Brasil fica entre os últimos em ranking global de produtividade, ao lado de Mongólia e Venezuela


País ocupa a quarta pior colocação entre 64 países analisados pela escola suíça IMD; produtividade brasileira não chega à metade da registrada na Coreia do Sul

Por Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis
Atualização:

O Brasil está se distanciando do padrão de competitividade não apenas de economias desenvolvidas, mas também de pares emergentes. No ranking de produtividade da força de trabalho, o País está na 61ª posição de um total de 64 nações avaliadas de acordo com indicadores e pesquisas de executivos de empresas, segundo a escola de educação executiva suíça IMD (Institute for Management Development). Nesse caso, o País só está melhor que Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela.

No ranking de produtividade geral, que leva em conta o PIB por pessoa ocupada, a posição brasileira é ligeiramente melhor: 57ª colocação, abaixo de Colômbia, México, Argentina, África do Sul e Cazaquistão (ver gráfico). A grosso modo, segundo o IMD, o Brasil precisa de quatro trabalhadores para produzir a mesma coisa que um trabalhador americano faz. A produtividade do trabalho no Brasil também não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul.

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De acordo com o IMD, hoje a produtividade de um país pode ser medida de duas formas. Uma seria a relação entre PIB e a população economicamente ativa, que leva em consideração o nível de educação e o ambiente de negócios, entre outros. Outro indicador é o de percepção da comunidade empresarial de um país em relação à produtividade da mão de obra.

Nesse caso, o resultado pode depender, por exemplo, de choques externos como uma fuga de “cérebros” do país ou a expansão de setores limitadas por mão de obra qualificada - itens que colocam a desenvolvida Nova Zelândia nas últimas posições no ranking, uma surpresa. Há ainda outros fatores que a pesquisa de opinião captura e que podem apresentar vieses dos respondentes, mas que juntos com dados estatísticos, explicam bem o panorama de cada nação, destaca o IMD.

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No Brasil, a baixa produtividade é resultado de uma série de fatores reunidos. O professor e diretor do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, explica que, com os gastos públicos em alta, o País não consegue formar poupança, ao mesmo tempo em que paga juros mais altos pelas incertezas fiscais.

A consequência é pouco espaço para a realização de investimentos, em especial no desenvolvimento científico e tecnológico, cujo fundo nacional é alvo frequente de contingenciamentos para o governo fechar as contas.

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Produtividade do trabalho no Brasil não chega à metade da verifiada na Coreia do Sul Foto: Amarildo Gonçalves/Estadão

“O Brasil deu um salto qualitativo na década de 1970 porque investiu em setores nos quais não tinha até então conhecimento, como óleo e gás (com as primeiras descobertas em campos marítimos da Petrobras) e aeronáutica, com a Embraer. Hoje, a gente não faz nada nesse sentido” afirma Tadeu.

Estudioso da produtividade brasileira, o professor do Ibmec José Ronaldo de Castro Souza Júnior atesta que a produtividade do País se encontra estagnada desde a década de 1980. “Isso significa que só estamos conseguindo crescer pela acumulação de capital”, assinala o economista e professor, que neste momento se encontra na fase final da organização, em parceria com o economista Fabio Giambiagi, de um livro com textos de vários autores sobre o tema.

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Souza Júnior lamenta o fato de o assunto ser menos debatido do que deveria, especialmente dentro de um cenário de transição demográfica. “Com o fim do bônus demográfico, para se ter crescimento econômico e melhora da condição de vida das pessoas, é preciso ter aumento da produtividade”, diz ele. A população tem encolhido com a redução da natalidade, ao mesmo tempo em que está crescendo a parcela dos que estão envelhecendo e se tornando dependentes dos programas de proteção social do governo.

De acordo com o professor do Ibmec, é preciso dar ênfase a elementos que levem ao aumento da produtividade, a começar pela educação. Além disso, falta ao País alocar os recursos de forma mais eficiente, evitando benefícios a segmentos que não respondem com aumento de produtividade.

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Para completar, é preciso estimular a destruição criativa, com a morte de empresas menos eficientes e sobrevivência das mais eficientes, além de eliminar legislações que aumentam custos. E, neste ponto específico, a reforma tributária vai ajudar, reduzindo a complexidade do sistema, diz Souza Júnior.

“Estamos na contramão do mundo. Estamos discutindo a formalização do trabalho, se motorista de aplicativos deve ou não ter carteira de trabalho. Estamos num mundo em que o emprego não tem mais fronteiras. Deveríamos estar discutindo e investindo em infraestrutura, saneamento, logística e segurança jurídica, não só no mercado de trabalho”, afirma.

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Para o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, consultor e assessor de centrais sindicais, o aumento do emprego só será acompanhado por ganhos de produtividade se houver qualificação da mão de obra. Ele considera que investimentos em conhecimento e tecnologia são importantes, porém precisam ser combinados ao aumento da capacidade tanto da indústria quanto da infraestrutura.

O Brasil está se distanciando do padrão de competitividade não apenas de economias desenvolvidas, mas também de pares emergentes. No ranking de produtividade da força de trabalho, o País está na 61ª posição de um total de 64 nações avaliadas de acordo com indicadores e pesquisas de executivos de empresas, segundo a escola de educação executiva suíça IMD (Institute for Management Development). Nesse caso, o País só está melhor que Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela.

No ranking de produtividade geral, que leva em conta o PIB por pessoa ocupada, a posição brasileira é ligeiramente melhor: 57ª colocação, abaixo de Colômbia, México, Argentina, África do Sul e Cazaquistão (ver gráfico). A grosso modo, segundo o IMD, o Brasil precisa de quatro trabalhadores para produzir a mesma coisa que um trabalhador americano faz. A produtividade do trabalho no Brasil também não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul.

De acordo com o IMD, hoje a produtividade de um país pode ser medida de duas formas. Uma seria a relação entre PIB e a população economicamente ativa, que leva em consideração o nível de educação e o ambiente de negócios, entre outros. Outro indicador é o de percepção da comunidade empresarial de um país em relação à produtividade da mão de obra.

Nesse caso, o resultado pode depender, por exemplo, de choques externos como uma fuga de “cérebros” do país ou a expansão de setores limitadas por mão de obra qualificada - itens que colocam a desenvolvida Nova Zelândia nas últimas posições no ranking, uma surpresa. Há ainda outros fatores que a pesquisa de opinião captura e que podem apresentar vieses dos respondentes, mas que juntos com dados estatísticos, explicam bem o panorama de cada nação, destaca o IMD.

No Brasil, a baixa produtividade é resultado de uma série de fatores reunidos. O professor e diretor do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, explica que, com os gastos públicos em alta, o País não consegue formar poupança, ao mesmo tempo em que paga juros mais altos pelas incertezas fiscais.

A consequência é pouco espaço para a realização de investimentos, em especial no desenvolvimento científico e tecnológico, cujo fundo nacional é alvo frequente de contingenciamentos para o governo fechar as contas.

Produtividade do trabalho no Brasil não chega à metade da verifiada na Coreia do Sul Foto: Amarildo Gonçalves/Estadão

“O Brasil deu um salto qualitativo na década de 1970 porque investiu em setores nos quais não tinha até então conhecimento, como óleo e gás (com as primeiras descobertas em campos marítimos da Petrobras) e aeronáutica, com a Embraer. Hoje, a gente não faz nada nesse sentido” afirma Tadeu.

Estudioso da produtividade brasileira, o professor do Ibmec José Ronaldo de Castro Souza Júnior atesta que a produtividade do País se encontra estagnada desde a década de 1980. “Isso significa que só estamos conseguindo crescer pela acumulação de capital”, assinala o economista e professor, que neste momento se encontra na fase final da organização, em parceria com o economista Fabio Giambiagi, de um livro com textos de vários autores sobre o tema.

Souza Júnior lamenta o fato de o assunto ser menos debatido do que deveria, especialmente dentro de um cenário de transição demográfica. “Com o fim do bônus demográfico, para se ter crescimento econômico e melhora da condição de vida das pessoas, é preciso ter aumento da produtividade”, diz ele. A população tem encolhido com a redução da natalidade, ao mesmo tempo em que está crescendo a parcela dos que estão envelhecendo e se tornando dependentes dos programas de proteção social do governo.

De acordo com o professor do Ibmec, é preciso dar ênfase a elementos que levem ao aumento da produtividade, a começar pela educação. Além disso, falta ao País alocar os recursos de forma mais eficiente, evitando benefícios a segmentos que não respondem com aumento de produtividade.

Para completar, é preciso estimular a destruição criativa, com a morte de empresas menos eficientes e sobrevivência das mais eficientes, além de eliminar legislações que aumentam custos. E, neste ponto específico, a reforma tributária vai ajudar, reduzindo a complexidade do sistema, diz Souza Júnior.

“Estamos na contramão do mundo. Estamos discutindo a formalização do trabalho, se motorista de aplicativos deve ou não ter carteira de trabalho. Estamos num mundo em que o emprego não tem mais fronteiras. Deveríamos estar discutindo e investindo em infraestrutura, saneamento, logística e segurança jurídica, não só no mercado de trabalho”, afirma.

Para o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, consultor e assessor de centrais sindicais, o aumento do emprego só será acompanhado por ganhos de produtividade se houver qualificação da mão de obra. Ele considera que investimentos em conhecimento e tecnologia são importantes, porém precisam ser combinados ao aumento da capacidade tanto da indústria quanto da infraestrutura.

O Brasil está se distanciando do padrão de competitividade não apenas de economias desenvolvidas, mas também de pares emergentes. No ranking de produtividade da força de trabalho, o País está na 61ª posição de um total de 64 nações avaliadas de acordo com indicadores e pesquisas de executivos de empresas, segundo a escola de educação executiva suíça IMD (Institute for Management Development). Nesse caso, o País só está melhor que Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela.

No ranking de produtividade geral, que leva em conta o PIB por pessoa ocupada, a posição brasileira é ligeiramente melhor: 57ª colocação, abaixo de Colômbia, México, Argentina, África do Sul e Cazaquistão (ver gráfico). A grosso modo, segundo o IMD, o Brasil precisa de quatro trabalhadores para produzir a mesma coisa que um trabalhador americano faz. A produtividade do trabalho no Brasil também não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul.

De acordo com o IMD, hoje a produtividade de um país pode ser medida de duas formas. Uma seria a relação entre PIB e a população economicamente ativa, que leva em consideração o nível de educação e o ambiente de negócios, entre outros. Outro indicador é o de percepção da comunidade empresarial de um país em relação à produtividade da mão de obra.

Nesse caso, o resultado pode depender, por exemplo, de choques externos como uma fuga de “cérebros” do país ou a expansão de setores limitadas por mão de obra qualificada - itens que colocam a desenvolvida Nova Zelândia nas últimas posições no ranking, uma surpresa. Há ainda outros fatores que a pesquisa de opinião captura e que podem apresentar vieses dos respondentes, mas que juntos com dados estatísticos, explicam bem o panorama de cada nação, destaca o IMD.

No Brasil, a baixa produtividade é resultado de uma série de fatores reunidos. O professor e diretor do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, explica que, com os gastos públicos em alta, o País não consegue formar poupança, ao mesmo tempo em que paga juros mais altos pelas incertezas fiscais.

A consequência é pouco espaço para a realização de investimentos, em especial no desenvolvimento científico e tecnológico, cujo fundo nacional é alvo frequente de contingenciamentos para o governo fechar as contas.

Produtividade do trabalho no Brasil não chega à metade da verifiada na Coreia do Sul Foto: Amarildo Gonçalves/Estadão

“O Brasil deu um salto qualitativo na década de 1970 porque investiu em setores nos quais não tinha até então conhecimento, como óleo e gás (com as primeiras descobertas em campos marítimos da Petrobras) e aeronáutica, com a Embraer. Hoje, a gente não faz nada nesse sentido” afirma Tadeu.

Estudioso da produtividade brasileira, o professor do Ibmec José Ronaldo de Castro Souza Júnior atesta que a produtividade do País se encontra estagnada desde a década de 1980. “Isso significa que só estamos conseguindo crescer pela acumulação de capital”, assinala o economista e professor, que neste momento se encontra na fase final da organização, em parceria com o economista Fabio Giambiagi, de um livro com textos de vários autores sobre o tema.

Souza Júnior lamenta o fato de o assunto ser menos debatido do que deveria, especialmente dentro de um cenário de transição demográfica. “Com o fim do bônus demográfico, para se ter crescimento econômico e melhora da condição de vida das pessoas, é preciso ter aumento da produtividade”, diz ele. A população tem encolhido com a redução da natalidade, ao mesmo tempo em que está crescendo a parcela dos que estão envelhecendo e se tornando dependentes dos programas de proteção social do governo.

De acordo com o professor do Ibmec, é preciso dar ênfase a elementos que levem ao aumento da produtividade, a começar pela educação. Além disso, falta ao País alocar os recursos de forma mais eficiente, evitando benefícios a segmentos que não respondem com aumento de produtividade.

Para completar, é preciso estimular a destruição criativa, com a morte de empresas menos eficientes e sobrevivência das mais eficientes, além de eliminar legislações que aumentam custos. E, neste ponto específico, a reforma tributária vai ajudar, reduzindo a complexidade do sistema, diz Souza Júnior.

“Estamos na contramão do mundo. Estamos discutindo a formalização do trabalho, se motorista de aplicativos deve ou não ter carteira de trabalho. Estamos num mundo em que o emprego não tem mais fronteiras. Deveríamos estar discutindo e investindo em infraestrutura, saneamento, logística e segurança jurídica, não só no mercado de trabalho”, afirma.

Para o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, consultor e assessor de centrais sindicais, o aumento do emprego só será acompanhado por ganhos de produtividade se houver qualificação da mão de obra. Ele considera que investimentos em conhecimento e tecnologia são importantes, porém precisam ser combinados ao aumento da capacidade tanto da indústria quanto da infraestrutura.

O Brasil está se distanciando do padrão de competitividade não apenas de economias desenvolvidas, mas também de pares emergentes. No ranking de produtividade da força de trabalho, o País está na 61ª posição de um total de 64 nações avaliadas de acordo com indicadores e pesquisas de executivos de empresas, segundo a escola de educação executiva suíça IMD (Institute for Management Development). Nesse caso, o País só está melhor que Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela.

No ranking de produtividade geral, que leva em conta o PIB por pessoa ocupada, a posição brasileira é ligeiramente melhor: 57ª colocação, abaixo de Colômbia, México, Argentina, África do Sul e Cazaquistão (ver gráfico). A grosso modo, segundo o IMD, o Brasil precisa de quatro trabalhadores para produzir a mesma coisa que um trabalhador americano faz. A produtividade do trabalho no Brasil também não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul.

De acordo com o IMD, hoje a produtividade de um país pode ser medida de duas formas. Uma seria a relação entre PIB e a população economicamente ativa, que leva em consideração o nível de educação e o ambiente de negócios, entre outros. Outro indicador é o de percepção da comunidade empresarial de um país em relação à produtividade da mão de obra.

Nesse caso, o resultado pode depender, por exemplo, de choques externos como uma fuga de “cérebros” do país ou a expansão de setores limitadas por mão de obra qualificada - itens que colocam a desenvolvida Nova Zelândia nas últimas posições no ranking, uma surpresa. Há ainda outros fatores que a pesquisa de opinião captura e que podem apresentar vieses dos respondentes, mas que juntos com dados estatísticos, explicam bem o panorama de cada nação, destaca o IMD.

No Brasil, a baixa produtividade é resultado de uma série de fatores reunidos. O professor e diretor do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, explica que, com os gastos públicos em alta, o País não consegue formar poupança, ao mesmo tempo em que paga juros mais altos pelas incertezas fiscais.

A consequência é pouco espaço para a realização de investimentos, em especial no desenvolvimento científico e tecnológico, cujo fundo nacional é alvo frequente de contingenciamentos para o governo fechar as contas.

Produtividade do trabalho no Brasil não chega à metade da verifiada na Coreia do Sul Foto: Amarildo Gonçalves/Estadão

“O Brasil deu um salto qualitativo na década de 1970 porque investiu em setores nos quais não tinha até então conhecimento, como óleo e gás (com as primeiras descobertas em campos marítimos da Petrobras) e aeronáutica, com a Embraer. Hoje, a gente não faz nada nesse sentido” afirma Tadeu.

Estudioso da produtividade brasileira, o professor do Ibmec José Ronaldo de Castro Souza Júnior atesta que a produtividade do País se encontra estagnada desde a década de 1980. “Isso significa que só estamos conseguindo crescer pela acumulação de capital”, assinala o economista e professor, que neste momento se encontra na fase final da organização, em parceria com o economista Fabio Giambiagi, de um livro com textos de vários autores sobre o tema.

Souza Júnior lamenta o fato de o assunto ser menos debatido do que deveria, especialmente dentro de um cenário de transição demográfica. “Com o fim do bônus demográfico, para se ter crescimento econômico e melhora da condição de vida das pessoas, é preciso ter aumento da produtividade”, diz ele. A população tem encolhido com a redução da natalidade, ao mesmo tempo em que está crescendo a parcela dos que estão envelhecendo e se tornando dependentes dos programas de proteção social do governo.

De acordo com o professor do Ibmec, é preciso dar ênfase a elementos que levem ao aumento da produtividade, a começar pela educação. Além disso, falta ao País alocar os recursos de forma mais eficiente, evitando benefícios a segmentos que não respondem com aumento de produtividade.

Para completar, é preciso estimular a destruição criativa, com a morte de empresas menos eficientes e sobrevivência das mais eficientes, além de eliminar legislações que aumentam custos. E, neste ponto específico, a reforma tributária vai ajudar, reduzindo a complexidade do sistema, diz Souza Júnior.

“Estamos na contramão do mundo. Estamos discutindo a formalização do trabalho, se motorista de aplicativos deve ou não ter carteira de trabalho. Estamos num mundo em que o emprego não tem mais fronteiras. Deveríamos estar discutindo e investindo em infraestrutura, saneamento, logística e segurança jurídica, não só no mercado de trabalho”, afirma.

Para o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, consultor e assessor de centrais sindicais, o aumento do emprego só será acompanhado por ganhos de produtividade se houver qualificação da mão de obra. Ele considera que investimentos em conhecimento e tecnologia são importantes, porém precisam ser combinados ao aumento da capacidade tanto da indústria quanto da infraestrutura.

O Brasil está se distanciando do padrão de competitividade não apenas de economias desenvolvidas, mas também de pares emergentes. No ranking de produtividade da força de trabalho, o País está na 61ª posição de um total de 64 nações avaliadas de acordo com indicadores e pesquisas de executivos de empresas, segundo a escola de educação executiva suíça IMD (Institute for Management Development). Nesse caso, o País só está melhor que Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela.

No ranking de produtividade geral, que leva em conta o PIB por pessoa ocupada, a posição brasileira é ligeiramente melhor: 57ª colocação, abaixo de Colômbia, México, Argentina, África do Sul e Cazaquistão (ver gráfico). A grosso modo, segundo o IMD, o Brasil precisa de quatro trabalhadores para produzir a mesma coisa que um trabalhador americano faz. A produtividade do trabalho no Brasil também não chega hoje à metade da observada na Coreia do Sul.

De acordo com o IMD, hoje a produtividade de um país pode ser medida de duas formas. Uma seria a relação entre PIB e a população economicamente ativa, que leva em consideração o nível de educação e o ambiente de negócios, entre outros. Outro indicador é o de percepção da comunidade empresarial de um país em relação à produtividade da mão de obra.

Nesse caso, o resultado pode depender, por exemplo, de choques externos como uma fuga de “cérebros” do país ou a expansão de setores limitadas por mão de obra qualificada - itens que colocam a desenvolvida Nova Zelândia nas últimas posições no ranking, uma surpresa. Há ainda outros fatores que a pesquisa de opinião captura e que podem apresentar vieses dos respondentes, mas que juntos com dados estatísticos, explicam bem o panorama de cada nação, destaca o IMD.

No Brasil, a baixa produtividade é resultado de uma série de fatores reunidos. O professor e diretor do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, explica que, com os gastos públicos em alta, o País não consegue formar poupança, ao mesmo tempo em que paga juros mais altos pelas incertezas fiscais.

A consequência é pouco espaço para a realização de investimentos, em especial no desenvolvimento científico e tecnológico, cujo fundo nacional é alvo frequente de contingenciamentos para o governo fechar as contas.

Produtividade do trabalho no Brasil não chega à metade da verifiada na Coreia do Sul Foto: Amarildo Gonçalves/Estadão

“O Brasil deu um salto qualitativo na década de 1970 porque investiu em setores nos quais não tinha até então conhecimento, como óleo e gás (com as primeiras descobertas em campos marítimos da Petrobras) e aeronáutica, com a Embraer. Hoje, a gente não faz nada nesse sentido” afirma Tadeu.

Estudioso da produtividade brasileira, o professor do Ibmec José Ronaldo de Castro Souza Júnior atesta que a produtividade do País se encontra estagnada desde a década de 1980. “Isso significa que só estamos conseguindo crescer pela acumulação de capital”, assinala o economista e professor, que neste momento se encontra na fase final da organização, em parceria com o economista Fabio Giambiagi, de um livro com textos de vários autores sobre o tema.

Souza Júnior lamenta o fato de o assunto ser menos debatido do que deveria, especialmente dentro de um cenário de transição demográfica. “Com o fim do bônus demográfico, para se ter crescimento econômico e melhora da condição de vida das pessoas, é preciso ter aumento da produtividade”, diz ele. A população tem encolhido com a redução da natalidade, ao mesmo tempo em que está crescendo a parcela dos que estão envelhecendo e se tornando dependentes dos programas de proteção social do governo.

De acordo com o professor do Ibmec, é preciso dar ênfase a elementos que levem ao aumento da produtividade, a começar pela educação. Além disso, falta ao País alocar os recursos de forma mais eficiente, evitando benefícios a segmentos que não respondem com aumento de produtividade.

Para completar, é preciso estimular a destruição criativa, com a morte de empresas menos eficientes e sobrevivência das mais eficientes, além de eliminar legislações que aumentam custos. E, neste ponto específico, a reforma tributária vai ajudar, reduzindo a complexidade do sistema, diz Souza Júnior.

“Estamos na contramão do mundo. Estamos discutindo a formalização do trabalho, se motorista de aplicativos deve ou não ter carteira de trabalho. Estamos num mundo em que o emprego não tem mais fronteiras. Deveríamos estar discutindo e investindo em infraestrutura, saneamento, logística e segurança jurídica, não só no mercado de trabalho”, afirma.

Para o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, consultor e assessor de centrais sindicais, o aumento do emprego só será acompanhado por ganhos de produtividade se houver qualificação da mão de obra. Ele considera que investimentos em conhecimento e tecnologia são importantes, porém precisam ser combinados ao aumento da capacidade tanto da indústria quanto da infraestrutura.

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