Uma BR supervazia


Brasil desperdiça transporte via mar por falta de planejamento, avalia especialista

Por Porto do Açu e Estadão Blue Studio

Considerando todas as reentrâncias, o litoral brasileiro tem aproximadamente 9,2 mil quilômetros de extensão. Por mais que a biodiversidade marinha seja respeitada, assim como os biomas costeiros, existe uma gigantesca rota de transporte praticamente ignorada, segundo Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast, empresa de navegação costeira, resultado de uma joint venture entre a brasileira Norsul, líder no transporte de cabotagem no Brasil, e a alemã Hapag Lloyd, especializada em transporte de contêineres ao redor do mundo.

“Temos uma verdadeira BR do Mar à disposição. A navegação de cabotagem, entretanto, é pouco usada. É um modal que representa menos de 4% da nossa matriz de transporte, enquanto em países como a Austrália e os Estados Unidos, com litorais igualmente extensos, a cabotagem representa entre 45% e 50%”, explica Paschoa.

Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast (à esq.) e Eudis Furtado Filho, vice-presidente Comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística  Foto: Wanezza Soares/Estadão Blue Studio

Segundo o executivo, mesmo que no Brasil o índice suba para 10% quando considerado o transporte de óleos e derivados, existe muito potencial para ser explorado desde o Rio Grande do Sul até Manaus, rota que adentra o rio e também é explorada pela Norcoast. “Cada modalidade tem a sua vocação e isso precisa ser seguido. Para grandes distâncias, a cabotagem é mais prática e o custo é menor em muitos casos. Mas requer planejamento das empresas para utilizá-la bem”, avisa Paschoa. Outra vantagem do modal, para o executivo, é o fato de a navegação, por si só, ser mais sustentável, a depender da forma como ela é feita.

Esse ganho ambiental, segundo Eudis Furtado Filho, vice-presidente comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística, também pode ser obtido pelo uso das ferrovias. Modal de transporte com um grande potencial pela frente, como mostram os dados do agronegócio apresentados durante o Prumo Day 2024.

Mato Grosso e Goiás respondem por 20% do comércio global de soja, milho e farelo. Apenas o Estado de Mato Grosso tem 90 milhões de hectares voltados para o agronegócio, mais do que a soma de países como a Espanha (51 milhões de hectares) e a Alemanha (36 milhões de hectares). Desse total, os produtores mato-grossenses utilizam 13 milhões de hectares para a soja e mais 7 milhões de hectares para o milho. Fora os quase 35 milhões de pastagens degradadas em todo o País e uma área de 36,6 milhões de hectares que ainda pode ser usada para a expansão da produção de culturas, segundo estimativas técnicas recentes. “O potencial mostra que temos uma avenida de crescimento extensa”, afirma Furtado Filho. Fato que fica ainda mais evidente quando se consideram os 3,9 bilhões de pessoas que precisam de alimento no mundo, por sofrerem algum grau de insegurança alimentar, das mais leves às mais severas.

Em alguns dos nossos projetos, em Mato Grosso, vamos conseguir reduzir as viagens dos caminhões em até 500 km, o que vai ajudar a descarbonizar a indústria do agronegócio

Eudis Furtado Filho, vice-presidente comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística

Com o potencial grande a ser explorado, no caso específico da Rumo, a questão da descarbonização de setores como o do agronegócio também é uma das prioridades do grupo, segundo o vice-presidente da companhia. Por isso, vários projetos estão em andamento. “Hoje, uma das nossas locomotivas emite 7 vezes menos poluentes em um mesmo percurso.”

Segundo o executivo, além de buscar modernizar suas frotas, outra frente envolve a construção de ramais ferroviários para que o deslocamento dos caminhões do agronegócio seja menor. “Em alguns dos nossos projetos, em Mato Grosso, vamos conseguir reduzir as viagens dos caminhões em até 500 km, o que vai ajudar a descarbonizar a indústria do agronegócio”, explica Furtado Filho. “Além disso, mais de 50% das cargas que chegam ao Porto de Santos são levadas pela Rumo Logística”, completa. “Todos esses projetos de infraestrutura, como os da Prumo, e da cabotagem são importantes.”

Crise climática deflagra necessidade de mitigação

O cenário de setembro de 2023 está na memória de todos. A seca no Norte do Brasil fez com que os rios amazônicos baixassem de forma inédita. O serviço de navegação para Manaus, por exemplo, teve de ser totalmente paralisado. “A proteína consumida pela população de várias cidades da região vem do Sul. Por volta de 70% do volume de carga que entra e sai de Manaus circula pela navegação de cabotagem”, afirma Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast. “São fenômenos, os estudos mostram, que devem ser perenes, por causa dos eventos extremos ligados ao aquecimento global”, afirma o executivo.

Para evitar o efeito cascata que a paralisação de um rio como o Amazonas provoca, gerando falta de fluidez no sistema e acúmulo significativo de contêineres em determinados pontos, há um plano B já preparado, caso a situação se repita novamente nos próximos meses. E a tendência é que isso ocorra.

Para mitigar o problema da seca nos rios, que tem implicações econômicas e sociais, existe um píer flutuante preparado na região de Itacoatiara, próximo a Manaus. Com isso, os navios que levam a carga ao Norte vão atracar e transportar suas cargas para barcaças, que terão condições de navegar pelo Amazonas, mesmo com pouco calado. Ajustes na dragagem e na infraestrutura também são necessários. “Já temos todas as licenças para deflagrar a operação quando for necessário”, ratifica Paschoa.

Considerando todas as reentrâncias, o litoral brasileiro tem aproximadamente 9,2 mil quilômetros de extensão. Por mais que a biodiversidade marinha seja respeitada, assim como os biomas costeiros, existe uma gigantesca rota de transporte praticamente ignorada, segundo Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast, empresa de navegação costeira, resultado de uma joint venture entre a brasileira Norsul, líder no transporte de cabotagem no Brasil, e a alemã Hapag Lloyd, especializada em transporte de contêineres ao redor do mundo.

“Temos uma verdadeira BR do Mar à disposição. A navegação de cabotagem, entretanto, é pouco usada. É um modal que representa menos de 4% da nossa matriz de transporte, enquanto em países como a Austrália e os Estados Unidos, com litorais igualmente extensos, a cabotagem representa entre 45% e 50%”, explica Paschoa.

Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast (à esq.) e Eudis Furtado Filho, vice-presidente Comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística  Foto: Wanezza Soares/Estadão Blue Studio

Segundo o executivo, mesmo que no Brasil o índice suba para 10% quando considerado o transporte de óleos e derivados, existe muito potencial para ser explorado desde o Rio Grande do Sul até Manaus, rota que adentra o rio e também é explorada pela Norcoast. “Cada modalidade tem a sua vocação e isso precisa ser seguido. Para grandes distâncias, a cabotagem é mais prática e o custo é menor em muitos casos. Mas requer planejamento das empresas para utilizá-la bem”, avisa Paschoa. Outra vantagem do modal, para o executivo, é o fato de a navegação, por si só, ser mais sustentável, a depender da forma como ela é feita.

Esse ganho ambiental, segundo Eudis Furtado Filho, vice-presidente comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística, também pode ser obtido pelo uso das ferrovias. Modal de transporte com um grande potencial pela frente, como mostram os dados do agronegócio apresentados durante o Prumo Day 2024.

Mato Grosso e Goiás respondem por 20% do comércio global de soja, milho e farelo. Apenas o Estado de Mato Grosso tem 90 milhões de hectares voltados para o agronegócio, mais do que a soma de países como a Espanha (51 milhões de hectares) e a Alemanha (36 milhões de hectares). Desse total, os produtores mato-grossenses utilizam 13 milhões de hectares para a soja e mais 7 milhões de hectares para o milho. Fora os quase 35 milhões de pastagens degradadas em todo o País e uma área de 36,6 milhões de hectares que ainda pode ser usada para a expansão da produção de culturas, segundo estimativas técnicas recentes. “O potencial mostra que temos uma avenida de crescimento extensa”, afirma Furtado Filho. Fato que fica ainda mais evidente quando se consideram os 3,9 bilhões de pessoas que precisam de alimento no mundo, por sofrerem algum grau de insegurança alimentar, das mais leves às mais severas.

Em alguns dos nossos projetos, em Mato Grosso, vamos conseguir reduzir as viagens dos caminhões em até 500 km, o que vai ajudar a descarbonizar a indústria do agronegócio

Eudis Furtado Filho, vice-presidente comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística

Com o potencial grande a ser explorado, no caso específico da Rumo, a questão da descarbonização de setores como o do agronegócio também é uma das prioridades do grupo, segundo o vice-presidente da companhia. Por isso, vários projetos estão em andamento. “Hoje, uma das nossas locomotivas emite 7 vezes menos poluentes em um mesmo percurso.”

Segundo o executivo, além de buscar modernizar suas frotas, outra frente envolve a construção de ramais ferroviários para que o deslocamento dos caminhões do agronegócio seja menor. “Em alguns dos nossos projetos, em Mato Grosso, vamos conseguir reduzir as viagens dos caminhões em até 500 km, o que vai ajudar a descarbonizar a indústria do agronegócio”, explica Furtado Filho. “Além disso, mais de 50% das cargas que chegam ao Porto de Santos são levadas pela Rumo Logística”, completa. “Todos esses projetos de infraestrutura, como os da Prumo, e da cabotagem são importantes.”

Crise climática deflagra necessidade de mitigação

O cenário de setembro de 2023 está na memória de todos. A seca no Norte do Brasil fez com que os rios amazônicos baixassem de forma inédita. O serviço de navegação para Manaus, por exemplo, teve de ser totalmente paralisado. “A proteína consumida pela população de várias cidades da região vem do Sul. Por volta de 70% do volume de carga que entra e sai de Manaus circula pela navegação de cabotagem”, afirma Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast. “São fenômenos, os estudos mostram, que devem ser perenes, por causa dos eventos extremos ligados ao aquecimento global”, afirma o executivo.

Para evitar o efeito cascata que a paralisação de um rio como o Amazonas provoca, gerando falta de fluidez no sistema e acúmulo significativo de contêineres em determinados pontos, há um plano B já preparado, caso a situação se repita novamente nos próximos meses. E a tendência é que isso ocorra.

Para mitigar o problema da seca nos rios, que tem implicações econômicas e sociais, existe um píer flutuante preparado na região de Itacoatiara, próximo a Manaus. Com isso, os navios que levam a carga ao Norte vão atracar e transportar suas cargas para barcaças, que terão condições de navegar pelo Amazonas, mesmo com pouco calado. Ajustes na dragagem e na infraestrutura também são necessários. “Já temos todas as licenças para deflagrar a operação quando for necessário”, ratifica Paschoa.

Considerando todas as reentrâncias, o litoral brasileiro tem aproximadamente 9,2 mil quilômetros de extensão. Por mais que a biodiversidade marinha seja respeitada, assim como os biomas costeiros, existe uma gigantesca rota de transporte praticamente ignorada, segundo Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast, empresa de navegação costeira, resultado de uma joint venture entre a brasileira Norsul, líder no transporte de cabotagem no Brasil, e a alemã Hapag Lloyd, especializada em transporte de contêineres ao redor do mundo.

“Temos uma verdadeira BR do Mar à disposição. A navegação de cabotagem, entretanto, é pouco usada. É um modal que representa menos de 4% da nossa matriz de transporte, enquanto em países como a Austrália e os Estados Unidos, com litorais igualmente extensos, a cabotagem representa entre 45% e 50%”, explica Paschoa.

Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast (à esq.) e Eudis Furtado Filho, vice-presidente Comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística  Foto: Wanezza Soares/Estadão Blue Studio

Segundo o executivo, mesmo que no Brasil o índice suba para 10% quando considerado o transporte de óleos e derivados, existe muito potencial para ser explorado desde o Rio Grande do Sul até Manaus, rota que adentra o rio e também é explorada pela Norcoast. “Cada modalidade tem a sua vocação e isso precisa ser seguido. Para grandes distâncias, a cabotagem é mais prática e o custo é menor em muitos casos. Mas requer planejamento das empresas para utilizá-la bem”, avisa Paschoa. Outra vantagem do modal, para o executivo, é o fato de a navegação, por si só, ser mais sustentável, a depender da forma como ela é feita.

Esse ganho ambiental, segundo Eudis Furtado Filho, vice-presidente comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística, também pode ser obtido pelo uso das ferrovias. Modal de transporte com um grande potencial pela frente, como mostram os dados do agronegócio apresentados durante o Prumo Day 2024.

Mato Grosso e Goiás respondem por 20% do comércio global de soja, milho e farelo. Apenas o Estado de Mato Grosso tem 90 milhões de hectares voltados para o agronegócio, mais do que a soma de países como a Espanha (51 milhões de hectares) e a Alemanha (36 milhões de hectares). Desse total, os produtores mato-grossenses utilizam 13 milhões de hectares para a soja e mais 7 milhões de hectares para o milho. Fora os quase 35 milhões de pastagens degradadas em todo o País e uma área de 36,6 milhões de hectares que ainda pode ser usada para a expansão da produção de culturas, segundo estimativas técnicas recentes. “O potencial mostra que temos uma avenida de crescimento extensa”, afirma Furtado Filho. Fato que fica ainda mais evidente quando se consideram os 3,9 bilhões de pessoas que precisam de alimento no mundo, por sofrerem algum grau de insegurança alimentar, das mais leves às mais severas.

Em alguns dos nossos projetos, em Mato Grosso, vamos conseguir reduzir as viagens dos caminhões em até 500 km, o que vai ajudar a descarbonizar a indústria do agronegócio

Eudis Furtado Filho, vice-presidente comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo Logística

Com o potencial grande a ser explorado, no caso específico da Rumo, a questão da descarbonização de setores como o do agronegócio também é uma das prioridades do grupo, segundo o vice-presidente da companhia. Por isso, vários projetos estão em andamento. “Hoje, uma das nossas locomotivas emite 7 vezes menos poluentes em um mesmo percurso.”

Segundo o executivo, além de buscar modernizar suas frotas, outra frente envolve a construção de ramais ferroviários para que o deslocamento dos caminhões do agronegócio seja menor. “Em alguns dos nossos projetos, em Mato Grosso, vamos conseguir reduzir as viagens dos caminhões em até 500 km, o que vai ajudar a descarbonizar a indústria do agronegócio”, explica Furtado Filho. “Além disso, mais de 50% das cargas que chegam ao Porto de Santos são levadas pela Rumo Logística”, completa. “Todos esses projetos de infraestrutura, como os da Prumo, e da cabotagem são importantes.”

Crise climática deflagra necessidade de mitigação

O cenário de setembro de 2023 está na memória de todos. A seca no Norte do Brasil fez com que os rios amazônicos baixassem de forma inédita. O serviço de navegação para Manaus, por exemplo, teve de ser totalmente paralisado. “A proteína consumida pela população de várias cidades da região vem do Sul. Por volta de 70% do volume de carga que entra e sai de Manaus circula pela navegação de cabotagem”, afirma Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast. “São fenômenos, os estudos mostram, que devem ser perenes, por causa dos eventos extremos ligados ao aquecimento global”, afirma o executivo.

Para evitar o efeito cascata que a paralisação de um rio como o Amazonas provoca, gerando falta de fluidez no sistema e acúmulo significativo de contêineres em determinados pontos, há um plano B já preparado, caso a situação se repita novamente nos próximos meses. E a tendência é que isso ocorra.

Para mitigar o problema da seca nos rios, que tem implicações econômicas e sociais, existe um píer flutuante preparado na região de Itacoatiara, próximo a Manaus. Com isso, os navios que levam a carga ao Norte vão atracar e transportar suas cargas para barcaças, que terão condições de navegar pelo Amazonas, mesmo com pouco calado. Ajustes na dragagem e na infraestrutura também são necessários. “Já temos todas as licenças para deflagrar a operação quando for necessário”, ratifica Paschoa.

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