Blog dos colégios

Protagonista em uma aula: a cena é de quem?


"Eu ouço, eu esqueço; eu vejo, eu lembro; eu faço, eu aprendo."

Por Colégio Humboldt

Confúcio

Há muito vem se discutindo sobre qual é o melhor tipo de aula, em diferentes metodologias como aprendizagem ativa, aula-laboratório, trabalhos em grupo, simulações, expressão corporal e artística, PBL (Problem-Based Learning), projetos, sala de aula invertida, aula baseada na expressão corporal.  Estudiosos da educação e da neuroeducação já vêm defendendo essa abordagem, porque ela promete revolucionar a forma de aprender e ensinar, tornando o aprendizado mais dinâmico, mas esses mesmos estudiosos alegam que o sucesso de qualquer uma dessas metodologias depende de uma mudança na postura do professor - o que é um desafio!

No Colégio Humboldt, um grupo de estudo vem discutindo sobre essa questão à luz de Hilbert Meyer, renomado pedagogo alemão que atuou durante muito tempo na Universidade de Oldenburg, e ferrenho defensor da aula pautada na aprendizagem ativa.

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O advento das tecnologias e da internet facilitou a implementação da metodologia, porque o aluno está (ou deveria estar) mais autônomo no processo de aprendizagem. Cercado de muitos estímulos, o aluno de hoje tem acesso a muitos conteúdos. Nunca houve tantas fontes de informação (só não devemos nos esquecer de que informação é diferente de conhecimento!), nem tamanho acesso a elas. A figura do professor escrevendo na lousa, de costas para o aluno, quase não existe mais.

Isso não significa que o modelo tradicional seja ruim, significa apenas que há outros em cena. No método tradicional, o centro da aula é o professor, e o aluno pouco colabora. Por aula tradicional, refiro-me àquelas aulas em que o professor passa o tempo todo, ou quase todo, expondo oralmente a matéria, cabendo ao aluno um papel passivo na relação entre ensino e aprendizagem. É como se fizéssemos um download do arquivo do professor para o aluno. Não estamos aqui, é claro, para desqualificar método algum. Todos eles têm sua importância e sua função. Ainda que a aula frontal tenha o professor como o "dono do saber" e o aluno como receptáculo, num papel limitador, é possível que o discente desenvolva habilidades com este método, que lhe dará a oportunidade de assistir a uma aula e selecionar, organizar, interpretar e relacionar fatos e informações.

Nessa situação, o docente pode até ter seu ego inflado por considerar-se o único que sabe numa multidão de "ignorantes". Mas vale lembrar que essa informação que circula na internet sobre a etimologia da palavra "aluno", como um "ser sem luz" é falsa. Na verdade, de acordo com o dicionário Houaiss, "aluno" significa quem recebe instrução, discípulo. Sendo assim, o aluno tem condições de "aprender a fazer" e atingir a forma mais eficiente de aprender, de acordo com a milenar sabedoria de Confúcio.

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Dileto leitor, não há fronteira absoluta entre o que sabemos e o que não sabemos. Nenhum de nós é possuidor de todas as condições e capacidades, ninguém é feito por completo. Todos somos inclusão em algum momento, em alguma área. Não precisamos aprender apenas com o professor, podemos aprender também com um par, o que Vygotsky já dizia na década de 1930, ao se referir à "zona de desenvolvimento proximal". Os alunos de uma mesma classe podem estar em níveis de conhecimentos diferentes, às vezes níveis próximos, às vezes mais distantes do conteúdo exigido. Para esse psicólogo da linguagem, o segredo é tirar vantagem das diferenças e perceber o potencial de cada aluno. Essas diferenças de conhecimentos são muito mais interessantes para o aprendizado do que a semelhança. E nesse cenário, vemos que o professor já participou dessa atuação cênica, por isso sua importância na relação. Ele pode não ser o detentor do saber, mas será um facilitador, um norteador de caminhos, e jamais sairá de cena, só assumirá novos papéis. O professor não é dispensável, pois não há discência sem docência. Em vez de termos o palco onde apenas um aparece no Ensino Frontal, numa aula na qual o aluno é protagonista, digamos que agora o lugar de atuar é a arena, onde todos estão expostos.

 

Daniella Barbosa Buttler: professora no Colégio Humboldt - Deutsche Schule e possui doutorado em Linguística Aplicada em Estudos da Linguagem pela PUC-SP.

Confúcio

Há muito vem se discutindo sobre qual é o melhor tipo de aula, em diferentes metodologias como aprendizagem ativa, aula-laboratório, trabalhos em grupo, simulações, expressão corporal e artística, PBL (Problem-Based Learning), projetos, sala de aula invertida, aula baseada na expressão corporal.  Estudiosos da educação e da neuroeducação já vêm defendendo essa abordagem, porque ela promete revolucionar a forma de aprender e ensinar, tornando o aprendizado mais dinâmico, mas esses mesmos estudiosos alegam que o sucesso de qualquer uma dessas metodologias depende de uma mudança na postura do professor - o que é um desafio!

No Colégio Humboldt, um grupo de estudo vem discutindo sobre essa questão à luz de Hilbert Meyer, renomado pedagogo alemão que atuou durante muito tempo na Universidade de Oldenburg, e ferrenho defensor da aula pautada na aprendizagem ativa.

O advento das tecnologias e da internet facilitou a implementação da metodologia, porque o aluno está (ou deveria estar) mais autônomo no processo de aprendizagem. Cercado de muitos estímulos, o aluno de hoje tem acesso a muitos conteúdos. Nunca houve tantas fontes de informação (só não devemos nos esquecer de que informação é diferente de conhecimento!), nem tamanho acesso a elas. A figura do professor escrevendo na lousa, de costas para o aluno, quase não existe mais.

Isso não significa que o modelo tradicional seja ruim, significa apenas que há outros em cena. No método tradicional, o centro da aula é o professor, e o aluno pouco colabora. Por aula tradicional, refiro-me àquelas aulas em que o professor passa o tempo todo, ou quase todo, expondo oralmente a matéria, cabendo ao aluno um papel passivo na relação entre ensino e aprendizagem. É como se fizéssemos um download do arquivo do professor para o aluno. Não estamos aqui, é claro, para desqualificar método algum. Todos eles têm sua importância e sua função. Ainda que a aula frontal tenha o professor como o "dono do saber" e o aluno como receptáculo, num papel limitador, é possível que o discente desenvolva habilidades com este método, que lhe dará a oportunidade de assistir a uma aula e selecionar, organizar, interpretar e relacionar fatos e informações.

Nessa situação, o docente pode até ter seu ego inflado por considerar-se o único que sabe numa multidão de "ignorantes". Mas vale lembrar que essa informação que circula na internet sobre a etimologia da palavra "aluno", como um "ser sem luz" é falsa. Na verdade, de acordo com o dicionário Houaiss, "aluno" significa quem recebe instrução, discípulo. Sendo assim, o aluno tem condições de "aprender a fazer" e atingir a forma mais eficiente de aprender, de acordo com a milenar sabedoria de Confúcio.

Dileto leitor, não há fronteira absoluta entre o que sabemos e o que não sabemos. Nenhum de nós é possuidor de todas as condições e capacidades, ninguém é feito por completo. Todos somos inclusão em algum momento, em alguma área. Não precisamos aprender apenas com o professor, podemos aprender também com um par, o que Vygotsky já dizia na década de 1930, ao se referir à "zona de desenvolvimento proximal". Os alunos de uma mesma classe podem estar em níveis de conhecimentos diferentes, às vezes níveis próximos, às vezes mais distantes do conteúdo exigido. Para esse psicólogo da linguagem, o segredo é tirar vantagem das diferenças e perceber o potencial de cada aluno. Essas diferenças de conhecimentos são muito mais interessantes para o aprendizado do que a semelhança. E nesse cenário, vemos que o professor já participou dessa atuação cênica, por isso sua importância na relação. Ele pode não ser o detentor do saber, mas será um facilitador, um norteador de caminhos, e jamais sairá de cena, só assumirá novos papéis. O professor não é dispensável, pois não há discência sem docência. Em vez de termos o palco onde apenas um aparece no Ensino Frontal, numa aula na qual o aluno é protagonista, digamos que agora o lugar de atuar é a arena, onde todos estão expostos.

 

Daniella Barbosa Buttler: professora no Colégio Humboldt - Deutsche Schule e possui doutorado em Linguística Aplicada em Estudos da Linguagem pela PUC-SP.

Confúcio

Há muito vem se discutindo sobre qual é o melhor tipo de aula, em diferentes metodologias como aprendizagem ativa, aula-laboratório, trabalhos em grupo, simulações, expressão corporal e artística, PBL (Problem-Based Learning), projetos, sala de aula invertida, aula baseada na expressão corporal.  Estudiosos da educação e da neuroeducação já vêm defendendo essa abordagem, porque ela promete revolucionar a forma de aprender e ensinar, tornando o aprendizado mais dinâmico, mas esses mesmos estudiosos alegam que o sucesso de qualquer uma dessas metodologias depende de uma mudança na postura do professor - o que é um desafio!

No Colégio Humboldt, um grupo de estudo vem discutindo sobre essa questão à luz de Hilbert Meyer, renomado pedagogo alemão que atuou durante muito tempo na Universidade de Oldenburg, e ferrenho defensor da aula pautada na aprendizagem ativa.

O advento das tecnologias e da internet facilitou a implementação da metodologia, porque o aluno está (ou deveria estar) mais autônomo no processo de aprendizagem. Cercado de muitos estímulos, o aluno de hoje tem acesso a muitos conteúdos. Nunca houve tantas fontes de informação (só não devemos nos esquecer de que informação é diferente de conhecimento!), nem tamanho acesso a elas. A figura do professor escrevendo na lousa, de costas para o aluno, quase não existe mais.

Isso não significa que o modelo tradicional seja ruim, significa apenas que há outros em cena. No método tradicional, o centro da aula é o professor, e o aluno pouco colabora. Por aula tradicional, refiro-me àquelas aulas em que o professor passa o tempo todo, ou quase todo, expondo oralmente a matéria, cabendo ao aluno um papel passivo na relação entre ensino e aprendizagem. É como se fizéssemos um download do arquivo do professor para o aluno. Não estamos aqui, é claro, para desqualificar método algum. Todos eles têm sua importância e sua função. Ainda que a aula frontal tenha o professor como o "dono do saber" e o aluno como receptáculo, num papel limitador, é possível que o discente desenvolva habilidades com este método, que lhe dará a oportunidade de assistir a uma aula e selecionar, organizar, interpretar e relacionar fatos e informações.

Nessa situação, o docente pode até ter seu ego inflado por considerar-se o único que sabe numa multidão de "ignorantes". Mas vale lembrar que essa informação que circula na internet sobre a etimologia da palavra "aluno", como um "ser sem luz" é falsa. Na verdade, de acordo com o dicionário Houaiss, "aluno" significa quem recebe instrução, discípulo. Sendo assim, o aluno tem condições de "aprender a fazer" e atingir a forma mais eficiente de aprender, de acordo com a milenar sabedoria de Confúcio.

Dileto leitor, não há fronteira absoluta entre o que sabemos e o que não sabemos. Nenhum de nós é possuidor de todas as condições e capacidades, ninguém é feito por completo. Todos somos inclusão em algum momento, em alguma área. Não precisamos aprender apenas com o professor, podemos aprender também com um par, o que Vygotsky já dizia na década de 1930, ao se referir à "zona de desenvolvimento proximal". Os alunos de uma mesma classe podem estar em níveis de conhecimentos diferentes, às vezes níveis próximos, às vezes mais distantes do conteúdo exigido. Para esse psicólogo da linguagem, o segredo é tirar vantagem das diferenças e perceber o potencial de cada aluno. Essas diferenças de conhecimentos são muito mais interessantes para o aprendizado do que a semelhança. E nesse cenário, vemos que o professor já participou dessa atuação cênica, por isso sua importância na relação. Ele pode não ser o detentor do saber, mas será um facilitador, um norteador de caminhos, e jamais sairá de cena, só assumirá novos papéis. O professor não é dispensável, pois não há discência sem docência. Em vez de termos o palco onde apenas um aparece no Ensino Frontal, numa aula na qual o aluno é protagonista, digamos que agora o lugar de atuar é a arena, onde todos estão expostos.

 

Daniella Barbosa Buttler: professora no Colégio Humboldt - Deutsche Schule e possui doutorado em Linguística Aplicada em Estudos da Linguagem pela PUC-SP.

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