprego, as empresas estão reconsiderando a ideia. Os chamados funcionários bumerangue são um recurso fundamental para as organizações em meio à disputa por talentos: eles exigem treinamento mínimo e retomam a velocidade de trabalho esperada sem demora.

Os funcionários bumerangue representaram quase um terço das contratações externas de uma empresa de janeiro de 2019 a abril de 2022, de acordo com dados da Visier, empresa que acompanha o mercado de trabalho. Em média, o profissional foi recontratado depois de cerca de 13 meses. E, no geral, eles passam a ganhar 25% mais do que quando pediram demissão.

Career cushioning

À medida que os temores com uma possível recessão começaram a crescer no final do ano, os anúncios de demissões se espalharam não apenas pelo setor de tecnologia, com empresas como Meta, Snap e Goldman Sachs cortando milhares de postos de trabalho. Especialistas em emprego dizem que isso poderia ser um sinal de que o pêndulo do poder está voltando para os empregadores a partir de 2023.

Com nuvens de tempestade se acumulando no mercado de trabalho, os profissionais estão mantendo suas opções em aberto. A expressão faz referência a outra em inglês que tem a ver com relacionamentos. “Cushioning” seria uma espécie de proteção, garantia contra a solidão de alguém em busca de um plano B caso seu relacionamento não dê certo.

Career cushioning pode significar se preparar para uma possível mudança, fortalecendo habilidades ou o networking, assim como procurar ativamente outras oportunidades. A expressão se tornou popular nas redes sociais e entre os profissionais de RH, pois vários funcionários e candidatos estão se preparando para novas turbulências.

Como o mercado de trabalho esfriou um pouco, o LinkedIn tem visto sinais de que os trabalhadores estão se preparando “para os próximos ventos contrários na economia”, de acordo com Blair Heitmann, especialista em carreira da plataforma. Algumas pessoas estão trabalhando mais horas, pensando em arranjar um segundo emprego ou de olho em oportunidades mais estáveis.

“Nossos dados estão mostrando que mais pessoas estão procurando emprego, que as pessoas estão se preparando”, disse Blair. “É meio que uma mudança de mentalidade quando você compara isso com os últimos anos. O paradigma do poder está mudando um pouco.” (TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA)

Em 2022, a batalha pela cultura organizacional trouxe um novo vocabulário, conforme os profissionais mostravam seu poder no mercado de trabalho e os empregadores declaravam o fim da pandemia.

Funcionários e patrões se envolveram em conflitos sobre o futuro do trabalho, já que as tensões quanto às máscaras e vacinas deram lugar a um cabo de guerra entre trabalho presencial, remoto e esquema híbrido. O engajamento e a produtividade diminuíram. Os esgotamentos e os pedidos de demissão dispararam.

No novo cenário, um ritmo constante de termos surgiu para descrever como o trabalho estava evoluindo, de acordo com Daniel Zhao, economista-chefe do Glassdoor, um site de vagas de emprego e recrutamento.

“Passamos o ano tentando criar essas novas expressões e terminologia para entender o que está acontecendo”, disse Zhao.

Aqui vai um guia de alguns dos termos e tendências que predominaram nas conversas a respeito de trabalho este ano.

Volta ao escritório

Retorno ao escritório – cuja sigla em inglês “RTO” ficou famosa em inúmeros sites de emprego e empresas – foi escolhida pelo Glassdoor como a expressão do ano, porque sintetiza a rotatividade e as mudanças que aconteceram depois disso, disse Zhao.

Volta ao escritório foi a expressão do ano, segundo o Glassdoor Foto: Pixabay

A expressão surgiu para se referir às exigências feitas pelas empresas que queriam trazer os funcionários de volta ao escritório depois de tanto tempo trabalhando remotamente. Executivos como Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, e David Solomon, do Goldman Sachs, defenderam publicamente o retorno ao escritório como a única solução aceitável pós-pandemia, argumentando que o trabalho remoto dá espaço para procrastinação e menor comprometimento. Alguns, como Elon Musk, recorreram a políticas rígidas de trabalho presencial para dar ultimatos aos funcionários.

Mas os planos inflexíveis de retorno ao escritório se depararam com a reação negativa dos profissionais sob a forma de protestos e rotatividade generalizados. As menções ao “RTO” em avaliações de funcionários de empresas com sede nos EUA no site Glassdoor mais do que dobraram de 2021 para 2022, disse Zhao, e são majoritariamente negativas.

“No geral, eles estão dizendo que não querem voltar ao escritório e gostam da flexibilidade”, disse Zhao. “Mesmo nos comentários que são mais neutros ou conflitantes, eles mencionam como o ‘RTO’ tem sido difícil.”

Desistência silenciosa

A desistência silenciosa, também conhecida como demissão silenciosa, é um novo termo para uma ideia antiga, a de descomprometimento dos trabalhadores.

É uma expressão um pouco equivocada, pois aqueles a quem ela se refere não estão desistindo de seus empregos. Em vez disso, estão rejeitando a cultura de agitação, desistindo da “ideia de fazer o máximo possível no trabalho”, como o usuário do TikTok zaidleppelin disse em uma publicação de julho que ajudou a popularizar a expressão. A tendência tem sido bastante apoiada pela Geração Z e pelos profissionais millenials que lutam para mudar as regras no local de trabalho.

Alguns profissionais dizem que a expressão significa fazer o mínimo necessário. Outros a definem como estabelecer limites razoáveis e dizer não a trabalhar até tarde ou estar sempre disponível por e-mail ou Slack.

Um dos fatores mais importantes na desistência silenciosa é a percepção dos funcionários se há equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, de acordo com Benjamin Granger, psicólogo do trabalho da Qualtrics, fabricante de um software de pesquisa. Os funcionários que dizem se sentir sobrecarregados têm mais chances de estabelecer limites e dizer: “Vou tirar o pé do acelerador”, disse Granger.

Seja qual for a definição, o objetivo é o mesmo: desatrelar a identidade dos trabalhadores de seus empregos e deixá-los com mais tempo e energia para investir em outras coisas.

Paranoia da produtividade

Conforme o trabalho em esquema híbrido se tornava regra e os chefes percebiam uma pressão cada vez maior para aumentar o desempenho com uma possível recessão ameaçando a economia americana, surgiu um fluxo constante de executivos como Sundar Pichai, do Google, e Mark Zuckerberg, da Meta, prometendo aumentar a produtividade, chamando a atenção daqueles com performances aquém do esperado e pedindo a seus funcionários mais resultados.

Eles tinham certa razão para se preocupar: no primeiro semestre de 2022, a produtividade teve a maior queda já registrada desde 1947, de acordo com dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA. A queda foi desconcertante para alguns, porque a produtividade disparou para níveis não vistos em décadas quando o coronavírus forçou uma mudança da noite para o dia para o trabalho remoto, levando alguns economistas a sugerir que a pandemia poderia desencadear um crescimento de longo prazo. Aconteceu o contrário.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que sua empresa cunhou a expressão “paranoia da produtividade” para descrever as angústias dos empregadores para saber se os funcionários estão se esforçando o bastante, sobretudo quando estão fora do escritório.

“Quando conversamos com os chefes, eles dizem sentir falta de velhos hábitos, como poder caminhar pelos corredores, ver e entender com o que as pessoas estão trabalhando”, disse Colette Stallbaumer, gerente-geral do Microsoft 365 e das iniciativas de trabalho para o futuro da empresa.

A paranoia da produtividade pode criar espaço para comportamentos desagradáveis entre os chefes, disse Colette, seja com a adoção de ferramentas de vigilância no local de trabalho ou a imposição de políticas rigorosas de retorno ao escritório que deixam os funcionários se sentindo isolados.

Funcionários bumerangue

Como a pandemia levou os profissionais a rever de que forma o trabalho se encaixa em suas vidas, o mercado de trabalho aquecido deu aos trabalhadores vantagem para buscar novas opções. Aproximadamente 48 milhões de profissionais pediram demissão de seus empregos em 2021, movimento que ficou conhecido como a Grande Renúncia.

Mas alguns trabalhadores deixaram seus cargos apenas para descobrir que a grama do vizinho nem sempre é mais verde. No passado, alguns empregadores hesitavam em recontratar profissionais que pediam demissão para outras oportunidades, mas desta vez, com o número de vagas maior que o de pessoas em busca de emprego, as empresas estão reconsiderando a ideia. Os chamados funcionários bumerangue são um recurso fundamental para as organizações em meio à disputa por talentos: eles exigem treinamento mínimo e retomam a velocidade de trabalho esperada sem demora.

Os funcionários bumerangue representaram quase um terço das contratações externas de uma empresa de janeiro de 2019 a abril de 2022, de acordo com dados da Visier, empresa que acompanha o mercado de trabalho. Em média, o profissional foi recontratado depois de cerca de 13 meses. E, no geral, eles passam a ganhar 25% mais do que quando pediram demissão.

Career cushioning

À medida que os temores com uma possível recessão começaram a crescer no final do ano, os anúncios de demissões se espalharam não apenas pelo setor de tecnologia, com empresas como Meta, Snap e Goldman Sachs cortando milhares de postos de trabalho. Especialistas em emprego dizem que isso poderia ser um sinal de que o pêndulo do poder está voltando para os empregadores a partir de 2023.

Com nuvens de tempestade se acumulando no mercado de trabalho, os profissionais estão mantendo suas opções em aberto. A expressão faz referência a outra em inglês que tem a ver com relacionamentos. “Cushioning” seria uma espécie de proteção, garantia contra a solidão de alguém em busca de um plano B caso seu relacionamento não dê certo.

Career cushioning pode significar se preparar para uma possível mudança, fortalecendo habilidades ou o networking, assim como procurar ativamente outras oportunidades. A expressão se tornou popular nas redes sociais e entre os profissionais de RH, pois vários funcionários e candidatos estão se preparando para novas turbulências.

Como o mercado de trabalho esfriou um pouco, o LinkedIn tem visto sinais de que os trabalhadores estão se preparando “para os próximos ventos contrários na economia”, de acordo com Blair Heitmann, especialista em carreira da plataforma. Algumas pessoas estão trabalhando mais horas, pensando em arranjar um segundo emprego ou de olho em oportunidades mais estáveis.

“Nossos dados estão mostrando que mais pessoas estão procurando emprego, que as pessoas estão se preparando”, disse Blair. “É meio que uma mudança de mentalidade quando você compara isso com os últimos anos. O paradigma do poder está mudando um pouco.” (TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA)

Em 2022, a batalha pela cultura organizacional trouxe um novo vocabulário, conforme os profissionais mostravam seu poder no mercado de trabalho e os empregadores declaravam o fim da pandemia.

Funcionários e patrões se envolveram em conflitos sobre o futuro do trabalho, já que as tensões quanto às máscaras e vacinas deram lugar a um cabo de guerra entre trabalho presencial, remoto e esquema híbrido. O engajamento e a produtividade diminuíram. Os esgotamentos e os pedidos de demissão dispararam.

No novo cenário, um ritmo constante de termos surgiu para descrever como o trabalho estava evoluindo, de acordo com Daniel Zhao, economista-chefe do Glassdoor, um site de vagas de emprego e recrutamento.

“Passamos o ano tentando criar essas novas expressões e terminologia para entender o que está acontecendo”, disse Zhao.

Aqui vai um guia de alguns dos termos e tendências que predominaram nas conversas a respeito de trabalho este ano.

Volta ao escritório

Retorno ao escritório – cuja sigla em inglês “RTO” ficou famosa em inúmeros sites de emprego e empresas – foi escolhida pelo Glassdoor como a expressão do ano, porque sintetiza a rotatividade e as mudanças que aconteceram depois disso, disse Zhao.

Volta ao escritório foi a expressão do ano, segundo o Glassdoor Foto: Pixabay

A expressão surgiu para se referir às exigências feitas pelas empresas que queriam trazer os funcionários de volta ao escritório depois de tanto tempo trabalhando remotamente. Executivos como Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, e David Solomon, do Goldman Sachs, defenderam publicamente o retorno ao escritório como a única solução aceitável pós-pandemia, argumentando que o trabalho remoto dá espaço para procrastinação e menor comprometimento. Alguns, como Elon Musk, recorreram a políticas rígidas de trabalho presencial para dar ultimatos aos funcionários.

Mas os planos inflexíveis de retorno ao escritório se depararam com a reação negativa dos profissionais sob a forma de protestos e rotatividade generalizados. As menções ao “RTO” em avaliações de funcionários de empresas com sede nos EUA no site Glassdoor mais do que dobraram de 2021 para 2022, disse Zhao, e são majoritariamente negativas.

“No geral, eles estão dizendo que não querem voltar ao escritório e gostam da flexibilidade”, disse Zhao. “Mesmo nos comentários que são mais neutros ou conflitantes, eles mencionam como o ‘RTO’ tem sido difícil.”

Desistência silenciosa

A desistência silenciosa, também conhecida como demissão silenciosa, é um novo termo para uma ideia antiga, a de descomprometimento dos trabalhadores.

É uma expressão um pouco equivocada, pois aqueles a quem ela se refere não estão desistindo de seus empregos. Em vez disso, estão rejeitando a cultura de agitação, desistindo da “ideia de fazer o máximo possível no trabalho”, como o usuário do TikTok zaidleppelin disse em uma publicação de julho que ajudou a popularizar a expressão. A tendência tem sido bastante apoiada pela Geração Z e pelos profissionais millenials que lutam para mudar as regras no local de trabalho.

Alguns profissionais dizem que a expressão significa fazer o mínimo necessário. Outros a definem como estabelecer limites razoáveis e dizer não a trabalhar até tarde ou estar sempre disponível por e-mail ou Slack.

Um dos fatores mais importantes na desistência silenciosa é a percepção dos funcionários se há equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, de acordo com Benjamin Granger, psicólogo do trabalho da Qualtrics, fabricante de um software de pesquisa. Os funcionários que dizem se sentir sobrecarregados têm mais chances de estabelecer limites e dizer: “Vou tirar o pé do acelerador”, disse Granger.

Seja qual for a definição, o objetivo é o mesmo: desatrelar a identidade dos trabalhadores de seus empregos e deixá-los com mais tempo e energia para investir em outras coisas.

Paranoia da produtividade

Conforme o trabalho em esquema híbrido se tornava regra e os chefes percebiam uma pressão cada vez maior para aumentar o desempenho com uma possível recessão ameaçando a economia americana, surgiu um fluxo constante de executivos como Sundar Pichai, do Google, e Mark Zuckerberg, da Meta, prometendo aumentar a produtividade, chamando a atenção daqueles com performances aquém do esperado e pedindo a seus funcionários mais resultados.

Eles tinham certa razão para se preocupar: no primeiro semestre de 2022, a produtividade teve a maior queda já registrada desde 1947, de acordo com dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA. A queda foi desconcertante para alguns, porque a produtividade disparou para níveis não vistos em décadas quando o coronavírus forçou uma mudança da noite para o dia para o trabalho remoto, levando alguns economistas a sugerir que a pandemia poderia desencadear um crescimento de longo prazo. Aconteceu o contrário.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que sua empresa cunhou a expressão “paranoia da produtividade” para descrever as angústias dos empregadores para saber se os funcionários estão se esforçando o bastante, sobretudo quando estão fora do escritório.

“Quando conversamos com os chefes, eles dizem sentir falta de velhos hábitos, como poder caminhar pelos corredores, ver e entender com o que as pessoas estão trabalhando”, disse Colette Stallbaumer, gerente-geral do Microsoft 365 e das iniciativas de trabalho para o futuro da empresa.

A paranoia da produtividade pode criar espaço para comportamentos desagradáveis entre os chefes, disse Colette, seja com a adoção de ferramentas de vigilância no local de trabalho ou a imposição de políticas rigorosas de retorno ao escritório que deixam os funcionários se sentindo isolados.

Funcionários bumerangue

Como a pandemia levou os profissionais a rever de que forma o trabalho se encaixa em suas vidas, o mercado de trabalho aquecido deu aos trabalhadores vantagem para buscar novas opções. Aproximadamente 48 milhões de profissionais pediram demissão de seus empregos em 2021, movimento que ficou conhecido como a Grande Renúncia.

Mas alguns trabalhadores deixaram seus cargos apenas para descobrir que a grama do vizinho nem sempre é mais verde. No passado, alguns empregadores hesitavam em recontratar profissionais que pediam demissão para outras oportunidades, mas desta vez, com o número de vagas maior que o de pessoas em busca de emprego, as empresas estão reconsiderando a ideia. Os chamados funcionários bumerangue são um recurso fundamental para as organizações em meio à disputa por talentos: eles exigem treinamento mínimo e retomam a velocidade de trabalho esperada sem demora.

Os funcionários bumerangue representaram quase um terço das contratações externas de uma empresa de janeiro de 2019 a abril de 2022, de acordo com dados da Visier, empresa que acompanha o mercado de trabalho. Em média, o profissional foi recontratado depois de cerca de 13 meses. E, no geral, eles passam a ganhar 25% mais do que quando pediram demissão.

Career cushioning

À medida que os temores com uma possível recessão começaram a crescer no final do ano, os anúncios de demissões se espalharam não apenas pelo setor de tecnologia, com empresas como Meta, Snap e Goldman Sachs cortando milhares de postos de trabalho. Especialistas em emprego dizem que isso poderia ser um sinal de que o pêndulo do poder está voltando para os empregadores a partir de 2023.

Com nuvens de tempestade se acumulando no mercado de trabalho, os profissionais estão mantendo suas opções em aberto. A expressão faz referência a outra em inglês que tem a ver com relacionamentos. “Cushioning” seria uma espécie de proteção, garantia contra a solidão de alguém em busca de um plano B caso seu relacionamento não dê certo.

Career cushioning pode significar se preparar para uma possível mudança, fortalecendo habilidades ou o networking, assim como procurar ativamente outras oportunidades. A expressão se tornou popular nas redes sociais e entre os profissionais de RH, pois vários funcionários e candidatos estão se preparando para novas turbulências.

Como o mercado de trabalho esfriou um pouco, o LinkedIn tem visto sinais de que os trabalhadores estão se preparando “para os próximos ventos contrários na economia”, de acordo com Blair Heitmann, especialista em carreira da plataforma. Algumas pessoas estão trabalhando mais horas, pensando em arranjar um segundo emprego ou de olho em oportunidades mais estáveis.

“Nossos dados estão mostrando que mais pessoas estão procurando emprego, que as pessoas estão se preparando”, disse Blair. “É meio que uma mudança de mentalidade quando você compara isso com os últimos anos. O paradigma do poder está mudando um pouco.” (TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA)

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