Vida Veg quer quebrar estigma de que alimento à base de planta não tem gosto e planeja expansão


Comandada por Álvaro Gazolla, fabricante de itens que imitam os lácteos vai quintuplicar a capacidade de fábrica; empresa tem consumidor que quer alimento saudável como alvo

Por Márcia De Chiara
Atualização:

Foi para atender a uma demanda pessoal que o empresário Anderson Rodrigues se uniu a Álvaro Gazolla para criar a Vida Veg, uma empresa que desenvolve alimentos plant-based, à base de vegetais. Vegano, ele tinha dificuldade de encontrar no varejo comidas que não envolvessem animais na produção. “Decidimos montar a Vida Veg como alternativa para competir no mercado de lácteos”, lembra Gazolla.

O empresário foi sócio da Verde Campo, um laticínio de Lavras (MG) voltado a produtos saudáveis (zero lactose) vendido em 2016 para a Coca-Cola. Antes da venda para a multinacional, a Vida Veg já havia sido criada também na cidade mineira.

Na época, Rodrigues cursava mestrado na área de consumo consciente e percebeu que havia um nicho de mercado a ser explorado em alimentos feitos a partir de vegetais.

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A produção de comida plant-based tem um impacto muito menor na liberação gases de efeito estufa na atmosfera. Isso atende à demanda crescente por sustentabilidade dos negócios entre consumidores e empresas.

A experiência acumulada na Verde Campo e as andanças pelo mundo deram a Gazolla conhecimento para entender o potencial da categoria de alimentos saudáveis e sustentáveis no mercado. Por isso, ele e o sócio decidiram acelerar o negócio.

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O plano é investir não só em tecnologia para quebrar o estigma de falta de sabor nos produtos à base de vegetais, mas também no aumento da capacidade de produção da fábrica e em novos produtos.

Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg e ex-sócio da Verde Campo, diz que o mercado de alimentos à base de plantas está em formação Foto: Tiago Queiroz

Em agosto, diz Gazolla, deve chegar ao mercado um enérgico natural feito à base de café e óleo de coco, o Vida Coffee. A intenção, segundo o executivo, é conquistar o consumidor que quer tomar energético no trabalho, por exemplo, mas tem receio de ser tachado de “baladeiro”, se for visto com uma latinha do energético durante o expediente.

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A companhia tem 43 produtos, entre leites, queijos, iogurtes, manteigas e outros lácteos feitos a partir de vegetais, como castanhas e coco. No ano passado, faturou R$ 42 milhões e espera, para este ano, mais que dobrar esse valor. Ou seja, atingir cerca de R$ 100 milhões. “R$ 80 milhões estão garantidos, mas estamos mirando R$ 100 milhões, com os lançamentos”, diz Gazolla.

A arrancada acontece com a aplicação de R$ 10 milhões no aumento da capacidade de produção da fábrica em Lavras, que salta de 200 toneladas para 1.000 toneladas por mês.

Os recursos são parte de uma captação de R$ 18 milhões feita em 2021, com a entrada do fundo nacional, o X8. Focado em ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança), o fundo investe em empresas de impacto ambiental.

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“Trouxemos o fundo para validar o negócio”, diz Gazolla. Ele conta que, nos últimos tempos, tem sido procurado por outros fundos interessados em fazer aportes na empresa.

Tamanho do mercado

No Brasil, o mercado de alimentos lácteos feitos à base de plantas é pequeno. Segundo a consultoria Euromonitor, esse segmento movimentou R$ 614 milhões no ano passado. Nos últimos cinco anos, houve um recuo de 5,2%. Mas a consultoria projeta crescimento de 65,9% entre 2022 e 2027, com as vendas atingindo R$ 1,018 bilhão ao final do período.

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Maior fatia dos lançamentos no mercado brasileiro de alimentos à base de plantas é de lácteos Foto: Tiago Queiroz

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) não tem dados de vendas de segmento. Mas, segundo a entidade, é um mercado promissor, que está em formação.

De acordo com dados da consultoria Mintel compilados pela Abia, foram lançados 621 alimentos plant-based no País entre o primeiro semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2023. A maior fatia (182) é de lácteos.

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No entanto, a entidade observa que, no geral, houve uma redução de 23,7% no número de lançamentos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022.

Segundo a Abia, essa queda não é ruim e o número de lançamentos continua alto para categoria. Houve uma primeira etapa de boom desses produtos, com o mercado em formação, as empresas estreando no setor e diversificando também. Esse período coincidiu com a pandemia.

O recuo no número de lançamentos reflete, segundo a Abia, uma fase de acomodação e capacitação para uma nova onda de desenvolvimento no segmento. Esse movimento também está ocorrendo no mercado americano, porém em maiores proporções do que o brasileiro, porque nos Estados Unidos essa categoria está mais consolidada.

De acordo com o relatório do banco Credit Suisse, o mercado global de alimentos à base de plantas é de cerca de US$ 14 bilhões. Pode chegar a US$ 143 bilhões até 2030 e atingir US$ 1,4 trilhão até 2050. Atualmente, os Estados Unidos respondem por cerca de US$ 5 bilhões e a Europa por US$ 4 bilhões. O restante diz respeito à Ásia. A maior parte consiste em produtos lácteos alternativos.

Na Califórnia (EUA), por exemplo, onde Gazolla vasculhou o segmento por quase um ano, as principais marcas de alimentos feitos à base de plantas estão presentes. Também lá se concentra o maior consumo deste tipo de alimento.

A prova disso, observa ele, é que esse Estado americano que era o maior produtor de leite, hoje é o maior produtor de amêndoas. “Só a região da Califórnia colhe de quatro a cinco vezes mais amêndoas do que a Itália.” Também na Califórnia, metade dos espaços refrigerados de supermercados tradicionais são ocupados pelos alimentos feitos à base de plantas, acrescenta.

Presente em 6 mil pontos de vendas no País, em redes como Carrefour, Pão de Açúcar, St. Marche, Angeloni, Nordestão, Mercadinho São Luiz, por exemplo, o executivo frisa que só agora as varejistas estão reservando áreas específicas para exibir os alimentos plant-based.

“Estamos criando uma categoria de produtos”, diz Gazolla, reforçando a intenção da companhia de conquistar um público mais amplo, não apenas os adeptos ao veganismo. “Meu público é vegano, mas tem muita gente consumido esse tipo de produto por vários fatores: sustentabilidade, saúde, indicação de nutricionista.” O executivo diz que a sinalização dos itens nas lojas é fundamental nesta fase do negócio, porque a maioria dos consumidores desconhecem os produtos.

Obstáculos

Além do desconhecimento e do preconceito em relação à falta de sabor dos produtos, outro obstáculo enfrentado para conquistar o consumidor é o preço. Mesmo voltado para as camadas de maior poder aquisitivo, o produto não é barato. No caso da sua marca, ela pode custar até 30% a mais em relação a um lácteo tradicional e premium.

O que encarece os itens lácteos feitos à base de plantas é a matéria-prima e, especialmente, os impostos. Os produtos lácteos que estão na cesta básica, como leite, muçarela, iogurte e queijos são isentos de PIS e Cofins, diz Gazolla. “O setor só vai ser competitivo, quando houver igualdade tributária com a cadeia do leite”, prevê.

Foi para atender a uma demanda pessoal que o empresário Anderson Rodrigues se uniu a Álvaro Gazolla para criar a Vida Veg, uma empresa que desenvolve alimentos plant-based, à base de vegetais. Vegano, ele tinha dificuldade de encontrar no varejo comidas que não envolvessem animais na produção. “Decidimos montar a Vida Veg como alternativa para competir no mercado de lácteos”, lembra Gazolla.

O empresário foi sócio da Verde Campo, um laticínio de Lavras (MG) voltado a produtos saudáveis (zero lactose) vendido em 2016 para a Coca-Cola. Antes da venda para a multinacional, a Vida Veg já havia sido criada também na cidade mineira.

Na época, Rodrigues cursava mestrado na área de consumo consciente e percebeu que havia um nicho de mercado a ser explorado em alimentos feitos a partir de vegetais.

A produção de comida plant-based tem um impacto muito menor na liberação gases de efeito estufa na atmosfera. Isso atende à demanda crescente por sustentabilidade dos negócios entre consumidores e empresas.

A experiência acumulada na Verde Campo e as andanças pelo mundo deram a Gazolla conhecimento para entender o potencial da categoria de alimentos saudáveis e sustentáveis no mercado. Por isso, ele e o sócio decidiram acelerar o negócio.

O plano é investir não só em tecnologia para quebrar o estigma de falta de sabor nos produtos à base de vegetais, mas também no aumento da capacidade de produção da fábrica e em novos produtos.

Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg e ex-sócio da Verde Campo, diz que o mercado de alimentos à base de plantas está em formação Foto: Tiago Queiroz

Em agosto, diz Gazolla, deve chegar ao mercado um enérgico natural feito à base de café e óleo de coco, o Vida Coffee. A intenção, segundo o executivo, é conquistar o consumidor que quer tomar energético no trabalho, por exemplo, mas tem receio de ser tachado de “baladeiro”, se for visto com uma latinha do energético durante o expediente.

A companhia tem 43 produtos, entre leites, queijos, iogurtes, manteigas e outros lácteos feitos a partir de vegetais, como castanhas e coco. No ano passado, faturou R$ 42 milhões e espera, para este ano, mais que dobrar esse valor. Ou seja, atingir cerca de R$ 100 milhões. “R$ 80 milhões estão garantidos, mas estamos mirando R$ 100 milhões, com os lançamentos”, diz Gazolla.

A arrancada acontece com a aplicação de R$ 10 milhões no aumento da capacidade de produção da fábrica em Lavras, que salta de 200 toneladas para 1.000 toneladas por mês.

Os recursos são parte de uma captação de R$ 18 milhões feita em 2021, com a entrada do fundo nacional, o X8. Focado em ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança), o fundo investe em empresas de impacto ambiental.

“Trouxemos o fundo para validar o negócio”, diz Gazolla. Ele conta que, nos últimos tempos, tem sido procurado por outros fundos interessados em fazer aportes na empresa.

Tamanho do mercado

No Brasil, o mercado de alimentos lácteos feitos à base de plantas é pequeno. Segundo a consultoria Euromonitor, esse segmento movimentou R$ 614 milhões no ano passado. Nos últimos cinco anos, houve um recuo de 5,2%. Mas a consultoria projeta crescimento de 65,9% entre 2022 e 2027, com as vendas atingindo R$ 1,018 bilhão ao final do período.

Maior fatia dos lançamentos no mercado brasileiro de alimentos à base de plantas é de lácteos Foto: Tiago Queiroz

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) não tem dados de vendas de segmento. Mas, segundo a entidade, é um mercado promissor, que está em formação.

De acordo com dados da consultoria Mintel compilados pela Abia, foram lançados 621 alimentos plant-based no País entre o primeiro semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2023. A maior fatia (182) é de lácteos.

No entanto, a entidade observa que, no geral, houve uma redução de 23,7% no número de lançamentos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022.

Segundo a Abia, essa queda não é ruim e o número de lançamentos continua alto para categoria. Houve uma primeira etapa de boom desses produtos, com o mercado em formação, as empresas estreando no setor e diversificando também. Esse período coincidiu com a pandemia.

O recuo no número de lançamentos reflete, segundo a Abia, uma fase de acomodação e capacitação para uma nova onda de desenvolvimento no segmento. Esse movimento também está ocorrendo no mercado americano, porém em maiores proporções do que o brasileiro, porque nos Estados Unidos essa categoria está mais consolidada.

De acordo com o relatório do banco Credit Suisse, o mercado global de alimentos à base de plantas é de cerca de US$ 14 bilhões. Pode chegar a US$ 143 bilhões até 2030 e atingir US$ 1,4 trilhão até 2050. Atualmente, os Estados Unidos respondem por cerca de US$ 5 bilhões e a Europa por US$ 4 bilhões. O restante diz respeito à Ásia. A maior parte consiste em produtos lácteos alternativos.

Na Califórnia (EUA), por exemplo, onde Gazolla vasculhou o segmento por quase um ano, as principais marcas de alimentos feitos à base de plantas estão presentes. Também lá se concentra o maior consumo deste tipo de alimento.

A prova disso, observa ele, é que esse Estado americano que era o maior produtor de leite, hoje é o maior produtor de amêndoas. “Só a região da Califórnia colhe de quatro a cinco vezes mais amêndoas do que a Itália.” Também na Califórnia, metade dos espaços refrigerados de supermercados tradicionais são ocupados pelos alimentos feitos à base de plantas, acrescenta.

Presente em 6 mil pontos de vendas no País, em redes como Carrefour, Pão de Açúcar, St. Marche, Angeloni, Nordestão, Mercadinho São Luiz, por exemplo, o executivo frisa que só agora as varejistas estão reservando áreas específicas para exibir os alimentos plant-based.

“Estamos criando uma categoria de produtos”, diz Gazolla, reforçando a intenção da companhia de conquistar um público mais amplo, não apenas os adeptos ao veganismo. “Meu público é vegano, mas tem muita gente consumido esse tipo de produto por vários fatores: sustentabilidade, saúde, indicação de nutricionista.” O executivo diz que a sinalização dos itens nas lojas é fundamental nesta fase do negócio, porque a maioria dos consumidores desconhecem os produtos.

Obstáculos

Além do desconhecimento e do preconceito em relação à falta de sabor dos produtos, outro obstáculo enfrentado para conquistar o consumidor é o preço. Mesmo voltado para as camadas de maior poder aquisitivo, o produto não é barato. No caso da sua marca, ela pode custar até 30% a mais em relação a um lácteo tradicional e premium.

O que encarece os itens lácteos feitos à base de plantas é a matéria-prima e, especialmente, os impostos. Os produtos lácteos que estão na cesta básica, como leite, muçarela, iogurte e queijos são isentos de PIS e Cofins, diz Gazolla. “O setor só vai ser competitivo, quando houver igualdade tributária com a cadeia do leite”, prevê.

Foi para atender a uma demanda pessoal que o empresário Anderson Rodrigues se uniu a Álvaro Gazolla para criar a Vida Veg, uma empresa que desenvolve alimentos plant-based, à base de vegetais. Vegano, ele tinha dificuldade de encontrar no varejo comidas que não envolvessem animais na produção. “Decidimos montar a Vida Veg como alternativa para competir no mercado de lácteos”, lembra Gazolla.

O empresário foi sócio da Verde Campo, um laticínio de Lavras (MG) voltado a produtos saudáveis (zero lactose) vendido em 2016 para a Coca-Cola. Antes da venda para a multinacional, a Vida Veg já havia sido criada também na cidade mineira.

Na época, Rodrigues cursava mestrado na área de consumo consciente e percebeu que havia um nicho de mercado a ser explorado em alimentos feitos a partir de vegetais.

A produção de comida plant-based tem um impacto muito menor na liberação gases de efeito estufa na atmosfera. Isso atende à demanda crescente por sustentabilidade dos negócios entre consumidores e empresas.

A experiência acumulada na Verde Campo e as andanças pelo mundo deram a Gazolla conhecimento para entender o potencial da categoria de alimentos saudáveis e sustentáveis no mercado. Por isso, ele e o sócio decidiram acelerar o negócio.

O plano é investir não só em tecnologia para quebrar o estigma de falta de sabor nos produtos à base de vegetais, mas também no aumento da capacidade de produção da fábrica e em novos produtos.

Álvaro Gazolla, fundador da Vida Veg e ex-sócio da Verde Campo, diz que o mercado de alimentos à base de plantas está em formação Foto: Tiago Queiroz

Em agosto, diz Gazolla, deve chegar ao mercado um enérgico natural feito à base de café e óleo de coco, o Vida Coffee. A intenção, segundo o executivo, é conquistar o consumidor que quer tomar energético no trabalho, por exemplo, mas tem receio de ser tachado de “baladeiro”, se for visto com uma latinha do energético durante o expediente.

A companhia tem 43 produtos, entre leites, queijos, iogurtes, manteigas e outros lácteos feitos a partir de vegetais, como castanhas e coco. No ano passado, faturou R$ 42 milhões e espera, para este ano, mais que dobrar esse valor. Ou seja, atingir cerca de R$ 100 milhões. “R$ 80 milhões estão garantidos, mas estamos mirando R$ 100 milhões, com os lançamentos”, diz Gazolla.

A arrancada acontece com a aplicação de R$ 10 milhões no aumento da capacidade de produção da fábrica em Lavras, que salta de 200 toneladas para 1.000 toneladas por mês.

Os recursos são parte de uma captação de R$ 18 milhões feita em 2021, com a entrada do fundo nacional, o X8. Focado em ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança), o fundo investe em empresas de impacto ambiental.

“Trouxemos o fundo para validar o negócio”, diz Gazolla. Ele conta que, nos últimos tempos, tem sido procurado por outros fundos interessados em fazer aportes na empresa.

Tamanho do mercado

No Brasil, o mercado de alimentos lácteos feitos à base de plantas é pequeno. Segundo a consultoria Euromonitor, esse segmento movimentou R$ 614 milhões no ano passado. Nos últimos cinco anos, houve um recuo de 5,2%. Mas a consultoria projeta crescimento de 65,9% entre 2022 e 2027, com as vendas atingindo R$ 1,018 bilhão ao final do período.

Maior fatia dos lançamentos no mercado brasileiro de alimentos à base de plantas é de lácteos Foto: Tiago Queiroz

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) não tem dados de vendas de segmento. Mas, segundo a entidade, é um mercado promissor, que está em formação.

De acordo com dados da consultoria Mintel compilados pela Abia, foram lançados 621 alimentos plant-based no País entre o primeiro semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2023. A maior fatia (182) é de lácteos.

No entanto, a entidade observa que, no geral, houve uma redução de 23,7% no número de lançamentos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022.

Segundo a Abia, essa queda não é ruim e o número de lançamentos continua alto para categoria. Houve uma primeira etapa de boom desses produtos, com o mercado em formação, as empresas estreando no setor e diversificando também. Esse período coincidiu com a pandemia.

O recuo no número de lançamentos reflete, segundo a Abia, uma fase de acomodação e capacitação para uma nova onda de desenvolvimento no segmento. Esse movimento também está ocorrendo no mercado americano, porém em maiores proporções do que o brasileiro, porque nos Estados Unidos essa categoria está mais consolidada.

De acordo com o relatório do banco Credit Suisse, o mercado global de alimentos à base de plantas é de cerca de US$ 14 bilhões. Pode chegar a US$ 143 bilhões até 2030 e atingir US$ 1,4 trilhão até 2050. Atualmente, os Estados Unidos respondem por cerca de US$ 5 bilhões e a Europa por US$ 4 bilhões. O restante diz respeito à Ásia. A maior parte consiste em produtos lácteos alternativos.

Na Califórnia (EUA), por exemplo, onde Gazolla vasculhou o segmento por quase um ano, as principais marcas de alimentos feitos à base de plantas estão presentes. Também lá se concentra o maior consumo deste tipo de alimento.

A prova disso, observa ele, é que esse Estado americano que era o maior produtor de leite, hoje é o maior produtor de amêndoas. “Só a região da Califórnia colhe de quatro a cinco vezes mais amêndoas do que a Itália.” Também na Califórnia, metade dos espaços refrigerados de supermercados tradicionais são ocupados pelos alimentos feitos à base de plantas, acrescenta.

Presente em 6 mil pontos de vendas no País, em redes como Carrefour, Pão de Açúcar, St. Marche, Angeloni, Nordestão, Mercadinho São Luiz, por exemplo, o executivo frisa que só agora as varejistas estão reservando áreas específicas para exibir os alimentos plant-based.

“Estamos criando uma categoria de produtos”, diz Gazolla, reforçando a intenção da companhia de conquistar um público mais amplo, não apenas os adeptos ao veganismo. “Meu público é vegano, mas tem muita gente consumido esse tipo de produto por vários fatores: sustentabilidade, saúde, indicação de nutricionista.” O executivo diz que a sinalização dos itens nas lojas é fundamental nesta fase do negócio, porque a maioria dos consumidores desconhecem os produtos.

Obstáculos

Além do desconhecimento e do preconceito em relação à falta de sabor dos produtos, outro obstáculo enfrentado para conquistar o consumidor é o preço. Mesmo voltado para as camadas de maior poder aquisitivo, o produto não é barato. No caso da sua marca, ela pode custar até 30% a mais em relação a um lácteo tradicional e premium.

O que encarece os itens lácteos feitos à base de plantas é a matéria-prima e, especialmente, os impostos. Os produtos lácteos que estão na cesta básica, como leite, muçarela, iogurte e queijos são isentos de PIS e Cofins, diz Gazolla. “O setor só vai ser competitivo, quando houver igualdade tributária com a cadeia do leite”, prevê.

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