Vendas do varejo crescem 1,1% em fevereiro ante janeiro


No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas aumentaram 2%

Por Daniela Amorim

RIO E SÃO PAULO - A despeito da inflação pressionada e do desemprego ainda elevado, o comércio varejista mostrou fôlego no primeiro bimestre deste ano. O volume vendido subiu 1,1% em fevereiro ante janeiro, melhor desempenho para o mês desde 2016. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas aumentaram 2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O resultado surpreendeu analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma elevação mediana de 0,2% no volume vendido. No varejo ampliado, a expectativa mediana era de crescimento de 1,1%.

Consumidora em supermercado;IBGE divulga resultado do varejo em fevereiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Após os resultados, os modelos que acompanham indicadores antecedentes da atividade econômica passaram a indicar um crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, ante uma projeção anterior de 0,3%, apontou o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato.

Para Margato, os resultados refletem uma melhora do quadro sanitário do País, após o pico das infecções pela variante Ômicron do coronavírus em janeiro, combinado com impulsos de pagamentos do programa Auxílio Brasil e do aumento na geração de empregos no mês.

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“Na nossa avaliação, trata-se de um impulso de curto prazo ao consumo, mais do que uma melhora de longo prazo”, disse o economista da XP Investimentos. “Tem alguns fatores que ainda dão sustentação ao consumo, mesmo considerando algumas travas como a inflação elevada, salários reais deprimidos e o aperto de condições monetárias, que deve impactar mais a demanda no segundo semestre”, acrescentou.

Base de comparação fraca

Campanhas de promoções em segmentos varejistas ajudaram o resultado mais favorável nas vendas no comércio varejista nos dois primeiros meses de 2022, afirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Houve contribuição também de uma base de comparação fraca, uma vez que as vendas no varejo tiveram desempenho predominantemente fraco no segundo semestre de 2021. Além disso, há um número maior de pessoas trabalhando, e a desvalorização recente do dólar ante o real ameniza a pressão sobre itens importados, enumerou o pesquisador.

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 “O resultado foi positivo pelo segundo mês. Esse crescimento nesse momento também vem com uma distribuição bastante grande entre os setores”, observou Santos.

Seis das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas em fevereiro ante janeiro: livros e papelaria (42,8%), combustíveis (5,3%), móveis e eletrodomésticos (2,3%), tecidos, vestuário e calçados (2,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%) e supermercados (1,4%). A única queda ocorreu em artigos farmacêuticos e perfumaria (-5,6%). O setor de informática e comunicação ficou estável (0,0%). No comércio varejista ampliado, o segmento de veículos registrou alta de 5,2%, enquanto material de construção caiu 0,4%.

“O varejo surpreendeu em fevereiro, talvez pelos efeitos do fim da onda da Ômicron ou por um impulso das transferências do governo, com o início dos pagamentos do Auxílio Brasil”, opinou o economista da Rio Bravo Investimentos Luca Mercadante. “A visão é de um resultado bom, mas ainda não suficiente para reverter a tendência que estamos esperando, principalmente por causa da inflação alta que vem corroendo a renda real”, disse ele.

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A Rio Bravo Investimentos estima um crescimento de 0,4% no PIB do primeiro trimestre, podendo ser revisto para cima, devido aos resultados melhores que o esperado no início deste ano.

A PMC de fevereiro trouxe uma atualização no modelo de ajuste sazonal, com reflexos sobre a série histórica. O resultado das vendas em janeiro ante dezembro foi revisto de uma alta de 0,8% para um avanço de 2,1%. No varejo ampliado, a taxa passou de queda de 0,3% para elevação de 0,2%.

“Não há nenhum tipo de quebra metodológica pela atualização que a gente fez”, afirmou Santos, lembrando que a forte revisão sobre o desempenho de janeiro “é natural do modelo de ajuste sazonal”.

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A melhora no desempenho do varejo em janeiro e fevereiro fez o volume de vendas ficar 1,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, embora ainda 4,9% abaixo do pico alcançado em outubro de 2020. No varejo ampliado, as vendas operam 0,8% acima do pré-pandemia, mas em nível 5,5% aquém do ápice registrado em agosto de 2012.

“O patamar de vendas ainda está abaixo do que já esteve em 2020. Nesses primeiros dois meses do ano, não há um cenário de recuperação relativa ao que foi o máximo da série, mas sim em relação ao patamar bastante baixo de dezembro de 2021”, afirmou Santos.

Segundo ele, as vendas fracas ao fim de 2021 levaram empresas de determinados setores a fazerem promoções estratégicas no início de 2022, com peso significativo no resultado deste início de ano.

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“Nem novembro nem dezembro foram bons para o comércio varejista. Isso fez com que empresas de determinados setores fizessem promoções estratégicas”, contou. “Tecidos e vestuário, móveis e eletrodomésticos, e outros artigos de uso pessoal e doméstico foram atividades que fizeram esse tipo de estratégia”, disse ele.

Inflação dos alimentos

Apesar da mudança na trajetória neste primeiro bimestre, o setor ainda não recuperou todas as perdas do segundo semestre de 2021. Após um segundo semestre ruim, o varejo chegou a dezembro de 2021 em patamar 7,2% abaixo do registrado em julho daquele ano. Mesmo com a melhora recente, as vendas ainda estão 4,2% abaixo do nível de julho de 2021.

O resultado obtido pela receita nominal de empresas de alguns setores ainda se torna mais modesto quando descontada a inflação do período. Em supermercados, por exemplo, a inflação de alimentos impediu um avanço maior no volume vendido. Já em combustíveis, a deflação observada em fevereiro dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, também do IBGE, que apurou queda de 0,92% nos preços dos combustíveis em fevereiro) impulsionou o desempenho do volume vendido.

“Os combustíveis acabam sendo o principal protagonista nesse crescimento de 1,1% no varejo na passagem de janeiro para fevereiro, porque houve diminuição da pressão inflacionária”, disse Santos.

Se por um lado a melhora da pandemia e a maior circulação de pessoas aumenta a receita do setor de combustíveis, a alta de preços em março pode reduzir o volume de vendas. Entre os ingredientes que ajudam o varejo no primeiro bimestre deste ano estão o aumento na ocupação e o câmbio.

“A massa de renda real tem caído, mas o número de ocupados tem crescido, o que coloca mais gente com possibilidade de consumo de produtos no comércio varejista”, lembrou Santos. “O dólar já foi bastante responsável pela queda em alguns setores em 2021, ao longo do segundo semestre. A partir deste ano tem menos pressão sobre produtos importados”, completou.

RIO E SÃO PAULO - A despeito da inflação pressionada e do desemprego ainda elevado, o comércio varejista mostrou fôlego no primeiro bimestre deste ano. O volume vendido subiu 1,1% em fevereiro ante janeiro, melhor desempenho para o mês desde 2016. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas aumentaram 2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O resultado surpreendeu analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma elevação mediana de 0,2% no volume vendido. No varejo ampliado, a expectativa mediana era de crescimento de 1,1%.

Consumidora em supermercado;IBGE divulga resultado do varejo em fevereiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

Após os resultados, os modelos que acompanham indicadores antecedentes da atividade econômica passaram a indicar um crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, ante uma projeção anterior de 0,3%, apontou o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato.

Para Margato, os resultados refletem uma melhora do quadro sanitário do País, após o pico das infecções pela variante Ômicron do coronavírus em janeiro, combinado com impulsos de pagamentos do programa Auxílio Brasil e do aumento na geração de empregos no mês.

“Na nossa avaliação, trata-se de um impulso de curto prazo ao consumo, mais do que uma melhora de longo prazo”, disse o economista da XP Investimentos. “Tem alguns fatores que ainda dão sustentação ao consumo, mesmo considerando algumas travas como a inflação elevada, salários reais deprimidos e o aperto de condições monetárias, que deve impactar mais a demanda no segundo semestre”, acrescentou.

Base de comparação fraca

Campanhas de promoções em segmentos varejistas ajudaram o resultado mais favorável nas vendas no comércio varejista nos dois primeiros meses de 2022, afirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Houve contribuição também de uma base de comparação fraca, uma vez que as vendas no varejo tiveram desempenho predominantemente fraco no segundo semestre de 2021. Além disso, há um número maior de pessoas trabalhando, e a desvalorização recente do dólar ante o real ameniza a pressão sobre itens importados, enumerou o pesquisador.

 “O resultado foi positivo pelo segundo mês. Esse crescimento nesse momento também vem com uma distribuição bastante grande entre os setores”, observou Santos.

Seis das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas em fevereiro ante janeiro: livros e papelaria (42,8%), combustíveis (5,3%), móveis e eletrodomésticos (2,3%), tecidos, vestuário e calçados (2,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%) e supermercados (1,4%). A única queda ocorreu em artigos farmacêuticos e perfumaria (-5,6%). O setor de informática e comunicação ficou estável (0,0%). No comércio varejista ampliado, o segmento de veículos registrou alta de 5,2%, enquanto material de construção caiu 0,4%.

“O varejo surpreendeu em fevereiro, talvez pelos efeitos do fim da onda da Ômicron ou por um impulso das transferências do governo, com o início dos pagamentos do Auxílio Brasil”, opinou o economista da Rio Bravo Investimentos Luca Mercadante. “A visão é de um resultado bom, mas ainda não suficiente para reverter a tendência que estamos esperando, principalmente por causa da inflação alta que vem corroendo a renda real”, disse ele.

A Rio Bravo Investimentos estima um crescimento de 0,4% no PIB do primeiro trimestre, podendo ser revisto para cima, devido aos resultados melhores que o esperado no início deste ano.

A PMC de fevereiro trouxe uma atualização no modelo de ajuste sazonal, com reflexos sobre a série histórica. O resultado das vendas em janeiro ante dezembro foi revisto de uma alta de 0,8% para um avanço de 2,1%. No varejo ampliado, a taxa passou de queda de 0,3% para elevação de 0,2%.

“Não há nenhum tipo de quebra metodológica pela atualização que a gente fez”, afirmou Santos, lembrando que a forte revisão sobre o desempenho de janeiro “é natural do modelo de ajuste sazonal”.

A melhora no desempenho do varejo em janeiro e fevereiro fez o volume de vendas ficar 1,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, embora ainda 4,9% abaixo do pico alcançado em outubro de 2020. No varejo ampliado, as vendas operam 0,8% acima do pré-pandemia, mas em nível 5,5% aquém do ápice registrado em agosto de 2012.

“O patamar de vendas ainda está abaixo do que já esteve em 2020. Nesses primeiros dois meses do ano, não há um cenário de recuperação relativa ao que foi o máximo da série, mas sim em relação ao patamar bastante baixo de dezembro de 2021”, afirmou Santos.

Segundo ele, as vendas fracas ao fim de 2021 levaram empresas de determinados setores a fazerem promoções estratégicas no início de 2022, com peso significativo no resultado deste início de ano.

“Nem novembro nem dezembro foram bons para o comércio varejista. Isso fez com que empresas de determinados setores fizessem promoções estratégicas”, contou. “Tecidos e vestuário, móveis e eletrodomésticos, e outros artigos de uso pessoal e doméstico foram atividades que fizeram esse tipo de estratégia”, disse ele.

Inflação dos alimentos

Apesar da mudança na trajetória neste primeiro bimestre, o setor ainda não recuperou todas as perdas do segundo semestre de 2021. Após um segundo semestre ruim, o varejo chegou a dezembro de 2021 em patamar 7,2% abaixo do registrado em julho daquele ano. Mesmo com a melhora recente, as vendas ainda estão 4,2% abaixo do nível de julho de 2021.

O resultado obtido pela receita nominal de empresas de alguns setores ainda se torna mais modesto quando descontada a inflação do período. Em supermercados, por exemplo, a inflação de alimentos impediu um avanço maior no volume vendido. Já em combustíveis, a deflação observada em fevereiro dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, também do IBGE, que apurou queda de 0,92% nos preços dos combustíveis em fevereiro) impulsionou o desempenho do volume vendido.

“Os combustíveis acabam sendo o principal protagonista nesse crescimento de 1,1% no varejo na passagem de janeiro para fevereiro, porque houve diminuição da pressão inflacionária”, disse Santos.

Se por um lado a melhora da pandemia e a maior circulação de pessoas aumenta a receita do setor de combustíveis, a alta de preços em março pode reduzir o volume de vendas. Entre os ingredientes que ajudam o varejo no primeiro bimestre deste ano estão o aumento na ocupação e o câmbio.

“A massa de renda real tem caído, mas o número de ocupados tem crescido, o que coloca mais gente com possibilidade de consumo de produtos no comércio varejista”, lembrou Santos. “O dólar já foi bastante responsável pela queda em alguns setores em 2021, ao longo do segundo semestre. A partir deste ano tem menos pressão sobre produtos importados”, completou.

RIO E SÃO PAULO - A despeito da inflação pressionada e do desemprego ainda elevado, o comércio varejista mostrou fôlego no primeiro bimestre deste ano. O volume vendido subiu 1,1% em fevereiro ante janeiro, melhor desempenho para o mês desde 2016. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas aumentaram 2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O resultado surpreendeu analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma elevação mediana de 0,2% no volume vendido. No varejo ampliado, a expectativa mediana era de crescimento de 1,1%.

Consumidora em supermercado;IBGE divulga resultado do varejo em fevereiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

Após os resultados, os modelos que acompanham indicadores antecedentes da atividade econômica passaram a indicar um crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, ante uma projeção anterior de 0,3%, apontou o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato.

Para Margato, os resultados refletem uma melhora do quadro sanitário do País, após o pico das infecções pela variante Ômicron do coronavírus em janeiro, combinado com impulsos de pagamentos do programa Auxílio Brasil e do aumento na geração de empregos no mês.

“Na nossa avaliação, trata-se de um impulso de curto prazo ao consumo, mais do que uma melhora de longo prazo”, disse o economista da XP Investimentos. “Tem alguns fatores que ainda dão sustentação ao consumo, mesmo considerando algumas travas como a inflação elevada, salários reais deprimidos e o aperto de condições monetárias, que deve impactar mais a demanda no segundo semestre”, acrescentou.

Base de comparação fraca

Campanhas de promoções em segmentos varejistas ajudaram o resultado mais favorável nas vendas no comércio varejista nos dois primeiros meses de 2022, afirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Houve contribuição também de uma base de comparação fraca, uma vez que as vendas no varejo tiveram desempenho predominantemente fraco no segundo semestre de 2021. Além disso, há um número maior de pessoas trabalhando, e a desvalorização recente do dólar ante o real ameniza a pressão sobre itens importados, enumerou o pesquisador.

 “O resultado foi positivo pelo segundo mês. Esse crescimento nesse momento também vem com uma distribuição bastante grande entre os setores”, observou Santos.

Seis das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas em fevereiro ante janeiro: livros e papelaria (42,8%), combustíveis (5,3%), móveis e eletrodomésticos (2,3%), tecidos, vestuário e calçados (2,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%) e supermercados (1,4%). A única queda ocorreu em artigos farmacêuticos e perfumaria (-5,6%). O setor de informática e comunicação ficou estável (0,0%). No comércio varejista ampliado, o segmento de veículos registrou alta de 5,2%, enquanto material de construção caiu 0,4%.

“O varejo surpreendeu em fevereiro, talvez pelos efeitos do fim da onda da Ômicron ou por um impulso das transferências do governo, com o início dos pagamentos do Auxílio Brasil”, opinou o economista da Rio Bravo Investimentos Luca Mercadante. “A visão é de um resultado bom, mas ainda não suficiente para reverter a tendência que estamos esperando, principalmente por causa da inflação alta que vem corroendo a renda real”, disse ele.

A Rio Bravo Investimentos estima um crescimento de 0,4% no PIB do primeiro trimestre, podendo ser revisto para cima, devido aos resultados melhores que o esperado no início deste ano.

A PMC de fevereiro trouxe uma atualização no modelo de ajuste sazonal, com reflexos sobre a série histórica. O resultado das vendas em janeiro ante dezembro foi revisto de uma alta de 0,8% para um avanço de 2,1%. No varejo ampliado, a taxa passou de queda de 0,3% para elevação de 0,2%.

“Não há nenhum tipo de quebra metodológica pela atualização que a gente fez”, afirmou Santos, lembrando que a forte revisão sobre o desempenho de janeiro “é natural do modelo de ajuste sazonal”.

A melhora no desempenho do varejo em janeiro e fevereiro fez o volume de vendas ficar 1,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, embora ainda 4,9% abaixo do pico alcançado em outubro de 2020. No varejo ampliado, as vendas operam 0,8% acima do pré-pandemia, mas em nível 5,5% aquém do ápice registrado em agosto de 2012.

“O patamar de vendas ainda está abaixo do que já esteve em 2020. Nesses primeiros dois meses do ano, não há um cenário de recuperação relativa ao que foi o máximo da série, mas sim em relação ao patamar bastante baixo de dezembro de 2021”, afirmou Santos.

Segundo ele, as vendas fracas ao fim de 2021 levaram empresas de determinados setores a fazerem promoções estratégicas no início de 2022, com peso significativo no resultado deste início de ano.

“Nem novembro nem dezembro foram bons para o comércio varejista. Isso fez com que empresas de determinados setores fizessem promoções estratégicas”, contou. “Tecidos e vestuário, móveis e eletrodomésticos, e outros artigos de uso pessoal e doméstico foram atividades que fizeram esse tipo de estratégia”, disse ele.

Inflação dos alimentos

Apesar da mudança na trajetória neste primeiro bimestre, o setor ainda não recuperou todas as perdas do segundo semestre de 2021. Após um segundo semestre ruim, o varejo chegou a dezembro de 2021 em patamar 7,2% abaixo do registrado em julho daquele ano. Mesmo com a melhora recente, as vendas ainda estão 4,2% abaixo do nível de julho de 2021.

O resultado obtido pela receita nominal de empresas de alguns setores ainda se torna mais modesto quando descontada a inflação do período. Em supermercados, por exemplo, a inflação de alimentos impediu um avanço maior no volume vendido. Já em combustíveis, a deflação observada em fevereiro dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, também do IBGE, que apurou queda de 0,92% nos preços dos combustíveis em fevereiro) impulsionou o desempenho do volume vendido.

“Os combustíveis acabam sendo o principal protagonista nesse crescimento de 1,1% no varejo na passagem de janeiro para fevereiro, porque houve diminuição da pressão inflacionária”, disse Santos.

Se por um lado a melhora da pandemia e a maior circulação de pessoas aumenta a receita do setor de combustíveis, a alta de preços em março pode reduzir o volume de vendas. Entre os ingredientes que ajudam o varejo no primeiro bimestre deste ano estão o aumento na ocupação e o câmbio.

“A massa de renda real tem caído, mas o número de ocupados tem crescido, o que coloca mais gente com possibilidade de consumo de produtos no comércio varejista”, lembrou Santos. “O dólar já foi bastante responsável pela queda em alguns setores em 2021, ao longo do segundo semestre. A partir deste ano tem menos pressão sobre produtos importados”, completou.

RIO E SÃO PAULO - A despeito da inflação pressionada e do desemprego ainda elevado, o comércio varejista mostrou fôlego no primeiro bimestre deste ano. O volume vendido subiu 1,1% em fevereiro ante janeiro, melhor desempenho para o mês desde 2016. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas aumentaram 2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada nesta quarta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O resultado surpreendeu analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma elevação mediana de 0,2% no volume vendido. No varejo ampliado, a expectativa mediana era de crescimento de 1,1%.

Consumidora em supermercado;IBGE divulga resultado do varejo em fevereiro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

Após os resultados, os modelos que acompanham indicadores antecedentes da atividade econômica passaram a indicar um crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, ante uma projeção anterior de 0,3%, apontou o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato.

Para Margato, os resultados refletem uma melhora do quadro sanitário do País, após o pico das infecções pela variante Ômicron do coronavírus em janeiro, combinado com impulsos de pagamentos do programa Auxílio Brasil e do aumento na geração de empregos no mês.

“Na nossa avaliação, trata-se de um impulso de curto prazo ao consumo, mais do que uma melhora de longo prazo”, disse o economista da XP Investimentos. “Tem alguns fatores que ainda dão sustentação ao consumo, mesmo considerando algumas travas como a inflação elevada, salários reais deprimidos e o aperto de condições monetárias, que deve impactar mais a demanda no segundo semestre”, acrescentou.

Base de comparação fraca

Campanhas de promoções em segmentos varejistas ajudaram o resultado mais favorável nas vendas no comércio varejista nos dois primeiros meses de 2022, afirmou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Houve contribuição também de uma base de comparação fraca, uma vez que as vendas no varejo tiveram desempenho predominantemente fraco no segundo semestre de 2021. Além disso, há um número maior de pessoas trabalhando, e a desvalorização recente do dólar ante o real ameniza a pressão sobre itens importados, enumerou o pesquisador.

 “O resultado foi positivo pelo segundo mês. Esse crescimento nesse momento também vem com uma distribuição bastante grande entre os setores”, observou Santos.

Seis das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas em fevereiro ante janeiro: livros e papelaria (42,8%), combustíveis (5,3%), móveis e eletrodomésticos (2,3%), tecidos, vestuário e calçados (2,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%) e supermercados (1,4%). A única queda ocorreu em artigos farmacêuticos e perfumaria (-5,6%). O setor de informática e comunicação ficou estável (0,0%). No comércio varejista ampliado, o segmento de veículos registrou alta de 5,2%, enquanto material de construção caiu 0,4%.

“O varejo surpreendeu em fevereiro, talvez pelos efeitos do fim da onda da Ômicron ou por um impulso das transferências do governo, com o início dos pagamentos do Auxílio Brasil”, opinou o economista da Rio Bravo Investimentos Luca Mercadante. “A visão é de um resultado bom, mas ainda não suficiente para reverter a tendência que estamos esperando, principalmente por causa da inflação alta que vem corroendo a renda real”, disse ele.

A Rio Bravo Investimentos estima um crescimento de 0,4% no PIB do primeiro trimestre, podendo ser revisto para cima, devido aos resultados melhores que o esperado no início deste ano.

A PMC de fevereiro trouxe uma atualização no modelo de ajuste sazonal, com reflexos sobre a série histórica. O resultado das vendas em janeiro ante dezembro foi revisto de uma alta de 0,8% para um avanço de 2,1%. No varejo ampliado, a taxa passou de queda de 0,3% para elevação de 0,2%.

“Não há nenhum tipo de quebra metodológica pela atualização que a gente fez”, afirmou Santos, lembrando que a forte revisão sobre o desempenho de janeiro “é natural do modelo de ajuste sazonal”.

A melhora no desempenho do varejo em janeiro e fevereiro fez o volume de vendas ficar 1,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, embora ainda 4,9% abaixo do pico alcançado em outubro de 2020. No varejo ampliado, as vendas operam 0,8% acima do pré-pandemia, mas em nível 5,5% aquém do ápice registrado em agosto de 2012.

“O patamar de vendas ainda está abaixo do que já esteve em 2020. Nesses primeiros dois meses do ano, não há um cenário de recuperação relativa ao que foi o máximo da série, mas sim em relação ao patamar bastante baixo de dezembro de 2021”, afirmou Santos.

Segundo ele, as vendas fracas ao fim de 2021 levaram empresas de determinados setores a fazerem promoções estratégicas no início de 2022, com peso significativo no resultado deste início de ano.

“Nem novembro nem dezembro foram bons para o comércio varejista. Isso fez com que empresas de determinados setores fizessem promoções estratégicas”, contou. “Tecidos e vestuário, móveis e eletrodomésticos, e outros artigos de uso pessoal e doméstico foram atividades que fizeram esse tipo de estratégia”, disse ele.

Inflação dos alimentos

Apesar da mudança na trajetória neste primeiro bimestre, o setor ainda não recuperou todas as perdas do segundo semestre de 2021. Após um segundo semestre ruim, o varejo chegou a dezembro de 2021 em patamar 7,2% abaixo do registrado em julho daquele ano. Mesmo com a melhora recente, as vendas ainda estão 4,2% abaixo do nível de julho de 2021.

O resultado obtido pela receita nominal de empresas de alguns setores ainda se torna mais modesto quando descontada a inflação do período. Em supermercados, por exemplo, a inflação de alimentos impediu um avanço maior no volume vendido. Já em combustíveis, a deflação observada em fevereiro dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, também do IBGE, que apurou queda de 0,92% nos preços dos combustíveis em fevereiro) impulsionou o desempenho do volume vendido.

“Os combustíveis acabam sendo o principal protagonista nesse crescimento de 1,1% no varejo na passagem de janeiro para fevereiro, porque houve diminuição da pressão inflacionária”, disse Santos.

Se por um lado a melhora da pandemia e a maior circulação de pessoas aumenta a receita do setor de combustíveis, a alta de preços em março pode reduzir o volume de vendas. Entre os ingredientes que ajudam o varejo no primeiro bimestre deste ano estão o aumento na ocupação e o câmbio.

“A massa de renda real tem caído, mas o número de ocupados tem crescido, o que coloca mais gente com possibilidade de consumo de produtos no comércio varejista”, lembrou Santos. “O dólar já foi bastante responsável pela queda em alguns setores em 2021, ao longo do segundo semestre. A partir deste ano tem menos pressão sobre produtos importados”, completou.

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