Ataques a escolas: Brasil deve entrar em fóruns globais contra extremismo, defende pesquisadora


Em meio a tensões provocadas por ataques recentes, articulação transnacional é fundamental, diz Michele Prado, especializada em radicalização online

Por Luciana Garbin
Atualização:

Para a pesquisadora Michele Prado, especializada em radicalização online e extremismo, é fundamental que o Brasil passe a fazer parte dos dois fóruns globais de contra-extremismo/ terrorismo online: o Global Internet Forum to Counter Terrorism (GIFCT) e o Christchurch Call. “Se (o governo) tivesse mostrado os vídeos de atentados terroristas que estão sendo disseminados na tcctwt (comunidade extremista de compartilhamento de crimes reais), seria impossível o Twitter dizer que não fere os termos de uso pois o próprio Twitter é membro cofundador do GIFCT”, afirma.

“Uma coisa é um governo pressionando. Outra bem diferente são 120 governos mais a academia de diversos países e outras plataformas pressionando a seguir os protocolos de segurança para extremismo violento/ terrorismo online.”

Para Michele, o Brasil ainda não aderiu aos fóruns porque a abordagem do extremismo no País vinha sendo feita sob uma perspectiva puramente político-eleitoral e partidária.

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Vigília lembra professora vítima de ataque na escola Thomázia Montoro, na zona oeste de São Paulo Foto: REUTERS/Carla Carniel

“Sem contar os ranços ideológicos de promotores de políticas públicas daqui. Acham que sozinho o Brasil vai resolver o problema. Não vai. Esse não é um desafio apenas local. A internet potencializou as possibilidades de os extremistas amplificarem suas ideias e, no caso dos extremistas violentos e terroristas, de conseguirem fazer com que as chamadas para ação violenta que eles produzem alcancem um público ainda maior. Isso é feito muitas vezes de maneira transnacional. Os conteúdos circulam de forma transnacional dentro desses ecossistemas digitais.”

Esse não é um desafio apenas local. A internet potencializou as possibilidades de os extremistas amplificarem suas ideias e, no caso dos extremistas violentos e terroristas, de conseguirem fazer com que as chamadas para ação violenta que eles produzem alcancem um público ainda maior

Michele Prado, pesquisadora

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Ela lembra que depois do ataque de Christchurch, na Nova Zelândia, foi criado o fórum global Christchurch Call, que reúne 120 governos (seja por meio de secretarias de segurança, ministério das relações exteriores ou pelos próprios gabinetes governamentais), além de academia, pesquisadores, ONGs e pessoas da sociedade civil. Passou-se então a discutir a adoção de políticas de segurança que atuem de forma global para restringir a disseminação de conteúdos extremismo violento e terrorismo online. O Brasil não faz parte.

Assim como também não faz parte do GIFCT, hoje a maior e mais eficaz iniciativa do mundo.

“Quando se tem um atirador ativo promovendo um massacre em algum lugar da Europa ou dos EUA, por exemplo, o GIFCT emite um protocolo de alerta para todas as plataformas a partir de um banco de dados que eles têm e vão atualizando constantemente de pegadas digitais daquele conteúdo. Então eles indicam para as plataformas que aquele conteúdo é potencialmente nocivo com terrorismo doméstico ou transnacional e/ ou extremismo violento. E as plataformas entram na função do protocolo e derrubam o conteúdo assim que ele é publicado, não precisa de trabalho manual ou denúncia para derrubar esse conteúdo. Quando houve o massacre no supermercado em Buffalo, nos Estados Unidos, por um supremacista branco, por exemplo, foi emitido um alerta. Porque o agressor terrorista transmitiu ao vivo no Twitch. Então conforme o vídeo ia sendo publicado ele ia sendo derrubado.”

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“A atuação tem de ser com regulação local (nesse sentido as ações do Ministério da Justiça estão indo na direção certa), mas também tem de contar com regulamentação transnacional, global. Porque é diferente você ter 120 governos, vai ser uma pressão diferente”, resume Michele.

O Ministério da Justiça não comentou se tem planos de adesão aos fóruns.

Para a pesquisadora Michele Prado, especializada em radicalização online e extremismo, é fundamental que o Brasil passe a fazer parte dos dois fóruns globais de contra-extremismo/ terrorismo online: o Global Internet Forum to Counter Terrorism (GIFCT) e o Christchurch Call. “Se (o governo) tivesse mostrado os vídeos de atentados terroristas que estão sendo disseminados na tcctwt (comunidade extremista de compartilhamento de crimes reais), seria impossível o Twitter dizer que não fere os termos de uso pois o próprio Twitter é membro cofundador do GIFCT”, afirma.

“Uma coisa é um governo pressionando. Outra bem diferente são 120 governos mais a academia de diversos países e outras plataformas pressionando a seguir os protocolos de segurança para extremismo violento/ terrorismo online.”

Para Michele, o Brasil ainda não aderiu aos fóruns porque a abordagem do extremismo no País vinha sendo feita sob uma perspectiva puramente político-eleitoral e partidária.

Vigília lembra professora vítima de ataque na escola Thomázia Montoro, na zona oeste de São Paulo Foto: REUTERS/Carla Carniel

“Sem contar os ranços ideológicos de promotores de políticas públicas daqui. Acham que sozinho o Brasil vai resolver o problema. Não vai. Esse não é um desafio apenas local. A internet potencializou as possibilidades de os extremistas amplificarem suas ideias e, no caso dos extremistas violentos e terroristas, de conseguirem fazer com que as chamadas para ação violenta que eles produzem alcancem um público ainda maior. Isso é feito muitas vezes de maneira transnacional. Os conteúdos circulam de forma transnacional dentro desses ecossistemas digitais.”

Esse não é um desafio apenas local. A internet potencializou as possibilidades de os extremistas amplificarem suas ideias e, no caso dos extremistas violentos e terroristas, de conseguirem fazer com que as chamadas para ação violenta que eles produzem alcancem um público ainda maior

Michele Prado, pesquisadora

Ela lembra que depois do ataque de Christchurch, na Nova Zelândia, foi criado o fórum global Christchurch Call, que reúne 120 governos (seja por meio de secretarias de segurança, ministério das relações exteriores ou pelos próprios gabinetes governamentais), além de academia, pesquisadores, ONGs e pessoas da sociedade civil. Passou-se então a discutir a adoção de políticas de segurança que atuem de forma global para restringir a disseminação de conteúdos extremismo violento e terrorismo online. O Brasil não faz parte.

Assim como também não faz parte do GIFCT, hoje a maior e mais eficaz iniciativa do mundo.

“Quando se tem um atirador ativo promovendo um massacre em algum lugar da Europa ou dos EUA, por exemplo, o GIFCT emite um protocolo de alerta para todas as plataformas a partir de um banco de dados que eles têm e vão atualizando constantemente de pegadas digitais daquele conteúdo. Então eles indicam para as plataformas que aquele conteúdo é potencialmente nocivo com terrorismo doméstico ou transnacional e/ ou extremismo violento. E as plataformas entram na função do protocolo e derrubam o conteúdo assim que ele é publicado, não precisa de trabalho manual ou denúncia para derrubar esse conteúdo. Quando houve o massacre no supermercado em Buffalo, nos Estados Unidos, por um supremacista branco, por exemplo, foi emitido um alerta. Porque o agressor terrorista transmitiu ao vivo no Twitch. Então conforme o vídeo ia sendo publicado ele ia sendo derrubado.”

“A atuação tem de ser com regulação local (nesse sentido as ações do Ministério da Justiça estão indo na direção certa), mas também tem de contar com regulamentação transnacional, global. Porque é diferente você ter 120 governos, vai ser uma pressão diferente”, resume Michele.

O Ministério da Justiça não comentou se tem planos de adesão aos fóruns.

Para a pesquisadora Michele Prado, especializada em radicalização online e extremismo, é fundamental que o Brasil passe a fazer parte dos dois fóruns globais de contra-extremismo/ terrorismo online: o Global Internet Forum to Counter Terrorism (GIFCT) e o Christchurch Call. “Se (o governo) tivesse mostrado os vídeos de atentados terroristas que estão sendo disseminados na tcctwt (comunidade extremista de compartilhamento de crimes reais), seria impossível o Twitter dizer que não fere os termos de uso pois o próprio Twitter é membro cofundador do GIFCT”, afirma.

“Uma coisa é um governo pressionando. Outra bem diferente são 120 governos mais a academia de diversos países e outras plataformas pressionando a seguir os protocolos de segurança para extremismo violento/ terrorismo online.”

Para Michele, o Brasil ainda não aderiu aos fóruns porque a abordagem do extremismo no País vinha sendo feita sob uma perspectiva puramente político-eleitoral e partidária.

Vigília lembra professora vítima de ataque na escola Thomázia Montoro, na zona oeste de São Paulo Foto: REUTERS/Carla Carniel

“Sem contar os ranços ideológicos de promotores de políticas públicas daqui. Acham que sozinho o Brasil vai resolver o problema. Não vai. Esse não é um desafio apenas local. A internet potencializou as possibilidades de os extremistas amplificarem suas ideias e, no caso dos extremistas violentos e terroristas, de conseguirem fazer com que as chamadas para ação violenta que eles produzem alcancem um público ainda maior. Isso é feito muitas vezes de maneira transnacional. Os conteúdos circulam de forma transnacional dentro desses ecossistemas digitais.”

Esse não é um desafio apenas local. A internet potencializou as possibilidades de os extremistas amplificarem suas ideias e, no caso dos extremistas violentos e terroristas, de conseguirem fazer com que as chamadas para ação violenta que eles produzem alcancem um público ainda maior

Michele Prado, pesquisadora

Ela lembra que depois do ataque de Christchurch, na Nova Zelândia, foi criado o fórum global Christchurch Call, que reúne 120 governos (seja por meio de secretarias de segurança, ministério das relações exteriores ou pelos próprios gabinetes governamentais), além de academia, pesquisadores, ONGs e pessoas da sociedade civil. Passou-se então a discutir a adoção de políticas de segurança que atuem de forma global para restringir a disseminação de conteúdos extremismo violento e terrorismo online. O Brasil não faz parte.

Assim como também não faz parte do GIFCT, hoje a maior e mais eficaz iniciativa do mundo.

“Quando se tem um atirador ativo promovendo um massacre em algum lugar da Europa ou dos EUA, por exemplo, o GIFCT emite um protocolo de alerta para todas as plataformas a partir de um banco de dados que eles têm e vão atualizando constantemente de pegadas digitais daquele conteúdo. Então eles indicam para as plataformas que aquele conteúdo é potencialmente nocivo com terrorismo doméstico ou transnacional e/ ou extremismo violento. E as plataformas entram na função do protocolo e derrubam o conteúdo assim que ele é publicado, não precisa de trabalho manual ou denúncia para derrubar esse conteúdo. Quando houve o massacre no supermercado em Buffalo, nos Estados Unidos, por um supremacista branco, por exemplo, foi emitido um alerta. Porque o agressor terrorista transmitiu ao vivo no Twitch. Então conforme o vídeo ia sendo publicado ele ia sendo derrubado.”

“A atuação tem de ser com regulação local (nesse sentido as ações do Ministério da Justiça estão indo na direção certa), mas também tem de contar com regulamentação transnacional, global. Porque é diferente você ter 120 governos, vai ser uma pressão diferente”, resume Michele.

O Ministério da Justiça não comentou se tem planos de adesão aos fóruns.

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