O ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) pode ser visto por muitas pessoas como um conceito distante do mercado financeiro. Para José Pugas, sócio-líder em Investimentos Sustentáveis na JGP Asset Management, porém, a proximidade entre eles é inegável e crescente. Ele participou do talks “ESG e Investimentos”, no Estadão Summit ESG 2024, realizado nesta quinta-feira, 26, no Teatro B32, em São Paulo.
“As pessoas costumam pensar que o ESG não tem relação com investimentos, mas, na verdade, ele foi criado para guiar o mercado de capitais e o setor financeiro. Se voltarmos à origem, em 2004, com Kofi Annan (secretário-geral da ONU de 1997 a 2006) e a publicação do relatório ‘Who Cares Wins’, vemos que a primeira menção ao ESG foi um apelo da comunidade internacional para que o mercado financeiro começasse a considerar os fatores ambientais, sociais e de governança em suas decisões de investimento”, disse Pugas.
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Segundo ele, o ESG veio como um alerta, destacando que esses fatores estavam sendo negligenciados no processo decisório. “De 2004 até hoje, o que antes era uma possibilidade remota se transformou em uma urgência. Questões como a crise climática e a perda de biodiversidade emergiram como os principais riscos globais, afetando diretamente o mercado de capitais e o setor financeiro”, disse.
Ele destacou ainda que a função do mercado financeiro sempre foi mobilizar capital para que as empresas pudessem ganhar tempo, acelerando seu desenvolvimento e crescimento. No entanto, atualmente, o recurso mais escasso em relação às mudanças climáticas é justamente o tempo.
“O custo dessa urgência é elevado. Para manter o aquecimento global em 1,5°C, será necessário mobilizar US$ 233 trilhões até 2050. Embora pareça um valor imenso, o custo de não agir seria ainda maior: US$ 1,8 quatrilião, acumulado pelas consequências da crise climática”, alertou o sócio da JGP.
Para o executivo, ignorar essa realidade significa precificar o risco incorretamente. No entanto, algo que o mercado de capitais sempre soube fazer bem é identificar e precificar riscos. “A questão climática, ambiental e social já começa a ser incorporada pelos analistas, embora em um ritmo mais lento do que o desejado. Ainda assim, o tema já está em pauta”, disse.
Segundo Pugas, será inevitável para o mercado financeiro sair do modelo tradicional de contratação focado apenas em especialistas na área de finanças. “Será necessário incluir profissionais de diferentes áreas, como engenheiros ambientais e florestais, para complementar o conhecimento e enriquecer a análise daqueles acostumados exclusivamente ao mercado financeiro”, afirmou.