Após três rodadas de negociação, a Volkswagen resolveu revogar as 800 demissões prometidas para fevereiro na fábrica de São Bernardo do Campo e trabalhadores encerraram a greve após 11 dias de paralisação.
A decisão foi acertada durante reunião entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a diretoria da unidade na noite de ontem e aprovada pelos trabalhadores durante assembleia na manhã desta sexta-feira, 16.
Segundo o sindicato, a empresa vai abrir um plano de demissão voluntária (PDV), pois alega que há um excedente de 2.100 trabalhadores na fábrica. Os 13 mil funcionários da fábrica voltam ao trabalho na próxima segunda-feira, 19. Os dias parados serão descontados no salário ou compensados posteriormente.
Acordo. Além da revogação das demissões, os trabalhadores decidiram encerrar a greve após aceitarem nova proposta da diretoria da fábrica de reestruturação do acordo vigente desde 2012 que garantia estabilidade do emprego até março de 2017. A primeira proposta havia sido negada pela categoria no dia 2 de dezembro do ano passado.
A principal mudança da nova proposta está relacionada ao reajuste dos salários dos trabalhadores. Pelo novo acordo, trabalhadores passarão a ter os vencimentos reajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), já a partir de 2016 até 2019, com acréscimo de aumento real de 1% a partir de 2017. Em 2015, o reajuste continua a ser compensado por um abono salarial, que será antecipado em janeiro. No acordo antigo, os salários seriam congelados em troca de abonos tanto em 2015 quanto em 2016.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a nova proposta continua prevendo a continuidade de formas de "adequação" do efetivo na fábrica, por meio da abertura de um PDV para cerca de 2,1 mil trabalhadores considerados excedentes e da suspensão dos contratos de terceirização para alocação de parte do pessoal excedente. Segundo a Volks, o acordo assegura a vinda de uma nova plataforma mundial de produtos e modelos para a unidade.
Lay-off. Além da negociação com a empresa, trabalhadores negociam com o governo federal a aprovação, já no primeiro trimestre de 2015, do Programa Nacional de Proteção ao Amplo, projeto que já vem sendo discutido há mais de um ano com o governo. Entre os pontos, o principal é a ampliação do limite de lay-off (suspensão temporária dos contratos) dos atuais cinco meses para até dois anos.