RIO - A Unigel, uma das maiores empresas químicas do País, vai pedir ressarcimento de cerca de R$ 700 milhões por investimentos feitos nas duas fábricas de fertilizantes arrendadas da Petrobras, que estavam, há época, sem condições operacionais, segundo a companhia.
Ao Estadão/Broadcast a Unigel informou que estima ter ainda mais de uma centena de milhões de reais de prejuízo pela interrupção da produção das unidades, ainda não calculados.
“A Unigel pretende retomar o quanto antes possível a produção de fertilizantes e mantém-se firme na expectativa de que, em breve, sejam estabelecidas condições econômicas viáveis para o fornecimento de gás natural que lhe permitam retomar a operação das plantas arrendadas”, informou a companhia, que se diz aberta a tratativas junto a Petrobras com objetivo de buscar solução viável para retomada da produção de amônia e ureia no menor espaço de tempo.
A Unigel arrendou as fábricas de fertilizantes nitrogenados (Fafens) da Petrobras em Sergipe (Laranjeiras) e na Bahia (Recôncavo) em 2020, por R$ 177 milhões, pelo período de dez anos prorrogáveis por mais dez. Se estivessem em funcionamento, as duas unidades poderiam suprir 20% da demanda nacional.
Em junho deste ano, a Petrobras encerrou o contrato com a grupo para produção de fertilizantes. Segundo a estatal, o compromisso de industrialização por encomenda fechado no final do ano passado não foi atendido nas condições no prazo previsto.
A Unigel alega que sempre honrou e cumpre rigorosamente com as obrigações decorrentes dos contratos de arrendamento.
Nesta quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a “coragem da Unigel de investir no Brasil, gerar emprego e renda”, e afirmou que busca uma solução para o caso da contratação. Desde junho, quando o contrato de serviço entre a Unigel e a Petrobras foi encerrado, a estatal trabalha para encontrar essa solução, segundo Silveira, que participou da abertura do evento Sergipe Oil & Gas, em Aracaju.
Na ocasião, o ministro criticou o preço do gás natural no Brasil, afirmando que “infelizmente, uma Corte do Gás loteou o Brasil como se as regiões fossem capitanias hereditárias, criaram ilhas do gás, com preços abusivos que levaram o setor a uma espiral da morte”. A solução, avaliou, seria possível com um trabalho de ajuste em toda a cadeia de produção.