Varejo fica estagnado em junho em meio a crédito caro e alto endividamento das famílias


Atividades varejistas mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as mais ligadas a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca, aponta IBGE

Por Daniela Amorim

RIO - O comércio varejista ficou estagnado (0,0%) em junho: metade das atividades cresceu, e a outra metade registrou perdas, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da estagnação, o resultado foi melhor do que o esperado por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 0,2%.

continua após a publicidade

Há forte heterogeneidade no desempenho do varejo, ressaltou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele lembra que as atividades varejistas mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as que estão mais ligadas ao crédito e a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca, como reflexo das condições financeiras apertadas e do elevado endividamento das famílias.

“No ano, porém, as perspectivas seguem desafiadoras para o comércio. Há importantes fatores limitadores, como o crédito caro e alto endividamento das famílias, mas também outros elementos que podem contrabalançar esses impactos, como o processo de desinflação (especialmente de alimentos e bens industriais), o mercado de trabalho”, enumerou Savignon, em comentário.

Vendas no varejo sofrem com alto endividamento da população Foto: Tiago Queiroz / Estadão
continua após a publicidade

Na passagem de maio para junho, as quedas ocorreram em equipamentos para informática e comunicação (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (-0,7%) e combustíveis (-0,6%). Na direção oposta, houve expansão em vestuário e calçados (1,4%), supermercados (1,3%), livros e papelaria (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

Na média global, depois de uma sequência de três meses sem crescimento, o volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado representa um forte freio ante a expansão de 1,9% no primeiro trimestre deste ano.

“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, salientando que a última vez em que o volume vendido mostrou avanço expressivo foi em janeiro, alta de 4,1%.

continua após a publicidade

Para o pesquisador, a falta de dinamismo é explicada pelo acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou Santos.

Outro fator que estaria prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. O fenômeno também teria impactado as vendas das atividades de vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos. “São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos.

Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela queda nos preços dos alimentos, enquanto o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou as vendas de veículos.

continua após a publicidade

O volume vendido pelo comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício — cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.

“Foi um fenômeno mais global, mas um pouco mais ligado à pessoa física também, justamente ligado a esse desconto (via incentivo do governo)”, explicou Santos.

O programa de descontos para carros populares fez as vendas de veículos superarem em junho o nível pré-pandemia pela primeira vez desde a crise sanitária: após o avanço em relação a maio, as vendas estavam 4,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

continua após a publicidade

No segundo trimestre, as vendas do varejo ampliado cresceram 1,7% em relação ao primeiro trimestre.

“Mesmo com a alta no varejo ampliado, nossa avaliação é a de que o comércio deve seguir em ritmo lento até o final do ano, devolvendo parte do crescimento registado no início de 2023, uma vez que o setor segue pressionado pelos juros ainda elevados e pela desaceleração global”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

O C6 Bank prevê que o varejo ampliado feche o ano com crescimento próximo a 6,5% em relação a 2022. O banco estima que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2023 com um avanço de 2,5%, seguido de alta de 1% em 2024.

RIO - O comércio varejista ficou estagnado (0,0%) em junho: metade das atividades cresceu, e a outra metade registrou perdas, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da estagnação, o resultado foi melhor do que o esperado por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 0,2%.

Há forte heterogeneidade no desempenho do varejo, ressaltou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele lembra que as atividades varejistas mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as que estão mais ligadas ao crédito e a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca, como reflexo das condições financeiras apertadas e do elevado endividamento das famílias.

“No ano, porém, as perspectivas seguem desafiadoras para o comércio. Há importantes fatores limitadores, como o crédito caro e alto endividamento das famílias, mas também outros elementos que podem contrabalançar esses impactos, como o processo de desinflação (especialmente de alimentos e bens industriais), o mercado de trabalho”, enumerou Savignon, em comentário.

Vendas no varejo sofrem com alto endividamento da população Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Na passagem de maio para junho, as quedas ocorreram em equipamentos para informática e comunicação (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (-0,7%) e combustíveis (-0,6%). Na direção oposta, houve expansão em vestuário e calçados (1,4%), supermercados (1,3%), livros e papelaria (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

Na média global, depois de uma sequência de três meses sem crescimento, o volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado representa um forte freio ante a expansão de 1,9% no primeiro trimestre deste ano.

“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, salientando que a última vez em que o volume vendido mostrou avanço expressivo foi em janeiro, alta de 4,1%.

Para o pesquisador, a falta de dinamismo é explicada pelo acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou Santos.

Outro fator que estaria prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. O fenômeno também teria impactado as vendas das atividades de vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos. “São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos.

Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela queda nos preços dos alimentos, enquanto o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou as vendas de veículos.

O volume vendido pelo comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício — cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.

“Foi um fenômeno mais global, mas um pouco mais ligado à pessoa física também, justamente ligado a esse desconto (via incentivo do governo)”, explicou Santos.

O programa de descontos para carros populares fez as vendas de veículos superarem em junho o nível pré-pandemia pela primeira vez desde a crise sanitária: após o avanço em relação a maio, as vendas estavam 4,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

No segundo trimestre, as vendas do varejo ampliado cresceram 1,7% em relação ao primeiro trimestre.

“Mesmo com a alta no varejo ampliado, nossa avaliação é a de que o comércio deve seguir em ritmo lento até o final do ano, devolvendo parte do crescimento registado no início de 2023, uma vez que o setor segue pressionado pelos juros ainda elevados e pela desaceleração global”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

O C6 Bank prevê que o varejo ampliado feche o ano com crescimento próximo a 6,5% em relação a 2022. O banco estima que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2023 com um avanço de 2,5%, seguido de alta de 1% em 2024.

RIO - O comércio varejista ficou estagnado (0,0%) em junho: metade das atividades cresceu, e a outra metade registrou perdas, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da estagnação, o resultado foi melhor do que o esperado por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 0,2%.

Há forte heterogeneidade no desempenho do varejo, ressaltou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele lembra que as atividades varejistas mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as que estão mais ligadas ao crédito e a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca, como reflexo das condições financeiras apertadas e do elevado endividamento das famílias.

“No ano, porém, as perspectivas seguem desafiadoras para o comércio. Há importantes fatores limitadores, como o crédito caro e alto endividamento das famílias, mas também outros elementos que podem contrabalançar esses impactos, como o processo de desinflação (especialmente de alimentos e bens industriais), o mercado de trabalho”, enumerou Savignon, em comentário.

Vendas no varejo sofrem com alto endividamento da população Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Na passagem de maio para junho, as quedas ocorreram em equipamentos para informática e comunicação (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (-0,7%) e combustíveis (-0,6%). Na direção oposta, houve expansão em vestuário e calçados (1,4%), supermercados (1,3%), livros e papelaria (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

Na média global, depois de uma sequência de três meses sem crescimento, o volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado representa um forte freio ante a expansão de 1,9% no primeiro trimestre deste ano.

“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, salientando que a última vez em que o volume vendido mostrou avanço expressivo foi em janeiro, alta de 4,1%.

Para o pesquisador, a falta de dinamismo é explicada pelo acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou Santos.

Outro fator que estaria prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. O fenômeno também teria impactado as vendas das atividades de vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos. “São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos.

Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela queda nos preços dos alimentos, enquanto o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou as vendas de veículos.

O volume vendido pelo comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício — cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.

“Foi um fenômeno mais global, mas um pouco mais ligado à pessoa física também, justamente ligado a esse desconto (via incentivo do governo)”, explicou Santos.

O programa de descontos para carros populares fez as vendas de veículos superarem em junho o nível pré-pandemia pela primeira vez desde a crise sanitária: após o avanço em relação a maio, as vendas estavam 4,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

No segundo trimestre, as vendas do varejo ampliado cresceram 1,7% em relação ao primeiro trimestre.

“Mesmo com a alta no varejo ampliado, nossa avaliação é a de que o comércio deve seguir em ritmo lento até o final do ano, devolvendo parte do crescimento registado no início de 2023, uma vez que o setor segue pressionado pelos juros ainda elevados e pela desaceleração global”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

O C6 Bank prevê que o varejo ampliado feche o ano com crescimento próximo a 6,5% em relação a 2022. O banco estima que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2023 com um avanço de 2,5%, seguido de alta de 1% em 2024.

RIO - O comércio varejista ficou estagnado (0,0%) em junho: metade das atividades cresceu, e a outra metade registrou perdas, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da estagnação, o resultado foi melhor do que o esperado por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 0,2%.

Há forte heterogeneidade no desempenho do varejo, ressaltou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele lembra que as atividades varejistas mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as que estão mais ligadas ao crédito e a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca, como reflexo das condições financeiras apertadas e do elevado endividamento das famílias.

“No ano, porém, as perspectivas seguem desafiadoras para o comércio. Há importantes fatores limitadores, como o crédito caro e alto endividamento das famílias, mas também outros elementos que podem contrabalançar esses impactos, como o processo de desinflação (especialmente de alimentos e bens industriais), o mercado de trabalho”, enumerou Savignon, em comentário.

Vendas no varejo sofrem com alto endividamento da população Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Na passagem de maio para junho, as quedas ocorreram em equipamentos para informática e comunicação (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (-0,7%) e combustíveis (-0,6%). Na direção oposta, houve expansão em vestuário e calçados (1,4%), supermercados (1,3%), livros e papelaria (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

Na média global, depois de uma sequência de três meses sem crescimento, o volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado representa um forte freio ante a expansão de 1,9% no primeiro trimestre deste ano.

“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, salientando que a última vez em que o volume vendido mostrou avanço expressivo foi em janeiro, alta de 4,1%.

Para o pesquisador, a falta de dinamismo é explicada pelo acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou Santos.

Outro fator que estaria prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. O fenômeno também teria impactado as vendas das atividades de vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos. “São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos.

Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela queda nos preços dos alimentos, enquanto o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou as vendas de veículos.

O volume vendido pelo comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício — cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.

“Foi um fenômeno mais global, mas um pouco mais ligado à pessoa física também, justamente ligado a esse desconto (via incentivo do governo)”, explicou Santos.

O programa de descontos para carros populares fez as vendas de veículos superarem em junho o nível pré-pandemia pela primeira vez desde a crise sanitária: após o avanço em relação a maio, as vendas estavam 4,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

No segundo trimestre, as vendas do varejo ampliado cresceram 1,7% em relação ao primeiro trimestre.

“Mesmo com a alta no varejo ampliado, nossa avaliação é a de que o comércio deve seguir em ritmo lento até o final do ano, devolvendo parte do crescimento registado no início de 2023, uma vez que o setor segue pressionado pelos juros ainda elevados e pela desaceleração global”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

O C6 Bank prevê que o varejo ampliado feche o ano com crescimento próximo a 6,5% em relação a 2022. O banco estima que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2023 com um avanço de 2,5%, seguido de alta de 1% em 2024.

RIO - O comércio varejista ficou estagnado (0,0%) em junho: metade das atividades cresceu, e a outra metade registrou perdas, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da estagnação, o resultado foi melhor do que o esperado por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que estimavam uma queda mediana de 0,2%.

Há forte heterogeneidade no desempenho do varejo, ressaltou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele lembra que as atividades varejistas mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as que estão mais ligadas ao crédito e a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca, como reflexo das condições financeiras apertadas e do elevado endividamento das famílias.

“No ano, porém, as perspectivas seguem desafiadoras para o comércio. Há importantes fatores limitadores, como o crédito caro e alto endividamento das famílias, mas também outros elementos que podem contrabalançar esses impactos, como o processo de desinflação (especialmente de alimentos e bens industriais), o mercado de trabalho”, enumerou Savignon, em comentário.

Vendas no varejo sofrem com alto endividamento da população Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Na passagem de maio para junho, as quedas ocorreram em equipamentos para informática e comunicação (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (-0,7%) e combustíveis (-0,6%). Na direção oposta, houve expansão em vestuário e calçados (1,4%), supermercados (1,3%), livros e papelaria (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

Na média global, depois de uma sequência de três meses sem crescimento, o volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado representa um forte freio ante a expansão de 1,9% no primeiro trimestre deste ano.

“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, salientando que a última vez em que o volume vendido mostrou avanço expressivo foi em janeiro, alta de 4,1%.

Para o pesquisador, a falta de dinamismo é explicada pelo acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou Santos.

Outro fator que estaria prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. O fenômeno também teria impactado as vendas das atividades de vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos. “São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos.

Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela queda nos preços dos alimentos, enquanto o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou as vendas de veículos.

O volume vendido pelo comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício — cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.

“Foi um fenômeno mais global, mas um pouco mais ligado à pessoa física também, justamente ligado a esse desconto (via incentivo do governo)”, explicou Santos.

O programa de descontos para carros populares fez as vendas de veículos superarem em junho o nível pré-pandemia pela primeira vez desde a crise sanitária: após o avanço em relação a maio, as vendas estavam 4,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

No segundo trimestre, as vendas do varejo ampliado cresceram 1,7% em relação ao primeiro trimestre.

“Mesmo com a alta no varejo ampliado, nossa avaliação é a de que o comércio deve seguir em ritmo lento até o final do ano, devolvendo parte do crescimento registado no início de 2023, uma vez que o setor segue pressionado pelos juros ainda elevados e pela desaceleração global”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

O C6 Bank prevê que o varejo ampliado feche o ano com crescimento próximo a 6,5% em relação a 2022. O banco estima que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2023 com um avanço de 2,5%, seguido de alta de 1% em 2024.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.