BRASÍLIA - No mesmo evento do BTG Pactual em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu adiantar o substituto do teto de gastos, ontem, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que um eventual texto “radical” sobre o novo arcabouço fiscal não terá sucesso no plenário do Congresso. Na visão do deputado, a âncora deve ser “razoável”, “equilibrada” e “moderada”.
“Eu não canso de dizer que o próprio ministro (Fernando) Haddad se sentou numa mesa com todas as lideranças da Câmara na discussão da PEC da Transição, e fizemos um acordo para que o texto que vier (do arcabouço fiscal) seja um texto médio, que possa angariar apoio de base de mudança constitucional, ou seja, um texto radical para um lado ou para outro não terá sucesso no plenário do Congresso”, disse Lira, no evento. “Esse compromisso foi feito na presença de todos os líderes, da oposição ao governo, para que o Ministério da Economia (Fazenda) e do Planejamento possam fornecer ao Congresso Nacional um texto médio, conceituado, razoável, equilibrado, que trate de responsabilidade fiscal sem esquecer a justiça social, mas não descambe nem para um lado, excessivamente, nem para outro, que seja um texto moderado”, emendou.
Autonomia do Banco Central
Em meio às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC), Lira voltou a afirmar que não vê no Congresso nenhuma possibilidade de mudança em relação à autonomia do BC. O deputado disse acreditar que Lula e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “são duas pessoas que vão saber dialogar”.
Na visão de Lira, as tratativas públicas sobre a política monetária não ajudam a economia. “Foi um avanço, uma conquista dos últimos anos. Acho que o Brasil caminha na direção do que o mundo pensa. O Banco Central independente cuida da nossa moeda, cuida do sistema monetária. É lógico que ninguém está acima de qualquer crítica. Eu penso, tanto pelo que eu conheço do presidente Lula, recentemente, nas conversas que tivemos, como do presidente Roberto Campos, que são duas pessoas que vão saber dialogar”, disse Lira.
O presidente da Câmara afirmou não ver problema em Campos Neto ir ao Congresso explicar a taxa de juros, como querem parlamentares do PT e de outros partidos governistas, mas disse que a ida do banqueiro central ao Legislativo não pode ocorrer por “achismos” e questões ideológicas. “Mas eu tenho certeza de que, se houver um convite, pelas conversas e pelas entrevistas que eu ouvi, com bastante sensatez, ele vai, e essas coisas se esclarecerão”, declarou Lira.