Brasil fica atrás de Irã e Bósnia em ranking global de Matemática e Ciência


Pela primeira vez, crianças brasileiras de 9 anos participaram do TIMSS, que inclui 58 países; exame também avalia estudantes de 13 anos

Por Renata Cafardo
Atualização:

Mais da metade (51%) dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com um apenas um dígito - como 4 x 5 ou 3 x 8 - ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.

O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo nesta quarta-feira, 4. É a primeira vez que o Brasil participa do exame.

O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55ª posição entre 58 países em Matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.

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Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças brasileiras começam cedo; 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de Matemática.

Até então, o Brasil só tinha sido comparado a outros países em avaliações desse tipo com alunos de 15 anos, que fazem o Pisa, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Alunos de Campo Grande fazem o TIMSS no Brasil, no ano passado Foto: Secretaria do Estado da Educação/MS
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O TIMSS tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Cingapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.

A nação melhor posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º.

Os resultados dos países podem ser expressados de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando os níveis de dificuldade do exame: baixo, intermediário, alto e avançado. Veja algumas conclusões sobre o Brasil e comparações com outras nações:

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4º ano, prova de Matemática

  • 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas
  • Os outros 51% não conseguiram chegar a esse mínimo esperado
  • Deles, 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões
  • 5% não acertaram nenhuma questão
  • Dos 49% que estão no nível baixo, 21% também chegaram ao padrão intermediário de aprendizagem, em que os alunos conseguem medir comprimento com uma régua e fazer contas com números de até três dígitos
  • Outros 5% estão no nível alto, em que podem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas
  • E 1% ficam no patamar avançado, resolvendo equações e representando dados em um gráfico
  • Em Cingapura, por exemplo, 79% dos alunos chegaram ao nível alto e 49% ao avançado
  • No Chile, único outro latino na prova, 71% chegaram ao nível baixo
  • O Brasil fez 400 pontos, enquanto a média de todos os outros países juntos foi 503

“Mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, diz o o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, especialista em avaliação.

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Segundo ele, é preciso olhar para equidade também. “Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.

O TIMSS é realizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. O exame é conduzido em parceria com o Boston College (EUA). Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feitas a cada quatro anos.

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Foram avaliados cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas dos países participantes em 2023. As provas foram feitas no computador. Há questões sobre números, medição e geometria, por meio de resolução de problemas.

Segundo a IEA, 91% dos estudantes de 4º ano de todos os países avaliados alcançaram “pelo menos o padrão internacional mínimo (400 pontos na escala do TIMSS) em Matemática, uma indicação de que demonstraram habilidades como adicionar e subtrair números de até três dígitos e aplicar propriedades básicas de formas geométricas”.

E, internacionalmente, 81% dos alunos de 8º ano chegaram a esse nível, demonstrando conhecimento sobre números inteiros, encontrando o comprimento dos lados de polígonos e lendo informações de gráficos.

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Em ambas as idades, estudantes que disseram gostar muito de Matemática tiveram resultados melhores do que os que afirmaram o contrário. O mesmo ocorreu com alunos que defendem fortemente a preservação do ambiente, que pontuaram mais alto, em contraste com aqueles que dizem “valorizar um pouco” a questão”.

Uma quantidade diferente de países faz as provas para o 4º ano e para 8º ano. O Brasil realizou os dois. Os resultados mostram piora no desempenho dos brasileiros conforme a idade dos alunos aumenta.

O relatório do TIMSS ainda informa que os dados do Brasil tem “reservas sobre a confiabilidade” por causa da porcentagem de alunos com desempenho muito baixo. Participaram da prova 22.770 estudantes brasileiros que estavam no 8º ano em 2023 e 22.130 que estavam no 4ª ano, segundo o relatório.

No ranking de Matemática, do 8º ano, quando os alunos têm 13 anos, o Brasil ficou em penúltimo lugar, na frente somente do Marrocos e atrás da Palestina. As questões passam a incluir álgebra e probabilidade.

Entre os dez primeiros do ranking, fora os asiáticos, está a Inglaterra, em 6º, seguida de Irlanda, República Checa, Suécia e Lituânia.

8º ano, prova de Matemática

  • 38% chegaram ao nível básico, em que fazem contas com números negativos e medem polígonos
  • Desses, 14% chegam ao nível intermediário, em que relacionam frações e porcentagens para resolver problemas
  • Outros 4% ao nível alto, que sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades
  • E 1% chega ao nível avançado, que resolvem equações que tenham variáveis com raiz quadrada, expoente e fração
  • Entre os 62% que não chegaram ao padrão mínimo, 18% foram pior do que se tivessem chutado e 5% não acertaram nada
  • Na Inglaterra, 89% estão ao menos no nível baixo e 42% no alto
  • Nos Estados Unidos, são 82% e 26%, respectivamente

Resultados na Ciência

Na prova de Ciência tanto os alunos do 4º ano quanto do 8º ano do Brasil têm resultados melhores do que na Matemática. Os rankings mostram o País em 51º (de um total de 58) entre alunos de 9 anos, na frente de países como Azerbaijão e Jordânia, que estavam melhor posicionados em Matemática.

Na lista do 8º ano, em que os alunos têm 13 anos, o País está em 33º (de um total de 42). Também supera em Ciência nações que são melhores em Matemática que o Brasil, como Irã, Arábia Saudita e África do Sul.

4º ano, prova de Ciência

  • 61% dos brasileiros de 9 anos conseguiram chegar ao nível baixo e 31% ao nível intermediário, índices bem acima do que se viu em Matemática. Isso quer dizer que a maioria demonstra conhecimento básico sobre plantas, animais e o meio ambiente. Sabem, por exemplo, que turbinas fornecem eletricidade.
  • Os que alcançam o nível intermediário entendem os tipos de alimentos de uma dieta equilibrada, têm conhecimento sobre circuitos elétricos simples e sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
  • Deles, 9% chegam também ao nível alto, em que os estudantes sabem como os germes se espalham e que entendem a proporção da área de água que cobre a superfície da Terra.
  • 1% dos brasileiros estão no nível avançado, que identificam características que são herdadas e aquelas que não são, o efeito da poluição nas colheitas e preveem o resultado de um experimento.

8ª ano, prova de Ciências

  • 58% dos alunos de 13 anos do Brasil chegaram ao nível baixo, que permite que saibam que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor.
  • 27% no intermediário, que reconhecem que uma reação química pode produzir gases e afirmar o movimento da Terra que resulta no dia e na noite
  • 8% no nível alto, em que reconhecem que o desmatamento e que a liberação de um gás de efeito estufa pode afetar o clima da Terra e ainda localizar os principais órgãos nos sistemas do corpo humano.
  • E só 1% no nível avançado, em que reconhecem que a composição de um objeto afeta a quantidade de ferrugem produzida, e se substâncias são ácidas ou básicas baseadas no seu valor de pH.

O TIMSS faz ainda comparações entre desempenho de meninos e meninas, condições da casa e da escola que influenciam no resultado. Em geral, estudantes de famílias mais ricas se saem melhor em Matemática e Ciência, assim como os que faltam menos à escola.

Meninos tiveram desempenho mais alto que meninas na maioria dos países em Matemática no 4º ano e na metade deles no 8º ano. Em Ciência, na maior parte das nações avaliadas, não há diferença no desempenho por gênero.

Mais da metade (51%) dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com um apenas um dígito - como 4 x 5 ou 3 x 8 - ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.

O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo nesta quarta-feira, 4. É a primeira vez que o Brasil participa do exame.

O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55ª posição entre 58 países em Matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.

Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças brasileiras começam cedo; 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de Matemática.

Até então, o Brasil só tinha sido comparado a outros países em avaliações desse tipo com alunos de 15 anos, que fazem o Pisa, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Alunos de Campo Grande fazem o TIMSS no Brasil, no ano passado Foto: Secretaria do Estado da Educação/MS

O TIMSS tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Cingapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.

A nação melhor posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º.

Os resultados dos países podem ser expressados de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando os níveis de dificuldade do exame: baixo, intermediário, alto e avançado. Veja algumas conclusões sobre o Brasil e comparações com outras nações:

4º ano, prova de Matemática

  • 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas
  • Os outros 51% não conseguiram chegar a esse mínimo esperado
  • Deles, 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões
  • 5% não acertaram nenhuma questão
  • Dos 49% que estão no nível baixo, 21% também chegaram ao padrão intermediário de aprendizagem, em que os alunos conseguem medir comprimento com uma régua e fazer contas com números de até três dígitos
  • Outros 5% estão no nível alto, em que podem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas
  • E 1% ficam no patamar avançado, resolvendo equações e representando dados em um gráfico
  • Em Cingapura, por exemplo, 79% dos alunos chegaram ao nível alto e 49% ao avançado
  • No Chile, único outro latino na prova, 71% chegaram ao nível baixo
  • O Brasil fez 400 pontos, enquanto a média de todos os outros países juntos foi 503

“Mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, diz o o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, especialista em avaliação.

Segundo ele, é preciso olhar para equidade também. “Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.

O TIMSS é realizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. O exame é conduzido em parceria com o Boston College (EUA). Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feitas a cada quatro anos.

Foram avaliados cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas dos países participantes em 2023. As provas foram feitas no computador. Há questões sobre números, medição e geometria, por meio de resolução de problemas.

Segundo a IEA, 91% dos estudantes de 4º ano de todos os países avaliados alcançaram “pelo menos o padrão internacional mínimo (400 pontos na escala do TIMSS) em Matemática, uma indicação de que demonstraram habilidades como adicionar e subtrair números de até três dígitos e aplicar propriedades básicas de formas geométricas”.

E, internacionalmente, 81% dos alunos de 8º ano chegaram a esse nível, demonstrando conhecimento sobre números inteiros, encontrando o comprimento dos lados de polígonos e lendo informações de gráficos.

Em ambas as idades, estudantes que disseram gostar muito de Matemática tiveram resultados melhores do que os que afirmaram o contrário. O mesmo ocorreu com alunos que defendem fortemente a preservação do ambiente, que pontuaram mais alto, em contraste com aqueles que dizem “valorizar um pouco” a questão”.

Uma quantidade diferente de países faz as provas para o 4º ano e para 8º ano. O Brasil realizou os dois. Os resultados mostram piora no desempenho dos brasileiros conforme a idade dos alunos aumenta.

O relatório do TIMSS ainda informa que os dados do Brasil tem “reservas sobre a confiabilidade” por causa da porcentagem de alunos com desempenho muito baixo. Participaram da prova 22.770 estudantes brasileiros que estavam no 8º ano em 2023 e 22.130 que estavam no 4ª ano, segundo o relatório.

No ranking de Matemática, do 8º ano, quando os alunos têm 13 anos, o Brasil ficou em penúltimo lugar, na frente somente do Marrocos e atrás da Palestina. As questões passam a incluir álgebra e probabilidade.

Entre os dez primeiros do ranking, fora os asiáticos, está a Inglaterra, em 6º, seguida de Irlanda, República Checa, Suécia e Lituânia.

8º ano, prova de Matemática

  • 38% chegaram ao nível básico, em que fazem contas com números negativos e medem polígonos
  • Desses, 14% chegam ao nível intermediário, em que relacionam frações e porcentagens para resolver problemas
  • Outros 4% ao nível alto, que sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades
  • E 1% chega ao nível avançado, que resolvem equações que tenham variáveis com raiz quadrada, expoente e fração
  • Entre os 62% que não chegaram ao padrão mínimo, 18% foram pior do que se tivessem chutado e 5% não acertaram nada
  • Na Inglaterra, 89% estão ao menos no nível baixo e 42% no alto
  • Nos Estados Unidos, são 82% e 26%, respectivamente

Resultados na Ciência

Na prova de Ciência tanto os alunos do 4º ano quanto do 8º ano do Brasil têm resultados melhores do que na Matemática. Os rankings mostram o País em 51º (de um total de 58) entre alunos de 9 anos, na frente de países como Azerbaijão e Jordânia, que estavam melhor posicionados em Matemática.

Na lista do 8º ano, em que os alunos têm 13 anos, o País está em 33º (de um total de 42). Também supera em Ciência nações que são melhores em Matemática que o Brasil, como Irã, Arábia Saudita e África do Sul.

4º ano, prova de Ciência

  • 61% dos brasileiros de 9 anos conseguiram chegar ao nível baixo e 31% ao nível intermediário, índices bem acima do que se viu em Matemática. Isso quer dizer que a maioria demonstra conhecimento básico sobre plantas, animais e o meio ambiente. Sabem, por exemplo, que turbinas fornecem eletricidade.
  • Os que alcançam o nível intermediário entendem os tipos de alimentos de uma dieta equilibrada, têm conhecimento sobre circuitos elétricos simples e sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
  • Deles, 9% chegam também ao nível alto, em que os estudantes sabem como os germes se espalham e que entendem a proporção da área de água que cobre a superfície da Terra.
  • 1% dos brasileiros estão no nível avançado, que identificam características que são herdadas e aquelas que não são, o efeito da poluição nas colheitas e preveem o resultado de um experimento.

8ª ano, prova de Ciências

  • 58% dos alunos de 13 anos do Brasil chegaram ao nível baixo, que permite que saibam que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor.
  • 27% no intermediário, que reconhecem que uma reação química pode produzir gases e afirmar o movimento da Terra que resulta no dia e na noite
  • 8% no nível alto, em que reconhecem que o desmatamento e que a liberação de um gás de efeito estufa pode afetar o clima da Terra e ainda localizar os principais órgãos nos sistemas do corpo humano.
  • E só 1% no nível avançado, em que reconhecem que a composição de um objeto afeta a quantidade de ferrugem produzida, e se substâncias são ácidas ou básicas baseadas no seu valor de pH.

O TIMSS faz ainda comparações entre desempenho de meninos e meninas, condições da casa e da escola que influenciam no resultado. Em geral, estudantes de famílias mais ricas se saem melhor em Matemática e Ciência, assim como os que faltam menos à escola.

Meninos tiveram desempenho mais alto que meninas na maioria dos países em Matemática no 4º ano e na metade deles no 8º ano. Em Ciência, na maior parte das nações avaliadas, não há diferença no desempenho por gênero.

Mais da metade (51%) dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com um apenas um dígito - como 4 x 5 ou 3 x 8 - ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.

O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo nesta quarta-feira, 4. É a primeira vez que o Brasil participa do exame.

O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55ª posição entre 58 países em Matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.

Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças brasileiras começam cedo; 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de Matemática.

Até então, o Brasil só tinha sido comparado a outros países em avaliações desse tipo com alunos de 15 anos, que fazem o Pisa, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Alunos de Campo Grande fazem o TIMSS no Brasil, no ano passado Foto: Secretaria do Estado da Educação/MS

O TIMSS tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Cingapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.

A nação melhor posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º.

Os resultados dos países podem ser expressados de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando os níveis de dificuldade do exame: baixo, intermediário, alto e avançado. Veja algumas conclusões sobre o Brasil e comparações com outras nações:

4º ano, prova de Matemática

  • 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas
  • Os outros 51% não conseguiram chegar a esse mínimo esperado
  • Deles, 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões
  • 5% não acertaram nenhuma questão
  • Dos 49% que estão no nível baixo, 21% também chegaram ao padrão intermediário de aprendizagem, em que os alunos conseguem medir comprimento com uma régua e fazer contas com números de até três dígitos
  • Outros 5% estão no nível alto, em que podem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas
  • E 1% ficam no patamar avançado, resolvendo equações e representando dados em um gráfico
  • Em Cingapura, por exemplo, 79% dos alunos chegaram ao nível alto e 49% ao avançado
  • No Chile, único outro latino na prova, 71% chegaram ao nível baixo
  • O Brasil fez 400 pontos, enquanto a média de todos os outros países juntos foi 503

“Mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, diz o o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, especialista em avaliação.

Segundo ele, é preciso olhar para equidade também. “Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.

O TIMSS é realizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. O exame é conduzido em parceria com o Boston College (EUA). Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feitas a cada quatro anos.

Foram avaliados cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas dos países participantes em 2023. As provas foram feitas no computador. Há questões sobre números, medição e geometria, por meio de resolução de problemas.

Segundo a IEA, 91% dos estudantes de 4º ano de todos os países avaliados alcançaram “pelo menos o padrão internacional mínimo (400 pontos na escala do TIMSS) em Matemática, uma indicação de que demonstraram habilidades como adicionar e subtrair números de até três dígitos e aplicar propriedades básicas de formas geométricas”.

E, internacionalmente, 81% dos alunos de 8º ano chegaram a esse nível, demonstrando conhecimento sobre números inteiros, encontrando o comprimento dos lados de polígonos e lendo informações de gráficos.

Em ambas as idades, estudantes que disseram gostar muito de Matemática tiveram resultados melhores do que os que afirmaram o contrário. O mesmo ocorreu com alunos que defendem fortemente a preservação do ambiente, que pontuaram mais alto, em contraste com aqueles que dizem “valorizar um pouco” a questão”.

Uma quantidade diferente de países faz as provas para o 4º ano e para 8º ano. O Brasil realizou os dois. Os resultados mostram piora no desempenho dos brasileiros conforme a idade dos alunos aumenta.

O relatório do TIMSS ainda informa que os dados do Brasil tem “reservas sobre a confiabilidade” por causa da porcentagem de alunos com desempenho muito baixo. Participaram da prova 22.770 estudantes brasileiros que estavam no 8º ano em 2023 e 22.130 que estavam no 4ª ano, segundo o relatório.

No ranking de Matemática, do 8º ano, quando os alunos têm 13 anos, o Brasil ficou em penúltimo lugar, na frente somente do Marrocos e atrás da Palestina. As questões passam a incluir álgebra e probabilidade.

Entre os dez primeiros do ranking, fora os asiáticos, está a Inglaterra, em 6º, seguida de Irlanda, República Checa, Suécia e Lituânia.

8º ano, prova de Matemática

  • 38% chegaram ao nível básico, em que fazem contas com números negativos e medem polígonos
  • Desses, 14% chegam ao nível intermediário, em que relacionam frações e porcentagens para resolver problemas
  • Outros 4% ao nível alto, que sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades
  • E 1% chega ao nível avançado, que resolvem equações que tenham variáveis com raiz quadrada, expoente e fração
  • Entre os 62% que não chegaram ao padrão mínimo, 18% foram pior do que se tivessem chutado e 5% não acertaram nada
  • Na Inglaterra, 89% estão ao menos no nível baixo e 42% no alto
  • Nos Estados Unidos, são 82% e 26%, respectivamente

Resultados na Ciência

Na prova de Ciência tanto os alunos do 4º ano quanto do 8º ano do Brasil têm resultados melhores do que na Matemática. Os rankings mostram o País em 51º (de um total de 58) entre alunos de 9 anos, na frente de países como Azerbaijão e Jordânia, que estavam melhor posicionados em Matemática.

Na lista do 8º ano, em que os alunos têm 13 anos, o País está em 33º (de um total de 42). Também supera em Ciência nações que são melhores em Matemática que o Brasil, como Irã, Arábia Saudita e África do Sul.

4º ano, prova de Ciência

  • 61% dos brasileiros de 9 anos conseguiram chegar ao nível baixo e 31% ao nível intermediário, índices bem acima do que se viu em Matemática. Isso quer dizer que a maioria demonstra conhecimento básico sobre plantas, animais e o meio ambiente. Sabem, por exemplo, que turbinas fornecem eletricidade.
  • Os que alcançam o nível intermediário entendem os tipos de alimentos de uma dieta equilibrada, têm conhecimento sobre circuitos elétricos simples e sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
  • Deles, 9% chegam também ao nível alto, em que os estudantes sabem como os germes se espalham e que entendem a proporção da área de água que cobre a superfície da Terra.
  • 1% dos brasileiros estão no nível avançado, que identificam características que são herdadas e aquelas que não são, o efeito da poluição nas colheitas e preveem o resultado de um experimento.

8ª ano, prova de Ciências

  • 58% dos alunos de 13 anos do Brasil chegaram ao nível baixo, que permite que saibam que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor.
  • 27% no intermediário, que reconhecem que uma reação química pode produzir gases e afirmar o movimento da Terra que resulta no dia e na noite
  • 8% no nível alto, em que reconhecem que o desmatamento e que a liberação de um gás de efeito estufa pode afetar o clima da Terra e ainda localizar os principais órgãos nos sistemas do corpo humano.
  • E só 1% no nível avançado, em que reconhecem que a composição de um objeto afeta a quantidade de ferrugem produzida, e se substâncias são ácidas ou básicas baseadas no seu valor de pH.

O TIMSS faz ainda comparações entre desempenho de meninos e meninas, condições da casa e da escola que influenciam no resultado. Em geral, estudantes de famílias mais ricas se saem melhor em Matemática e Ciência, assim como os que faltam menos à escola.

Meninos tiveram desempenho mais alto que meninas na maioria dos países em Matemática no 4º ano e na metade deles no 8º ano. Em Ciência, na maior parte das nações avaliadas, não há diferença no desempenho por gênero.

Mais da metade (51%) dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com um apenas um dígito - como 4 x 5 ou 3 x 8 - ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.

O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo nesta quarta-feira, 4. É a primeira vez que o Brasil participa do exame.

O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55ª posição entre 58 países em Matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.

Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças brasileiras começam cedo; 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de Matemática.

Até então, o Brasil só tinha sido comparado a outros países em avaliações desse tipo com alunos de 15 anos, que fazem o Pisa, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Alunos de Campo Grande fazem o TIMSS no Brasil, no ano passado Foto: Secretaria do Estado da Educação/MS

O TIMSS tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Cingapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.

A nação melhor posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º.

Os resultados dos países podem ser expressados de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando os níveis de dificuldade do exame: baixo, intermediário, alto e avançado. Veja algumas conclusões sobre o Brasil e comparações com outras nações:

4º ano, prova de Matemática

  • 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas
  • Os outros 51% não conseguiram chegar a esse mínimo esperado
  • Deles, 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões
  • 5% não acertaram nenhuma questão
  • Dos 49% que estão no nível baixo, 21% também chegaram ao padrão intermediário de aprendizagem, em que os alunos conseguem medir comprimento com uma régua e fazer contas com números de até três dígitos
  • Outros 5% estão no nível alto, em que podem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas
  • E 1% ficam no patamar avançado, resolvendo equações e representando dados em um gráfico
  • Em Cingapura, por exemplo, 79% dos alunos chegaram ao nível alto e 49% ao avançado
  • No Chile, único outro latino na prova, 71% chegaram ao nível baixo
  • O Brasil fez 400 pontos, enquanto a média de todos os outros países juntos foi 503

“Mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, diz o o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, especialista em avaliação.

Segundo ele, é preciso olhar para equidade também. “Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.

O TIMSS é realizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. O exame é conduzido em parceria com o Boston College (EUA). Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feitas a cada quatro anos.

Foram avaliados cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas dos países participantes em 2023. As provas foram feitas no computador. Há questões sobre números, medição e geometria, por meio de resolução de problemas.

Segundo a IEA, 91% dos estudantes de 4º ano de todos os países avaliados alcançaram “pelo menos o padrão internacional mínimo (400 pontos na escala do TIMSS) em Matemática, uma indicação de que demonstraram habilidades como adicionar e subtrair números de até três dígitos e aplicar propriedades básicas de formas geométricas”.

E, internacionalmente, 81% dos alunos de 8º ano chegaram a esse nível, demonstrando conhecimento sobre números inteiros, encontrando o comprimento dos lados de polígonos e lendo informações de gráficos.

Em ambas as idades, estudantes que disseram gostar muito de Matemática tiveram resultados melhores do que os que afirmaram o contrário. O mesmo ocorreu com alunos que defendem fortemente a preservação do ambiente, que pontuaram mais alto, em contraste com aqueles que dizem “valorizar um pouco” a questão”.

Uma quantidade diferente de países faz as provas para o 4º ano e para 8º ano. O Brasil realizou os dois. Os resultados mostram piora no desempenho dos brasileiros conforme a idade dos alunos aumenta.

O relatório do TIMSS ainda informa que os dados do Brasil tem “reservas sobre a confiabilidade” por causa da porcentagem de alunos com desempenho muito baixo. Participaram da prova 22.770 estudantes brasileiros que estavam no 8º ano em 2023 e 22.130 que estavam no 4ª ano, segundo o relatório.

No ranking de Matemática, do 8º ano, quando os alunos têm 13 anos, o Brasil ficou em penúltimo lugar, na frente somente do Marrocos e atrás da Palestina. As questões passam a incluir álgebra e probabilidade.

Entre os dez primeiros do ranking, fora os asiáticos, está a Inglaterra, em 6º, seguida de Irlanda, República Checa, Suécia e Lituânia.

8º ano, prova de Matemática

  • 38% chegaram ao nível básico, em que fazem contas com números negativos e medem polígonos
  • Desses, 14% chegam ao nível intermediário, em que relacionam frações e porcentagens para resolver problemas
  • Outros 4% ao nível alto, que sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades
  • E 1% chega ao nível avançado, que resolvem equações que tenham variáveis com raiz quadrada, expoente e fração
  • Entre os 62% que não chegaram ao padrão mínimo, 18% foram pior do que se tivessem chutado e 5% não acertaram nada
  • Na Inglaterra, 89% estão ao menos no nível baixo e 42% no alto
  • Nos Estados Unidos, são 82% e 26%, respectivamente

Resultados na Ciência

Na prova de Ciência tanto os alunos do 4º ano quanto do 8º ano do Brasil têm resultados melhores do que na Matemática. Os rankings mostram o País em 51º (de um total de 58) entre alunos de 9 anos, na frente de países como Azerbaijão e Jordânia, que estavam melhor posicionados em Matemática.

Na lista do 8º ano, em que os alunos têm 13 anos, o País está em 33º (de um total de 42). Também supera em Ciência nações que são melhores em Matemática que o Brasil, como Irã, Arábia Saudita e África do Sul.

4º ano, prova de Ciência

  • 61% dos brasileiros de 9 anos conseguiram chegar ao nível baixo e 31% ao nível intermediário, índices bem acima do que se viu em Matemática. Isso quer dizer que a maioria demonstra conhecimento básico sobre plantas, animais e o meio ambiente. Sabem, por exemplo, que turbinas fornecem eletricidade.
  • Os que alcançam o nível intermediário entendem os tipos de alimentos de uma dieta equilibrada, têm conhecimento sobre circuitos elétricos simples e sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
  • Deles, 9% chegam também ao nível alto, em que os estudantes sabem como os germes se espalham e que entendem a proporção da área de água que cobre a superfície da Terra.
  • 1% dos brasileiros estão no nível avançado, que identificam características que são herdadas e aquelas que não são, o efeito da poluição nas colheitas e preveem o resultado de um experimento.

8ª ano, prova de Ciências

  • 58% dos alunos de 13 anos do Brasil chegaram ao nível baixo, que permite que saibam que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor.
  • 27% no intermediário, que reconhecem que uma reação química pode produzir gases e afirmar o movimento da Terra que resulta no dia e na noite
  • 8% no nível alto, em que reconhecem que o desmatamento e que a liberação de um gás de efeito estufa pode afetar o clima da Terra e ainda localizar os principais órgãos nos sistemas do corpo humano.
  • E só 1% no nível avançado, em que reconhecem que a composição de um objeto afeta a quantidade de ferrugem produzida, e se substâncias são ácidas ou básicas baseadas no seu valor de pH.

O TIMSS faz ainda comparações entre desempenho de meninos e meninas, condições da casa e da escola que influenciam no resultado. Em geral, estudantes de famílias mais ricas se saem melhor em Matemática e Ciência, assim como os que faltam menos à escola.

Meninos tiveram desempenho mais alto que meninas na maioria dos países em Matemática no 4º ano e na metade deles no 8º ano. Em Ciência, na maior parte das nações avaliadas, não há diferença no desempenho por gênero.

Mais da metade (51%) dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de Matemática e medidas simples. Isso inclui, por exemplo, multiplicação de números com um apenas um dígito - como 4 x 5 ou 3 x 8 - ou medir comprimentos com uma régua. Em Ciência, os resultados são um pouco melhores, mas só 31% as crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.

O resultado faz parte da prova Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), divulgada no mundo todo nesta quarta-feira, 4. É a primeira vez que o Brasil participa do exame.

O desempenho dos alunos do 4º ano deixou o País na 55ª posição entre 58 países em Matemática, na frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. O Brasil fica atrás, por exemplo, de Irã, Bósnia e Cazaquistão.

Os resultados mostram que as dificuldades de aprendizagem das crianças brasileiras começam cedo; 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões e 5% não acertaram nenhuma pergunta na prova do 4º ano de Matemática.

Até então, o Brasil só tinha sido comparado a outros países em avaliações desse tipo com alunos de 15 anos, que fazem o Pisa, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Alunos de Campo Grande fazem o TIMSS no Brasil, no ano passado Foto: Secretaria do Estado da Educação/MS

O TIMSS tem questões de Matemática e Ciências e avalia alunos do 4º e do 8º ano do ensino fundamental. Em todos os rankings, os países asiáticos se destacam. Cingapura está no topo de ambas as disciplinas, nas duas idades avaliadas. A cidade-estado do Sudeste Asiático é seguida por países como China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.

A nação melhor posicionada fora da Ásia é a Lituânia, em sétimo lugar no ranking do 4º ano de Matemática. Em seguida, vêm a Turquia e a Inglaterra. Os Estados Unidos estão em 27º.

Os resultados dos países podem ser expressados de várias formas, além da posição no ranking. Conforme os acertos, os alunos vão alcançando os níveis de dificuldade do exame: baixo, intermediário, alto e avançado. Veja algumas conclusões sobre o Brasil e comparações com outras nações:

4º ano, prova de Matemática

  • 49% dos brasileiros de 9 anos chegaram ao padrão mais baixo de aprendizagem, que consegue fazer contas de multiplicação e divisão simples e soma de centenas
  • Os outros 51% não conseguiram chegar a esse mínimo esperado
  • Deles, 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem chutado todas as questões
  • 5% não acertaram nenhuma questão
  • Dos 49% que estão no nível baixo, 21% também chegaram ao padrão intermediário de aprendizagem, em que os alunos conseguem medir comprimento com uma régua e fazer contas com números de até três dígitos
  • Outros 5% estão no nível alto, em que podem subtrair e adicionar decimais e converter minutos em horas
  • E 1% ficam no patamar avançado, resolvendo equações e representando dados em um gráfico
  • Em Cingapura, por exemplo, 79% dos alunos chegaram ao nível alto e 49% ao avançado
  • No Chile, único outro latino na prova, 71% chegaram ao nível baixo
  • O Brasil fez 400 pontos, enquanto a média de todos os outros países juntos foi 503

“Mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova de matemática. O que acertaram foi acerto ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, diz o o diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Faria, especialista em avaliação.

Segundo ele, é preciso olhar para equidade também. “Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita diretos básicos aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.

O TIMSS é realizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. O exame é conduzido em parceria com o Boston College (EUA). Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feitas a cada quatro anos.

Foram avaliados cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas dos países participantes em 2023. As provas foram feitas no computador. Há questões sobre números, medição e geometria, por meio de resolução de problemas.

Segundo a IEA, 91% dos estudantes de 4º ano de todos os países avaliados alcançaram “pelo menos o padrão internacional mínimo (400 pontos na escala do TIMSS) em Matemática, uma indicação de que demonstraram habilidades como adicionar e subtrair números de até três dígitos e aplicar propriedades básicas de formas geométricas”.

E, internacionalmente, 81% dos alunos de 8º ano chegaram a esse nível, demonstrando conhecimento sobre números inteiros, encontrando o comprimento dos lados de polígonos e lendo informações de gráficos.

Em ambas as idades, estudantes que disseram gostar muito de Matemática tiveram resultados melhores do que os que afirmaram o contrário. O mesmo ocorreu com alunos que defendem fortemente a preservação do ambiente, que pontuaram mais alto, em contraste com aqueles que dizem “valorizar um pouco” a questão”.

Uma quantidade diferente de países faz as provas para o 4º ano e para 8º ano. O Brasil realizou os dois. Os resultados mostram piora no desempenho dos brasileiros conforme a idade dos alunos aumenta.

O relatório do TIMSS ainda informa que os dados do Brasil tem “reservas sobre a confiabilidade” por causa da porcentagem de alunos com desempenho muito baixo. Participaram da prova 22.770 estudantes brasileiros que estavam no 8º ano em 2023 e 22.130 que estavam no 4ª ano, segundo o relatório.

No ranking de Matemática, do 8º ano, quando os alunos têm 13 anos, o Brasil ficou em penúltimo lugar, na frente somente do Marrocos e atrás da Palestina. As questões passam a incluir álgebra e probabilidade.

Entre os dez primeiros do ranking, fora os asiáticos, está a Inglaterra, em 6º, seguida de Irlanda, República Checa, Suécia e Lituânia.

8º ano, prova de Matemática

  • 38% chegaram ao nível básico, em que fazem contas com números negativos e medem polígonos
  • Desses, 14% chegam ao nível intermediário, em que relacionam frações e porcentagens para resolver problemas
  • Outros 4% ao nível alto, que sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades
  • E 1% chega ao nível avançado, que resolvem equações que tenham variáveis com raiz quadrada, expoente e fração
  • Entre os 62% que não chegaram ao padrão mínimo, 18% foram pior do que se tivessem chutado e 5% não acertaram nada
  • Na Inglaterra, 89% estão ao menos no nível baixo e 42% no alto
  • Nos Estados Unidos, são 82% e 26%, respectivamente

Resultados na Ciência

Na prova de Ciência tanto os alunos do 4º ano quanto do 8º ano do Brasil têm resultados melhores do que na Matemática. Os rankings mostram o País em 51º (de um total de 58) entre alunos de 9 anos, na frente de países como Azerbaijão e Jordânia, que estavam melhor posicionados em Matemática.

Na lista do 8º ano, em que os alunos têm 13 anos, o País está em 33º (de um total de 42). Também supera em Ciência nações que são melhores em Matemática que o Brasil, como Irã, Arábia Saudita e África do Sul.

4º ano, prova de Ciência

  • 61% dos brasileiros de 9 anos conseguiram chegar ao nível baixo e 31% ao nível intermediário, índices bem acima do que se viu em Matemática. Isso quer dizer que a maioria demonstra conhecimento básico sobre plantas, animais e o meio ambiente. Sabem, por exemplo, que turbinas fornecem eletricidade.
  • Os que alcançam o nível intermediário entendem os tipos de alimentos de uma dieta equilibrada, têm conhecimento sobre circuitos elétricos simples e sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
  • Deles, 9% chegam também ao nível alto, em que os estudantes sabem como os germes se espalham e que entendem a proporção da área de água que cobre a superfície da Terra.
  • 1% dos brasileiros estão no nível avançado, que identificam características que são herdadas e aquelas que não são, o efeito da poluição nas colheitas e preveem o resultado de um experimento.

8ª ano, prova de Ciências

  • 58% dos alunos de 13 anos do Brasil chegaram ao nível baixo, que permite que saibam que a água do oceano contém sal e o Sol fornece luz e calor.
  • 27% no intermediário, que reconhecem que uma reação química pode produzir gases e afirmar o movimento da Terra que resulta no dia e na noite
  • 8% no nível alto, em que reconhecem que o desmatamento e que a liberação de um gás de efeito estufa pode afetar o clima da Terra e ainda localizar os principais órgãos nos sistemas do corpo humano.
  • E só 1% no nível avançado, em que reconhecem que a composição de um objeto afeta a quantidade de ferrugem produzida, e se substâncias são ácidas ou básicas baseadas no seu valor de pH.

O TIMSS faz ainda comparações entre desempenho de meninos e meninas, condições da casa e da escola que influenciam no resultado. Em geral, estudantes de famílias mais ricas se saem melhor em Matemática e Ciência, assim como os que faltam menos à escola.

Meninos tiveram desempenho mais alto que meninas na maioria dos países em Matemática no 4º ano e na metade deles no 8º ano. Em Ciência, na maior parte das nações avaliadas, não há diferença no desempenho por gênero.

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