Volume de serviços no País cai 0,9% em agosto em relação a julho, diz IBGE


Resultado eliminou parte da expansão de 2,1% acumulada nos três meses anteriores; para especialistas, ainda é cedo para apontar tendência de desaceleração no setor

Por Daniela Amorim e Daniel Tozzi Mendes

RIO E SÃO PAULO - O volume de serviços prestados no País recuou 0,9% em agosto ante julho, eliminando parte da expansão de 2,1% acumulada nos três meses anteriores. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado negativo superou até as previsões mais pessimistas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam uma alta mediana de 0,5%.

“Ainda é cedo para dizer se o número divulgado hoje revela uma tendência de desaceleração do setor mais forte do que prevíamos. Acreditamos que os serviços devem seguir andando de lado até o fim do ano, impactados pelo efeito dos juros altos na economia. Nossa previsão é que o setor termine o ano com expansão de 2,7%”, escreveu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário. “Além disso, por enquanto, o resultado divulgado hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3% em 2023 e de 1,5% em 2024.”

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O desempenho do setor de serviços em agosto é condizente com uma conjuntura marcada pelo nível de juro elevado, corroborou o economista Matheus Pizzani, da corretora CM Capital.

Setores como bares e restaurantes e cuidados de beleza costumam ser os mais proeminentes dos serviços Foto: Nilton Fukuda / Estadão

“Uma vez extirpados os efeitos artificiais proporcionados por feriados prolongados ou medidas governamentais — vale lembrar que o benefício fornecido pelo governo ao setor automobilístico foi de grande importância para o desempenho dos serviços no segundo trimestre — o que nos sobra é de fato uma atividade econômica de pouca pujança e sem capacidade de criação de mecanismos endógenos de crescimento”, escreveu Pizzani, em nota.

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Se confirmado o cenário de enfraquecimento do setor de serviços, o Banco Central deverá ficar mais confiante com o processo de desaceleração da inflação, opinou o economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal. O desempenho abaixo do esperado no setor pode levar a um crescimento “marginalmente menor” da economia em 2023, embora a perspectiva para o quarto trimestre ainda seja positiva, sobretudo para o consumo das famílias, graças a fatores como o programa Desenrola, o ciclo de redução dos juros, a retomada da confiança do consumidor, a queda do desemprego e a ampliação ainda expressiva da massa salarial, enumerou Leal.

“Não se pode falar em inflexão (nos serviços) ainda”, ponderou Luiz Almeida, analista da pesquisa do IBGE. “Os setores que tiveram as maiores influências nessa queda vêm de alta elevada nos últimos meses”, completou.

Na passagem de julho para agosto, a queda foi disseminada entre as atividades de serviços pesquisadas, mas sucedeu uma sequência de avanços, frisou o pesquisador do IBGE. Nos primeiros oito meses de 2023, na série que desconta os efeitos sazonais, o setor de serviços registrou expansão em cinco deles, recuando em apenas três oportunidades: janeiro (-3,4%), fevereiro (0,9%), março (1,1%), abril (-1,7%), maio (1,5%), junho (0,2%) e julho (0,4%) e agosto (-0,9%).

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Na passagem de julho para agosto, quatro das cinco atividades investigadas registraram perdas, com destaque para os transportes (-2,1%). Todos os modais tiveram resultado negativo: terrestre (-0,9%), aquaviário (-1,3%), aéreo (-0,3%) e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).

Segundo Almeida, a queda na movimentação de cargas puxou a queda no grupo transportes em agosto. A concentração da colheita dos principais produtos agrícolas no primeiro semestre impactou diretamente o desempenho do transporte rodoviário de cargas e da gestão de portos e terminais.

“O (recuo no) transporte de cargas está relacionado ao menor dinamismo do setor agrícola. É natural, porque, em geral, a produção é maior no primeiro semestre, são as maiores safras, e menor no segundo semestre”, explicou Almeida.

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O transporte de cargas teve retração de 1,2% em agosto ante julho, enquanto o transporte de passageiros cresceu 0,7%.

“O transporte de cargas vinha de alta acumulada de 5,7% nos três meses anteriores. Essa alta dos últimos meses foi muito puxada pelo setor agrícola”, afirmou Almeida, mencionando a movimentação tanto de insumos quanto de produtos para exportação.

Os demais segmentos de serviços com recuos em agosto ante julho foram serviços prestados às famílias (-3,8%), serviços de informação e comunicação (-0,8%) e outros serviços (-1,4%).

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“Os serviços prestados às famílias vinham de alta acumulada de 4,8% de abril a julho”, lembrou Almeida.

Na direção oposta, o único avanço foi o dos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%).

Em agosto, todo o setor de serviços passou a funcionar em patamar 11,6% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. Os transportes operavam 20,7% acima do nível pré-pandemia de covid-19; serviços de informação e comunicação, 17,2% acima; serviços profissionais e administrativos, 11,6% acima; serviços prestados às famílias, 5,8% abaixo; e outros serviços, 1,5% abaixo.

RIO E SÃO PAULO - O volume de serviços prestados no País recuou 0,9% em agosto ante julho, eliminando parte da expansão de 2,1% acumulada nos três meses anteriores. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado negativo superou até as previsões mais pessimistas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam uma alta mediana de 0,5%.

“Ainda é cedo para dizer se o número divulgado hoje revela uma tendência de desaceleração do setor mais forte do que prevíamos. Acreditamos que os serviços devem seguir andando de lado até o fim do ano, impactados pelo efeito dos juros altos na economia. Nossa previsão é que o setor termine o ano com expansão de 2,7%”, escreveu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário. “Além disso, por enquanto, o resultado divulgado hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3% em 2023 e de 1,5% em 2024.”

O desempenho do setor de serviços em agosto é condizente com uma conjuntura marcada pelo nível de juro elevado, corroborou o economista Matheus Pizzani, da corretora CM Capital.

Setores como bares e restaurantes e cuidados de beleza costumam ser os mais proeminentes dos serviços Foto: Nilton Fukuda / Estadão

“Uma vez extirpados os efeitos artificiais proporcionados por feriados prolongados ou medidas governamentais — vale lembrar que o benefício fornecido pelo governo ao setor automobilístico foi de grande importância para o desempenho dos serviços no segundo trimestre — o que nos sobra é de fato uma atividade econômica de pouca pujança e sem capacidade de criação de mecanismos endógenos de crescimento”, escreveu Pizzani, em nota.

Se confirmado o cenário de enfraquecimento do setor de serviços, o Banco Central deverá ficar mais confiante com o processo de desaceleração da inflação, opinou o economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal. O desempenho abaixo do esperado no setor pode levar a um crescimento “marginalmente menor” da economia em 2023, embora a perspectiva para o quarto trimestre ainda seja positiva, sobretudo para o consumo das famílias, graças a fatores como o programa Desenrola, o ciclo de redução dos juros, a retomada da confiança do consumidor, a queda do desemprego e a ampliação ainda expressiva da massa salarial, enumerou Leal.

“Não se pode falar em inflexão (nos serviços) ainda”, ponderou Luiz Almeida, analista da pesquisa do IBGE. “Os setores que tiveram as maiores influências nessa queda vêm de alta elevada nos últimos meses”, completou.

Na passagem de julho para agosto, a queda foi disseminada entre as atividades de serviços pesquisadas, mas sucedeu uma sequência de avanços, frisou o pesquisador do IBGE. Nos primeiros oito meses de 2023, na série que desconta os efeitos sazonais, o setor de serviços registrou expansão em cinco deles, recuando em apenas três oportunidades: janeiro (-3,4%), fevereiro (0,9%), março (1,1%), abril (-1,7%), maio (1,5%), junho (0,2%) e julho (0,4%) e agosto (-0,9%).

Na passagem de julho para agosto, quatro das cinco atividades investigadas registraram perdas, com destaque para os transportes (-2,1%). Todos os modais tiveram resultado negativo: terrestre (-0,9%), aquaviário (-1,3%), aéreo (-0,3%) e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).

Segundo Almeida, a queda na movimentação de cargas puxou a queda no grupo transportes em agosto. A concentração da colheita dos principais produtos agrícolas no primeiro semestre impactou diretamente o desempenho do transporte rodoviário de cargas e da gestão de portos e terminais.

“O (recuo no) transporte de cargas está relacionado ao menor dinamismo do setor agrícola. É natural, porque, em geral, a produção é maior no primeiro semestre, são as maiores safras, e menor no segundo semestre”, explicou Almeida.

O transporte de cargas teve retração de 1,2% em agosto ante julho, enquanto o transporte de passageiros cresceu 0,7%.

“O transporte de cargas vinha de alta acumulada de 5,7% nos três meses anteriores. Essa alta dos últimos meses foi muito puxada pelo setor agrícola”, afirmou Almeida, mencionando a movimentação tanto de insumos quanto de produtos para exportação.

Os demais segmentos de serviços com recuos em agosto ante julho foram serviços prestados às famílias (-3,8%), serviços de informação e comunicação (-0,8%) e outros serviços (-1,4%).

“Os serviços prestados às famílias vinham de alta acumulada de 4,8% de abril a julho”, lembrou Almeida.

Na direção oposta, o único avanço foi o dos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%).

Em agosto, todo o setor de serviços passou a funcionar em patamar 11,6% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. Os transportes operavam 20,7% acima do nível pré-pandemia de covid-19; serviços de informação e comunicação, 17,2% acima; serviços profissionais e administrativos, 11,6% acima; serviços prestados às famílias, 5,8% abaixo; e outros serviços, 1,5% abaixo.

RIO E SÃO PAULO - O volume de serviços prestados no País recuou 0,9% em agosto ante julho, eliminando parte da expansão de 2,1% acumulada nos três meses anteriores. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado negativo superou até as previsões mais pessimistas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam uma alta mediana de 0,5%.

“Ainda é cedo para dizer se o número divulgado hoje revela uma tendência de desaceleração do setor mais forte do que prevíamos. Acreditamos que os serviços devem seguir andando de lado até o fim do ano, impactados pelo efeito dos juros altos na economia. Nossa previsão é que o setor termine o ano com expansão de 2,7%”, escreveu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário. “Além disso, por enquanto, o resultado divulgado hoje não altera nossa previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3% em 2023 e de 1,5% em 2024.”

O desempenho do setor de serviços em agosto é condizente com uma conjuntura marcada pelo nível de juro elevado, corroborou o economista Matheus Pizzani, da corretora CM Capital.

Setores como bares e restaurantes e cuidados de beleza costumam ser os mais proeminentes dos serviços Foto: Nilton Fukuda / Estadão

“Uma vez extirpados os efeitos artificiais proporcionados por feriados prolongados ou medidas governamentais — vale lembrar que o benefício fornecido pelo governo ao setor automobilístico foi de grande importância para o desempenho dos serviços no segundo trimestre — o que nos sobra é de fato uma atividade econômica de pouca pujança e sem capacidade de criação de mecanismos endógenos de crescimento”, escreveu Pizzani, em nota.

Se confirmado o cenário de enfraquecimento do setor de serviços, o Banco Central deverá ficar mais confiante com o processo de desaceleração da inflação, opinou o economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal. O desempenho abaixo do esperado no setor pode levar a um crescimento “marginalmente menor” da economia em 2023, embora a perspectiva para o quarto trimestre ainda seja positiva, sobretudo para o consumo das famílias, graças a fatores como o programa Desenrola, o ciclo de redução dos juros, a retomada da confiança do consumidor, a queda do desemprego e a ampliação ainda expressiva da massa salarial, enumerou Leal.

“Não se pode falar em inflexão (nos serviços) ainda”, ponderou Luiz Almeida, analista da pesquisa do IBGE. “Os setores que tiveram as maiores influências nessa queda vêm de alta elevada nos últimos meses”, completou.

Na passagem de julho para agosto, a queda foi disseminada entre as atividades de serviços pesquisadas, mas sucedeu uma sequência de avanços, frisou o pesquisador do IBGE. Nos primeiros oito meses de 2023, na série que desconta os efeitos sazonais, o setor de serviços registrou expansão em cinco deles, recuando em apenas três oportunidades: janeiro (-3,4%), fevereiro (0,9%), março (1,1%), abril (-1,7%), maio (1,5%), junho (0,2%) e julho (0,4%) e agosto (-0,9%).

Na passagem de julho para agosto, quatro das cinco atividades investigadas registraram perdas, com destaque para os transportes (-2,1%). Todos os modais tiveram resultado negativo: terrestre (-0,9%), aquaviário (-1,3%), aéreo (-0,3%) e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).

Segundo Almeida, a queda na movimentação de cargas puxou a queda no grupo transportes em agosto. A concentração da colheita dos principais produtos agrícolas no primeiro semestre impactou diretamente o desempenho do transporte rodoviário de cargas e da gestão de portos e terminais.

“O (recuo no) transporte de cargas está relacionado ao menor dinamismo do setor agrícola. É natural, porque, em geral, a produção é maior no primeiro semestre, são as maiores safras, e menor no segundo semestre”, explicou Almeida.

O transporte de cargas teve retração de 1,2% em agosto ante julho, enquanto o transporte de passageiros cresceu 0,7%.

“O transporte de cargas vinha de alta acumulada de 5,7% nos três meses anteriores. Essa alta dos últimos meses foi muito puxada pelo setor agrícola”, afirmou Almeida, mencionando a movimentação tanto de insumos quanto de produtos para exportação.

Os demais segmentos de serviços com recuos em agosto ante julho foram serviços prestados às famílias (-3,8%), serviços de informação e comunicação (-0,8%) e outros serviços (-1,4%).

“Os serviços prestados às famílias vinham de alta acumulada de 4,8% de abril a julho”, lembrou Almeida.

Na direção oposta, o único avanço foi o dos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%).

Em agosto, todo o setor de serviços passou a funcionar em patamar 11,6% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. Os transportes operavam 20,7% acima do nível pré-pandemia de covid-19; serviços de informação e comunicação, 17,2% acima; serviços profissionais e administrativos, 11,6% acima; serviços prestados às famílias, 5,8% abaixo; e outros serviços, 1,5% abaixo.

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