Aprender um novo idioma pode aumentar seu salário; saiba quanto


Para ter um crescimento pessoal e profissional significativo, não dá mais para dominar só a língua mãe

Por Hellen Cerqueira
Atualização:

Aprender um outro idioma abre os olhos (e ouvidos) para um mundo de possibilidades pessoais, culturais e profissionais. Por isso, quando se fala em educação continuada, o aprendizado de idioma ganha cada vez mais relevância. Na estimativa de especialistas, o domínio de um idioma pode elevar o salário significativamente, com alta que pode ir de 40 a 70% para vagas operacionais. Em caso de fluência, o pagamento chega a ser dobrado.

Foi justamente a necessidade profissional que fez com que o programador Glauber Holanda, de 38 anos, aprendesse dois idiomas (inglês e espanhol) praticamente do zero em apenas dois anos. Tudo começou em outubro de 2021, quando ele foi contratado por uma empresa colombiana com a proposta de trabalhar com o time do Brasil. Mas, logo na primeira reunião, percebeu que era o único brasileiro da equipe.

Maioria dos alunos busca cursos extras de inglês na tentativa de progredir na carreira. Foto: Daniel Spalato
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“Tinha colombiano, venezuelano, argentino, espanhol. Ouvir todos aqueles tipos diferentes de espanhol foi me dando uma angústia, porque estava lidando com uma língua totalmente diferente”, conta. “Até tinha alguém para ajudar a traduzir as informações. Mas ainda assim me gerava um incômodo. Eu queria interagir com os meus companheiros de trabalho, explicar o que eu estava fazendo, tirar dúvidas.”

A situação estava tão desconfortável que Glauber cogitou sair da empresa. E foi nesse momento que decidiu enfrentar o problema de um jeito diferente, e começou a estudar espanhol. Com as vivências do curso e a necessidade de consumir o idioma todos os dias, em quatro meses ele já estava conversando ativamente com os colegas de equipe.

“Os indivíduos adultos aprendem mais e melhor se conseguem enxergar a aplicação prática do conteúdo aprendido nas situações do dia a dia. É importante que os alunos sintam que o aprendizado é útil e significativo para eles, e que possa ser aplicado em sua vida pessoal e profissional”, explica Juliana Vicençote, gerente pedagógica da Wizard.

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Apesar da importância crescente do espanhol no mercado de trabalho brasileiro – até pela localização do Brasil, cercado de países hispânicos – o inglês segue sendo o idioma mais buscado nas escolas de línguas. Na Wizard, por exemplo, mais de 90% dos alunos matriculados estudam inglês. “Por ser ainda considerada a língua franca para comunicação internacional, essa procura continua sendo o carro-chefe para aqueles que buscam desenvolvimento profissional e pessoal”, diz Vicençote.

Domínio do inglês pode dobrar salário

A influência da língua inglesa no mercado de trabalho é fácil de mensurar. Segundo Christiana Mello, chief growth officer da Catho, cerca de 6% das vagas anunciadas na plataforma exigem inglês fluente ou avançado. “O que mais me chama a atenção quando olhamos para os dados do nosso marketplace é que o salário médio para quem possui proficiência no inglês é muito mais alto do que a média anunciada nos empregos que não exigem inglês fluente. Estou falando de uma média de 108% de delta de salário”, afirma.

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A diferença varia de acordo com o cargo. Para vagas mais operacionais que exigem inglês avançado ou fluente, como auxiliar ou até mesmo especialista, a diferença salarial é de 40% a 70%. Nos cargos de gerência, porém, a diferença é de 150%. “Com o inglês fluente, você vai ter uma remuneração muito mais interessante”, diz Mello.

Na Catho, existe um produto que ajuda os candidatos a testarem o nível de idioma. Assim, os recrutadores podem filtrar os candidatos com o nível desejado na hora da seleção. O que era para ser um facilitador, acabou revelando um gap em relação às vagas que pedem o inglês fluente ou avançado como pré-requisito e os candidatos aptos para preenchê-las. Enquanto 6% das vagas pedem o domínio da língua inglesa, apenas 4% dos candidatos possuem essa habilidade.

E, no Brasil, quem são esses 4% fluentes? Majoritariamente, brancos, egressos da rede privada de ensino e com boa parte com repertório adquirido em intercâmbio. Os candidatos negros acabam sendo os mais afetados por esse pré-requisito, já que, estatisticamente, são os que menos têm acesso aos cursos de idiomas, bem como vivências no exterior, alerta Guibson Trindade Torres, gerente executivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. “O Protocolo ESG Racial do Pacto de Promoção da Equidade Racial estimula as empresas a adotarem ações afirmativas para rever os modelos de contratação e retenção de talentos negros, excluindo barreiras de entrada, como a exigência de segundo e terceiros idiomas. Além de incentivar as empresas a disponibilizarem treinamento de idiomas para seus funcionários”.

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Como aprender outra língua

Neste momento de disrupção no jeito de ensinar e aprender, fazer a matrícula numa escola de idiomas e ir cumprindo os níveis do básico ao avançado é apenas um jeito de se tornar fluente numa segunda ou terceira língua. Há outras formas de aprender e treinar fala e ouvido. Existem, por exemplo, plataformas que conectam estudantes que falam duas línguas (uma nativa e outra de interesse) e querem se aprofundar no idioma um do outro para praticarem entre si sem sair de casa. O melhor: muitas delas são gratuitas, como Tandem, HelloTalk e My Language Exchange.

Para quem quer praticar o inglês, mas tem vergonha de falar com nativos, existe ainda o SpeakingPal. Nesse aplicativo, é possível conversar com um personagem de vídeo para praticar diálogos usuais, nivelar a pronúncia e treinar a audição. Jogos, como Duolingo e Babbel, também oferecem jeitos descontraídos de aprender um idioma sem precisar necessariamente falar com alguém.

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Mas é importante ter em mente que conversar com nativos ou pessoas que dominam o idioma faz toda a diferença na hora de aprender e praticar outra língua. Para quem tem muita pressa, precisa de um aprendizado muito especializado ou não se adaptou aos modelos tradicionais de ensino, a opção é recorrer a aulas particulares individuais com alguém que domine o tema. Exemplo: se você é um profissional da área de marketing e precisa desenvolver projetos com profissionais de outros países, vale procurar um professor que, no conteúdo da aula, aborda temas da sua área de atuação.

E, em todos os casos, é importante acreditar na capacidade de aprender e fugir daqueles jargões que apenas justificam a inércia, como dizer que não gosta do idioma ou que não tem mais idade para aprender uma segunda língua. Um jeito lúdico de fazer isso é apostar em formatos variados de escuta da língua, como escolher um podcast de um assunto que interesse e ouvir um pouco a cada dia. Mesmo que a compreensão seja rasa, o ouvido vai se acostumando e, aos poucos, as frases ganham sentido. O mesmo vale para músicas e filmes e séries com áudio e legenda no idioma original.

Aprender um outro idioma abre os olhos (e ouvidos) para um mundo de possibilidades pessoais, culturais e profissionais. Por isso, quando se fala em educação continuada, o aprendizado de idioma ganha cada vez mais relevância. Na estimativa de especialistas, o domínio de um idioma pode elevar o salário significativamente, com alta que pode ir de 40 a 70% para vagas operacionais. Em caso de fluência, o pagamento chega a ser dobrado.

Foi justamente a necessidade profissional que fez com que o programador Glauber Holanda, de 38 anos, aprendesse dois idiomas (inglês e espanhol) praticamente do zero em apenas dois anos. Tudo começou em outubro de 2021, quando ele foi contratado por uma empresa colombiana com a proposta de trabalhar com o time do Brasil. Mas, logo na primeira reunião, percebeu que era o único brasileiro da equipe.

Maioria dos alunos busca cursos extras de inglês na tentativa de progredir na carreira. Foto: Daniel Spalato

“Tinha colombiano, venezuelano, argentino, espanhol. Ouvir todos aqueles tipos diferentes de espanhol foi me dando uma angústia, porque estava lidando com uma língua totalmente diferente”, conta. “Até tinha alguém para ajudar a traduzir as informações. Mas ainda assim me gerava um incômodo. Eu queria interagir com os meus companheiros de trabalho, explicar o que eu estava fazendo, tirar dúvidas.”

A situação estava tão desconfortável que Glauber cogitou sair da empresa. E foi nesse momento que decidiu enfrentar o problema de um jeito diferente, e começou a estudar espanhol. Com as vivências do curso e a necessidade de consumir o idioma todos os dias, em quatro meses ele já estava conversando ativamente com os colegas de equipe.

“Os indivíduos adultos aprendem mais e melhor se conseguem enxergar a aplicação prática do conteúdo aprendido nas situações do dia a dia. É importante que os alunos sintam que o aprendizado é útil e significativo para eles, e que possa ser aplicado em sua vida pessoal e profissional”, explica Juliana Vicençote, gerente pedagógica da Wizard.

Apesar da importância crescente do espanhol no mercado de trabalho brasileiro – até pela localização do Brasil, cercado de países hispânicos – o inglês segue sendo o idioma mais buscado nas escolas de línguas. Na Wizard, por exemplo, mais de 90% dos alunos matriculados estudam inglês. “Por ser ainda considerada a língua franca para comunicação internacional, essa procura continua sendo o carro-chefe para aqueles que buscam desenvolvimento profissional e pessoal”, diz Vicençote.

Domínio do inglês pode dobrar salário

A influência da língua inglesa no mercado de trabalho é fácil de mensurar. Segundo Christiana Mello, chief growth officer da Catho, cerca de 6% das vagas anunciadas na plataforma exigem inglês fluente ou avançado. “O que mais me chama a atenção quando olhamos para os dados do nosso marketplace é que o salário médio para quem possui proficiência no inglês é muito mais alto do que a média anunciada nos empregos que não exigem inglês fluente. Estou falando de uma média de 108% de delta de salário”, afirma.

A diferença varia de acordo com o cargo. Para vagas mais operacionais que exigem inglês avançado ou fluente, como auxiliar ou até mesmo especialista, a diferença salarial é de 40% a 70%. Nos cargos de gerência, porém, a diferença é de 150%. “Com o inglês fluente, você vai ter uma remuneração muito mais interessante”, diz Mello.

Na Catho, existe um produto que ajuda os candidatos a testarem o nível de idioma. Assim, os recrutadores podem filtrar os candidatos com o nível desejado na hora da seleção. O que era para ser um facilitador, acabou revelando um gap em relação às vagas que pedem o inglês fluente ou avançado como pré-requisito e os candidatos aptos para preenchê-las. Enquanto 6% das vagas pedem o domínio da língua inglesa, apenas 4% dos candidatos possuem essa habilidade.

E, no Brasil, quem são esses 4% fluentes? Majoritariamente, brancos, egressos da rede privada de ensino e com boa parte com repertório adquirido em intercâmbio. Os candidatos negros acabam sendo os mais afetados por esse pré-requisito, já que, estatisticamente, são os que menos têm acesso aos cursos de idiomas, bem como vivências no exterior, alerta Guibson Trindade Torres, gerente executivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. “O Protocolo ESG Racial do Pacto de Promoção da Equidade Racial estimula as empresas a adotarem ações afirmativas para rever os modelos de contratação e retenção de talentos negros, excluindo barreiras de entrada, como a exigência de segundo e terceiros idiomas. Além de incentivar as empresas a disponibilizarem treinamento de idiomas para seus funcionários”.

Como aprender outra língua

Neste momento de disrupção no jeito de ensinar e aprender, fazer a matrícula numa escola de idiomas e ir cumprindo os níveis do básico ao avançado é apenas um jeito de se tornar fluente numa segunda ou terceira língua. Há outras formas de aprender e treinar fala e ouvido. Existem, por exemplo, plataformas que conectam estudantes que falam duas línguas (uma nativa e outra de interesse) e querem se aprofundar no idioma um do outro para praticarem entre si sem sair de casa. O melhor: muitas delas são gratuitas, como Tandem, HelloTalk e My Language Exchange.

Para quem quer praticar o inglês, mas tem vergonha de falar com nativos, existe ainda o SpeakingPal. Nesse aplicativo, é possível conversar com um personagem de vídeo para praticar diálogos usuais, nivelar a pronúncia e treinar a audição. Jogos, como Duolingo e Babbel, também oferecem jeitos descontraídos de aprender um idioma sem precisar necessariamente falar com alguém.

Mas é importante ter em mente que conversar com nativos ou pessoas que dominam o idioma faz toda a diferença na hora de aprender e praticar outra língua. Para quem tem muita pressa, precisa de um aprendizado muito especializado ou não se adaptou aos modelos tradicionais de ensino, a opção é recorrer a aulas particulares individuais com alguém que domine o tema. Exemplo: se você é um profissional da área de marketing e precisa desenvolver projetos com profissionais de outros países, vale procurar um professor que, no conteúdo da aula, aborda temas da sua área de atuação.

E, em todos os casos, é importante acreditar na capacidade de aprender e fugir daqueles jargões que apenas justificam a inércia, como dizer que não gosta do idioma ou que não tem mais idade para aprender uma segunda língua. Um jeito lúdico de fazer isso é apostar em formatos variados de escuta da língua, como escolher um podcast de um assunto que interesse e ouvir um pouco a cada dia. Mesmo que a compreensão seja rasa, o ouvido vai se acostumando e, aos poucos, as frases ganham sentido. O mesmo vale para músicas e filmes e séries com áudio e legenda no idioma original.

Aprender um outro idioma abre os olhos (e ouvidos) para um mundo de possibilidades pessoais, culturais e profissionais. Por isso, quando se fala em educação continuada, o aprendizado de idioma ganha cada vez mais relevância. Na estimativa de especialistas, o domínio de um idioma pode elevar o salário significativamente, com alta que pode ir de 40 a 70% para vagas operacionais. Em caso de fluência, o pagamento chega a ser dobrado.

Foi justamente a necessidade profissional que fez com que o programador Glauber Holanda, de 38 anos, aprendesse dois idiomas (inglês e espanhol) praticamente do zero em apenas dois anos. Tudo começou em outubro de 2021, quando ele foi contratado por uma empresa colombiana com a proposta de trabalhar com o time do Brasil. Mas, logo na primeira reunião, percebeu que era o único brasileiro da equipe.

Maioria dos alunos busca cursos extras de inglês na tentativa de progredir na carreira. Foto: Daniel Spalato

“Tinha colombiano, venezuelano, argentino, espanhol. Ouvir todos aqueles tipos diferentes de espanhol foi me dando uma angústia, porque estava lidando com uma língua totalmente diferente”, conta. “Até tinha alguém para ajudar a traduzir as informações. Mas ainda assim me gerava um incômodo. Eu queria interagir com os meus companheiros de trabalho, explicar o que eu estava fazendo, tirar dúvidas.”

A situação estava tão desconfortável que Glauber cogitou sair da empresa. E foi nesse momento que decidiu enfrentar o problema de um jeito diferente, e começou a estudar espanhol. Com as vivências do curso e a necessidade de consumir o idioma todos os dias, em quatro meses ele já estava conversando ativamente com os colegas de equipe.

“Os indivíduos adultos aprendem mais e melhor se conseguem enxergar a aplicação prática do conteúdo aprendido nas situações do dia a dia. É importante que os alunos sintam que o aprendizado é útil e significativo para eles, e que possa ser aplicado em sua vida pessoal e profissional”, explica Juliana Vicençote, gerente pedagógica da Wizard.

Apesar da importância crescente do espanhol no mercado de trabalho brasileiro – até pela localização do Brasil, cercado de países hispânicos – o inglês segue sendo o idioma mais buscado nas escolas de línguas. Na Wizard, por exemplo, mais de 90% dos alunos matriculados estudam inglês. “Por ser ainda considerada a língua franca para comunicação internacional, essa procura continua sendo o carro-chefe para aqueles que buscam desenvolvimento profissional e pessoal”, diz Vicençote.

Domínio do inglês pode dobrar salário

A influência da língua inglesa no mercado de trabalho é fácil de mensurar. Segundo Christiana Mello, chief growth officer da Catho, cerca de 6% das vagas anunciadas na plataforma exigem inglês fluente ou avançado. “O que mais me chama a atenção quando olhamos para os dados do nosso marketplace é que o salário médio para quem possui proficiência no inglês é muito mais alto do que a média anunciada nos empregos que não exigem inglês fluente. Estou falando de uma média de 108% de delta de salário”, afirma.

A diferença varia de acordo com o cargo. Para vagas mais operacionais que exigem inglês avançado ou fluente, como auxiliar ou até mesmo especialista, a diferença salarial é de 40% a 70%. Nos cargos de gerência, porém, a diferença é de 150%. “Com o inglês fluente, você vai ter uma remuneração muito mais interessante”, diz Mello.

Na Catho, existe um produto que ajuda os candidatos a testarem o nível de idioma. Assim, os recrutadores podem filtrar os candidatos com o nível desejado na hora da seleção. O que era para ser um facilitador, acabou revelando um gap em relação às vagas que pedem o inglês fluente ou avançado como pré-requisito e os candidatos aptos para preenchê-las. Enquanto 6% das vagas pedem o domínio da língua inglesa, apenas 4% dos candidatos possuem essa habilidade.

E, no Brasil, quem são esses 4% fluentes? Majoritariamente, brancos, egressos da rede privada de ensino e com boa parte com repertório adquirido em intercâmbio. Os candidatos negros acabam sendo os mais afetados por esse pré-requisito, já que, estatisticamente, são os que menos têm acesso aos cursos de idiomas, bem como vivências no exterior, alerta Guibson Trindade Torres, gerente executivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. “O Protocolo ESG Racial do Pacto de Promoção da Equidade Racial estimula as empresas a adotarem ações afirmativas para rever os modelos de contratação e retenção de talentos negros, excluindo barreiras de entrada, como a exigência de segundo e terceiros idiomas. Além de incentivar as empresas a disponibilizarem treinamento de idiomas para seus funcionários”.

Como aprender outra língua

Neste momento de disrupção no jeito de ensinar e aprender, fazer a matrícula numa escola de idiomas e ir cumprindo os níveis do básico ao avançado é apenas um jeito de se tornar fluente numa segunda ou terceira língua. Há outras formas de aprender e treinar fala e ouvido. Existem, por exemplo, plataformas que conectam estudantes que falam duas línguas (uma nativa e outra de interesse) e querem se aprofundar no idioma um do outro para praticarem entre si sem sair de casa. O melhor: muitas delas são gratuitas, como Tandem, HelloTalk e My Language Exchange.

Para quem quer praticar o inglês, mas tem vergonha de falar com nativos, existe ainda o SpeakingPal. Nesse aplicativo, é possível conversar com um personagem de vídeo para praticar diálogos usuais, nivelar a pronúncia e treinar a audição. Jogos, como Duolingo e Babbel, também oferecem jeitos descontraídos de aprender um idioma sem precisar necessariamente falar com alguém.

Mas é importante ter em mente que conversar com nativos ou pessoas que dominam o idioma faz toda a diferença na hora de aprender e praticar outra língua. Para quem tem muita pressa, precisa de um aprendizado muito especializado ou não se adaptou aos modelos tradicionais de ensino, a opção é recorrer a aulas particulares individuais com alguém que domine o tema. Exemplo: se você é um profissional da área de marketing e precisa desenvolver projetos com profissionais de outros países, vale procurar um professor que, no conteúdo da aula, aborda temas da sua área de atuação.

E, em todos os casos, é importante acreditar na capacidade de aprender e fugir daqueles jargões que apenas justificam a inércia, como dizer que não gosta do idioma ou que não tem mais idade para aprender uma segunda língua. Um jeito lúdico de fazer isso é apostar em formatos variados de escuta da língua, como escolher um podcast de um assunto que interesse e ouvir um pouco a cada dia. Mesmo que a compreensão seja rasa, o ouvido vai se acostumando e, aos poucos, as frases ganham sentido. O mesmo vale para músicas e filmes e séries com áudio e legenda no idioma original.

Aprender um outro idioma abre os olhos (e ouvidos) para um mundo de possibilidades pessoais, culturais e profissionais. Por isso, quando se fala em educação continuada, o aprendizado de idioma ganha cada vez mais relevância. Na estimativa de especialistas, o domínio de um idioma pode elevar o salário significativamente, com alta que pode ir de 40 a 70% para vagas operacionais. Em caso de fluência, o pagamento chega a ser dobrado.

Foi justamente a necessidade profissional que fez com que o programador Glauber Holanda, de 38 anos, aprendesse dois idiomas (inglês e espanhol) praticamente do zero em apenas dois anos. Tudo começou em outubro de 2021, quando ele foi contratado por uma empresa colombiana com a proposta de trabalhar com o time do Brasil. Mas, logo na primeira reunião, percebeu que era o único brasileiro da equipe.

Maioria dos alunos busca cursos extras de inglês na tentativa de progredir na carreira. Foto: Daniel Spalato

“Tinha colombiano, venezuelano, argentino, espanhol. Ouvir todos aqueles tipos diferentes de espanhol foi me dando uma angústia, porque estava lidando com uma língua totalmente diferente”, conta. “Até tinha alguém para ajudar a traduzir as informações. Mas ainda assim me gerava um incômodo. Eu queria interagir com os meus companheiros de trabalho, explicar o que eu estava fazendo, tirar dúvidas.”

A situação estava tão desconfortável que Glauber cogitou sair da empresa. E foi nesse momento que decidiu enfrentar o problema de um jeito diferente, e começou a estudar espanhol. Com as vivências do curso e a necessidade de consumir o idioma todos os dias, em quatro meses ele já estava conversando ativamente com os colegas de equipe.

“Os indivíduos adultos aprendem mais e melhor se conseguem enxergar a aplicação prática do conteúdo aprendido nas situações do dia a dia. É importante que os alunos sintam que o aprendizado é útil e significativo para eles, e que possa ser aplicado em sua vida pessoal e profissional”, explica Juliana Vicençote, gerente pedagógica da Wizard.

Apesar da importância crescente do espanhol no mercado de trabalho brasileiro – até pela localização do Brasil, cercado de países hispânicos – o inglês segue sendo o idioma mais buscado nas escolas de línguas. Na Wizard, por exemplo, mais de 90% dos alunos matriculados estudam inglês. “Por ser ainda considerada a língua franca para comunicação internacional, essa procura continua sendo o carro-chefe para aqueles que buscam desenvolvimento profissional e pessoal”, diz Vicençote.

Domínio do inglês pode dobrar salário

A influência da língua inglesa no mercado de trabalho é fácil de mensurar. Segundo Christiana Mello, chief growth officer da Catho, cerca de 6% das vagas anunciadas na plataforma exigem inglês fluente ou avançado. “O que mais me chama a atenção quando olhamos para os dados do nosso marketplace é que o salário médio para quem possui proficiência no inglês é muito mais alto do que a média anunciada nos empregos que não exigem inglês fluente. Estou falando de uma média de 108% de delta de salário”, afirma.

A diferença varia de acordo com o cargo. Para vagas mais operacionais que exigem inglês avançado ou fluente, como auxiliar ou até mesmo especialista, a diferença salarial é de 40% a 70%. Nos cargos de gerência, porém, a diferença é de 150%. “Com o inglês fluente, você vai ter uma remuneração muito mais interessante”, diz Mello.

Na Catho, existe um produto que ajuda os candidatos a testarem o nível de idioma. Assim, os recrutadores podem filtrar os candidatos com o nível desejado na hora da seleção. O que era para ser um facilitador, acabou revelando um gap em relação às vagas que pedem o inglês fluente ou avançado como pré-requisito e os candidatos aptos para preenchê-las. Enquanto 6% das vagas pedem o domínio da língua inglesa, apenas 4% dos candidatos possuem essa habilidade.

E, no Brasil, quem são esses 4% fluentes? Majoritariamente, brancos, egressos da rede privada de ensino e com boa parte com repertório adquirido em intercâmbio. Os candidatos negros acabam sendo os mais afetados por esse pré-requisito, já que, estatisticamente, são os que menos têm acesso aos cursos de idiomas, bem como vivências no exterior, alerta Guibson Trindade Torres, gerente executivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. “O Protocolo ESG Racial do Pacto de Promoção da Equidade Racial estimula as empresas a adotarem ações afirmativas para rever os modelos de contratação e retenção de talentos negros, excluindo barreiras de entrada, como a exigência de segundo e terceiros idiomas. Além de incentivar as empresas a disponibilizarem treinamento de idiomas para seus funcionários”.

Como aprender outra língua

Neste momento de disrupção no jeito de ensinar e aprender, fazer a matrícula numa escola de idiomas e ir cumprindo os níveis do básico ao avançado é apenas um jeito de se tornar fluente numa segunda ou terceira língua. Há outras formas de aprender e treinar fala e ouvido. Existem, por exemplo, plataformas que conectam estudantes que falam duas línguas (uma nativa e outra de interesse) e querem se aprofundar no idioma um do outro para praticarem entre si sem sair de casa. O melhor: muitas delas são gratuitas, como Tandem, HelloTalk e My Language Exchange.

Para quem quer praticar o inglês, mas tem vergonha de falar com nativos, existe ainda o SpeakingPal. Nesse aplicativo, é possível conversar com um personagem de vídeo para praticar diálogos usuais, nivelar a pronúncia e treinar a audição. Jogos, como Duolingo e Babbel, também oferecem jeitos descontraídos de aprender um idioma sem precisar necessariamente falar com alguém.

Mas é importante ter em mente que conversar com nativos ou pessoas que dominam o idioma faz toda a diferença na hora de aprender e praticar outra língua. Para quem tem muita pressa, precisa de um aprendizado muito especializado ou não se adaptou aos modelos tradicionais de ensino, a opção é recorrer a aulas particulares individuais com alguém que domine o tema. Exemplo: se você é um profissional da área de marketing e precisa desenvolver projetos com profissionais de outros países, vale procurar um professor que, no conteúdo da aula, aborda temas da sua área de atuação.

E, em todos os casos, é importante acreditar na capacidade de aprender e fugir daqueles jargões que apenas justificam a inércia, como dizer que não gosta do idioma ou que não tem mais idade para aprender uma segunda língua. Um jeito lúdico de fazer isso é apostar em formatos variados de escuta da língua, como escolher um podcast de um assunto que interesse e ouvir um pouco a cada dia. Mesmo que a compreensão seja rasa, o ouvido vai se acostumando e, aos poucos, as frases ganham sentido. O mesmo vale para músicas e filmes e séries com áudio e legenda no idioma original.

Aprender um outro idioma abre os olhos (e ouvidos) para um mundo de possibilidades pessoais, culturais e profissionais. Por isso, quando se fala em educação continuada, o aprendizado de idioma ganha cada vez mais relevância. Na estimativa de especialistas, o domínio de um idioma pode elevar o salário significativamente, com alta que pode ir de 40 a 70% para vagas operacionais. Em caso de fluência, o pagamento chega a ser dobrado.

Foi justamente a necessidade profissional que fez com que o programador Glauber Holanda, de 38 anos, aprendesse dois idiomas (inglês e espanhol) praticamente do zero em apenas dois anos. Tudo começou em outubro de 2021, quando ele foi contratado por uma empresa colombiana com a proposta de trabalhar com o time do Brasil. Mas, logo na primeira reunião, percebeu que era o único brasileiro da equipe.

Maioria dos alunos busca cursos extras de inglês na tentativa de progredir na carreira. Foto: Daniel Spalato

“Tinha colombiano, venezuelano, argentino, espanhol. Ouvir todos aqueles tipos diferentes de espanhol foi me dando uma angústia, porque estava lidando com uma língua totalmente diferente”, conta. “Até tinha alguém para ajudar a traduzir as informações. Mas ainda assim me gerava um incômodo. Eu queria interagir com os meus companheiros de trabalho, explicar o que eu estava fazendo, tirar dúvidas.”

A situação estava tão desconfortável que Glauber cogitou sair da empresa. E foi nesse momento que decidiu enfrentar o problema de um jeito diferente, e começou a estudar espanhol. Com as vivências do curso e a necessidade de consumir o idioma todos os dias, em quatro meses ele já estava conversando ativamente com os colegas de equipe.

“Os indivíduos adultos aprendem mais e melhor se conseguem enxergar a aplicação prática do conteúdo aprendido nas situações do dia a dia. É importante que os alunos sintam que o aprendizado é útil e significativo para eles, e que possa ser aplicado em sua vida pessoal e profissional”, explica Juliana Vicençote, gerente pedagógica da Wizard.

Apesar da importância crescente do espanhol no mercado de trabalho brasileiro – até pela localização do Brasil, cercado de países hispânicos – o inglês segue sendo o idioma mais buscado nas escolas de línguas. Na Wizard, por exemplo, mais de 90% dos alunos matriculados estudam inglês. “Por ser ainda considerada a língua franca para comunicação internacional, essa procura continua sendo o carro-chefe para aqueles que buscam desenvolvimento profissional e pessoal”, diz Vicençote.

Domínio do inglês pode dobrar salário

A influência da língua inglesa no mercado de trabalho é fácil de mensurar. Segundo Christiana Mello, chief growth officer da Catho, cerca de 6% das vagas anunciadas na plataforma exigem inglês fluente ou avançado. “O que mais me chama a atenção quando olhamos para os dados do nosso marketplace é que o salário médio para quem possui proficiência no inglês é muito mais alto do que a média anunciada nos empregos que não exigem inglês fluente. Estou falando de uma média de 108% de delta de salário”, afirma.

A diferença varia de acordo com o cargo. Para vagas mais operacionais que exigem inglês avançado ou fluente, como auxiliar ou até mesmo especialista, a diferença salarial é de 40% a 70%. Nos cargos de gerência, porém, a diferença é de 150%. “Com o inglês fluente, você vai ter uma remuneração muito mais interessante”, diz Mello.

Na Catho, existe um produto que ajuda os candidatos a testarem o nível de idioma. Assim, os recrutadores podem filtrar os candidatos com o nível desejado na hora da seleção. O que era para ser um facilitador, acabou revelando um gap em relação às vagas que pedem o inglês fluente ou avançado como pré-requisito e os candidatos aptos para preenchê-las. Enquanto 6% das vagas pedem o domínio da língua inglesa, apenas 4% dos candidatos possuem essa habilidade.

E, no Brasil, quem são esses 4% fluentes? Majoritariamente, brancos, egressos da rede privada de ensino e com boa parte com repertório adquirido em intercâmbio. Os candidatos negros acabam sendo os mais afetados por esse pré-requisito, já que, estatisticamente, são os que menos têm acesso aos cursos de idiomas, bem como vivências no exterior, alerta Guibson Trindade Torres, gerente executivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. “O Protocolo ESG Racial do Pacto de Promoção da Equidade Racial estimula as empresas a adotarem ações afirmativas para rever os modelos de contratação e retenção de talentos negros, excluindo barreiras de entrada, como a exigência de segundo e terceiros idiomas. Além de incentivar as empresas a disponibilizarem treinamento de idiomas para seus funcionários”.

Como aprender outra língua

Neste momento de disrupção no jeito de ensinar e aprender, fazer a matrícula numa escola de idiomas e ir cumprindo os níveis do básico ao avançado é apenas um jeito de se tornar fluente numa segunda ou terceira língua. Há outras formas de aprender e treinar fala e ouvido. Existem, por exemplo, plataformas que conectam estudantes que falam duas línguas (uma nativa e outra de interesse) e querem se aprofundar no idioma um do outro para praticarem entre si sem sair de casa. O melhor: muitas delas são gratuitas, como Tandem, HelloTalk e My Language Exchange.

Para quem quer praticar o inglês, mas tem vergonha de falar com nativos, existe ainda o SpeakingPal. Nesse aplicativo, é possível conversar com um personagem de vídeo para praticar diálogos usuais, nivelar a pronúncia e treinar a audição. Jogos, como Duolingo e Babbel, também oferecem jeitos descontraídos de aprender um idioma sem precisar necessariamente falar com alguém.

Mas é importante ter em mente que conversar com nativos ou pessoas que dominam o idioma faz toda a diferença na hora de aprender e praticar outra língua. Para quem tem muita pressa, precisa de um aprendizado muito especializado ou não se adaptou aos modelos tradicionais de ensino, a opção é recorrer a aulas particulares individuais com alguém que domine o tema. Exemplo: se você é um profissional da área de marketing e precisa desenvolver projetos com profissionais de outros países, vale procurar um professor que, no conteúdo da aula, aborda temas da sua área de atuação.

E, em todos os casos, é importante acreditar na capacidade de aprender e fugir daqueles jargões que apenas justificam a inércia, como dizer que não gosta do idioma ou que não tem mais idade para aprender uma segunda língua. Um jeito lúdico de fazer isso é apostar em formatos variados de escuta da língua, como escolher um podcast de um assunto que interesse e ouvir um pouco a cada dia. Mesmo que a compreensão seja rasa, o ouvido vai se acostumando e, aos poucos, as frases ganham sentido. O mesmo vale para músicas e filmes e séries com áudio e legenda no idioma original.

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