O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Alexandre Ribeiro Lopes, disse ao Estadão que prevê aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em janeiro, mesmo com a recente escalada de infecções e mortes pela covid-19 no Brasil. A prova deste ano, que já foi adiada uma vez por causa da pandemia, teve cerca de 5,8 milhões de inscritos.
Principal porta de entrada para o ensino superior público e privado, o exame será aplicado para a maioria dos candidatos nos dias 17 e 24 de janeiro. Já a versão digital, realizada pela primeira vez nesta edição, está marcada para 31 de janeiro e 7 de fevereiro. Cerca de 96 mil alunos fazem o teste online. Para as pessoas privadas de liberdade, o exame é previsto para 23 e 24 de fevereiro de 2021.
Originalmente, o Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), havia marcado o exame para outubro e novembro, mas sofreu pressão de estudantes e parlamentares no 1º semestre para mudar a data, que passou para o início de 2021. "Em janeiro, nós vamos aplicar o Enem", afirmou Ribeiro. "Adotamos todas as medidas de segurança necessárias. Desde o início da pandemia, a gente vem avaliando como seria a condição de segurança, tanto para quem aplica quanto para quem faz a prova."
Como argumento, Lopes cita a aplicação recente de outras provas pelo Inep, como o Revalida (voltado para médicos formados no exterior que desejam validar seus diplomas no Brasil), de porte bem menor que o Enem. "No domingo (dia 6), fizemos a aplicação de uma prova para 14 mil pessoas em 13 capitais e foi um sucesso. Não tivemos nenhum problema. O que mostra que a gente está apto para fazer provas neste momento atual." Outros vestibulares - como a Fuvest, que dá vagas na Universidade de São Paulo (USP) - também não fizeram mudanças nos seus calendários.
Ainda de acordo com Lopes, o contrato com a empresa para aplicar o Enem digital está em fase de formalização e não envolve novo processo licitatório, mas um aditivo, por ser uma extensão do acordo com a mesma empresa responsável por aplicar o exame. O primeiro caminhão com as provas impressas, acrescenta ele, vai para o interior do País nesta sexta-feira, 11.
A ocupação das salas de aplicação da prova deve ser de cerca de 50% da capacidade original. São previstas cerca de 205 mil salas, em 14 mil pontos de aplicação. No ano anterior, haviam sido 145 mil salas, em cerca de 10 mil locais de prova. Para candidatos do grupo de risco (como gestantes, idosos, diabéticos, entre outros), as salas terão até doze participantes. Estudantes e aplicadores deverão usar máscara durante todo o tempo. Quem estiver com a covid-19 na data de aplicação do exame poderá entrar em contato com o Inep e solicitar a realização da prova em outra data (em 23 e 24 de fevereiro).
A doença deverá ser comunicada, por meio da Página do Participante na internet, antes da aplicação do exame. Se o diagnóstico ocorrer no dia da aplicação do Enem, além de registrar o ocorrido por meio da Página do Participante, o inscrito deverá entrar em contato com a Central de Atendimento do Inep (0800 616161) e relatar a condição, para acelerar a análise do laudo pelo órgão do MEC.
Fuvest prevê ocupar só 40% do espaço de cada sala
A Fuvest, que teve cerca de 130 mil inscritos este ano, informou nesta semana ter adotado medidas de segurança para evitar contaminações nos ambientes de prova. A organizadora do vestibular da USP prevê ocupar só 40% do espaço de cada sala, para garantir o distanciamento de 1,5 metro entre as carteiras. Portas e janelas deverão ficar abertas e os aparelhos de ar-condicionado, desligados.
Neste ano, os portões serão abertos trinta minutos mais cedo, às 12h, para evitar aglomerações no momento de chegada aos locais da prova, que começa às 13 horas. A Fuvest também exigirá o uso de máscara de todos, além de face shields entre os aplicadores, e recomenda aos candidatos levar uma máscara extra. Quem estiver com sintomas de covid, deve procurar assistência médica e não comparecer ao local de prova.