Taxa Selic deve ter 1ª queda em três anos, em estreia de Galípolo; mercado espera placar dividido


Divergência deve estar na intensidade do corte dos juros, se 0,25 ou 0,5 ponto porcentual; taxa está em 13,75% ao ano

Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues
Atualização:

Brasília - Após um ano da taxa Selic parada em 13,75% a contragosto do governo Lula e de empresários, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve inaugurar o ciclo de cortes dos juros básicos na reunião desta semana em uma decisão dividida, provavelmente entre uma queda de 0,25 (13,5%) e de 0,5 ponto porcentual (13,25%). Se já havia divergência no colegiado no encontro de junho, a chegada dos diretores indicados pelo Planalto, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, tende a reforçar o dissenso a favor de uma Selic menor.

O Copom se reúne nesta terça e quarta-feiras (1º e 2 de agosto) e divulga sua decisão a partir de 18h30 do segundo dia. Se confirmada a redução da taxa, será exatamente três anos depois do último movimento de queda da Selic, para 2%, a mínima histórica, no contexto da pandemia de covid-19. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, é unânime a aposta de corte da Selic nesta semana entre as 88 instituições financeiras consultadas, das quais 70% (62) esperam recuo de 0,25 ponto, de 13,75% para 13,5%, e 26 projetam baixa de 0,5 ponto, para 13,25%.

O mercado migrou em peso na aposta de primeiro corte dos juros básicos após a ata do Copom de junho. No documento, o BC informou que a maioria dos oito membros que participaram da reunião já enxergava condições para iniciar um processo “parcimonioso” de flexibilização em agosto, em caso de continuidade da desinflação, com impacto sobre expectativas inflacionárias.

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A concretização desse cenário, combinado com o avanço de projetos importantes no Congresso, como a reforma tributária, a apreciação cambial e a melhora do rating do Brasil de pela Fitch, colocou uma queda maior, de 0,50 ponto porcentual, como quer o governo, no radar junto com o corte de 0,25 ponto - considerado “parcimonioso”.

Galípolo estreia amanhã, 1º de agosto, em reunião do Copom Foto: Washington Costa/MF / DIV

Na curva de juros, a precificação já aponta para mais de 70% de chance de recuo para 13,25% esta semana - porcentual que aumentou após o IPCA-15 de julho (-0,07%) mostrar um cenário mais favorável de núcleos e serviços, preocupações do BC.

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Em seu modelo, o BC vai se deparar com as seguintes mudanças de junho para cá: a mediana do IPCA no Boletim Focus passou de 5,12% para 4,84% em 2023, de 4% para 3,89% em 2024 e de 3,8% para 3,5% em 2025. Já a projeção para a Selic recuou de 12,25% para 12% para 2023 e de 9,5% para 9,25% no fim de 2024. Houve também queda do dólar ante o real. Em junho, as projeções do Copom eram de 3,4% em 2024 e 3,1% para 2025.

Aposta apertada

“Estávamos convictos de que o BC iniciaria o ciclo com um corte parcimonioso de 0,25 ponto porcentual, mas desenvolvimentos recentes transformaram [essa projeção] em uma aposta apertada - apertada demais, realmente. Em uma provável decisão dividida, parece igualmente possível que a maioria prefira começar com a nossa projeção de um movimento de 0,25 ponto ou um corte mais agressivo (e usado com mais frequência) de 0,5 ponto”, resumiu o JPMorgan, em relatório.

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Ao Estadão/Broadcast, a economista-chefe do JP no Brasil, Cassiana Fernandez, disse que há argumentos técnicos que justificam as duas opções. Por um lado, há uma desinflação mais rápida nos últimos meses, mas a economista avalia que ainda é muito pautada pelo alívio nos preços de bens e que parece cedo para afirmar que os preços de serviços vão desacelerar de forma sustentável, especialmente com o mercado de trabalho forte.

Fernandez cita também como vetores de cautela a desancoragem de expectativas, o processo em curso de alta de juros nos países desenvolvidos e políticas fiscais e parafiscais mais ativas.

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No BV, o economista-chefe Roberto Padovani aposta em um corte de 0,25 ponto na Selic nesta semana, por conservadorismo do Copom. As projeções do economista são de cortes de 0,5 ponto nas reuniões seguintes, de setembro, novembro e dezembro. Segundo ele, porém, não haveria nenhum impedimento técnico para uma decisão mais ousada, de corte de 0,5 ponto já agora.

“O importante é começar a cortar. Nossa visão é de que o BC irá preferir 0,25 ponto por uma questão de comunicação, para evitar que o mercado trabalhe com cortes crescentes”, avalia Padovani.

O economista considera que os ambientes global e doméstico melhoraram muito desde a última reunião do Copom, com inflação bem mais baixa e câmbio apreciado no País. Por outro lado, ele aponta que as expectativas para o IPCA de 2024 pararam de melhorar, reforçando dúvidas sobre a chegada da inflação ao centro da meta de 3% no médio prazo - algo que a expansão fiscal também pode dificultar.

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Para Padovani, com a entrada de dois novos diretores indicados pelo atual governo no colegiado, é provável que a decisão de quarta-feira seja dividida. “Creio que haverá mais dissenso a partir de agora e vamos ter de aprender como será a comunicação do BC. Antigamente, o dissenso em si já era uma forma de comunicação, mas agora não necessariamente implicará um sinal de política monetária”, avalia o economista, que espera alguma mudança da comunicação após o ruído na última reunião. Mas uma coisa é certa para ele: independentemente do tamanho do corte, o governo continuará reclamando do BC.

A GAP Asset projeta corte de 0,5 ponto neste Copom, mas a economista-chefe e sócia, Anna Reis, também reconhece que a definição será muito apertada, com chance de queda de 0,25 ponto também. Tecnicamente, a economista não vê urgência para começar o ciclo já com uma baixa de 0,5 ponto.

Mas considera que três fatores contribuem para o corte mais forte: a ofensiva do governo e de empresários, a precificação de mercado - afetada também pela pressão política - e a postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em outras reuniões marcantes do Copom.

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“Tem a mudança na economia política do comitê. Vamos ver como vai funcionar na prática, com a entrada dos dois novos diretores. Antes disso, porém, já havia dissenso. Havia uma ala mais cautelosa que deve votar em queda de 0,25 ponto. Os novos diretores são dúvida, mas a expectativa inicial de todos é de que Galípolo vote para corte de 0,5 ponto”, avalia.

“Vai ficar na mão de Campos Neto, já que alguns diretores devem segui-lo. Ele será o fiel da balança e já se mostrou mais arrojado em decisões passadas”, completa Reis, que aposta em comunicação mais hawkish para evitar que o mercado já comece a precificar um ritmo ainda mais intenso de afrouxamento nas reuniões seguintes. A GAP espera Selic em 11,75% no fim do ano.

Brasília - Após um ano da taxa Selic parada em 13,75% a contragosto do governo Lula e de empresários, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve inaugurar o ciclo de cortes dos juros básicos na reunião desta semana em uma decisão dividida, provavelmente entre uma queda de 0,25 (13,5%) e de 0,5 ponto porcentual (13,25%). Se já havia divergência no colegiado no encontro de junho, a chegada dos diretores indicados pelo Planalto, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, tende a reforçar o dissenso a favor de uma Selic menor.

O Copom se reúne nesta terça e quarta-feiras (1º e 2 de agosto) e divulga sua decisão a partir de 18h30 do segundo dia. Se confirmada a redução da taxa, será exatamente três anos depois do último movimento de queda da Selic, para 2%, a mínima histórica, no contexto da pandemia de covid-19. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, é unânime a aposta de corte da Selic nesta semana entre as 88 instituições financeiras consultadas, das quais 70% (62) esperam recuo de 0,25 ponto, de 13,75% para 13,5%, e 26 projetam baixa de 0,5 ponto, para 13,25%.

O mercado migrou em peso na aposta de primeiro corte dos juros básicos após a ata do Copom de junho. No documento, o BC informou que a maioria dos oito membros que participaram da reunião já enxergava condições para iniciar um processo “parcimonioso” de flexibilização em agosto, em caso de continuidade da desinflação, com impacto sobre expectativas inflacionárias.

A concretização desse cenário, combinado com o avanço de projetos importantes no Congresso, como a reforma tributária, a apreciação cambial e a melhora do rating do Brasil de pela Fitch, colocou uma queda maior, de 0,50 ponto porcentual, como quer o governo, no radar junto com o corte de 0,25 ponto - considerado “parcimonioso”.

Galípolo estreia amanhã, 1º de agosto, em reunião do Copom Foto: Washington Costa/MF / DIV

Na curva de juros, a precificação já aponta para mais de 70% de chance de recuo para 13,25% esta semana - porcentual que aumentou após o IPCA-15 de julho (-0,07%) mostrar um cenário mais favorável de núcleos e serviços, preocupações do BC.

Em seu modelo, o BC vai se deparar com as seguintes mudanças de junho para cá: a mediana do IPCA no Boletim Focus passou de 5,12% para 4,84% em 2023, de 4% para 3,89% em 2024 e de 3,8% para 3,5% em 2025. Já a projeção para a Selic recuou de 12,25% para 12% para 2023 e de 9,5% para 9,25% no fim de 2024. Houve também queda do dólar ante o real. Em junho, as projeções do Copom eram de 3,4% em 2024 e 3,1% para 2025.

Aposta apertada

“Estávamos convictos de que o BC iniciaria o ciclo com um corte parcimonioso de 0,25 ponto porcentual, mas desenvolvimentos recentes transformaram [essa projeção] em uma aposta apertada - apertada demais, realmente. Em uma provável decisão dividida, parece igualmente possível que a maioria prefira começar com a nossa projeção de um movimento de 0,25 ponto ou um corte mais agressivo (e usado com mais frequência) de 0,5 ponto”, resumiu o JPMorgan, em relatório.

Ao Estadão/Broadcast, a economista-chefe do JP no Brasil, Cassiana Fernandez, disse que há argumentos técnicos que justificam as duas opções. Por um lado, há uma desinflação mais rápida nos últimos meses, mas a economista avalia que ainda é muito pautada pelo alívio nos preços de bens e que parece cedo para afirmar que os preços de serviços vão desacelerar de forma sustentável, especialmente com o mercado de trabalho forte.

Fernandez cita também como vetores de cautela a desancoragem de expectativas, o processo em curso de alta de juros nos países desenvolvidos e políticas fiscais e parafiscais mais ativas.

No BV, o economista-chefe Roberto Padovani aposta em um corte de 0,25 ponto na Selic nesta semana, por conservadorismo do Copom. As projeções do economista são de cortes de 0,5 ponto nas reuniões seguintes, de setembro, novembro e dezembro. Segundo ele, porém, não haveria nenhum impedimento técnico para uma decisão mais ousada, de corte de 0,5 ponto já agora.

“O importante é começar a cortar. Nossa visão é de que o BC irá preferir 0,25 ponto por uma questão de comunicação, para evitar que o mercado trabalhe com cortes crescentes”, avalia Padovani.

O economista considera que os ambientes global e doméstico melhoraram muito desde a última reunião do Copom, com inflação bem mais baixa e câmbio apreciado no País. Por outro lado, ele aponta que as expectativas para o IPCA de 2024 pararam de melhorar, reforçando dúvidas sobre a chegada da inflação ao centro da meta de 3% no médio prazo - algo que a expansão fiscal também pode dificultar.

Para Padovani, com a entrada de dois novos diretores indicados pelo atual governo no colegiado, é provável que a decisão de quarta-feira seja dividida. “Creio que haverá mais dissenso a partir de agora e vamos ter de aprender como será a comunicação do BC. Antigamente, o dissenso em si já era uma forma de comunicação, mas agora não necessariamente implicará um sinal de política monetária”, avalia o economista, que espera alguma mudança da comunicação após o ruído na última reunião. Mas uma coisa é certa para ele: independentemente do tamanho do corte, o governo continuará reclamando do BC.

A GAP Asset projeta corte de 0,5 ponto neste Copom, mas a economista-chefe e sócia, Anna Reis, também reconhece que a definição será muito apertada, com chance de queda de 0,25 ponto também. Tecnicamente, a economista não vê urgência para começar o ciclo já com uma baixa de 0,5 ponto.

Mas considera que três fatores contribuem para o corte mais forte: a ofensiva do governo e de empresários, a precificação de mercado - afetada também pela pressão política - e a postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em outras reuniões marcantes do Copom.

“Tem a mudança na economia política do comitê. Vamos ver como vai funcionar na prática, com a entrada dos dois novos diretores. Antes disso, porém, já havia dissenso. Havia uma ala mais cautelosa que deve votar em queda de 0,25 ponto. Os novos diretores são dúvida, mas a expectativa inicial de todos é de que Galípolo vote para corte de 0,5 ponto”, avalia.

“Vai ficar na mão de Campos Neto, já que alguns diretores devem segui-lo. Ele será o fiel da balança e já se mostrou mais arrojado em decisões passadas”, completa Reis, que aposta em comunicação mais hawkish para evitar que o mercado já comece a precificar um ritmo ainda mais intenso de afrouxamento nas reuniões seguintes. A GAP espera Selic em 11,75% no fim do ano.

Brasília - Após um ano da taxa Selic parada em 13,75% a contragosto do governo Lula e de empresários, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve inaugurar o ciclo de cortes dos juros básicos na reunião desta semana em uma decisão dividida, provavelmente entre uma queda de 0,25 (13,5%) e de 0,5 ponto porcentual (13,25%). Se já havia divergência no colegiado no encontro de junho, a chegada dos diretores indicados pelo Planalto, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, tende a reforçar o dissenso a favor de uma Selic menor.

O Copom se reúne nesta terça e quarta-feiras (1º e 2 de agosto) e divulga sua decisão a partir de 18h30 do segundo dia. Se confirmada a redução da taxa, será exatamente três anos depois do último movimento de queda da Selic, para 2%, a mínima histórica, no contexto da pandemia de covid-19. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, é unânime a aposta de corte da Selic nesta semana entre as 88 instituições financeiras consultadas, das quais 70% (62) esperam recuo de 0,25 ponto, de 13,75% para 13,5%, e 26 projetam baixa de 0,5 ponto, para 13,25%.

O mercado migrou em peso na aposta de primeiro corte dos juros básicos após a ata do Copom de junho. No documento, o BC informou que a maioria dos oito membros que participaram da reunião já enxergava condições para iniciar um processo “parcimonioso” de flexibilização em agosto, em caso de continuidade da desinflação, com impacto sobre expectativas inflacionárias.

A concretização desse cenário, combinado com o avanço de projetos importantes no Congresso, como a reforma tributária, a apreciação cambial e a melhora do rating do Brasil de pela Fitch, colocou uma queda maior, de 0,50 ponto porcentual, como quer o governo, no radar junto com o corte de 0,25 ponto - considerado “parcimonioso”.

Galípolo estreia amanhã, 1º de agosto, em reunião do Copom Foto: Washington Costa/MF / DIV

Na curva de juros, a precificação já aponta para mais de 70% de chance de recuo para 13,25% esta semana - porcentual que aumentou após o IPCA-15 de julho (-0,07%) mostrar um cenário mais favorável de núcleos e serviços, preocupações do BC.

Em seu modelo, o BC vai se deparar com as seguintes mudanças de junho para cá: a mediana do IPCA no Boletim Focus passou de 5,12% para 4,84% em 2023, de 4% para 3,89% em 2024 e de 3,8% para 3,5% em 2025. Já a projeção para a Selic recuou de 12,25% para 12% para 2023 e de 9,5% para 9,25% no fim de 2024. Houve também queda do dólar ante o real. Em junho, as projeções do Copom eram de 3,4% em 2024 e 3,1% para 2025.

Aposta apertada

“Estávamos convictos de que o BC iniciaria o ciclo com um corte parcimonioso de 0,25 ponto porcentual, mas desenvolvimentos recentes transformaram [essa projeção] em uma aposta apertada - apertada demais, realmente. Em uma provável decisão dividida, parece igualmente possível que a maioria prefira começar com a nossa projeção de um movimento de 0,25 ponto ou um corte mais agressivo (e usado com mais frequência) de 0,5 ponto”, resumiu o JPMorgan, em relatório.

Ao Estadão/Broadcast, a economista-chefe do JP no Brasil, Cassiana Fernandez, disse que há argumentos técnicos que justificam as duas opções. Por um lado, há uma desinflação mais rápida nos últimos meses, mas a economista avalia que ainda é muito pautada pelo alívio nos preços de bens e que parece cedo para afirmar que os preços de serviços vão desacelerar de forma sustentável, especialmente com o mercado de trabalho forte.

Fernandez cita também como vetores de cautela a desancoragem de expectativas, o processo em curso de alta de juros nos países desenvolvidos e políticas fiscais e parafiscais mais ativas.

No BV, o economista-chefe Roberto Padovani aposta em um corte de 0,25 ponto na Selic nesta semana, por conservadorismo do Copom. As projeções do economista são de cortes de 0,5 ponto nas reuniões seguintes, de setembro, novembro e dezembro. Segundo ele, porém, não haveria nenhum impedimento técnico para uma decisão mais ousada, de corte de 0,5 ponto já agora.

“O importante é começar a cortar. Nossa visão é de que o BC irá preferir 0,25 ponto por uma questão de comunicação, para evitar que o mercado trabalhe com cortes crescentes”, avalia Padovani.

O economista considera que os ambientes global e doméstico melhoraram muito desde a última reunião do Copom, com inflação bem mais baixa e câmbio apreciado no País. Por outro lado, ele aponta que as expectativas para o IPCA de 2024 pararam de melhorar, reforçando dúvidas sobre a chegada da inflação ao centro da meta de 3% no médio prazo - algo que a expansão fiscal também pode dificultar.

Para Padovani, com a entrada de dois novos diretores indicados pelo atual governo no colegiado, é provável que a decisão de quarta-feira seja dividida. “Creio que haverá mais dissenso a partir de agora e vamos ter de aprender como será a comunicação do BC. Antigamente, o dissenso em si já era uma forma de comunicação, mas agora não necessariamente implicará um sinal de política monetária”, avalia o economista, que espera alguma mudança da comunicação após o ruído na última reunião. Mas uma coisa é certa para ele: independentemente do tamanho do corte, o governo continuará reclamando do BC.

A GAP Asset projeta corte de 0,5 ponto neste Copom, mas a economista-chefe e sócia, Anna Reis, também reconhece que a definição será muito apertada, com chance de queda de 0,25 ponto também. Tecnicamente, a economista não vê urgência para começar o ciclo já com uma baixa de 0,5 ponto.

Mas considera que três fatores contribuem para o corte mais forte: a ofensiva do governo e de empresários, a precificação de mercado - afetada também pela pressão política - e a postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em outras reuniões marcantes do Copom.

“Tem a mudança na economia política do comitê. Vamos ver como vai funcionar na prática, com a entrada dos dois novos diretores. Antes disso, porém, já havia dissenso. Havia uma ala mais cautelosa que deve votar em queda de 0,25 ponto. Os novos diretores são dúvida, mas a expectativa inicial de todos é de que Galípolo vote para corte de 0,5 ponto”, avalia.

“Vai ficar na mão de Campos Neto, já que alguns diretores devem segui-lo. Ele será o fiel da balança e já se mostrou mais arrojado em decisões passadas”, completa Reis, que aposta em comunicação mais hawkish para evitar que o mercado já comece a precificar um ritmo ainda mais intenso de afrouxamento nas reuniões seguintes. A GAP espera Selic em 11,75% no fim do ano.

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