Transição de gênero durante emprego é desafio para funcionários e empresas


Pessoas transgêneros enfrentam o medo da rejeição e empresas despreparadas para esse processo; cultura organizacional diversa e apoio de consultorias auxiliam na criação de um ambiente mais acolhedor e inclusivo

Por Bruna Klingspiegel

Para uma pessoa trans, assumir sua identidade de gênero é um processo cheio de obstáculos. Após anos carregando o peso de negar e suprimir aspectos fundamentais da vida, revelar seu “verdadeiro eu” para família e amigos é estressante, mas quando o assunto é trabalho a situação é ainda mais complexa. Apesar de o mundo corporativo estar mais diverso e inclusivo, a transição de gênero no local de trabalho ainda é um tabu. O medo da rejeição é uma constante entre essa população.

Em abril deste ano, Victoria Longo, de 36 anos, relatou em uma publicação no Linkedin a experiência que teve ao abrir a câmera em uma reunião pela primeira vez desde que iniciou a transição de gênero. Detalhes como esse revelam os desafios ocultos desse processo e a importância de um apoio integral da empresa.

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“Ao mesmo tempo que eu fiquei angustiada e com medo, eu senti uma sensação de liberdade grande por saber que meu gênero não alteraria a minha competência. Tudo que eu já tinha feito antes não iria deixar de ser reconhecido”, conta.

Em 2021, após uma longa jornada de aceitação e reconhecimento, ela decidiu contar para os colegas de trabalho sobre a transição e iniciar a terapia hormonal com acompanhamento de endocrinologista, psiquiatra e fonoaudióloga. Apesar de a empresa valorizar a diversidade, ela afirma que teve medo de enfrentar a reação dos colegas no dia a dia. “Eu não queria perder toda a credibilidade que eu tinha construído por conta da minha transição.”

VictoriaLongo teve medo de perder credibilidade ao falar sobre a transição de gênero, mas sabia que o gênero não alteraria a competência dela. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Os temores de Victoria também foram os de Alice Passarelli, de 26 anos, analista SRE (engenharia de confiabilidade de sites). Foram anos se moldando para viver uma vida que não era sua, mas o contato com uma colega transgênero no trabalho a inspirou a iniciar o próprio processo de transição. Assim, ela passou a se apresentar como uma mulher transgênero. “Eu fui abrindo aos pouquinhos com o pessoal dentro da empresa e, para minha surpresa, quanto mais eu dividia isso com as pessoas, mais fui percebendo que não era o fim do mundo, que ia ficar tudo bem.”

Antes de se abrir para toda a empresa, Alice decidiu conversar com um membro do Recursos Humanos — que também fazia parte da comunidade LGBT+. Ela conta que recebeu todo o apoio necessário e liberdade para passar pelo processo com calma e no seu tempo. Conforme a transição foi avançando, ela decidiu que a volta das férias, após uma cirurgia, seria a hora perfeita para se assumir para os demais.

“Eles sempre apoiaram a comunidade LGBT+, mas eu senti que depois que eu me assumi trans dentro da empresa, isso se intensificou um pouco mais. Até foi criado um grupo de diversidade e semanas temáticas para debater alguns pontos de melhorias, por exemplo”, conta ela.

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A história de Thomas Nader, de 29 anos, foi um pouco diferente e não contou com o acolhimento necessário. Seu processo de transição foi um período intenso. Durante muito tempo, ele hesitou em assumir sua identidade de gênero no trabalho. Há sete anos, ainda como estudante de Educação Física, estagiava em uma escola de natação e, apesar de saber que isso era fundamental para sua felicidade, escondeu o processo de colegas e gestores ao máximo.

“Eu ainda estava no início da minha transição, não tinha barba e minha voz ainda era fina, então não contei para ninguém com medo de ser repreendido, de perder um trabalho que eu gostava muito”, diz.

Thomas Nader escondeu a transição de gênero; quando as pessoas descobriram, enfrentou comentários maldosos. Foto: Aquivo pessoal
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Meses depois, algumas pessoas descobriram que Thomas era transgênero por meio das redes sociais. Foi quando começou a enfrentar questionamentos e comentários maldosos, o que resultou no desligamento da empresa. “Não tinha nenhum apoio, sabia que não podia contar para ninguém. O assunto não era discutido como é hoje”, lembra.

Para Victoria, o que realmente fez diferença para que seu processo de transição fosse mais saudável foi a existência de uma cultura de diversidade na empresa, como a presença de grupos de afinidade e outras pessoas trans. O acolhimento foi essencial para que ela se sentisse segura a dar um grande passo para, finalmente, poder viver abertamente. “Eu comecei a entender o meu próprio corpo como um instrumento de militância para ajudar as pessoas que vêm depois. Quero ser uma continuação.” 

Qual é o papel da empresa?

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Conforme os temas relacionados à diversidade e inclusão avançam, muitas empresas buscam o suporte de consultorias para se prepararem para as novas demandas, adequando procedimentos internos, apoiando colaboradores e capacitando equipes e líderes. É nesse contexto que nasce o Programa de Apoio à Transição de Gênero nas Organizações, da Mais Diversidade.

Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da consultoria e uma das profissionais mais experientes do setor na América Latina, explica que cada projeto é único e as soluções apresentadas sempre partem das necessidades dos clientes. O processo, porém, sempre demanda três pontos-chave: o programa de sensibilização de equipe, mapeamento de todos os processos internos e o envolvimento das lideranças.

“As empresas ainda têm dúvidas sobre detalhes como o uso do banheiro. Elas sentem que a cultura organizacional ainda não está preparada para passar por isso”, afirma Adriana. “É essencial que a sensibilização e o conhecimento em profundidade seja o pontapé. Nós, como consultoria, trazemos o conhecimento técnico, mas a empresa precisa estar aberta.”

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Dicas para trabalhar a transição de gênero nas empresas

Confira quatro dicas para criar um ambiente mais acolhedor para as pessoas trans, travestis e não binárias dentro das organizações:

  • Tenha um interesse genuíno em aprender. Queira conhecer mais sobre o assunto e aprofundar esse conhecimento para ter uma boa base de diversidade e inclusão. “As empresas, por exemplo, precisam entender que as pessoas trans devem ser vistas com profundidade. Não dá para a gente abarcar toda sigla LGBT+ como se tudo estivesse no mesmo nível. Essa população está no último lugar da fila de prioridade das empresas”, pontua Adriana.
  • Trabalhe a escuta ativa. É necessário ouvir tudo ao seu redor, porque a fala revela muita coisa, principalmente quando o assunto é preconceito. “Você precisa estar disposto a colher incômodos”, ela explica. É nesse momento que você vai perceber quão avançada sua empresa está e o quanto ela ainda precisa evoluir.
  • Revise seus processos. “Eventualmente, você vai precisar investir algum dinheiro, olhar para a sua cultura e acelerar, porque essa é uma viagem sem volta, as pessoas estão se revelando cada vez mais, em diferentes cidades, ambientes e setores”, ressalta.
  • Contrate colaboradores da comunidade. É preciso abrir oportunidades para que as pessoas trans ingressem no mundo do trabalho. Existem pessoas da comunidade que são capacitadas e estão invisibilizadas. “Fomentar essa discussão é importante porque as empresas acabam aprendendo com o restante do mercado. Além de abrir processos seletivos que sejam inclusivos, é preciso tentar entender se dentro da própria organização não existem pessoas se escondendo no dia a dia por uma cultura muito opressora, se já não existem pessoas que possam ser apoiadas”, destaca Adriana.

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo. Se quiser apenas receber notícias, participe da nossa lista de distribuição por esse link ou digite @canalsuacarreira na barra de pesquisa.

Para uma pessoa trans, assumir sua identidade de gênero é um processo cheio de obstáculos. Após anos carregando o peso de negar e suprimir aspectos fundamentais da vida, revelar seu “verdadeiro eu” para família e amigos é estressante, mas quando o assunto é trabalho a situação é ainda mais complexa. Apesar de o mundo corporativo estar mais diverso e inclusivo, a transição de gênero no local de trabalho ainda é um tabu. O medo da rejeição é uma constante entre essa população.

Em abril deste ano, Victoria Longo, de 36 anos, relatou em uma publicação no Linkedin a experiência que teve ao abrir a câmera em uma reunião pela primeira vez desde que iniciou a transição de gênero. Detalhes como esse revelam os desafios ocultos desse processo e a importância de um apoio integral da empresa.

“Ao mesmo tempo que eu fiquei angustiada e com medo, eu senti uma sensação de liberdade grande por saber que meu gênero não alteraria a minha competência. Tudo que eu já tinha feito antes não iria deixar de ser reconhecido”, conta.

Em 2021, após uma longa jornada de aceitação e reconhecimento, ela decidiu contar para os colegas de trabalho sobre a transição e iniciar a terapia hormonal com acompanhamento de endocrinologista, psiquiatra e fonoaudióloga. Apesar de a empresa valorizar a diversidade, ela afirma que teve medo de enfrentar a reação dos colegas no dia a dia. “Eu não queria perder toda a credibilidade que eu tinha construído por conta da minha transição.”

VictoriaLongo teve medo de perder credibilidade ao falar sobre a transição de gênero, mas sabia que o gênero não alteraria a competência dela. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Os temores de Victoria também foram os de Alice Passarelli, de 26 anos, analista SRE (engenharia de confiabilidade de sites). Foram anos se moldando para viver uma vida que não era sua, mas o contato com uma colega transgênero no trabalho a inspirou a iniciar o próprio processo de transição. Assim, ela passou a se apresentar como uma mulher transgênero. “Eu fui abrindo aos pouquinhos com o pessoal dentro da empresa e, para minha surpresa, quanto mais eu dividia isso com as pessoas, mais fui percebendo que não era o fim do mundo, que ia ficar tudo bem.”

Antes de se abrir para toda a empresa, Alice decidiu conversar com um membro do Recursos Humanos — que também fazia parte da comunidade LGBT+. Ela conta que recebeu todo o apoio necessário e liberdade para passar pelo processo com calma e no seu tempo. Conforme a transição foi avançando, ela decidiu que a volta das férias, após uma cirurgia, seria a hora perfeita para se assumir para os demais.

“Eles sempre apoiaram a comunidade LGBT+, mas eu senti que depois que eu me assumi trans dentro da empresa, isso se intensificou um pouco mais. Até foi criado um grupo de diversidade e semanas temáticas para debater alguns pontos de melhorias, por exemplo”, conta ela.

A história de Thomas Nader, de 29 anos, foi um pouco diferente e não contou com o acolhimento necessário. Seu processo de transição foi um período intenso. Durante muito tempo, ele hesitou em assumir sua identidade de gênero no trabalho. Há sete anos, ainda como estudante de Educação Física, estagiava em uma escola de natação e, apesar de saber que isso era fundamental para sua felicidade, escondeu o processo de colegas e gestores ao máximo.

“Eu ainda estava no início da minha transição, não tinha barba e minha voz ainda era fina, então não contei para ninguém com medo de ser repreendido, de perder um trabalho que eu gostava muito”, diz.

Thomas Nader escondeu a transição de gênero; quando as pessoas descobriram, enfrentou comentários maldosos. Foto: Aquivo pessoal

Meses depois, algumas pessoas descobriram que Thomas era transgênero por meio das redes sociais. Foi quando começou a enfrentar questionamentos e comentários maldosos, o que resultou no desligamento da empresa. “Não tinha nenhum apoio, sabia que não podia contar para ninguém. O assunto não era discutido como é hoje”, lembra.

Para Victoria, o que realmente fez diferença para que seu processo de transição fosse mais saudável foi a existência de uma cultura de diversidade na empresa, como a presença de grupos de afinidade e outras pessoas trans. O acolhimento foi essencial para que ela se sentisse segura a dar um grande passo para, finalmente, poder viver abertamente. “Eu comecei a entender o meu próprio corpo como um instrumento de militância para ajudar as pessoas que vêm depois. Quero ser uma continuação.” 

Qual é o papel da empresa?

Conforme os temas relacionados à diversidade e inclusão avançam, muitas empresas buscam o suporte de consultorias para se prepararem para as novas demandas, adequando procedimentos internos, apoiando colaboradores e capacitando equipes e líderes. É nesse contexto que nasce o Programa de Apoio à Transição de Gênero nas Organizações, da Mais Diversidade.

Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da consultoria e uma das profissionais mais experientes do setor na América Latina, explica que cada projeto é único e as soluções apresentadas sempre partem das necessidades dos clientes. O processo, porém, sempre demanda três pontos-chave: o programa de sensibilização de equipe, mapeamento de todos os processos internos e o envolvimento das lideranças.

“As empresas ainda têm dúvidas sobre detalhes como o uso do banheiro. Elas sentem que a cultura organizacional ainda não está preparada para passar por isso”, afirma Adriana. “É essencial que a sensibilização e o conhecimento em profundidade seja o pontapé. Nós, como consultoria, trazemos o conhecimento técnico, mas a empresa precisa estar aberta.”

Dicas para trabalhar a transição de gênero nas empresas

Confira quatro dicas para criar um ambiente mais acolhedor para as pessoas trans, travestis e não binárias dentro das organizações:

  • Tenha um interesse genuíno em aprender. Queira conhecer mais sobre o assunto e aprofundar esse conhecimento para ter uma boa base de diversidade e inclusão. “As empresas, por exemplo, precisam entender que as pessoas trans devem ser vistas com profundidade. Não dá para a gente abarcar toda sigla LGBT+ como se tudo estivesse no mesmo nível. Essa população está no último lugar da fila de prioridade das empresas”, pontua Adriana.
  • Trabalhe a escuta ativa. É necessário ouvir tudo ao seu redor, porque a fala revela muita coisa, principalmente quando o assunto é preconceito. “Você precisa estar disposto a colher incômodos”, ela explica. É nesse momento que você vai perceber quão avançada sua empresa está e o quanto ela ainda precisa evoluir.
  • Revise seus processos. “Eventualmente, você vai precisar investir algum dinheiro, olhar para a sua cultura e acelerar, porque essa é uma viagem sem volta, as pessoas estão se revelando cada vez mais, em diferentes cidades, ambientes e setores”, ressalta.
  • Contrate colaboradores da comunidade. É preciso abrir oportunidades para que as pessoas trans ingressem no mundo do trabalho. Existem pessoas da comunidade que são capacitadas e estão invisibilizadas. “Fomentar essa discussão é importante porque as empresas acabam aprendendo com o restante do mercado. Além de abrir processos seletivos que sejam inclusivos, é preciso tentar entender se dentro da própria organização não existem pessoas se escondendo no dia a dia por uma cultura muito opressora, se já não existem pessoas que possam ser apoiadas”, destaca Adriana.

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Para uma pessoa trans, assumir sua identidade de gênero é um processo cheio de obstáculos. Após anos carregando o peso de negar e suprimir aspectos fundamentais da vida, revelar seu “verdadeiro eu” para família e amigos é estressante, mas quando o assunto é trabalho a situação é ainda mais complexa. Apesar de o mundo corporativo estar mais diverso e inclusivo, a transição de gênero no local de trabalho ainda é um tabu. O medo da rejeição é uma constante entre essa população.

Em abril deste ano, Victoria Longo, de 36 anos, relatou em uma publicação no Linkedin a experiência que teve ao abrir a câmera em uma reunião pela primeira vez desde que iniciou a transição de gênero. Detalhes como esse revelam os desafios ocultos desse processo e a importância de um apoio integral da empresa.

“Ao mesmo tempo que eu fiquei angustiada e com medo, eu senti uma sensação de liberdade grande por saber que meu gênero não alteraria a minha competência. Tudo que eu já tinha feito antes não iria deixar de ser reconhecido”, conta.

Em 2021, após uma longa jornada de aceitação e reconhecimento, ela decidiu contar para os colegas de trabalho sobre a transição e iniciar a terapia hormonal com acompanhamento de endocrinologista, psiquiatra e fonoaudióloga. Apesar de a empresa valorizar a diversidade, ela afirma que teve medo de enfrentar a reação dos colegas no dia a dia. “Eu não queria perder toda a credibilidade que eu tinha construído por conta da minha transição.”

VictoriaLongo teve medo de perder credibilidade ao falar sobre a transição de gênero, mas sabia que o gênero não alteraria a competência dela. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Os temores de Victoria também foram os de Alice Passarelli, de 26 anos, analista SRE (engenharia de confiabilidade de sites). Foram anos se moldando para viver uma vida que não era sua, mas o contato com uma colega transgênero no trabalho a inspirou a iniciar o próprio processo de transição. Assim, ela passou a se apresentar como uma mulher transgênero. “Eu fui abrindo aos pouquinhos com o pessoal dentro da empresa e, para minha surpresa, quanto mais eu dividia isso com as pessoas, mais fui percebendo que não era o fim do mundo, que ia ficar tudo bem.”

Antes de se abrir para toda a empresa, Alice decidiu conversar com um membro do Recursos Humanos — que também fazia parte da comunidade LGBT+. Ela conta que recebeu todo o apoio necessário e liberdade para passar pelo processo com calma e no seu tempo. Conforme a transição foi avançando, ela decidiu que a volta das férias, após uma cirurgia, seria a hora perfeita para se assumir para os demais.

“Eles sempre apoiaram a comunidade LGBT+, mas eu senti que depois que eu me assumi trans dentro da empresa, isso se intensificou um pouco mais. Até foi criado um grupo de diversidade e semanas temáticas para debater alguns pontos de melhorias, por exemplo”, conta ela.

A história de Thomas Nader, de 29 anos, foi um pouco diferente e não contou com o acolhimento necessário. Seu processo de transição foi um período intenso. Durante muito tempo, ele hesitou em assumir sua identidade de gênero no trabalho. Há sete anos, ainda como estudante de Educação Física, estagiava em uma escola de natação e, apesar de saber que isso era fundamental para sua felicidade, escondeu o processo de colegas e gestores ao máximo.

“Eu ainda estava no início da minha transição, não tinha barba e minha voz ainda era fina, então não contei para ninguém com medo de ser repreendido, de perder um trabalho que eu gostava muito”, diz.

Thomas Nader escondeu a transição de gênero; quando as pessoas descobriram, enfrentou comentários maldosos. Foto: Aquivo pessoal

Meses depois, algumas pessoas descobriram que Thomas era transgênero por meio das redes sociais. Foi quando começou a enfrentar questionamentos e comentários maldosos, o que resultou no desligamento da empresa. “Não tinha nenhum apoio, sabia que não podia contar para ninguém. O assunto não era discutido como é hoje”, lembra.

Para Victoria, o que realmente fez diferença para que seu processo de transição fosse mais saudável foi a existência de uma cultura de diversidade na empresa, como a presença de grupos de afinidade e outras pessoas trans. O acolhimento foi essencial para que ela se sentisse segura a dar um grande passo para, finalmente, poder viver abertamente. “Eu comecei a entender o meu próprio corpo como um instrumento de militância para ajudar as pessoas que vêm depois. Quero ser uma continuação.” 

Qual é o papel da empresa?

Conforme os temas relacionados à diversidade e inclusão avançam, muitas empresas buscam o suporte de consultorias para se prepararem para as novas demandas, adequando procedimentos internos, apoiando colaboradores e capacitando equipes e líderes. É nesse contexto que nasce o Programa de Apoio à Transição de Gênero nas Organizações, da Mais Diversidade.

Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da consultoria e uma das profissionais mais experientes do setor na América Latina, explica que cada projeto é único e as soluções apresentadas sempre partem das necessidades dos clientes. O processo, porém, sempre demanda três pontos-chave: o programa de sensibilização de equipe, mapeamento de todos os processos internos e o envolvimento das lideranças.

“As empresas ainda têm dúvidas sobre detalhes como o uso do banheiro. Elas sentem que a cultura organizacional ainda não está preparada para passar por isso”, afirma Adriana. “É essencial que a sensibilização e o conhecimento em profundidade seja o pontapé. Nós, como consultoria, trazemos o conhecimento técnico, mas a empresa precisa estar aberta.”

Dicas para trabalhar a transição de gênero nas empresas

Confira quatro dicas para criar um ambiente mais acolhedor para as pessoas trans, travestis e não binárias dentro das organizações:

  • Tenha um interesse genuíno em aprender. Queira conhecer mais sobre o assunto e aprofundar esse conhecimento para ter uma boa base de diversidade e inclusão. “As empresas, por exemplo, precisam entender que as pessoas trans devem ser vistas com profundidade. Não dá para a gente abarcar toda sigla LGBT+ como se tudo estivesse no mesmo nível. Essa população está no último lugar da fila de prioridade das empresas”, pontua Adriana.
  • Trabalhe a escuta ativa. É necessário ouvir tudo ao seu redor, porque a fala revela muita coisa, principalmente quando o assunto é preconceito. “Você precisa estar disposto a colher incômodos”, ela explica. É nesse momento que você vai perceber quão avançada sua empresa está e o quanto ela ainda precisa evoluir.
  • Revise seus processos. “Eventualmente, você vai precisar investir algum dinheiro, olhar para a sua cultura e acelerar, porque essa é uma viagem sem volta, as pessoas estão se revelando cada vez mais, em diferentes cidades, ambientes e setores”, ressalta.
  • Contrate colaboradores da comunidade. É preciso abrir oportunidades para que as pessoas trans ingressem no mundo do trabalho. Existem pessoas da comunidade que são capacitadas e estão invisibilizadas. “Fomentar essa discussão é importante porque as empresas acabam aprendendo com o restante do mercado. Além de abrir processos seletivos que sejam inclusivos, é preciso tentar entender se dentro da própria organização não existem pessoas se escondendo no dia a dia por uma cultura muito opressora, se já não existem pessoas que possam ser apoiadas”, destaca Adriana.

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo. Se quiser apenas receber notícias, participe da nossa lista de distribuição por esse link ou digite @canalsuacarreira na barra de pesquisa.

Para uma pessoa trans, assumir sua identidade de gênero é um processo cheio de obstáculos. Após anos carregando o peso de negar e suprimir aspectos fundamentais da vida, revelar seu “verdadeiro eu” para família e amigos é estressante, mas quando o assunto é trabalho a situação é ainda mais complexa. Apesar de o mundo corporativo estar mais diverso e inclusivo, a transição de gênero no local de trabalho ainda é um tabu. O medo da rejeição é uma constante entre essa população.

Em abril deste ano, Victoria Longo, de 36 anos, relatou em uma publicação no Linkedin a experiência que teve ao abrir a câmera em uma reunião pela primeira vez desde que iniciou a transição de gênero. Detalhes como esse revelam os desafios ocultos desse processo e a importância de um apoio integral da empresa.

“Ao mesmo tempo que eu fiquei angustiada e com medo, eu senti uma sensação de liberdade grande por saber que meu gênero não alteraria a minha competência. Tudo que eu já tinha feito antes não iria deixar de ser reconhecido”, conta.

Em 2021, após uma longa jornada de aceitação e reconhecimento, ela decidiu contar para os colegas de trabalho sobre a transição e iniciar a terapia hormonal com acompanhamento de endocrinologista, psiquiatra e fonoaudióloga. Apesar de a empresa valorizar a diversidade, ela afirma que teve medo de enfrentar a reação dos colegas no dia a dia. “Eu não queria perder toda a credibilidade que eu tinha construído por conta da minha transição.”

VictoriaLongo teve medo de perder credibilidade ao falar sobre a transição de gênero, mas sabia que o gênero não alteraria a competência dela. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Os temores de Victoria também foram os de Alice Passarelli, de 26 anos, analista SRE (engenharia de confiabilidade de sites). Foram anos se moldando para viver uma vida que não era sua, mas o contato com uma colega transgênero no trabalho a inspirou a iniciar o próprio processo de transição. Assim, ela passou a se apresentar como uma mulher transgênero. “Eu fui abrindo aos pouquinhos com o pessoal dentro da empresa e, para minha surpresa, quanto mais eu dividia isso com as pessoas, mais fui percebendo que não era o fim do mundo, que ia ficar tudo bem.”

Antes de se abrir para toda a empresa, Alice decidiu conversar com um membro do Recursos Humanos — que também fazia parte da comunidade LGBT+. Ela conta que recebeu todo o apoio necessário e liberdade para passar pelo processo com calma e no seu tempo. Conforme a transição foi avançando, ela decidiu que a volta das férias, após uma cirurgia, seria a hora perfeita para se assumir para os demais.

“Eles sempre apoiaram a comunidade LGBT+, mas eu senti que depois que eu me assumi trans dentro da empresa, isso se intensificou um pouco mais. Até foi criado um grupo de diversidade e semanas temáticas para debater alguns pontos de melhorias, por exemplo”, conta ela.

A história de Thomas Nader, de 29 anos, foi um pouco diferente e não contou com o acolhimento necessário. Seu processo de transição foi um período intenso. Durante muito tempo, ele hesitou em assumir sua identidade de gênero no trabalho. Há sete anos, ainda como estudante de Educação Física, estagiava em uma escola de natação e, apesar de saber que isso era fundamental para sua felicidade, escondeu o processo de colegas e gestores ao máximo.

“Eu ainda estava no início da minha transição, não tinha barba e minha voz ainda era fina, então não contei para ninguém com medo de ser repreendido, de perder um trabalho que eu gostava muito”, diz.

Thomas Nader escondeu a transição de gênero; quando as pessoas descobriram, enfrentou comentários maldosos. Foto: Aquivo pessoal

Meses depois, algumas pessoas descobriram que Thomas era transgênero por meio das redes sociais. Foi quando começou a enfrentar questionamentos e comentários maldosos, o que resultou no desligamento da empresa. “Não tinha nenhum apoio, sabia que não podia contar para ninguém. O assunto não era discutido como é hoje”, lembra.

Para Victoria, o que realmente fez diferença para que seu processo de transição fosse mais saudável foi a existência de uma cultura de diversidade na empresa, como a presença de grupos de afinidade e outras pessoas trans. O acolhimento foi essencial para que ela se sentisse segura a dar um grande passo para, finalmente, poder viver abertamente. “Eu comecei a entender o meu próprio corpo como um instrumento de militância para ajudar as pessoas que vêm depois. Quero ser uma continuação.” 

Qual é o papel da empresa?

Conforme os temas relacionados à diversidade e inclusão avançam, muitas empresas buscam o suporte de consultorias para se prepararem para as novas demandas, adequando procedimentos internos, apoiando colaboradores e capacitando equipes e líderes. É nesse contexto que nasce o Programa de Apoio à Transição de Gênero nas Organizações, da Mais Diversidade.

Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da consultoria e uma das profissionais mais experientes do setor na América Latina, explica que cada projeto é único e as soluções apresentadas sempre partem das necessidades dos clientes. O processo, porém, sempre demanda três pontos-chave: o programa de sensibilização de equipe, mapeamento de todos os processos internos e o envolvimento das lideranças.

“As empresas ainda têm dúvidas sobre detalhes como o uso do banheiro. Elas sentem que a cultura organizacional ainda não está preparada para passar por isso”, afirma Adriana. “É essencial que a sensibilização e o conhecimento em profundidade seja o pontapé. Nós, como consultoria, trazemos o conhecimento técnico, mas a empresa precisa estar aberta.”

Dicas para trabalhar a transição de gênero nas empresas

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  • Tenha um interesse genuíno em aprender. Queira conhecer mais sobre o assunto e aprofundar esse conhecimento para ter uma boa base de diversidade e inclusão. “As empresas, por exemplo, precisam entender que as pessoas trans devem ser vistas com profundidade. Não dá para a gente abarcar toda sigla LGBT+ como se tudo estivesse no mesmo nível. Essa população está no último lugar da fila de prioridade das empresas”, pontua Adriana.
  • Trabalhe a escuta ativa. É necessário ouvir tudo ao seu redor, porque a fala revela muita coisa, principalmente quando o assunto é preconceito. “Você precisa estar disposto a colher incômodos”, ela explica. É nesse momento que você vai perceber quão avançada sua empresa está e o quanto ela ainda precisa evoluir.
  • Revise seus processos. “Eventualmente, você vai precisar investir algum dinheiro, olhar para a sua cultura e acelerar, porque essa é uma viagem sem volta, as pessoas estão se revelando cada vez mais, em diferentes cidades, ambientes e setores”, ressalta.
  • Contrate colaboradores da comunidade. É preciso abrir oportunidades para que as pessoas trans ingressem no mundo do trabalho. Existem pessoas da comunidade que são capacitadas e estão invisibilizadas. “Fomentar essa discussão é importante porque as empresas acabam aprendendo com o restante do mercado. Além de abrir processos seletivos que sejam inclusivos, é preciso tentar entender se dentro da própria organização não existem pessoas se escondendo no dia a dia por uma cultura muito opressora, se já não existem pessoas que possam ser apoiadas”, destaca Adriana.

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Para uma pessoa trans, assumir sua identidade de gênero é um processo cheio de obstáculos. Após anos carregando o peso de negar e suprimir aspectos fundamentais da vida, revelar seu “verdadeiro eu” para família e amigos é estressante, mas quando o assunto é trabalho a situação é ainda mais complexa. Apesar de o mundo corporativo estar mais diverso e inclusivo, a transição de gênero no local de trabalho ainda é um tabu. O medo da rejeição é uma constante entre essa população.

Em abril deste ano, Victoria Longo, de 36 anos, relatou em uma publicação no Linkedin a experiência que teve ao abrir a câmera em uma reunião pela primeira vez desde que iniciou a transição de gênero. Detalhes como esse revelam os desafios ocultos desse processo e a importância de um apoio integral da empresa.

“Ao mesmo tempo que eu fiquei angustiada e com medo, eu senti uma sensação de liberdade grande por saber que meu gênero não alteraria a minha competência. Tudo que eu já tinha feito antes não iria deixar de ser reconhecido”, conta.

Em 2021, após uma longa jornada de aceitação e reconhecimento, ela decidiu contar para os colegas de trabalho sobre a transição e iniciar a terapia hormonal com acompanhamento de endocrinologista, psiquiatra e fonoaudióloga. Apesar de a empresa valorizar a diversidade, ela afirma que teve medo de enfrentar a reação dos colegas no dia a dia. “Eu não queria perder toda a credibilidade que eu tinha construído por conta da minha transição.”

VictoriaLongo teve medo de perder credibilidade ao falar sobre a transição de gênero, mas sabia que o gênero não alteraria a competência dela. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Os temores de Victoria também foram os de Alice Passarelli, de 26 anos, analista SRE (engenharia de confiabilidade de sites). Foram anos se moldando para viver uma vida que não era sua, mas o contato com uma colega transgênero no trabalho a inspirou a iniciar o próprio processo de transição. Assim, ela passou a se apresentar como uma mulher transgênero. “Eu fui abrindo aos pouquinhos com o pessoal dentro da empresa e, para minha surpresa, quanto mais eu dividia isso com as pessoas, mais fui percebendo que não era o fim do mundo, que ia ficar tudo bem.”

Antes de se abrir para toda a empresa, Alice decidiu conversar com um membro do Recursos Humanos — que também fazia parte da comunidade LGBT+. Ela conta que recebeu todo o apoio necessário e liberdade para passar pelo processo com calma e no seu tempo. Conforme a transição foi avançando, ela decidiu que a volta das férias, após uma cirurgia, seria a hora perfeita para se assumir para os demais.

“Eles sempre apoiaram a comunidade LGBT+, mas eu senti que depois que eu me assumi trans dentro da empresa, isso se intensificou um pouco mais. Até foi criado um grupo de diversidade e semanas temáticas para debater alguns pontos de melhorias, por exemplo”, conta ela.

A história de Thomas Nader, de 29 anos, foi um pouco diferente e não contou com o acolhimento necessário. Seu processo de transição foi um período intenso. Durante muito tempo, ele hesitou em assumir sua identidade de gênero no trabalho. Há sete anos, ainda como estudante de Educação Física, estagiava em uma escola de natação e, apesar de saber que isso era fundamental para sua felicidade, escondeu o processo de colegas e gestores ao máximo.

“Eu ainda estava no início da minha transição, não tinha barba e minha voz ainda era fina, então não contei para ninguém com medo de ser repreendido, de perder um trabalho que eu gostava muito”, diz.

Thomas Nader escondeu a transição de gênero; quando as pessoas descobriram, enfrentou comentários maldosos. Foto: Aquivo pessoal

Meses depois, algumas pessoas descobriram que Thomas era transgênero por meio das redes sociais. Foi quando começou a enfrentar questionamentos e comentários maldosos, o que resultou no desligamento da empresa. “Não tinha nenhum apoio, sabia que não podia contar para ninguém. O assunto não era discutido como é hoje”, lembra.

Para Victoria, o que realmente fez diferença para que seu processo de transição fosse mais saudável foi a existência de uma cultura de diversidade na empresa, como a presença de grupos de afinidade e outras pessoas trans. O acolhimento foi essencial para que ela se sentisse segura a dar um grande passo para, finalmente, poder viver abertamente. “Eu comecei a entender o meu próprio corpo como um instrumento de militância para ajudar as pessoas que vêm depois. Quero ser uma continuação.” 

Qual é o papel da empresa?

Conforme os temas relacionados à diversidade e inclusão avançam, muitas empresas buscam o suporte de consultorias para se prepararem para as novas demandas, adequando procedimentos internos, apoiando colaboradores e capacitando equipes e líderes. É nesse contexto que nasce o Programa de Apoio à Transição de Gênero nas Organizações, da Mais Diversidade.

Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da consultoria e uma das profissionais mais experientes do setor na América Latina, explica que cada projeto é único e as soluções apresentadas sempre partem das necessidades dos clientes. O processo, porém, sempre demanda três pontos-chave: o programa de sensibilização de equipe, mapeamento de todos os processos internos e o envolvimento das lideranças.

“As empresas ainda têm dúvidas sobre detalhes como o uso do banheiro. Elas sentem que a cultura organizacional ainda não está preparada para passar por isso”, afirma Adriana. “É essencial que a sensibilização e o conhecimento em profundidade seja o pontapé. Nós, como consultoria, trazemos o conhecimento técnico, mas a empresa precisa estar aberta.”

Dicas para trabalhar a transição de gênero nas empresas

Confira quatro dicas para criar um ambiente mais acolhedor para as pessoas trans, travestis e não binárias dentro das organizações:

  • Tenha um interesse genuíno em aprender. Queira conhecer mais sobre o assunto e aprofundar esse conhecimento para ter uma boa base de diversidade e inclusão. “As empresas, por exemplo, precisam entender que as pessoas trans devem ser vistas com profundidade. Não dá para a gente abarcar toda sigla LGBT+ como se tudo estivesse no mesmo nível. Essa população está no último lugar da fila de prioridade das empresas”, pontua Adriana.
  • Trabalhe a escuta ativa. É necessário ouvir tudo ao seu redor, porque a fala revela muita coisa, principalmente quando o assunto é preconceito. “Você precisa estar disposto a colher incômodos”, ela explica. É nesse momento que você vai perceber quão avançada sua empresa está e o quanto ela ainda precisa evoluir.
  • Revise seus processos. “Eventualmente, você vai precisar investir algum dinheiro, olhar para a sua cultura e acelerar, porque essa é uma viagem sem volta, as pessoas estão se revelando cada vez mais, em diferentes cidades, ambientes e setores”, ressalta.
  • Contrate colaboradores da comunidade. É preciso abrir oportunidades para que as pessoas trans ingressem no mundo do trabalho. Existem pessoas da comunidade que são capacitadas e estão invisibilizadas. “Fomentar essa discussão é importante porque as empresas acabam aprendendo com o restante do mercado. Além de abrir processos seletivos que sejam inclusivos, é preciso tentar entender se dentro da própria organização não existem pessoas se escondendo no dia a dia por uma cultura muito opressora, se já não existem pessoas que possam ser apoiadas”, destaca Adriana.

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