GENEBRA - O banco suíço UBS fechou a compra do seu rival menor, o Credit Suisse, por US$ 3,25 bilhões, em um esforço para evitar mais turbulências no mercado bancário global, anunciou o presidente suíço Alain Berset neste domingo, 19.
Berset chamou o anúncio de “um grande passo para a estabilidade das finanças internacionais”. “Um colapso descontrolado do Credit Suisse traria consequências incalculáveis para a Suíça e para todo o sistema financeiro internacional”, disse.
O Conselho Federal Suíço, um organismo com sete membros, incluindo Berset, aprovou uma legislação de emergência que permite que a fusão ocorra sem a aprovação dos acionistas.
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O presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, chamou o acordo de “um claro ponto de virada”.
“É um dia histórico, triste e muito desafiador para o Credit Suisse, para a Suíça e para os mercados financeiros globais”, disse Lehmann, acrescentando que o foco agora está no futuro e, em particular, nos 50 mil funcionários do Credit Suisse, 17 mil dos quais estão na Suíça.
”Esta aquisição é atraente para os acionistas do UBS, mas, sejamos claros, no que diz respeito ao Credit Suisse, este é um resgate de emergência”, disse o presidente do conselho de administração do UBS, Colm Kelleher, em comunicado sobre a aquisição. Segundo ele, a transação vai preservar o valor deixado do Credit Suisse, mas limitará a “exposição negativa” do UBS após as crises enfrentadas pelo banco adquirido.
Kelleher elogiou as “enormes oportunidades” que surgem com a aquisição e destacou a “cultura de risco conservadora” de seu banco — um golpe sutil na cultura do Credit Suisse, conhecido por apostas mais arriscadas, com retornos maiores. Ele disse que o grupo combinado criaria um gestor de patrimônio com mais de US$ 5 trilhões em ativos totais investidos.
O BC da Suíça vai fornecer um empréstimo de 100 bilhões de francos suíços (US$ 108 bilhões) apoiados por uma garantia de inadimplência federal para apoiar a venda do Credit ao UBS, que deve ser concluída até o fim do ano.
A ministra das Finanças da Suíça, Karin Keller-Sutter, disse que o conselho “lamenta que o banco, que já foi uma instituição modelo na Suíça e parte de nossa forte cultura, tenha entrado nessa situação”.
A combinação dos dois maiores e mais conhecidos bancos suíços, cada um com histórias que remontam a meados do século 19, representa uma tormenta para a reputação da Suíça como um centro financeiro global - deixando-a à beira de ter um único “campeão nacional” entre as instituições financeiras globais.
Berset disse que o Conselho Federal já vinha discutindo a situação conturbada no Credit Suisse desde o início do ano, e realizou reuniões urgentes nos últimos quatro dias, em meio a preocupações crescentes sobre sua saúde financeira que causaram grandes quedas no preço das ações e levantou a sombra de uma nova crise financeira como a de 2008.
Investidores e analistas do setor bancário ainda estavam digerindo o negócio, mas havia uma certa rejeição ao acordo, principalmente pelo ao dano à reputação que o negócio poderia ter na imagem da Suíça como um centro bancário global.
“Uma reputação nacional de gestão financeira prudente, supervisão regulatória sólida e, francamente, de ser um tanto sisudo e enfadonho em relação aos investimentos foi apagada”, disse Octavio Marenzi, CEO da empresa de consultoria Opimas LLC, por e-mail.
Marenzi acrescentou esperar que o modelo governamental de democracia direta da Suíça provavelmente resulte em contestações judiciais e eleitorais em relação ao acordo, potencialmente levando a mais caos./AP