Vendas no varejo sobem 2,5% em janeiro com melhora no consumo das famílias, diz IBGE


Resultado superou as estimativas e pode estar relacionado à mudança no perfil do consumidor; brasileiros têm antecipado as compras de Natal na Black Friday, em novembro, e aguardado as promoções de janeiro, segundo especialistas

Por Daniela Amorim e Gabriela Jucá

RIO E SÃO PAULO - O comércio varejista começou o ano com fôlego. As vendas do comércio subiram 2,5% em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado superou as estimativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,5% a alta de 1,7%, com mediana positiva de 0,2%. O crescimento acima do esperado conversa com a dinâmica de um mercado de trabalho aquecido e com salários crescentes em termos reais, avaliou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da gestora de recursos MAG Investimentos.

“Vemos uma dinâmica de melhora em relação ao ano passado para as famílias, que voltaram a consumir bens”, ressaltou Oliveira.

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A surpresa altista e espalhada entre os segmentos varejistas deve aliviar os temores de desaceleração do consumo no início do primeiro trimestre, avaliou o banco Bradesco, que prevê, porém, alguma acomodação nas vendas a partir de fevereiro. Já o Itaú Unibanco destacou o bom desempenho de supermercados e demais itens sensíveis à renda, em linha com os dados mais fortes do mercado de trabalho para o mês, gerando um viés positivo para a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024.

Vendas no varejo começaram 2024 em alta Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Em vez de vermos um mercado de trabalho e a atividade econômica esfriando, estamos vendo justamente o contrário”, opinou o economista Homero Guizzo, da corretora de valores Terra Investimentos, para quem o resultado pode impor um desafio adicional para o Banco Central, sinalizando um ponto de atenção para a autoridade monetária, que ainda não completou o processo de desinflação.

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A forma do varejo em janeiro pode estar relacionada a uma mudança no perfil do consumidor brasileiro, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE. Ele cita que o comércio varejista tem mostrado uma mudança no padrão de vendas, com uma antecipação das compras de Natal ainda em novembro, durante as promoções de Black Friday, tornando o desempenho de dezembro mais fraco, que acaba sucedido por um janeiro melhor, possivelmente em decorrência das liquidações de início de ano.

A expansão no varejo em janeiro de 2024 foi o melhor desempenho das vendas desde janeiro de 2023, quando houve crescimento também de 2,5%.

“Janeiro alto é reflexo de um dezembro baixo”, disse Cristiano Santos, do IBGE. “É um padrão que a gente observa nesses últimos dois anos”, acrescentou.

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Esse padrão de um Natal menos intenso e de um janeiro mais forte em vendas ocorreu tanto em 2023 quanto em 2024, mas não tinha sido visto nos três anos anteriores.

“A Black Friday acaba concentrando cada vez mais as vendas em novembro, de certa maneira, acaba roubando o protagonismo do Natal”, justificou Santos. “As pessoas já fizeram as compras de Natal em novembro e aguardam as promoções de janeiro.”

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Segundo o pesquisador do IBGE, “não é garantido que exista um fator sazonal latente”, porém, foi o que ocorreu nos últimos dois anos, então “é possível que esse comportamento seja consciente do consumidor”.

Expansão na maioria das atividades

Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, houve crescimento em cinco das oito atividades varejistas pesquisadas: vestuário e calçados (8,5%), equipamentos de informática e comunicação (6,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (5,2%), móveis e eletrodomésticos (3,6%) e supermercados (0,9%). Os recuos ocorreram em livros e papelaria (-3,6%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (-1,1%) e combustíveis (-0,2%).

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Segundo Santos, o resultado positivo de janeiro foi bastante puxado por segmentos que tiveram desempenho pior em dezembro. Ao mesmo tempo, os supermercados também cresceram, atividade de maior peso no varejo, contribuindo para uma melhora na média global.

As vendas de supermercados crescem há três meses seguidos, sendo esse avanço mais significativo em dezembro e janeiro. Santos lembra que o desempenho de atividades varejistas que ofertam produtos básicos depende da capacidade de compra dos consumidores. O cenário atual inclui a redução na taxa de juros, que contribui para a expansão nas concessões de crédito, e uma melhora no mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e a massa de rendimentos em crescimento. Nesse contexto, os últimos avanços no volume vendido por supermercados “têm a ver também com a melhora geral dessas condições (de compra)”, confirmou Santos.

No comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício —, as vendas cresceram 2,4% em janeiro ante dezembro. O setor de veículos teve expansão de 2,8%, enquanto material de construção encolheu 0,2%.

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Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. O IBGE explica que é necessário ter uma série histórica mais longa para construir uma base de dados consistente que permita divulgações ajustadas sazonalmente.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas do comércio varejista restrito subiram 4,1% em janeiro de 2024, oitavo avanço seguido. A alta foi a mais acentuada para meses de janeiro desde 2014, quando houve crescimento de 6,4%.

No varejo ampliado, as vendas cresceram 6,8% em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023, melhor desempenho para essa época do ano desde 2013, quando houve elevação de 7,0%.

Varejo acima do pré-pandemia

O volume de vendas do varejo chegou a janeiro em patamar 5,7% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 3,6% acima do pré-pandemia.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 27,2% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 10,7% acima; supermercados, 9,9% acima; veículos, 3,8% acima; e material de construção, 3,0% acima. Já os outros artigos de uso pessoal e domésticos estão 11,0% abaixo do nível de fevereiro de 2020; móveis e eletrodomésticos, 12,4% aquém; equipamentos de informática e comunicação, 8,8% abaixo; tecidos, vestuário e calçados, 19,3% abaixo; e livros e papelaria, 46,7% abaixo.

“Algumas atividades permanecem muito abaixo do patamar pré-pandemia”, apontou Cristiano Santos, do IBGE.

Segundo ele, além de influências individuais nas atividades com piores desempenhos, o resultado negativo também reflete problemas contábeis em grandes cadeias varejistas, que sofreram ao longo de 2023 com o fechamento de lojas e queda na receita, concluiu.

RIO E SÃO PAULO - O comércio varejista começou o ano com fôlego. As vendas do comércio subiram 2,5% em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado superou as estimativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,5% a alta de 1,7%, com mediana positiva de 0,2%. O crescimento acima do esperado conversa com a dinâmica de um mercado de trabalho aquecido e com salários crescentes em termos reais, avaliou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da gestora de recursos MAG Investimentos.

“Vemos uma dinâmica de melhora em relação ao ano passado para as famílias, que voltaram a consumir bens”, ressaltou Oliveira.

A surpresa altista e espalhada entre os segmentos varejistas deve aliviar os temores de desaceleração do consumo no início do primeiro trimestre, avaliou o banco Bradesco, que prevê, porém, alguma acomodação nas vendas a partir de fevereiro. Já o Itaú Unibanco destacou o bom desempenho de supermercados e demais itens sensíveis à renda, em linha com os dados mais fortes do mercado de trabalho para o mês, gerando um viés positivo para a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024.

Vendas no varejo começaram 2024 em alta Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Em vez de vermos um mercado de trabalho e a atividade econômica esfriando, estamos vendo justamente o contrário”, opinou o economista Homero Guizzo, da corretora de valores Terra Investimentos, para quem o resultado pode impor um desafio adicional para o Banco Central, sinalizando um ponto de atenção para a autoridade monetária, que ainda não completou o processo de desinflação.

A forma do varejo em janeiro pode estar relacionada a uma mudança no perfil do consumidor brasileiro, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE. Ele cita que o comércio varejista tem mostrado uma mudança no padrão de vendas, com uma antecipação das compras de Natal ainda em novembro, durante as promoções de Black Friday, tornando o desempenho de dezembro mais fraco, que acaba sucedido por um janeiro melhor, possivelmente em decorrência das liquidações de início de ano.

A expansão no varejo em janeiro de 2024 foi o melhor desempenho das vendas desde janeiro de 2023, quando houve crescimento também de 2,5%.

“Janeiro alto é reflexo de um dezembro baixo”, disse Cristiano Santos, do IBGE. “É um padrão que a gente observa nesses últimos dois anos”, acrescentou.

Esse padrão de um Natal menos intenso e de um janeiro mais forte em vendas ocorreu tanto em 2023 quanto em 2024, mas não tinha sido visto nos três anos anteriores.

“A Black Friday acaba concentrando cada vez mais as vendas em novembro, de certa maneira, acaba roubando o protagonismo do Natal”, justificou Santos. “As pessoas já fizeram as compras de Natal em novembro e aguardam as promoções de janeiro.”

Segundo o pesquisador do IBGE, “não é garantido que exista um fator sazonal latente”, porém, foi o que ocorreu nos últimos dois anos, então “é possível que esse comportamento seja consciente do consumidor”.

Expansão na maioria das atividades

Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, houve crescimento em cinco das oito atividades varejistas pesquisadas: vestuário e calçados (8,5%), equipamentos de informática e comunicação (6,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (5,2%), móveis e eletrodomésticos (3,6%) e supermercados (0,9%). Os recuos ocorreram em livros e papelaria (-3,6%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (-1,1%) e combustíveis (-0,2%).

Segundo Santos, o resultado positivo de janeiro foi bastante puxado por segmentos que tiveram desempenho pior em dezembro. Ao mesmo tempo, os supermercados também cresceram, atividade de maior peso no varejo, contribuindo para uma melhora na média global.

As vendas de supermercados crescem há três meses seguidos, sendo esse avanço mais significativo em dezembro e janeiro. Santos lembra que o desempenho de atividades varejistas que ofertam produtos básicos depende da capacidade de compra dos consumidores. O cenário atual inclui a redução na taxa de juros, que contribui para a expansão nas concessões de crédito, e uma melhora no mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e a massa de rendimentos em crescimento. Nesse contexto, os últimos avanços no volume vendido por supermercados “têm a ver também com a melhora geral dessas condições (de compra)”, confirmou Santos.

No comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício —, as vendas cresceram 2,4% em janeiro ante dezembro. O setor de veículos teve expansão de 2,8%, enquanto material de construção encolheu 0,2%.

Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. O IBGE explica que é necessário ter uma série histórica mais longa para construir uma base de dados consistente que permita divulgações ajustadas sazonalmente.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas do comércio varejista restrito subiram 4,1% em janeiro de 2024, oitavo avanço seguido. A alta foi a mais acentuada para meses de janeiro desde 2014, quando houve crescimento de 6,4%.

No varejo ampliado, as vendas cresceram 6,8% em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023, melhor desempenho para essa época do ano desde 2013, quando houve elevação de 7,0%.

Varejo acima do pré-pandemia

O volume de vendas do varejo chegou a janeiro em patamar 5,7% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 3,6% acima do pré-pandemia.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 27,2% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 10,7% acima; supermercados, 9,9% acima; veículos, 3,8% acima; e material de construção, 3,0% acima. Já os outros artigos de uso pessoal e domésticos estão 11,0% abaixo do nível de fevereiro de 2020; móveis e eletrodomésticos, 12,4% aquém; equipamentos de informática e comunicação, 8,8% abaixo; tecidos, vestuário e calçados, 19,3% abaixo; e livros e papelaria, 46,7% abaixo.

“Algumas atividades permanecem muito abaixo do patamar pré-pandemia”, apontou Cristiano Santos, do IBGE.

Segundo ele, além de influências individuais nas atividades com piores desempenhos, o resultado negativo também reflete problemas contábeis em grandes cadeias varejistas, que sofreram ao longo de 2023 com o fechamento de lojas e queda na receita, concluiu.

RIO E SÃO PAULO - O comércio varejista começou o ano com fôlego. As vendas do comércio subiram 2,5% em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado superou as estimativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,5% a alta de 1,7%, com mediana positiva de 0,2%. O crescimento acima do esperado conversa com a dinâmica de um mercado de trabalho aquecido e com salários crescentes em termos reais, avaliou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da gestora de recursos MAG Investimentos.

“Vemos uma dinâmica de melhora em relação ao ano passado para as famílias, que voltaram a consumir bens”, ressaltou Oliveira.

A surpresa altista e espalhada entre os segmentos varejistas deve aliviar os temores de desaceleração do consumo no início do primeiro trimestre, avaliou o banco Bradesco, que prevê, porém, alguma acomodação nas vendas a partir de fevereiro. Já o Itaú Unibanco destacou o bom desempenho de supermercados e demais itens sensíveis à renda, em linha com os dados mais fortes do mercado de trabalho para o mês, gerando um viés positivo para a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024.

Vendas no varejo começaram 2024 em alta Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Em vez de vermos um mercado de trabalho e a atividade econômica esfriando, estamos vendo justamente o contrário”, opinou o economista Homero Guizzo, da corretora de valores Terra Investimentos, para quem o resultado pode impor um desafio adicional para o Banco Central, sinalizando um ponto de atenção para a autoridade monetária, que ainda não completou o processo de desinflação.

A forma do varejo em janeiro pode estar relacionada a uma mudança no perfil do consumidor brasileiro, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE. Ele cita que o comércio varejista tem mostrado uma mudança no padrão de vendas, com uma antecipação das compras de Natal ainda em novembro, durante as promoções de Black Friday, tornando o desempenho de dezembro mais fraco, que acaba sucedido por um janeiro melhor, possivelmente em decorrência das liquidações de início de ano.

A expansão no varejo em janeiro de 2024 foi o melhor desempenho das vendas desde janeiro de 2023, quando houve crescimento também de 2,5%.

“Janeiro alto é reflexo de um dezembro baixo”, disse Cristiano Santos, do IBGE. “É um padrão que a gente observa nesses últimos dois anos”, acrescentou.

Esse padrão de um Natal menos intenso e de um janeiro mais forte em vendas ocorreu tanto em 2023 quanto em 2024, mas não tinha sido visto nos três anos anteriores.

“A Black Friday acaba concentrando cada vez mais as vendas em novembro, de certa maneira, acaba roubando o protagonismo do Natal”, justificou Santos. “As pessoas já fizeram as compras de Natal em novembro e aguardam as promoções de janeiro.”

Segundo o pesquisador do IBGE, “não é garantido que exista um fator sazonal latente”, porém, foi o que ocorreu nos últimos dois anos, então “é possível que esse comportamento seja consciente do consumidor”.

Expansão na maioria das atividades

Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, houve crescimento em cinco das oito atividades varejistas pesquisadas: vestuário e calçados (8,5%), equipamentos de informática e comunicação (6,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (5,2%), móveis e eletrodomésticos (3,6%) e supermercados (0,9%). Os recuos ocorreram em livros e papelaria (-3,6%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (-1,1%) e combustíveis (-0,2%).

Segundo Santos, o resultado positivo de janeiro foi bastante puxado por segmentos que tiveram desempenho pior em dezembro. Ao mesmo tempo, os supermercados também cresceram, atividade de maior peso no varejo, contribuindo para uma melhora na média global.

As vendas de supermercados crescem há três meses seguidos, sendo esse avanço mais significativo em dezembro e janeiro. Santos lembra que o desempenho de atividades varejistas que ofertam produtos básicos depende da capacidade de compra dos consumidores. O cenário atual inclui a redução na taxa de juros, que contribui para a expansão nas concessões de crédito, e uma melhora no mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e a massa de rendimentos em crescimento. Nesse contexto, os últimos avanços no volume vendido por supermercados “têm a ver também com a melhora geral dessas condições (de compra)”, confirmou Santos.

No comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício —, as vendas cresceram 2,4% em janeiro ante dezembro. O setor de veículos teve expansão de 2,8%, enquanto material de construção encolheu 0,2%.

Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. O IBGE explica que é necessário ter uma série histórica mais longa para construir uma base de dados consistente que permita divulgações ajustadas sazonalmente.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas do comércio varejista restrito subiram 4,1% em janeiro de 2024, oitavo avanço seguido. A alta foi a mais acentuada para meses de janeiro desde 2014, quando houve crescimento de 6,4%.

No varejo ampliado, as vendas cresceram 6,8% em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023, melhor desempenho para essa época do ano desde 2013, quando houve elevação de 7,0%.

Varejo acima do pré-pandemia

O volume de vendas do varejo chegou a janeiro em patamar 5,7% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 3,6% acima do pré-pandemia.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 27,2% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 10,7% acima; supermercados, 9,9% acima; veículos, 3,8% acima; e material de construção, 3,0% acima. Já os outros artigos de uso pessoal e domésticos estão 11,0% abaixo do nível de fevereiro de 2020; móveis e eletrodomésticos, 12,4% aquém; equipamentos de informática e comunicação, 8,8% abaixo; tecidos, vestuário e calçados, 19,3% abaixo; e livros e papelaria, 46,7% abaixo.

“Algumas atividades permanecem muito abaixo do patamar pré-pandemia”, apontou Cristiano Santos, do IBGE.

Segundo ele, além de influências individuais nas atividades com piores desempenhos, o resultado negativo também reflete problemas contábeis em grandes cadeias varejistas, que sofreram ao longo de 2023 com o fechamento de lojas e queda na receita, concluiu.

RIO E SÃO PAULO - O comércio varejista começou o ano com fôlego. As vendas do comércio subiram 2,5% em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado superou as estimativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,5% a alta de 1,7%, com mediana positiva de 0,2%. O crescimento acima do esperado conversa com a dinâmica de um mercado de trabalho aquecido e com salários crescentes em termos reais, avaliou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da gestora de recursos MAG Investimentos.

“Vemos uma dinâmica de melhora em relação ao ano passado para as famílias, que voltaram a consumir bens”, ressaltou Oliveira.

A surpresa altista e espalhada entre os segmentos varejistas deve aliviar os temores de desaceleração do consumo no início do primeiro trimestre, avaliou o banco Bradesco, que prevê, porém, alguma acomodação nas vendas a partir de fevereiro. Já o Itaú Unibanco destacou o bom desempenho de supermercados e demais itens sensíveis à renda, em linha com os dados mais fortes do mercado de trabalho para o mês, gerando um viés positivo para a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024.

Vendas no varejo começaram 2024 em alta Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Em vez de vermos um mercado de trabalho e a atividade econômica esfriando, estamos vendo justamente o contrário”, opinou o economista Homero Guizzo, da corretora de valores Terra Investimentos, para quem o resultado pode impor um desafio adicional para o Banco Central, sinalizando um ponto de atenção para a autoridade monetária, que ainda não completou o processo de desinflação.

A forma do varejo em janeiro pode estar relacionada a uma mudança no perfil do consumidor brasileiro, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE. Ele cita que o comércio varejista tem mostrado uma mudança no padrão de vendas, com uma antecipação das compras de Natal ainda em novembro, durante as promoções de Black Friday, tornando o desempenho de dezembro mais fraco, que acaba sucedido por um janeiro melhor, possivelmente em decorrência das liquidações de início de ano.

A expansão no varejo em janeiro de 2024 foi o melhor desempenho das vendas desde janeiro de 2023, quando houve crescimento também de 2,5%.

“Janeiro alto é reflexo de um dezembro baixo”, disse Cristiano Santos, do IBGE. “É um padrão que a gente observa nesses últimos dois anos”, acrescentou.

Esse padrão de um Natal menos intenso e de um janeiro mais forte em vendas ocorreu tanto em 2023 quanto em 2024, mas não tinha sido visto nos três anos anteriores.

“A Black Friday acaba concentrando cada vez mais as vendas em novembro, de certa maneira, acaba roubando o protagonismo do Natal”, justificou Santos. “As pessoas já fizeram as compras de Natal em novembro e aguardam as promoções de janeiro.”

Segundo o pesquisador do IBGE, “não é garantido que exista um fator sazonal latente”, porém, foi o que ocorreu nos últimos dois anos, então “é possível que esse comportamento seja consciente do consumidor”.

Expansão na maioria das atividades

Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, houve crescimento em cinco das oito atividades varejistas pesquisadas: vestuário e calçados (8,5%), equipamentos de informática e comunicação (6,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (5,2%), móveis e eletrodomésticos (3,6%) e supermercados (0,9%). Os recuos ocorreram em livros e papelaria (-3,6%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (-1,1%) e combustíveis (-0,2%).

Segundo Santos, o resultado positivo de janeiro foi bastante puxado por segmentos que tiveram desempenho pior em dezembro. Ao mesmo tempo, os supermercados também cresceram, atividade de maior peso no varejo, contribuindo para uma melhora na média global.

As vendas de supermercados crescem há três meses seguidos, sendo esse avanço mais significativo em dezembro e janeiro. Santos lembra que o desempenho de atividades varejistas que ofertam produtos básicos depende da capacidade de compra dos consumidores. O cenário atual inclui a redução na taxa de juros, que contribui para a expansão nas concessões de crédito, e uma melhora no mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e a massa de rendimentos em crescimento. Nesse contexto, os últimos avanços no volume vendido por supermercados “têm a ver também com a melhora geral dessas condições (de compra)”, confirmou Santos.

No comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício —, as vendas cresceram 2,4% em janeiro ante dezembro. O setor de veículos teve expansão de 2,8%, enquanto material de construção encolheu 0,2%.

Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. O IBGE explica que é necessário ter uma série histórica mais longa para construir uma base de dados consistente que permita divulgações ajustadas sazonalmente.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas do comércio varejista restrito subiram 4,1% em janeiro de 2024, oitavo avanço seguido. A alta foi a mais acentuada para meses de janeiro desde 2014, quando houve crescimento de 6,4%.

No varejo ampliado, as vendas cresceram 6,8% em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023, melhor desempenho para essa época do ano desde 2013, quando houve elevação de 7,0%.

Varejo acima do pré-pandemia

O volume de vendas do varejo chegou a janeiro em patamar 5,7% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 3,6% acima do pré-pandemia.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 27,2% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 10,7% acima; supermercados, 9,9% acima; veículos, 3,8% acima; e material de construção, 3,0% acima. Já os outros artigos de uso pessoal e domésticos estão 11,0% abaixo do nível de fevereiro de 2020; móveis e eletrodomésticos, 12,4% aquém; equipamentos de informática e comunicação, 8,8% abaixo; tecidos, vestuário e calçados, 19,3% abaixo; e livros e papelaria, 46,7% abaixo.

“Algumas atividades permanecem muito abaixo do patamar pré-pandemia”, apontou Cristiano Santos, do IBGE.

Segundo ele, além de influências individuais nas atividades com piores desempenhos, o resultado negativo também reflete problemas contábeis em grandes cadeias varejistas, que sofreram ao longo de 2023 com o fechamento de lojas e queda na receita, concluiu.

RIO E SÃO PAULO - O comércio varejista começou o ano com fôlego. As vendas do comércio subiram 2,5% em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado superou as estimativas mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,5% a alta de 1,7%, com mediana positiva de 0,2%. O crescimento acima do esperado conversa com a dinâmica de um mercado de trabalho aquecido e com salários crescentes em termos reais, avaliou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da gestora de recursos MAG Investimentos.

“Vemos uma dinâmica de melhora em relação ao ano passado para as famílias, que voltaram a consumir bens”, ressaltou Oliveira.

A surpresa altista e espalhada entre os segmentos varejistas deve aliviar os temores de desaceleração do consumo no início do primeiro trimestre, avaliou o banco Bradesco, que prevê, porém, alguma acomodação nas vendas a partir de fevereiro. Já o Itaú Unibanco destacou o bom desempenho de supermercados e demais itens sensíveis à renda, em linha com os dados mais fortes do mercado de trabalho para o mês, gerando um viés positivo para a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024.

Vendas no varejo começaram 2024 em alta Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Em vez de vermos um mercado de trabalho e a atividade econômica esfriando, estamos vendo justamente o contrário”, opinou o economista Homero Guizzo, da corretora de valores Terra Investimentos, para quem o resultado pode impor um desafio adicional para o Banco Central, sinalizando um ponto de atenção para a autoridade monetária, que ainda não completou o processo de desinflação.

A forma do varejo em janeiro pode estar relacionada a uma mudança no perfil do consumidor brasileiro, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE. Ele cita que o comércio varejista tem mostrado uma mudança no padrão de vendas, com uma antecipação das compras de Natal ainda em novembro, durante as promoções de Black Friday, tornando o desempenho de dezembro mais fraco, que acaba sucedido por um janeiro melhor, possivelmente em decorrência das liquidações de início de ano.

A expansão no varejo em janeiro de 2024 foi o melhor desempenho das vendas desde janeiro de 2023, quando houve crescimento também de 2,5%.

“Janeiro alto é reflexo de um dezembro baixo”, disse Cristiano Santos, do IBGE. “É um padrão que a gente observa nesses últimos dois anos”, acrescentou.

Esse padrão de um Natal menos intenso e de um janeiro mais forte em vendas ocorreu tanto em 2023 quanto em 2024, mas não tinha sido visto nos três anos anteriores.

“A Black Friday acaba concentrando cada vez mais as vendas em novembro, de certa maneira, acaba roubando o protagonismo do Natal”, justificou Santos. “As pessoas já fizeram as compras de Natal em novembro e aguardam as promoções de janeiro.”

Segundo o pesquisador do IBGE, “não é garantido que exista um fator sazonal latente”, porém, foi o que ocorreu nos últimos dois anos, então “é possível que esse comportamento seja consciente do consumidor”.

Expansão na maioria das atividades

Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, houve crescimento em cinco das oito atividades varejistas pesquisadas: vestuário e calçados (8,5%), equipamentos de informática e comunicação (6,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (5,2%), móveis e eletrodomésticos (3,6%) e supermercados (0,9%). Os recuos ocorreram em livros e papelaria (-3,6%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (-1,1%) e combustíveis (-0,2%).

Segundo Santos, o resultado positivo de janeiro foi bastante puxado por segmentos que tiveram desempenho pior em dezembro. Ao mesmo tempo, os supermercados também cresceram, atividade de maior peso no varejo, contribuindo para uma melhora na média global.

As vendas de supermercados crescem há três meses seguidos, sendo esse avanço mais significativo em dezembro e janeiro. Santos lembra que o desempenho de atividades varejistas que ofertam produtos básicos depende da capacidade de compra dos consumidores. O cenário atual inclui a redução na taxa de juros, que contribui para a expansão nas concessões de crédito, e uma melhora no mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e a massa de rendimentos em crescimento. Nesse contexto, os últimos avanços no volume vendido por supermercados “têm a ver também com a melhora geral dessas condições (de compra)”, confirmou Santos.

No comércio varejista ampliado — que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício —, as vendas cresceram 2,4% em janeiro ante dezembro. O setor de veículos teve expansão de 2,8%, enquanto material de construção encolheu 0,2%.

Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. O IBGE explica que é necessário ter uma série histórica mais longa para construir uma base de dados consistente que permita divulgações ajustadas sazonalmente.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas do comércio varejista restrito subiram 4,1% em janeiro de 2024, oitavo avanço seguido. A alta foi a mais acentuada para meses de janeiro desde 2014, quando houve crescimento de 6,4%.

No varejo ampliado, as vendas cresceram 6,8% em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023, melhor desempenho para essa época do ano desde 2013, quando houve elevação de 7,0%.

Varejo acima do pré-pandemia

O volume de vendas do varejo chegou a janeiro em patamar 5,7% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 3,6% acima do pré-pandemia.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 27,2% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 10,7% acima; supermercados, 9,9% acima; veículos, 3,8% acima; e material de construção, 3,0% acima. Já os outros artigos de uso pessoal e domésticos estão 11,0% abaixo do nível de fevereiro de 2020; móveis e eletrodomésticos, 12,4% aquém; equipamentos de informática e comunicação, 8,8% abaixo; tecidos, vestuário e calçados, 19,3% abaixo; e livros e papelaria, 46,7% abaixo.

“Algumas atividades permanecem muito abaixo do patamar pré-pandemia”, apontou Cristiano Santos, do IBGE.

Segundo ele, além de influências individuais nas atividades com piores desempenhos, o resultado negativo também reflete problemas contábeis em grandes cadeias varejistas, que sofreram ao longo de 2023 com o fechamento de lojas e queda na receita, concluiu.

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