Desde o início das revoluções industriais, a humanidade tem desenvolvido métodos e máquinas mais velozes e com maior capacidade de extração e produção; mas sem problematizar a quantidade de resíduos gerados e sua destinação, causando o colapso ambiental que vivemos.
Com a urgência das questões ambientais, o entendimento da sustentabilidade como indicador de performance é um marco profundo na maneira como a indústria se organiza. O conceito de economia circular – que visa ao uso mais eficiente dos recursos e à transformação de resíduos em final de vida útil (afinal, o que é resíduo para um, é matéria-prima para outro) – ganha força e, aos poucos, as empresas se integram a soluções de baixo impacto ambiental. Porém, o avanço acontece em passos lentos. Os negócios engajados ainda representam uma parcela pequena: apenas 8,6% da economia global é circular (Circle Economy, 2021).
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Migrar para modelos mais sustentáveis e de baixo impacto ambiental requer investimentos em pesquisa e desenvolvimento e foco em construir modelos de consumo e produção tão eficientes quanto os atuais e viáveis em larga escala, garantindo migração acelerada e orgânica. A tecnologia tem papel fundamental nessa transição.
Um ótimo exemplo de modelo circular aplicado está na indústria de eletrônicos. Junto à preocupação com design, características funcionais, qualidade e custo de produção, os produtos são idealizados considerando sua reutilização e maior aproveitamento, além da fácil desmontagem e reaproveitamento das peças. A escolha da matéria-prima leva em consideração opções recicladas nos mesmos padrões de materiais virgens, garantindo as especificações técnicas.
A economia circular é muito mais do que redução e contenção de danos de mais de 200 anos do modelo linear. Ela viabiliza novos negócios sustentáveis e gera retorno financeiro. Para além disso, é um incentivo à inovação: as organizações precisam desenvolver tecnologias e processos, o que resulta em novos empregos e impulsiona diversos setores da economia.
Para maior avanço, as iniciativas pública e privada devem trabalhar juntas para a construção de leis e incentivos que possibilitem uma transição orgânica, saudável e sustentável para modelos circulares. Esse será um passo essencial para o Brasil estar alinhado com grandes potências mundiais e ser um importante protagonista nas discussões climáticas e ambientais. / RODRIGO DALLOGLIO É VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DE OPERAÇÕES LATAM DA FLEX, COM FOCO EM DISPOSITIVOS DE CONSUMO E ESTILO DE VIDA