O blog do Caderno de Oportunidades

Vivência esportista inspira novos negócios


Atletas amadores usam experiência de suas agruras para criar roupas e cosméticos especiais e pulseiras para acesso a histórico médico

Por Cris Olivette
Marina Rovery e Anna Mac Dowell Guinle. Foto: Iara Marselli/Estadão

Detectar uma necessidade ou resolver um problema continua sendo uma das melhores fontes de inspiração para a criação de um negócio. No caso de atletas amadores e profissionais, não é diferente e diversos profissionais já desenvolveram produtos e serviços a partir de suas experiências pessoais.

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Praticantes de triatlo, as fundadoras da Lauf, Marina Rovery e Anna Guinle, apostaram na produção de roupas esportivas para mulheres. "A empresa nasceu há seis anos e naquela época não havia uma marca feminina no setor. As roupas eram pretas e não tinham qualquer detalhe", contam as sócias.

Marina diz que a indústria têxtil brasileira oferece bons tecidos, equivalentes aos vendidos no exterior. "Nós focamos na modelagem, nas costuras e nos bolsos. São detalhes que fazem a diferença para as atletas. Nossa preocupação é unir performance e tecnologia com viés de moda, criando peças com estampas e cores que atraem as mulheres."

Hoje a marca também oferece linhas masculinas e infantis, criadas a partir da solicitação das clientes. "Elas queriam presentear seus parceiros e filhos e, por isso, criamos as linha para compor o mix."

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As sócias afirmam que corredoras e ciclistas são os principais usuários, principalmente aquelas que participam de provas de longa duração. "É difícil encontrar bermuda com bolso, importante para levar gel de carboidrato, ou que tenha costura que não machuque a pele após muito tempo de atrito."

Franquia 

Em 2015, elas resolveram expandir o negócio por meio de franquia. E para ganhar capilaridade, tiveram de ir além desse nicho. "Hoje, a Lauf é mais eclética e democrática, porque oferece roupas para um público heterogêneo. Mantivemos o DNA do esporte, mas temos outras linhas que todos podem usar, pois não são tão tecnológicas e voltadas para o desempenho."

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Com 20 funcionários diretos, a marca tem três lojas próprias e unidades franqueadas em Campinas, Cuiabá, Goiânia e Curitiba. Para ser franqueado, o investimento inicial é a partir de R$ 250 mil. O valor inclui estoque de uma coleção. "Temos como meta abrir mais quatro lojas franqueadas até o final do ano", diz Mariana.

Cosméticos

Amigas de infância, as fundadoras da Pink Cheeks Renata Chaim, Corina Cunha e Gisele Violin se reencontraram após algum tempo, em uma corrida. "Isso ocorreu em 2009 e desde então passamos a treinar juntas e a compartilhar sofrimentos com algumas consequências do esporte", diz Renata.

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Segundo ela, Corina, que é farmacêutica, passou a desenvolver produtos para aliviar os problemas de cada uma. "Eu tenho a pele muito sensível e sofria com assaduras. A Gisele tinha problemas nos pés, com a formação de bolhas e calos."

Entre os primeiros produtos desenvolvidos estão: filtro solar potente e que não sai na água e nem com o suor; spray antibolhas; hidratante para afinar os calos dos pés; e linha capilar com protetor solar, que evita que os cabelos fiquem embaraçados.

Renata, que é publicitária, criou logotipo para as embalagens aproveitando o nome Pink Cheeks, que elas usavam no grupo de corrida. "No começo era uma brincadeira, mas quando percebemos que tinha demanda e as pessoas tinham simpatia pela marca e conceito, oficializamos a empresa, em 2013."

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Fábrica

Preocupada com a qualidade dos produtos, Corina decidiu criar uma fábrica. "Inicialmente a produção era terceirizada. Mas quando o volume começou a aumentar, ela ficou preocupada com a eficiência dos produtos e montou uma fábrica de cosméticos para fabricar os nossos produtos", diz Renata.

A publicitária e maratonista está muito animada, porque foi classificada para participar da maratona de Boston, no próximo ano. "A Corina é triatleta, ela tem alto rendimento e beira o grupo de elite. E a Gisele é corredora e praticante de crossfit. Nós temos histórico de esporte bastante acentuado e, por isso, entendemos bem o propósito dos produtos que fabricamos."

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Renata Chaim (à esq.), Corina Cunha e Gisele Violin. Foto: Paulo Pedrazzini

Recentemente, a empresa também lançou uma linha de maquiagem própria para malhar, a Sport Makeup. "Esta é a primeira linha de maquiagem para praticantes de esporte no Brasil e a quinta do mundo. Apesar de sermos uma empresa pequena, o lançamento foi bastante relevante e citado no mundo inteiro por um radar mundial de cosméticos", comemora Renata.

Segundo ela, por conta desse lançamento a Pink Cheeks foi finalista em concurso realizado em Amsterdã e que é considerado o maior evento de cosméticos do mundo, o in-Cosmetics.

"Fomos finalistas do conceituado prêmio 'Beauty Industry Awards', na categoria Indie Color Cosmetic. Nossa empresa foi considerada criativa, rápida e que faz produtos diferenciados" diz a empresária. A linha de maquiagem funciona como filtro solar e, segundo ela, é mais potente que muitos produtos existentes no mercado.

"Por enquanto, desenvolvemos base, corretivo, blush, pó, iluminador e gloss. O apelo, em primeiro lugar, é a proteção em altíssimo nível. Além disso, os produtos são resistentes à água e ao suor e podem ser usados para nadar, correr e no dia a dia."

A empresária afirma que o negócio cresce 40% ao ano e elas têm planos de internacionalização para 2019. "Mas ainda temos muito mercado para ser explorado no Brasil."

A empresa tem dez funcionários, mas também gera muitos empregos indiretos. "São promotoras, pessoal que participa de eventos e consultoras, totalizando aproximadamente 80 pessoas."

Outro triatleta que percebeu uma oportunidade de negócio é Valter Stoiani, dono da Self Id. "O triatleta geralmente treina sozinho ou em grupo, principalmente ciclismo, e, caso ocorra uma emergência, os parceiros não sabem para quem ligar. Foi assim que tive a ideia de criar pulseiras de identificação."

Valter Stoiani. Foto: V.S./Arquivo pessoal

Ele ressalta que o produto, além de conter uma chapa de aço com informações gravadas como o nome da pessoa, tipo sanguíneo, telefone de emergência, informação sobre alguma alergia e o hospital para o qual pode ser levado, também possui um código único de usuário que dá acesso a um prontuário virtual, disponível no site da Self Id. "As informações podem ser acessadas quando o paciente chega ao hospital.

É um histórico de saúde, com cópias de documentos e nomes de médicos que atendem a pessoa." Stoiani conta que, aos poucos, começou a ver que o produto também era útil para pacientes com diabetes, Alzheimer e crianças que vão viajar para locais com grande aglomeração e podem se perder.

"Quando os atletas entravam no site para comprar a pulseira, também pensavam em comprar para os filhos ou parentes idosos. Assim, as opções de públicos cresceram de forma natural."

A marca oferece pulseiras de vários modelos e níveis de informações, com preços variando entre R$ 79,90 e R$ 159,90. "As pessoas precisam entender a importância de andar com esse tipo de identificação, principalmente quem é diabético ou tem epilepsia, por exemplo."

Validação

O professor de marketing do Insper, Silvio Laban, afirma que ao detectar uma necessidade é preciso entender se a ideia tem mercado de fato. "O que é bom para mim pode não ser bom para você. Por isso é preciso ouvir potenciais usuários para comprovar se há demanda, além de identificar o que já existe no mercado."

Segundo ele, hoje em dia é cada vez mais simples obter esse tipo de informação. "O interessado pode entrar em contato com grupos específicos nas redes sociais e ouvir a opinião dessas pessoas." Laban diz que o mercado esportivo tem muito potencial no País. "Há um grande espaço para o segmento se capitalizar, por conta do aumento da longevidade e de uma série de incentivos para que as pessoas mantenham hábitos saudáveis, o que inclui a prática esportiva."

CAMPEÃ CRIA SERVIÇO COM SUA EQUIPE TÉCNICA

Atleta profissional, campeã mundial e pan-americana e recordista brasileira e sul-americana de salto com vara, Fabiana Murer também decidiu empreender após dar adeus às competições no final dos Jogos Olímpicos de 2016.

Fabiana Murer. Foto: Elias Gomes

Formada em fisioterapia, desde 2004 a ex-atleta já havia decidido empreender após a sua aposentadoria.

"Conversando com o grupo de profissionais que cuidava de mim enquanto eu competia, resolvemos reunir nossas especialidades e criamos o Insport, um instituto de saúde, prevenção, ortopedia, reabilitação e treinamento", conta. O negócio foi lançado por cinco sócios há um ano. "Atendemos atletas profissionais, amadores e pessoas que buscam qualidade de vida."

Segundo ela, uma das coisas que sempre desejou era dar acesso às pessoas aos exercícios que ela fazia como atleta. "Durante a minha carreira tive pouquíssimas lesões, graças aos exercícios e a forma de treinamento que eu adotava. Foi assim que criei o método Murer de prevenção e treinamento. Agora, ofereço esses benefícios para todos, sempre adaptando o método ao perfil do cliente."

Fabiana afirma que o negócio está crescendo de forma gradual. "Nos preocupamos muito com a qualidade do atendimento, que não ocorre em larga escala. Dessa forma, podemos dar toda a atenção necessária aos pacientes", diz.

Marina Rovery e Anna Mac Dowell Guinle. Foto: Iara Marselli/Estadão

Detectar uma necessidade ou resolver um problema continua sendo uma das melhores fontes de inspiração para a criação de um negócio. No caso de atletas amadores e profissionais, não é diferente e diversos profissionais já desenvolveram produtos e serviços a partir de suas experiências pessoais.

Praticantes de triatlo, as fundadoras da Lauf, Marina Rovery e Anna Guinle, apostaram na produção de roupas esportivas para mulheres. "A empresa nasceu há seis anos e naquela época não havia uma marca feminina no setor. As roupas eram pretas e não tinham qualquer detalhe", contam as sócias.

Marina diz que a indústria têxtil brasileira oferece bons tecidos, equivalentes aos vendidos no exterior. "Nós focamos na modelagem, nas costuras e nos bolsos. São detalhes que fazem a diferença para as atletas. Nossa preocupação é unir performance e tecnologia com viés de moda, criando peças com estampas e cores que atraem as mulheres."

Hoje a marca também oferece linhas masculinas e infantis, criadas a partir da solicitação das clientes. "Elas queriam presentear seus parceiros e filhos e, por isso, criamos as linha para compor o mix."

As sócias afirmam que corredoras e ciclistas são os principais usuários, principalmente aquelas que participam de provas de longa duração. "É difícil encontrar bermuda com bolso, importante para levar gel de carboidrato, ou que tenha costura que não machuque a pele após muito tempo de atrito."

Franquia 

Em 2015, elas resolveram expandir o negócio por meio de franquia. E para ganhar capilaridade, tiveram de ir além desse nicho. "Hoje, a Lauf é mais eclética e democrática, porque oferece roupas para um público heterogêneo. Mantivemos o DNA do esporte, mas temos outras linhas que todos podem usar, pois não são tão tecnológicas e voltadas para o desempenho."

Com 20 funcionários diretos, a marca tem três lojas próprias e unidades franqueadas em Campinas, Cuiabá, Goiânia e Curitiba. Para ser franqueado, o investimento inicial é a partir de R$ 250 mil. O valor inclui estoque de uma coleção. "Temos como meta abrir mais quatro lojas franqueadas até o final do ano", diz Mariana.

Cosméticos

Amigas de infância, as fundadoras da Pink Cheeks Renata Chaim, Corina Cunha e Gisele Violin se reencontraram após algum tempo, em uma corrida. "Isso ocorreu em 2009 e desde então passamos a treinar juntas e a compartilhar sofrimentos com algumas consequências do esporte", diz Renata.

Segundo ela, Corina, que é farmacêutica, passou a desenvolver produtos para aliviar os problemas de cada uma. "Eu tenho a pele muito sensível e sofria com assaduras. A Gisele tinha problemas nos pés, com a formação de bolhas e calos."

Entre os primeiros produtos desenvolvidos estão: filtro solar potente e que não sai na água e nem com o suor; spray antibolhas; hidratante para afinar os calos dos pés; e linha capilar com protetor solar, que evita que os cabelos fiquem embaraçados.

Renata, que é publicitária, criou logotipo para as embalagens aproveitando o nome Pink Cheeks, que elas usavam no grupo de corrida. "No começo era uma brincadeira, mas quando percebemos que tinha demanda e as pessoas tinham simpatia pela marca e conceito, oficializamos a empresa, em 2013."

Fábrica

Preocupada com a qualidade dos produtos, Corina decidiu criar uma fábrica. "Inicialmente a produção era terceirizada. Mas quando o volume começou a aumentar, ela ficou preocupada com a eficiência dos produtos e montou uma fábrica de cosméticos para fabricar os nossos produtos", diz Renata.

A publicitária e maratonista está muito animada, porque foi classificada para participar da maratona de Boston, no próximo ano. "A Corina é triatleta, ela tem alto rendimento e beira o grupo de elite. E a Gisele é corredora e praticante de crossfit. Nós temos histórico de esporte bastante acentuado e, por isso, entendemos bem o propósito dos produtos que fabricamos."

Renata Chaim (à esq.), Corina Cunha e Gisele Violin. Foto: Paulo Pedrazzini

Recentemente, a empresa também lançou uma linha de maquiagem própria para malhar, a Sport Makeup. "Esta é a primeira linha de maquiagem para praticantes de esporte no Brasil e a quinta do mundo. Apesar de sermos uma empresa pequena, o lançamento foi bastante relevante e citado no mundo inteiro por um radar mundial de cosméticos", comemora Renata.

Segundo ela, por conta desse lançamento a Pink Cheeks foi finalista em concurso realizado em Amsterdã e que é considerado o maior evento de cosméticos do mundo, o in-Cosmetics.

"Fomos finalistas do conceituado prêmio 'Beauty Industry Awards', na categoria Indie Color Cosmetic. Nossa empresa foi considerada criativa, rápida e que faz produtos diferenciados" diz a empresária. A linha de maquiagem funciona como filtro solar e, segundo ela, é mais potente que muitos produtos existentes no mercado.

"Por enquanto, desenvolvemos base, corretivo, blush, pó, iluminador e gloss. O apelo, em primeiro lugar, é a proteção em altíssimo nível. Além disso, os produtos são resistentes à água e ao suor e podem ser usados para nadar, correr e no dia a dia."

A empresária afirma que o negócio cresce 40% ao ano e elas têm planos de internacionalização para 2019. "Mas ainda temos muito mercado para ser explorado no Brasil."

A empresa tem dez funcionários, mas também gera muitos empregos indiretos. "São promotoras, pessoal que participa de eventos e consultoras, totalizando aproximadamente 80 pessoas."

Outro triatleta que percebeu uma oportunidade de negócio é Valter Stoiani, dono da Self Id. "O triatleta geralmente treina sozinho ou em grupo, principalmente ciclismo, e, caso ocorra uma emergência, os parceiros não sabem para quem ligar. Foi assim que tive a ideia de criar pulseiras de identificação."

Valter Stoiani. Foto: V.S./Arquivo pessoal

Ele ressalta que o produto, além de conter uma chapa de aço com informações gravadas como o nome da pessoa, tipo sanguíneo, telefone de emergência, informação sobre alguma alergia e o hospital para o qual pode ser levado, também possui um código único de usuário que dá acesso a um prontuário virtual, disponível no site da Self Id. "As informações podem ser acessadas quando o paciente chega ao hospital.

É um histórico de saúde, com cópias de documentos e nomes de médicos que atendem a pessoa." Stoiani conta que, aos poucos, começou a ver que o produto também era útil para pacientes com diabetes, Alzheimer e crianças que vão viajar para locais com grande aglomeração e podem se perder.

"Quando os atletas entravam no site para comprar a pulseira, também pensavam em comprar para os filhos ou parentes idosos. Assim, as opções de públicos cresceram de forma natural."

A marca oferece pulseiras de vários modelos e níveis de informações, com preços variando entre R$ 79,90 e R$ 159,90. "As pessoas precisam entender a importância de andar com esse tipo de identificação, principalmente quem é diabético ou tem epilepsia, por exemplo."

Validação

O professor de marketing do Insper, Silvio Laban, afirma que ao detectar uma necessidade é preciso entender se a ideia tem mercado de fato. "O que é bom para mim pode não ser bom para você. Por isso é preciso ouvir potenciais usuários para comprovar se há demanda, além de identificar o que já existe no mercado."

Segundo ele, hoje em dia é cada vez mais simples obter esse tipo de informação. "O interessado pode entrar em contato com grupos específicos nas redes sociais e ouvir a opinião dessas pessoas." Laban diz que o mercado esportivo tem muito potencial no País. "Há um grande espaço para o segmento se capitalizar, por conta do aumento da longevidade e de uma série de incentivos para que as pessoas mantenham hábitos saudáveis, o que inclui a prática esportiva."

CAMPEÃ CRIA SERVIÇO COM SUA EQUIPE TÉCNICA

Atleta profissional, campeã mundial e pan-americana e recordista brasileira e sul-americana de salto com vara, Fabiana Murer também decidiu empreender após dar adeus às competições no final dos Jogos Olímpicos de 2016.

Fabiana Murer. Foto: Elias Gomes

Formada em fisioterapia, desde 2004 a ex-atleta já havia decidido empreender após a sua aposentadoria.

"Conversando com o grupo de profissionais que cuidava de mim enquanto eu competia, resolvemos reunir nossas especialidades e criamos o Insport, um instituto de saúde, prevenção, ortopedia, reabilitação e treinamento", conta. O negócio foi lançado por cinco sócios há um ano. "Atendemos atletas profissionais, amadores e pessoas que buscam qualidade de vida."

Segundo ela, uma das coisas que sempre desejou era dar acesso às pessoas aos exercícios que ela fazia como atleta. "Durante a minha carreira tive pouquíssimas lesões, graças aos exercícios e a forma de treinamento que eu adotava. Foi assim que criei o método Murer de prevenção e treinamento. Agora, ofereço esses benefícios para todos, sempre adaptando o método ao perfil do cliente."

Fabiana afirma que o negócio está crescendo de forma gradual. "Nos preocupamos muito com a qualidade do atendimento, que não ocorre em larga escala. Dessa forma, podemos dar toda a atenção necessária aos pacientes", diz.

Marina Rovery e Anna Mac Dowell Guinle. Foto: Iara Marselli/Estadão

Detectar uma necessidade ou resolver um problema continua sendo uma das melhores fontes de inspiração para a criação de um negócio. No caso de atletas amadores e profissionais, não é diferente e diversos profissionais já desenvolveram produtos e serviços a partir de suas experiências pessoais.

Praticantes de triatlo, as fundadoras da Lauf, Marina Rovery e Anna Guinle, apostaram na produção de roupas esportivas para mulheres. "A empresa nasceu há seis anos e naquela época não havia uma marca feminina no setor. As roupas eram pretas e não tinham qualquer detalhe", contam as sócias.

Marina diz que a indústria têxtil brasileira oferece bons tecidos, equivalentes aos vendidos no exterior. "Nós focamos na modelagem, nas costuras e nos bolsos. São detalhes que fazem a diferença para as atletas. Nossa preocupação é unir performance e tecnologia com viés de moda, criando peças com estampas e cores que atraem as mulheres."

Hoje a marca também oferece linhas masculinas e infantis, criadas a partir da solicitação das clientes. "Elas queriam presentear seus parceiros e filhos e, por isso, criamos as linha para compor o mix."

As sócias afirmam que corredoras e ciclistas são os principais usuários, principalmente aquelas que participam de provas de longa duração. "É difícil encontrar bermuda com bolso, importante para levar gel de carboidrato, ou que tenha costura que não machuque a pele após muito tempo de atrito."

Franquia 

Em 2015, elas resolveram expandir o negócio por meio de franquia. E para ganhar capilaridade, tiveram de ir além desse nicho. "Hoje, a Lauf é mais eclética e democrática, porque oferece roupas para um público heterogêneo. Mantivemos o DNA do esporte, mas temos outras linhas que todos podem usar, pois não são tão tecnológicas e voltadas para o desempenho."

Com 20 funcionários diretos, a marca tem três lojas próprias e unidades franqueadas em Campinas, Cuiabá, Goiânia e Curitiba. Para ser franqueado, o investimento inicial é a partir de R$ 250 mil. O valor inclui estoque de uma coleção. "Temos como meta abrir mais quatro lojas franqueadas até o final do ano", diz Mariana.

Cosméticos

Amigas de infância, as fundadoras da Pink Cheeks Renata Chaim, Corina Cunha e Gisele Violin se reencontraram após algum tempo, em uma corrida. "Isso ocorreu em 2009 e desde então passamos a treinar juntas e a compartilhar sofrimentos com algumas consequências do esporte", diz Renata.

Segundo ela, Corina, que é farmacêutica, passou a desenvolver produtos para aliviar os problemas de cada uma. "Eu tenho a pele muito sensível e sofria com assaduras. A Gisele tinha problemas nos pés, com a formação de bolhas e calos."

Entre os primeiros produtos desenvolvidos estão: filtro solar potente e que não sai na água e nem com o suor; spray antibolhas; hidratante para afinar os calos dos pés; e linha capilar com protetor solar, que evita que os cabelos fiquem embaraçados.

Renata, que é publicitária, criou logotipo para as embalagens aproveitando o nome Pink Cheeks, que elas usavam no grupo de corrida. "No começo era uma brincadeira, mas quando percebemos que tinha demanda e as pessoas tinham simpatia pela marca e conceito, oficializamos a empresa, em 2013."

Fábrica

Preocupada com a qualidade dos produtos, Corina decidiu criar uma fábrica. "Inicialmente a produção era terceirizada. Mas quando o volume começou a aumentar, ela ficou preocupada com a eficiência dos produtos e montou uma fábrica de cosméticos para fabricar os nossos produtos", diz Renata.

A publicitária e maratonista está muito animada, porque foi classificada para participar da maratona de Boston, no próximo ano. "A Corina é triatleta, ela tem alto rendimento e beira o grupo de elite. E a Gisele é corredora e praticante de crossfit. Nós temos histórico de esporte bastante acentuado e, por isso, entendemos bem o propósito dos produtos que fabricamos."

Renata Chaim (à esq.), Corina Cunha e Gisele Violin. Foto: Paulo Pedrazzini

Recentemente, a empresa também lançou uma linha de maquiagem própria para malhar, a Sport Makeup. "Esta é a primeira linha de maquiagem para praticantes de esporte no Brasil e a quinta do mundo. Apesar de sermos uma empresa pequena, o lançamento foi bastante relevante e citado no mundo inteiro por um radar mundial de cosméticos", comemora Renata.

Segundo ela, por conta desse lançamento a Pink Cheeks foi finalista em concurso realizado em Amsterdã e que é considerado o maior evento de cosméticos do mundo, o in-Cosmetics.

"Fomos finalistas do conceituado prêmio 'Beauty Industry Awards', na categoria Indie Color Cosmetic. Nossa empresa foi considerada criativa, rápida e que faz produtos diferenciados" diz a empresária. A linha de maquiagem funciona como filtro solar e, segundo ela, é mais potente que muitos produtos existentes no mercado.

"Por enquanto, desenvolvemos base, corretivo, blush, pó, iluminador e gloss. O apelo, em primeiro lugar, é a proteção em altíssimo nível. Além disso, os produtos são resistentes à água e ao suor e podem ser usados para nadar, correr e no dia a dia."

A empresária afirma que o negócio cresce 40% ao ano e elas têm planos de internacionalização para 2019. "Mas ainda temos muito mercado para ser explorado no Brasil."

A empresa tem dez funcionários, mas também gera muitos empregos indiretos. "São promotoras, pessoal que participa de eventos e consultoras, totalizando aproximadamente 80 pessoas."

Outro triatleta que percebeu uma oportunidade de negócio é Valter Stoiani, dono da Self Id. "O triatleta geralmente treina sozinho ou em grupo, principalmente ciclismo, e, caso ocorra uma emergência, os parceiros não sabem para quem ligar. Foi assim que tive a ideia de criar pulseiras de identificação."

Valter Stoiani. Foto: V.S./Arquivo pessoal

Ele ressalta que o produto, além de conter uma chapa de aço com informações gravadas como o nome da pessoa, tipo sanguíneo, telefone de emergência, informação sobre alguma alergia e o hospital para o qual pode ser levado, também possui um código único de usuário que dá acesso a um prontuário virtual, disponível no site da Self Id. "As informações podem ser acessadas quando o paciente chega ao hospital.

É um histórico de saúde, com cópias de documentos e nomes de médicos que atendem a pessoa." Stoiani conta que, aos poucos, começou a ver que o produto também era útil para pacientes com diabetes, Alzheimer e crianças que vão viajar para locais com grande aglomeração e podem se perder.

"Quando os atletas entravam no site para comprar a pulseira, também pensavam em comprar para os filhos ou parentes idosos. Assim, as opções de públicos cresceram de forma natural."

A marca oferece pulseiras de vários modelos e níveis de informações, com preços variando entre R$ 79,90 e R$ 159,90. "As pessoas precisam entender a importância de andar com esse tipo de identificação, principalmente quem é diabético ou tem epilepsia, por exemplo."

Validação

O professor de marketing do Insper, Silvio Laban, afirma que ao detectar uma necessidade é preciso entender se a ideia tem mercado de fato. "O que é bom para mim pode não ser bom para você. Por isso é preciso ouvir potenciais usuários para comprovar se há demanda, além de identificar o que já existe no mercado."

Segundo ele, hoje em dia é cada vez mais simples obter esse tipo de informação. "O interessado pode entrar em contato com grupos específicos nas redes sociais e ouvir a opinião dessas pessoas." Laban diz que o mercado esportivo tem muito potencial no País. "Há um grande espaço para o segmento se capitalizar, por conta do aumento da longevidade e de uma série de incentivos para que as pessoas mantenham hábitos saudáveis, o que inclui a prática esportiva."

CAMPEÃ CRIA SERVIÇO COM SUA EQUIPE TÉCNICA

Atleta profissional, campeã mundial e pan-americana e recordista brasileira e sul-americana de salto com vara, Fabiana Murer também decidiu empreender após dar adeus às competições no final dos Jogos Olímpicos de 2016.

Fabiana Murer. Foto: Elias Gomes

Formada em fisioterapia, desde 2004 a ex-atleta já havia decidido empreender após a sua aposentadoria.

"Conversando com o grupo de profissionais que cuidava de mim enquanto eu competia, resolvemos reunir nossas especialidades e criamos o Insport, um instituto de saúde, prevenção, ortopedia, reabilitação e treinamento", conta. O negócio foi lançado por cinco sócios há um ano. "Atendemos atletas profissionais, amadores e pessoas que buscam qualidade de vida."

Segundo ela, uma das coisas que sempre desejou era dar acesso às pessoas aos exercícios que ela fazia como atleta. "Durante a minha carreira tive pouquíssimas lesões, graças aos exercícios e a forma de treinamento que eu adotava. Foi assim que criei o método Murer de prevenção e treinamento. Agora, ofereço esses benefícios para todos, sempre adaptando o método ao perfil do cliente."

Fabiana afirma que o negócio está crescendo de forma gradual. "Nos preocupamos muito com a qualidade do atendimento, que não ocorre em larga escala. Dessa forma, podemos dar toda a atenção necessária aos pacientes", diz.

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