Em um momento em que sinais de acomodação do consumo se somam aos persistentes gargalos nas linhas de montagem, paradas de produção voltaram a ocorrer na indústria de veículos. A Volkswagen vai suspender a produção em três de suas quatro fábricas entre 20 de fevereiro, logo após o Carnaval, até 3 de março. O motivo principal é a falta de componentes.
A maior parte dos trabalhadores das fábricas de automóveis São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e de São José dos Pinhais, no Paraná terão férias coletivas de dez dias, a partir do dia 22. Já na unidade de São Carlos, onde são feitos motores, a parada vai ocorrer do dia 20 até o dia 1º de março.
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Segundo a Volkswagen, a parada no ABC, cuja unidade monta os modelos Polo, Virtus, Nivus e Saveiro, já estava programada como parte da adequação de seus processos produtivos ao fornecimento de peças, principalmente semicondutores. No Paraná é fabricado o utilitário-esportivo (SUV) T-Cross.
A única planta que continuará em atividade é a de Taubaté (SP), que iniciou recentemente a produção do Polo Track, sucessor do Gol. A unidade opera em dois turnos, informa a Volkswagen.
A GM já suspendeu a produção do Onix, seu modelo mais vendido, há uma semana. Segundo a montadora, a parada da unidade de Gravataí (RS), onde o modelo é produzido, se deve a atualizações e modernizações técnicas do processo produtivo e já estava prevista. Em férias coletivas, os operários voltam depois do carnaval, em 23 de fevereiro.
Irregularidades
Nos últimos meses, a melhora na disponibilidade de componentes eletrônicos permitiu à indústria automotiva aumentar o ritmo de produção, recompor estoques e atender pedidos de locadoras que estavam atrasados. A maioria das montadoras está conseguindo produzir sem interrupções desde a volta das férias de fim de ano, mas as paralisações na Volkswagen mostram que a irregularidade no fornecimento de peças ainda não foi totalmente superada.
Confiante na melhora gradual do abastecimento, a Anfavea, entidade que representa os fabricantes de veículos, divulgou no mês passado previsões que apontam para um crescimento de 3% das vendas e de 2,2% da produção neste ano. Os resultados de janeiro, porém, frustraram as expectativas da indústria, que vê sinais de desaceleração da demanda em decorrência da elevação das taxas de financiamento.