Análise|Lula chega à metade do mandato com misto de prosperidade e risco de mais dois anos de preços em alta


Com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, País alcançou no trimestre encerrado em novembro o maior nível de ocupação da série iniciada em 2012, mas inflação, dívida pública e juros preocupam

Por Rolf Kuntz

O Brasil fecha o ano com emprego recorde, consumo elevado e economia vigorosa, mas com inflação bem acima da meta, dívida pública em alta, juros em escalada e perspectiva de aperto em 2025, na busca de ajuste antes da batalha eleitoral de 2026. Com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, o País alcançou no trimestre encerrado em novembro o maior nível de ocupação da série iniciada em 2012. Os desocupados, 6,8 milhões, corresponderam a 6,1% da força de trabalho, a menor taxa da série.

O presidente Luiz Inácio da Silva completa metade de seu mandato com uma mistura de prosperidade, contas públicas desarranjadas e sério risco de mais dois anos de preços em ascensão. Pelas estimativas do mercado, o crescimento econômico deve ter ficado na faixa de 3% a 3,5%, um bom resultado depois da expansão de 3,1% em 2023. O chefe de governo pode festejar esses números, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tem dado atenção à busca de maior equilíbrio nos próximos anos.

O endividamento público é um evidente motivo de preocupação. A dívida federal voltou a subir neste ano e chegou a R$ 7,2 trilhões em novembro, superando por 10,49% o valor final do ano passado. Pelas projeções do Tesouro, o valor devido pela União deve corresponder, neste fim de ano, a 77,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em dezembro de 2023, equivalia a 74,4%. A maneira mais segura de frear o endividamento é conter a despesa pública, mas isso envolve um difícil convencimento do presidente da República.

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Maneira mais segura de frear o endividamento é conter a despesa pública, mas isso envolve um difícil convencimento do presidente Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a dívida federal muito alta e grande incerteza quanto à sua contenção, os juros tendem a permanecer elevados, encarecendo as operações do Tesouro e prejudicando a atividade empresarial. O Banco Central já aumentou os juros em dezembro — de 11,25% para 12,25% — e poderá elevá-los a 14,25% até março. Com o crédito mais caro será difícil preservar nos próximos dois ou três anos o dinamismo da economia. Projeções do mercado financeiro já apontam uma forte redução da atividade, com a expansão econômica mais próxima de 2% ao ano a partir de 2025.

Ao buscar um crescimento mais acelerado com base em maiores gastos federais, o presidente Lula favorece a insegurança financeira e a manutenção do crédito caro, prejudicando o dinamismo econômico e a continuação do aumento do emprego. Sem admitir os próprios erros, o presidente costuma condenar o setor financeiro, referindo-se ao “mercado” como se fosse responsável pelos desarranjos da economia.

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Até recentemente, a demonização do mundo financeiro incluía o Banco Central (BC), apontado pelo chefe do governo como inimigo do povo. Só houve sinais de mudança quando o economista Gabriel Galípolo foi indicado por Lula à presidência da autoridade monetária. Galípolo, disse Lula, será o mais independente de todos os chefes do BC. Mas a independência da instituição é estabelecida por lei, um detalhe aparentemente desprezado por Lula. Se Galípolo conseguir trabalhar livremente, apesar da proximidade do presidente da República, a contenção do risco inflacionário será mais provável, favorecendo um crescimento razoavelmente equilibrado e seguro.

O Brasil fecha o ano com emprego recorde, consumo elevado e economia vigorosa, mas com inflação bem acima da meta, dívida pública em alta, juros em escalada e perspectiva de aperto em 2025, na busca de ajuste antes da batalha eleitoral de 2026. Com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, o País alcançou no trimestre encerrado em novembro o maior nível de ocupação da série iniciada em 2012. Os desocupados, 6,8 milhões, corresponderam a 6,1% da força de trabalho, a menor taxa da série.

O presidente Luiz Inácio da Silva completa metade de seu mandato com uma mistura de prosperidade, contas públicas desarranjadas e sério risco de mais dois anos de preços em ascensão. Pelas estimativas do mercado, o crescimento econômico deve ter ficado na faixa de 3% a 3,5%, um bom resultado depois da expansão de 3,1% em 2023. O chefe de governo pode festejar esses números, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tem dado atenção à busca de maior equilíbrio nos próximos anos.

O endividamento público é um evidente motivo de preocupação. A dívida federal voltou a subir neste ano e chegou a R$ 7,2 trilhões em novembro, superando por 10,49% o valor final do ano passado. Pelas projeções do Tesouro, o valor devido pela União deve corresponder, neste fim de ano, a 77,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em dezembro de 2023, equivalia a 74,4%. A maneira mais segura de frear o endividamento é conter a despesa pública, mas isso envolve um difícil convencimento do presidente da República.

Maneira mais segura de frear o endividamento é conter a despesa pública, mas isso envolve um difícil convencimento do presidente Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a dívida federal muito alta e grande incerteza quanto à sua contenção, os juros tendem a permanecer elevados, encarecendo as operações do Tesouro e prejudicando a atividade empresarial. O Banco Central já aumentou os juros em dezembro — de 11,25% para 12,25% — e poderá elevá-los a 14,25% até março. Com o crédito mais caro será difícil preservar nos próximos dois ou três anos o dinamismo da economia. Projeções do mercado financeiro já apontam uma forte redução da atividade, com a expansão econômica mais próxima de 2% ao ano a partir de 2025.

Ao buscar um crescimento mais acelerado com base em maiores gastos federais, o presidente Lula favorece a insegurança financeira e a manutenção do crédito caro, prejudicando o dinamismo econômico e a continuação do aumento do emprego. Sem admitir os próprios erros, o presidente costuma condenar o setor financeiro, referindo-se ao “mercado” como se fosse responsável pelos desarranjos da economia.

Até recentemente, a demonização do mundo financeiro incluía o Banco Central (BC), apontado pelo chefe do governo como inimigo do povo. Só houve sinais de mudança quando o economista Gabriel Galípolo foi indicado por Lula à presidência da autoridade monetária. Galípolo, disse Lula, será o mais independente de todos os chefes do BC. Mas a independência da instituição é estabelecida por lei, um detalhe aparentemente desprezado por Lula. Se Galípolo conseguir trabalhar livremente, apesar da proximidade do presidente da República, a contenção do risco inflacionário será mais provável, favorecendo um crescimento razoavelmente equilibrado e seguro.

O Brasil fecha o ano com emprego recorde, consumo elevado e economia vigorosa, mas com inflação bem acima da meta, dívida pública em alta, juros em escalada e perspectiva de aperto em 2025, na busca de ajuste antes da batalha eleitoral de 2026. Com 103,9 milhões de pessoas ocupadas, o País alcançou no trimestre encerrado em novembro o maior nível de ocupação da série iniciada em 2012. Os desocupados, 6,8 milhões, corresponderam a 6,1% da força de trabalho, a menor taxa da série.

O presidente Luiz Inácio da Silva completa metade de seu mandato com uma mistura de prosperidade, contas públicas desarranjadas e sério risco de mais dois anos de preços em ascensão. Pelas estimativas do mercado, o crescimento econômico deve ter ficado na faixa de 3% a 3,5%, um bom resultado depois da expansão de 3,1% em 2023. O chefe de governo pode festejar esses números, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tem dado atenção à busca de maior equilíbrio nos próximos anos.

O endividamento público é um evidente motivo de preocupação. A dívida federal voltou a subir neste ano e chegou a R$ 7,2 trilhões em novembro, superando por 10,49% o valor final do ano passado. Pelas projeções do Tesouro, o valor devido pela União deve corresponder, neste fim de ano, a 77,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em dezembro de 2023, equivalia a 74,4%. A maneira mais segura de frear o endividamento é conter a despesa pública, mas isso envolve um difícil convencimento do presidente da República.

Maneira mais segura de frear o endividamento é conter a despesa pública, mas isso envolve um difícil convencimento do presidente Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a dívida federal muito alta e grande incerteza quanto à sua contenção, os juros tendem a permanecer elevados, encarecendo as operações do Tesouro e prejudicando a atividade empresarial. O Banco Central já aumentou os juros em dezembro — de 11,25% para 12,25% — e poderá elevá-los a 14,25% até março. Com o crédito mais caro será difícil preservar nos próximos dois ou três anos o dinamismo da economia. Projeções do mercado financeiro já apontam uma forte redução da atividade, com a expansão econômica mais próxima de 2% ao ano a partir de 2025.

Ao buscar um crescimento mais acelerado com base em maiores gastos federais, o presidente Lula favorece a insegurança financeira e a manutenção do crédito caro, prejudicando o dinamismo econômico e a continuação do aumento do emprego. Sem admitir os próprios erros, o presidente costuma condenar o setor financeiro, referindo-se ao “mercado” como se fosse responsável pelos desarranjos da economia.

Até recentemente, a demonização do mundo financeiro incluía o Banco Central (BC), apontado pelo chefe do governo como inimigo do povo. Só houve sinais de mudança quando o economista Gabriel Galípolo foi indicado por Lula à presidência da autoridade monetária. Galípolo, disse Lula, será o mais independente de todos os chefes do BC. Mas a independência da instituição é estabelecida por lei, um detalhe aparentemente desprezado por Lula. Se Galípolo conseguir trabalhar livremente, apesar da proximidade do presidente da República, a contenção do risco inflacionário será mais provável, favorecendo um crescimento razoavelmente equilibrado e seguro.

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