Às vezes é difícil de aceitar, mas a grande verdade é: ela não está sozinha. Quem não se pegou, dia após dia, pensando que poderia estar fazendo um trabalho mais gratificante ou relevante? Em tempos de crise, muitas vezes as pessoas se sentem gratas somente por trabalhar e ter como pagar as contas. Atualmente, porém, os funcionários querem mais do que isso.
Lembro de uma vez ter passado os olhos por um currículo de uma publicitária que, depois de perder o emprego em uma agência, acabou vendendo livros por três meses no Rio de Janeiro, relatando que foi uma experiência em que trabalhou sua "humildade". Não sei se é produtivo chegar a colocar esse tipo de passagem profissional no currículo, mas a verdade é que todo mundo está sujeito a ter de enfrentar um período em que não exerce o emprego ideal.
Curiosamente, lendo o "The New York Times" esses dias, encontrei duas respostas a pessoas que consideram suas habilidades acima do trabalho que exercem atualmente. E acho ambas muito válidas.
Para Caitlin Kelly, jornalista que trabalhou em lojas de roupa após perder o emprego, foi uma forma de aprender novas habilidades, mesmo em uma função considerada "menor". "Podia ser qualificada demais para dobrar camisetas, mas não tinha o talento para vender, ser paciente e atenciosa com o cliente. Não importa qual seja o trabalho. Há sempre algo a aprender", diz ela, que escreveu um livro sobre a experiência.
Já a coach Hilary Pearl diz que a melhor forma é tentar fazer limonada dos limões que a vida profissional lhe oferece atualmente: "Diga a si mesmo que o trabalho atual não é o fim de sua carreira. Não dramatize os aspectos negativos e tente ver a situação filosoficamente: a vida é uma série de fases. E essa é uma delas."