Vale perde quase R$ 40 bi de valor em 2024, em meio a Mantega, condenação e baixa do minério


Nos últimos dez dias, valor de mercado da mineradora caiu R$ 14 bi; além de pressão por ex-ministro em seu comando, empresa foi condenada nesta quinta por tragédia em Mariana

Por Redação
Atualização:

A Vale já perdeu apenas neste ano R$ 38 bilhões de valor de mercado, em meio a um momento de baixa do preço do minério de ferro — devido à demanda incerta da China — e às pressões do governo para achar uma posição na empresa para o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Os cálculos são de Einar Rivero, CEO da Etos Ayta Consultoria.

As ações da companhia fecharam o pregão desta quinta-feira, 25, com queda de 2,2%, acumulando perda de 11% desde o início do ano. Com isso, o valor de mercado atual da Vale é de R$ 309,1 bilhões.

Nesta quinta, também pesou contra a empresa a notícia de que a Justiça Federal condenou a mineradora, a BHP e a Samarco a pagar uma multa de R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. A condenação ocorreu no dia em que a ruptura de outra barragem ligada à Vale, a do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), completou cinco anos.

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Desde que voltou a ganhar força, no meio de janeiro deste ano, a ofensiva para emplacar o nome de Mantega ao menos entre os integrantes do conselho de administração da mineradora, a perda de valor se intensificou.

Desde 15 de janeiro, em apenas 10 dias, a empresa viu o seu valor cair R$ 14 bilhões, apesar de uma leve recuperação das ações entre 22 e 24 de janeiro. No ponto mais baixo da ação neste ano, no dia 22, a perda em 2024 havia chegado a R$ 40,5 bilhões.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega; Lula defende sua indicação para o comando da Vale Foto: Clayton de Souza/Estadão
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O interesse principal do governo era conduzir Mantega à presidência da empresa, algo ventilado nos bastidores ao menos desde meados do ano passado, como confirmado pelo Estadão. A mineradora tem até o final do mês para decidir quem será o comandante dos negócios pelos próximos três anos.

Apesar de o governo Lula querer influir nesse processo, ele tem pouca interferência na companhia, em comparação com o passado. A Vale foi privatizada em 1997, e atualmente não possui controlador definido, já que nenhum acionista detém mais de 10% das ações.

Também não existe em vigor um acordo de acionistas nos moldes do passado, na época dos primeiros governos do PT, quando o Bradespar e a Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, detinham maior poder nas escolhas do rumo da empresa.

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O conselho de administração da Vale tem 13 integrantes. Dois deles são indicados pela Previ, um pelo Bradesco, um pela Mitsui, outro representa os funcionários da empresa e oito são independentes.

Entre os maiores acionistas também estão o fundo de investimentos americano BlackRock e a Cosan, do empresário Rubens Ometto. Esta última comprou 4,9% da mineradora em 2022, o que permitiu emplacar no conselho da Vale o seu último CEO, Luis Henrique Guimarães. Como homem de confiança de Ometto, ele também é cotado a assumir a presidência da mineradora.

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Na quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para conselheiros da empresa para defender a indicação de Mantega para a presidência da companhia, alegando se tratar de uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação, revelada pelo jornal O Globo, foi confirmada por um dos conselheiros ao Estadão.

A iniciativa indicou a aposta redobrada do governo em influenciar na sucessão da Vale, ainda que a governança interna e a participação reduzida do governo na mineradora, privatizada em 1997, sejam obstáculos. O conselho da Vale vai se reunir na próxima terça-feira, 30, para deliberar sobre o assunto.

Auxiliares de Lula e acionistas privados da Vale debateram um arranjo em que Mantega iria para o conselho de administração, como revelou o Estadão. O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, permaneceria por um mandato mais curto (mais um ano) à frente da empresa, e o nome da Cosan no conselho, Luis Henrique Guimarães, iria para o comitê executivo.

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O arranjo segue na mesa, segundo apurou a reportagem. Mas, de acordo auxiliares do presidente, o governo Lula deseja que Mantega tenha um papel de destaque no comando e não seja apenas um coadjuvante.

Nesta quinta-feira, 25, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público em defesa da indicação de Mantega. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

Lula também foi às redes, mas não mencionou Mantega. Citou os acidentes em Brumadinho e Mariana, em barragens de resíduos provenientes de mineração da Vale, para criticar a empresa.

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Barragem da Samarco em Mariana, que se rompeu em 2015; empresa pertence à Vale e à BHP Foto: Dida Sampaio/Estadão

“Hoje faz cinco anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. Cinco anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, escreveu.

A Vale informou que não foi notificada da decisão judicial desta quinta. “A companhia se manifestará oportunamente no processo sobre a decisão, contra a qual cabe recurso”, disse a mineradora, em comunicado ao mercado.

A Vale já perdeu apenas neste ano R$ 38 bilhões de valor de mercado, em meio a um momento de baixa do preço do minério de ferro — devido à demanda incerta da China — e às pressões do governo para achar uma posição na empresa para o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Os cálculos são de Einar Rivero, CEO da Etos Ayta Consultoria.

As ações da companhia fecharam o pregão desta quinta-feira, 25, com queda de 2,2%, acumulando perda de 11% desde o início do ano. Com isso, o valor de mercado atual da Vale é de R$ 309,1 bilhões.

Nesta quinta, também pesou contra a empresa a notícia de que a Justiça Federal condenou a mineradora, a BHP e a Samarco a pagar uma multa de R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. A condenação ocorreu no dia em que a ruptura de outra barragem ligada à Vale, a do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), completou cinco anos.

Desde que voltou a ganhar força, no meio de janeiro deste ano, a ofensiva para emplacar o nome de Mantega ao menos entre os integrantes do conselho de administração da mineradora, a perda de valor se intensificou.

Desde 15 de janeiro, em apenas 10 dias, a empresa viu o seu valor cair R$ 14 bilhões, apesar de uma leve recuperação das ações entre 22 e 24 de janeiro. No ponto mais baixo da ação neste ano, no dia 22, a perda em 2024 havia chegado a R$ 40,5 bilhões.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega; Lula defende sua indicação para o comando da Vale Foto: Clayton de Souza/Estadão

O interesse principal do governo era conduzir Mantega à presidência da empresa, algo ventilado nos bastidores ao menos desde meados do ano passado, como confirmado pelo Estadão. A mineradora tem até o final do mês para decidir quem será o comandante dos negócios pelos próximos três anos.

Apesar de o governo Lula querer influir nesse processo, ele tem pouca interferência na companhia, em comparação com o passado. A Vale foi privatizada em 1997, e atualmente não possui controlador definido, já que nenhum acionista detém mais de 10% das ações.

Também não existe em vigor um acordo de acionistas nos moldes do passado, na época dos primeiros governos do PT, quando o Bradespar e a Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, detinham maior poder nas escolhas do rumo da empresa.

O conselho de administração da Vale tem 13 integrantes. Dois deles são indicados pela Previ, um pelo Bradesco, um pela Mitsui, outro representa os funcionários da empresa e oito são independentes.

Entre os maiores acionistas também estão o fundo de investimentos americano BlackRock e a Cosan, do empresário Rubens Ometto. Esta última comprou 4,9% da mineradora em 2022, o que permitiu emplacar no conselho da Vale o seu último CEO, Luis Henrique Guimarães. Como homem de confiança de Ometto, ele também é cotado a assumir a presidência da mineradora.

Na quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para conselheiros da empresa para defender a indicação de Mantega para a presidência da companhia, alegando se tratar de uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação, revelada pelo jornal O Globo, foi confirmada por um dos conselheiros ao Estadão.

A iniciativa indicou a aposta redobrada do governo em influenciar na sucessão da Vale, ainda que a governança interna e a participação reduzida do governo na mineradora, privatizada em 1997, sejam obstáculos. O conselho da Vale vai se reunir na próxima terça-feira, 30, para deliberar sobre o assunto.

Auxiliares de Lula e acionistas privados da Vale debateram um arranjo em que Mantega iria para o conselho de administração, como revelou o Estadão. O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, permaneceria por um mandato mais curto (mais um ano) à frente da empresa, e o nome da Cosan no conselho, Luis Henrique Guimarães, iria para o comitê executivo.

O arranjo segue na mesa, segundo apurou a reportagem. Mas, de acordo auxiliares do presidente, o governo Lula deseja que Mantega tenha um papel de destaque no comando e não seja apenas um coadjuvante.

Nesta quinta-feira, 25, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público em defesa da indicação de Mantega. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

Lula também foi às redes, mas não mencionou Mantega. Citou os acidentes em Brumadinho e Mariana, em barragens de resíduos provenientes de mineração da Vale, para criticar a empresa.

Barragem da Samarco em Mariana, que se rompeu em 2015; empresa pertence à Vale e à BHP Foto: Dida Sampaio/Estadão

“Hoje faz cinco anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. Cinco anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, escreveu.

A Vale informou que não foi notificada da decisão judicial desta quinta. “A companhia se manifestará oportunamente no processo sobre a decisão, contra a qual cabe recurso”, disse a mineradora, em comunicado ao mercado.

A Vale já perdeu apenas neste ano R$ 38 bilhões de valor de mercado, em meio a um momento de baixa do preço do minério de ferro — devido à demanda incerta da China — e às pressões do governo para achar uma posição na empresa para o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Os cálculos são de Einar Rivero, CEO da Etos Ayta Consultoria.

As ações da companhia fecharam o pregão desta quinta-feira, 25, com queda de 2,2%, acumulando perda de 11% desde o início do ano. Com isso, o valor de mercado atual da Vale é de R$ 309,1 bilhões.

Nesta quinta, também pesou contra a empresa a notícia de que a Justiça Federal condenou a mineradora, a BHP e a Samarco a pagar uma multa de R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. A condenação ocorreu no dia em que a ruptura de outra barragem ligada à Vale, a do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), completou cinco anos.

Desde que voltou a ganhar força, no meio de janeiro deste ano, a ofensiva para emplacar o nome de Mantega ao menos entre os integrantes do conselho de administração da mineradora, a perda de valor se intensificou.

Desde 15 de janeiro, em apenas 10 dias, a empresa viu o seu valor cair R$ 14 bilhões, apesar de uma leve recuperação das ações entre 22 e 24 de janeiro. No ponto mais baixo da ação neste ano, no dia 22, a perda em 2024 havia chegado a R$ 40,5 bilhões.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega; Lula defende sua indicação para o comando da Vale Foto: Clayton de Souza/Estadão

O interesse principal do governo era conduzir Mantega à presidência da empresa, algo ventilado nos bastidores ao menos desde meados do ano passado, como confirmado pelo Estadão. A mineradora tem até o final do mês para decidir quem será o comandante dos negócios pelos próximos três anos.

Apesar de o governo Lula querer influir nesse processo, ele tem pouca interferência na companhia, em comparação com o passado. A Vale foi privatizada em 1997, e atualmente não possui controlador definido, já que nenhum acionista detém mais de 10% das ações.

Também não existe em vigor um acordo de acionistas nos moldes do passado, na época dos primeiros governos do PT, quando o Bradespar e a Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, detinham maior poder nas escolhas do rumo da empresa.

O conselho de administração da Vale tem 13 integrantes. Dois deles são indicados pela Previ, um pelo Bradesco, um pela Mitsui, outro representa os funcionários da empresa e oito são independentes.

Entre os maiores acionistas também estão o fundo de investimentos americano BlackRock e a Cosan, do empresário Rubens Ometto. Esta última comprou 4,9% da mineradora em 2022, o que permitiu emplacar no conselho da Vale o seu último CEO, Luis Henrique Guimarães. Como homem de confiança de Ometto, ele também é cotado a assumir a presidência da mineradora.

Na quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para conselheiros da empresa para defender a indicação de Mantega para a presidência da companhia, alegando se tratar de uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação, revelada pelo jornal O Globo, foi confirmada por um dos conselheiros ao Estadão.

A iniciativa indicou a aposta redobrada do governo em influenciar na sucessão da Vale, ainda que a governança interna e a participação reduzida do governo na mineradora, privatizada em 1997, sejam obstáculos. O conselho da Vale vai se reunir na próxima terça-feira, 30, para deliberar sobre o assunto.

Auxiliares de Lula e acionistas privados da Vale debateram um arranjo em que Mantega iria para o conselho de administração, como revelou o Estadão. O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, permaneceria por um mandato mais curto (mais um ano) à frente da empresa, e o nome da Cosan no conselho, Luis Henrique Guimarães, iria para o comitê executivo.

O arranjo segue na mesa, segundo apurou a reportagem. Mas, de acordo auxiliares do presidente, o governo Lula deseja que Mantega tenha um papel de destaque no comando e não seja apenas um coadjuvante.

Nesta quinta-feira, 25, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público em defesa da indicação de Mantega. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

Lula também foi às redes, mas não mencionou Mantega. Citou os acidentes em Brumadinho e Mariana, em barragens de resíduos provenientes de mineração da Vale, para criticar a empresa.

Barragem da Samarco em Mariana, que se rompeu em 2015; empresa pertence à Vale e à BHP Foto: Dida Sampaio/Estadão

“Hoje faz cinco anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. Cinco anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, escreveu.

A Vale informou que não foi notificada da decisão judicial desta quinta. “A companhia se manifestará oportunamente no processo sobre a decisão, contra a qual cabe recurso”, disse a mineradora, em comunicado ao mercado.

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