RIO - O varejo brasileiro deve alcançar um recorde de vendas na Páscoa deste ano. O volume vendido deve totalizar R$ 3,44 bilhões, o que representaria um crescimento de 4,5% em relação à mesma data do ano passado, já descontada a inflação no período, prevê a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Se confirmado, o resultado significará o quarto ano seguido de crescimento nas vendas, alcançando o maior patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em 2005.
Os maiores avanços em relação ao desempenho do ano anterior estão previstos em Santa Catarina (+7,4%) e Minas Gerais (+7,2%). Já os volumes mais significativos de vendas ficarão concentrados em São Paulo (R$ 948,08 milhões), Minas Gerais (R$ 352,57 milhões), Rio de Janeiro (R$ 243,19 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 194,18 milhões), responsáveis juntos por 51% de todo o faturamento a ser gerado pela data deste ano.
A Páscoa é a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo nacional, lembrou a CNC.
Segundo o economista Fabio Bentes, responsável pelo levantamento da CNC, o bom desempenho será impulsionado por uma melhora nas condições financeiras das famílias e por uma inflação mais comportada para a data.
“Câmbio menor que no ano passado também ajudou a reduzir o aumento de preços. A data também costuma ter um gasto médio menor que outras”, explicou Bentes.
Ele estima uma alta de 5,2% nos preços de itens típicos de Páscoa em relação ao mesmo período do ano anterior, variação mais branda em quatro anos, em meio a importações recorde de produtos, queda de preços internacionais e valorização do real ante o dólar.
O economista ressalta que o bacalhau estará 3,2% mais barato do que no ano passado, enquanto os chocolates aumentaram apenas 2,4% no período de um ano, e o vinho subiu 2,8%. Destoando do restante da cesta de Páscoa, o destaque negativo foi o azeite, que está 45,7% mais caro neste ano.
Registros da Secretaria de Comércio Exterior tabulados pela CNC apontam que a quantidade importada de chocolates neste ano totalizará 3,35 mil toneladas, um avanço de 21,4% em relação ao ano passado, enquanto as importações de bacalhau saltaram 69,9% ante a Páscoa de 2023, totalizando um recorde de 7,12 mil toneladas.
“A valorização do real ao longo do último ano compensou parcialmente a alta dos preços internacionais desses produtos. A taxa de câmbio, que às vésperas da Páscoa de 2023 se situava em R$ 5,20 por dólar, atualmente se encontra abaixo dos R$ 5,00 — um recuo de quase 4,3%. No mesmo intervalo de tempo, os preços médios de importação tanto de chocolates quanto de bacalhau recuaram 4,1% e 11,4%, respectivamente”, justificou Bentes, no estudo.