Sumiço de US$ 17 bilhões de bônus do Credit Suisse espalha nova onda de medo nos mercados


Títulos que o banco usava para captar recursos foram simplesmente eliminados; medida é controversa e pode desencadear contestações legais ao acordo de venda do Credit ao UBS, segundo especialistas

Por Aline Bronzati e Altamiro Silva Junior

NOVA YORK E SÃO PAULO - O desaparecimento de mais de US$ 17 bilhões em títulos de dívida do Credit Suisse com a venda ao rival UBS catapultou uma nova onda de temor na comunidade financeira internacional, com reflexos no mercado global de títulos de dívida (os chamados bonds), onde o valor dos papéis de bancos despencou.

A principal preocupação de investidores é que podem estar expostos a um risco maior do que previam em relação aos bancos. A diferença de tratamento dada aos detentores de bônus frente aos acionistas na venda do Credit pode causar uma reavaliação dos títulos bancários, em queda nesta segunda-feira.

Entre os títulos que os bancos usam para captar recursos e atender exigências regulatórias de capital, um dos mais comuns é AT1 ou “Additional Tier 1 Bonds”, um instrumento de dívida subordinada semelhante a um bônus perpétuo, ou seja, sem data de vencimento, sem garantia e não conversível, criado dentro das regras do Basileia III.

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Nesse instrumento, o banco não paga o valor do principal captado, mas juros aos investidores que compram. Quando o capital de um banco cai abaixo de um determinado nível mínimo, o regulador pode forçar a conversão desses papéis ou simplesmente eliminá-los, o que ocorreu com o Credit Suisse.

Com a venda do banco ao também suíço UBS, US$ 17,3 bilhões em títulos adicionais AT1 foram reduzidos a valor zero, informou o regulador financeiro da Suíça, Finma, em comunicado neste domingo. Esses títulos foram criados após a crise de 2008 como uma maneira de transferir o risco bancário dos contribuintes para investidores profissionais, servindo como uma espécie de suporte a perdas durante períodos de turbulência como a atual.

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Venda do Credit ao UBS foi costurada às pressas por reguladores para sanar o temor em torno do banco e evitar uma crise bancária ao redor do globo Foto: Gabriel Bouys/AFP

A venda do Credit ao UBS foi costurada às pressas por reguladores para sanar o temor em torno do banco e evitar uma crise bancária ao redor do globo após três bancos fecharem as portas nos Estados Unidos em questão de dias. O tratamento a detentores de títulos AT1 do banco, porém, mudou a narrativa em torno do potencial contágio no setor. Esses investidores não vão receber nada enquanto os detentores de ações do Credit embolsarão mais de US$ 3 bilhões.

Reavaliação de risco e de valor de títulos

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“Isso claramente criou tremores no mercado e está provocando uma reavaliação do risco em muitas carteiras hoje e no valor dos títulos bancários”, diz a estrategista sênior de câmbio do holandês Rabobank, Jane Foley.

Primeiro, começou na Ásia uma forte venda desses papéis, que se alastrou para Europa e Estados Unidos, conforme os mercados iam abrindo nesta segunda-feira.

Como reflexo do nervosismo dos investidores, as ações de grandes bancos caem forte no mundo. Mais que isso, o risco atribuído às instituições financeiras opera em alta. O Credit Default Swap (CDS), um derivativo que protege contra calotes, considerando os contratos de cinco anos, do UBS sobem mais de 60 pontos, chegando a bater em 175 pontos. Os do Credit seguem acima de 1.000 pontos. Em outros bancos europeus, o CDS do Deutsche Bank, banco que já teve problemas no passado recente, sobe mais de 60 pontos também, para 188.

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A baixa contábil de títulos do Credit no valor de mais de US$ 17 bilhões é a maior perda até o momento para o mercado europeu de títulos AT1, que soma US$ 275 bilhões, segundo a mídia internacional. A cifra é muito maior que o único evento semelhante, de cerca de US$ 1,45 bilhão em 2017, ocasião em que os acionistas também foram baixados.

Virou pó

Os analistas do banco de investimento Jefferies ponderam que se a aquisição do UBS elimina riscos de cauda para o setor, também traz um alerta. Além de os acionistas não terem sido consultados para aprovar o negócio, os detentores da dívida AT1 viram seus títulos virarem pó.

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O Goldman Sachs espera que o custo de financiamento para os bancos por meio dos títulos AT1 aumente após o evento. O gigante de Wall Street também vê a possibilidade de uma mudança na estrutura de capital dessas instituições, com um potencial impulso para substituir AT1 por ações, ou seja, o capital nas mãos de acionistas (CET1, na sigla em inglês), “levando a um acúmulo de capital requerido”.

Para a Capital Economics, a eliminação dos títulos AT1 é controversa e pode desencadear contestações legais ao acordo de venda do Credit ao UBS, prolongando o processo e criando mais incertezas. “Isso é controverso, uma vez que o capital ordinário - que é normalmente considerado subordinado ao AT1 na estrutura de capital - não foi totalmente eliminado”, avalia o economista-chefe para Europa, Andrew Kenningham.

NOVA YORK E SÃO PAULO - O desaparecimento de mais de US$ 17 bilhões em títulos de dívida do Credit Suisse com a venda ao rival UBS catapultou uma nova onda de temor na comunidade financeira internacional, com reflexos no mercado global de títulos de dívida (os chamados bonds), onde o valor dos papéis de bancos despencou.

A principal preocupação de investidores é que podem estar expostos a um risco maior do que previam em relação aos bancos. A diferença de tratamento dada aos detentores de bônus frente aos acionistas na venda do Credit pode causar uma reavaliação dos títulos bancários, em queda nesta segunda-feira.

Entre os títulos que os bancos usam para captar recursos e atender exigências regulatórias de capital, um dos mais comuns é AT1 ou “Additional Tier 1 Bonds”, um instrumento de dívida subordinada semelhante a um bônus perpétuo, ou seja, sem data de vencimento, sem garantia e não conversível, criado dentro das regras do Basileia III.

Nesse instrumento, o banco não paga o valor do principal captado, mas juros aos investidores que compram. Quando o capital de um banco cai abaixo de um determinado nível mínimo, o regulador pode forçar a conversão desses papéis ou simplesmente eliminá-los, o que ocorreu com o Credit Suisse.

Com a venda do banco ao também suíço UBS, US$ 17,3 bilhões em títulos adicionais AT1 foram reduzidos a valor zero, informou o regulador financeiro da Suíça, Finma, em comunicado neste domingo. Esses títulos foram criados após a crise de 2008 como uma maneira de transferir o risco bancário dos contribuintes para investidores profissionais, servindo como uma espécie de suporte a perdas durante períodos de turbulência como a atual.

Venda do Credit ao UBS foi costurada às pressas por reguladores para sanar o temor em torno do banco e evitar uma crise bancária ao redor do globo Foto: Gabriel Bouys/AFP

A venda do Credit ao UBS foi costurada às pressas por reguladores para sanar o temor em torno do banco e evitar uma crise bancária ao redor do globo após três bancos fecharem as portas nos Estados Unidos em questão de dias. O tratamento a detentores de títulos AT1 do banco, porém, mudou a narrativa em torno do potencial contágio no setor. Esses investidores não vão receber nada enquanto os detentores de ações do Credit embolsarão mais de US$ 3 bilhões.

Reavaliação de risco e de valor de títulos

“Isso claramente criou tremores no mercado e está provocando uma reavaliação do risco em muitas carteiras hoje e no valor dos títulos bancários”, diz a estrategista sênior de câmbio do holandês Rabobank, Jane Foley.

Primeiro, começou na Ásia uma forte venda desses papéis, que se alastrou para Europa e Estados Unidos, conforme os mercados iam abrindo nesta segunda-feira.

Como reflexo do nervosismo dos investidores, as ações de grandes bancos caem forte no mundo. Mais que isso, o risco atribuído às instituições financeiras opera em alta. O Credit Default Swap (CDS), um derivativo que protege contra calotes, considerando os contratos de cinco anos, do UBS sobem mais de 60 pontos, chegando a bater em 175 pontos. Os do Credit seguem acima de 1.000 pontos. Em outros bancos europeus, o CDS do Deutsche Bank, banco que já teve problemas no passado recente, sobe mais de 60 pontos também, para 188.

A baixa contábil de títulos do Credit no valor de mais de US$ 17 bilhões é a maior perda até o momento para o mercado europeu de títulos AT1, que soma US$ 275 bilhões, segundo a mídia internacional. A cifra é muito maior que o único evento semelhante, de cerca de US$ 1,45 bilhão em 2017, ocasião em que os acionistas também foram baixados.

Virou pó

Os analistas do banco de investimento Jefferies ponderam que se a aquisição do UBS elimina riscos de cauda para o setor, também traz um alerta. Além de os acionistas não terem sido consultados para aprovar o negócio, os detentores da dívida AT1 viram seus títulos virarem pó.

O Goldman Sachs espera que o custo de financiamento para os bancos por meio dos títulos AT1 aumente após o evento. O gigante de Wall Street também vê a possibilidade de uma mudança na estrutura de capital dessas instituições, com um potencial impulso para substituir AT1 por ações, ou seja, o capital nas mãos de acionistas (CET1, na sigla em inglês), “levando a um acúmulo de capital requerido”.

Para a Capital Economics, a eliminação dos títulos AT1 é controversa e pode desencadear contestações legais ao acordo de venda do Credit ao UBS, prolongando o processo e criando mais incertezas. “Isso é controverso, uma vez que o capital ordinário - que é normalmente considerado subordinado ao AT1 na estrutura de capital - não foi totalmente eliminado”, avalia o economista-chefe para Europa, Andrew Kenningham.

NOVA YORK E SÃO PAULO - O desaparecimento de mais de US$ 17 bilhões em títulos de dívida do Credit Suisse com a venda ao rival UBS catapultou uma nova onda de temor na comunidade financeira internacional, com reflexos no mercado global de títulos de dívida (os chamados bonds), onde o valor dos papéis de bancos despencou.

A principal preocupação de investidores é que podem estar expostos a um risco maior do que previam em relação aos bancos. A diferença de tratamento dada aos detentores de bônus frente aos acionistas na venda do Credit pode causar uma reavaliação dos títulos bancários, em queda nesta segunda-feira.

Entre os títulos que os bancos usam para captar recursos e atender exigências regulatórias de capital, um dos mais comuns é AT1 ou “Additional Tier 1 Bonds”, um instrumento de dívida subordinada semelhante a um bônus perpétuo, ou seja, sem data de vencimento, sem garantia e não conversível, criado dentro das regras do Basileia III.

Nesse instrumento, o banco não paga o valor do principal captado, mas juros aos investidores que compram. Quando o capital de um banco cai abaixo de um determinado nível mínimo, o regulador pode forçar a conversão desses papéis ou simplesmente eliminá-los, o que ocorreu com o Credit Suisse.

Com a venda do banco ao também suíço UBS, US$ 17,3 bilhões em títulos adicionais AT1 foram reduzidos a valor zero, informou o regulador financeiro da Suíça, Finma, em comunicado neste domingo. Esses títulos foram criados após a crise de 2008 como uma maneira de transferir o risco bancário dos contribuintes para investidores profissionais, servindo como uma espécie de suporte a perdas durante períodos de turbulência como a atual.

Venda do Credit ao UBS foi costurada às pressas por reguladores para sanar o temor em torno do banco e evitar uma crise bancária ao redor do globo Foto: Gabriel Bouys/AFP

A venda do Credit ao UBS foi costurada às pressas por reguladores para sanar o temor em torno do banco e evitar uma crise bancária ao redor do globo após três bancos fecharem as portas nos Estados Unidos em questão de dias. O tratamento a detentores de títulos AT1 do banco, porém, mudou a narrativa em torno do potencial contágio no setor. Esses investidores não vão receber nada enquanto os detentores de ações do Credit embolsarão mais de US$ 3 bilhões.

Reavaliação de risco e de valor de títulos

“Isso claramente criou tremores no mercado e está provocando uma reavaliação do risco em muitas carteiras hoje e no valor dos títulos bancários”, diz a estrategista sênior de câmbio do holandês Rabobank, Jane Foley.

Primeiro, começou na Ásia uma forte venda desses papéis, que se alastrou para Europa e Estados Unidos, conforme os mercados iam abrindo nesta segunda-feira.

Como reflexo do nervosismo dos investidores, as ações de grandes bancos caem forte no mundo. Mais que isso, o risco atribuído às instituições financeiras opera em alta. O Credit Default Swap (CDS), um derivativo que protege contra calotes, considerando os contratos de cinco anos, do UBS sobem mais de 60 pontos, chegando a bater em 175 pontos. Os do Credit seguem acima de 1.000 pontos. Em outros bancos europeus, o CDS do Deutsche Bank, banco que já teve problemas no passado recente, sobe mais de 60 pontos também, para 188.

A baixa contábil de títulos do Credit no valor de mais de US$ 17 bilhões é a maior perda até o momento para o mercado europeu de títulos AT1, que soma US$ 275 bilhões, segundo a mídia internacional. A cifra é muito maior que o único evento semelhante, de cerca de US$ 1,45 bilhão em 2017, ocasião em que os acionistas também foram baixados.

Virou pó

Os analistas do banco de investimento Jefferies ponderam que se a aquisição do UBS elimina riscos de cauda para o setor, também traz um alerta. Além de os acionistas não terem sido consultados para aprovar o negócio, os detentores da dívida AT1 viram seus títulos virarem pó.

O Goldman Sachs espera que o custo de financiamento para os bancos por meio dos títulos AT1 aumente após o evento. O gigante de Wall Street também vê a possibilidade de uma mudança na estrutura de capital dessas instituições, com um potencial impulso para substituir AT1 por ações, ou seja, o capital nas mãos de acionistas (CET1, na sigla em inglês), “levando a um acúmulo de capital requerido”.

Para a Capital Economics, a eliminação dos títulos AT1 é controversa e pode desencadear contestações legais ao acordo de venda do Credit ao UBS, prolongando o processo e criando mais incertezas. “Isso é controverso, uma vez que o capital ordinário - que é normalmente considerado subordinado ao AT1 na estrutura de capital - não foi totalmente eliminado”, avalia o economista-chefe para Europa, Andrew Kenningham.

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