RIO E SÃO PAULO - O setor de serviços manteve em setembro a trajetória de expansão. O volume de serviços prestados no País avançou 0,9% em relação a agosto, a quinta alta consecutiva. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segmento já opera no patamar mais elevado da série histórica iniciada em 2011, superando o recorde anterior, visto em novembro de 2014. O crescimento em setembro superou até as projeções mais otimistas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam desde uma queda de 0,4% a alta de 0,8%, com alta mediana de 0,4%.
“Vejo serviços fortes pelo menos até o fim de 2022″, estimou o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da gestora de recursos MAG Investimentos.
O resultado de setembro corrobora a perspectiva de uma atividade econômica forte no terceiro trimestre, avaliou o economista João Savignon, da gestora de recursos Kínitro Capital, que prevê alta de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) do período.
“Vemos um setor realmente muito forte. É até natural que ocorra uma acomodação”, afirma Savignon. “Olhando para frente, vemos espaço para o setor crescer, mas como taxa moderada”, completou.
O bom desempenho do setor de serviços no País tem sido impulsionado pelos segmentos de tecnologia da informação e de transporte de cargas, frisou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. Em setembro ante agosto, houve avanços em três das cinco atividades pesquisadas.
O destaque foi o desempenho de informação e comunicação (2,0%, terceiro resultado positivo seguido, com ganho acumulado de 4,1%). As demais expansões ocorreram em serviços prestados às famílias (1,0%, sétimo crescimento seguido, um ganho acumulado de 11,7%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,2%). Na direção oposta, houve perdas nos transportes (-0,1%) e nos outros serviços (-0,3%).
“O destaque deste mês foi a renovação desse pico da série histórica do setor de serviços”, afirmou Rodrigo Lobo.
Entre os subsetores, os serviços de informação e comunicação operavam em setembro de 2022 em patamar recorde, enquanto os transportes funcionavam em patamar apenas ligeiramente aquém (-0,1%) do ápice visto em agosto. Já os serviços prestados às famílias estavam 12,5% abaixo do pico de maio de 2014, e os serviços profissionais, administrativos e complementares estavam 15,9% aquém do auge de março de 2012. O segmento de outros serviços estava 9,9% abaixo do recorde de janeiro de 2012.
Leia mais
O gerente da Pesquisa do IBGE explica que o setor de serviços foi impulsionado por um “acelerado processo de transformação digital” que ocorreu na economia brasileira e mundial no momento mais agudo da pandemia. O movimento beneficiou especialmente o segmento de tecnologia da informação, que também cresceu com o “boom do comércio eletrônico”. As vendas online incentivaram ainda o transporte de cargas no País, que foi mais demandado também por alguns segmentos industriais e pelo agronegócio.
O setor de tecnologia da informação operava em setembro deste ano em nível recorde, enquanto o transporte de cargas estava apenas 0,5% abaixo do ponto mais alto da sua série histórica, alcançado no mês de agosto deste ano.
“São os dois segmentos que registraram ganho nesses últimos três anos, levando esse patamar de serviços para o patamar que está hoje”, disse Lobo. “A recuperação de serviços presenciais não contribuiu para levar os serviços para o patamar que está hoje.”
Após a alta no volume de serviços prestados em setembro ante agosto, o setor de serviços passou a funcionar em patamar 11,8% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. Os transportes passaram a operar 21,8% acima do nível pré-covid, e os serviços de informação e comunicação estavam 16,9% acima. O segmento de outros serviços estava 4,2% além do pré-pandemia, e os serviços profissionais e administrativos, 6,2% acima. Já os serviços prestados às famílias ainda estavam 3,9% abaixo.
“Os serviços às famílias crescem há sete meses seguidos. Ainda assim, não é suficiente para levar essa atividade para o patamar pré-pandemia”, apontou Lobo. “Os serviços prestados às empresas foram os que alavancaram o setor de serviços nos últimos três anos.”
Trimestre no azul
O volume de serviços prestados cresceu 3,2% no terceiro trimestre de 2022 ante o segundo trimestre. “Os serviços crescem há nove trimestres seguidos, na comparação com o trimestre imediatamente anterior”, observou Rodrigo Lobo.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o volume de serviços prestados avançou 8,2% no terceiro trimestre de 2022. “Nesse tipo de confronto já são seis trimestres com taxas positivas consecutivas”, apontou Lobo. “É o avanço menos intenso dessa sequência”, ponderou.