Artigo da Dra Evelina Galaczi, Diretora de Pesquisa de Inglês de Cambridge University Press & Assessment
Ótimas notícias para os humanos envolvidos no ensino e avaliação da língua inglesa. Ainda seremos necessários no futuro! Não me entenda mal, a tecnologia está sacudindo o setor em que trabalhamos e proporcionando melhorias fantásticas em todos os aspectos do aprendizado e do ensino de inglês.
Um relatório recente da influente empresa de consultoria de gestão McKinsey destacou o enorme impacto que a IA (Inteligência Artificial) terá na Educação no futuro. Estamos vendo mais ferramentas de IA, como ChatGPT, nas salas de aula. Vemos também Realidade Virtual, que nos permite aprender em mundos distantes e jogos de computador que levam o aprendizado para o próximo nível. Embora todas essas inovações sejam fantásticas e estejamos realmente adotando-as em Cambridge, não vamos nos apressar e cortar custos para nos adequar à tecnologia.
Passos sensatos
Recentemente apresentei os sete princípios-chave de Cambridge para integrar com sucesso a IA à sala de aula de inglês. Estes princípios foram pinçados do nosso relatório "Educação da língua inglesa na era da IA generativa: nossa perspectiva."
Um desses princípios é garantir que a qualidade e o escopo das avaliações linguísticas e dos recursos de aprendizagem sejam mantidos. Uma grande parte para conseguir garantir isso é usar a tecnologia para melhorar a Educação, mas não permitir que ela determine a abordagem educativa.
A tecnologia não pode fazer todo o trabalho!
Com isto em mente, vejamos três áreas onde a tecnologia está apresentando um impacto positivo na aprendizagem, apesar de não devermos deixá-la fazer todo o trabalho.
Ensino: a ascensão dos humanos?
O ensino e a aprendizagem envolvem pessoas e a IA não pode substituir o aspecto social e emocional da aprendizagem. É claro que pode melhorar a experiência, mas os professores continuarão a desempenhar um papel crucial. No entanto, as práticas de ensino podem mudar.
Isto pode exigir formação de professores e familiarização com abordagens digitais. Será certamente necessário estar "preparado para a IA" e compreender como a nossa inteligência humana e a Artificial podem trabalhar melhor em conjunto. A professora Rose Luckin da Educate Ventures Research escreveu um artigo realmente interessante sobre como podemos capacitar educadores para estarem preparados para a IA (veja o artigo: Empowering educators to be AI-ready - UCL Discovery).
Há uma série de coisas que os professores podem fazer agora para melhorar as experiências de aprendizagem através da IA. Isso inclui o desenvolvimento de atividades em sala de aula que façam uso de ferramentas como o Chat GPT. Por exemplo, os professores podem pedir aos seus alunos que corrijam ou reescrevam uma resposta alimentada por IA sobre um determinado tópico. Ou os alunos podem usar o Chat GPT para melhorar uma redação que escreveram e, em seguida, podem ser instados a criticar as alterações feitas. Esses são os tipos de pequenos passos que você pode dar agora para estar pronto para o futuro. Há também algumas ideias, abordagens e dicas fantásticas no blog World of Better Learning de Cambridge sob os tópicos de tecnologia e aprendizado digital.
Tecnologia e Digital - World of Better Learning | Cambridge University Press.
Exames de idiomas: mantendo um ser humano no processo
Uma de nossas inovações baseadas em IA em Cambridge é a forma como avaliamos nosso teste de inglês online, Linguaskill. O teste usa recursos de alta tecnologia, mas mantém um ser humano no processo. O módulo Speaking (Entrevista oral), por exemplo, usa marcação automática baseada em IA como parte de uma abordagem de marcação híbrida. Um marcador automático é usado na avaliação ao vivo, mas conta com a experiência de um examinador humano treinado que intervém onde o marcador automático não está completamente confiante de ter dado a nota correta. Esse sistema de marcação avançado permite que resultados rápidos e confiáveis sejam concedidos em 48 horas.
Testes de inglês para ensino superior
Os testes de inglês para ingresso na universidade mudam a vida dos candidatos, por isso é essencial que os testes utilizados para esse fim sejam os mais apropriados possível. Com o surgimento da tecnologia, há testes chegando ao mercado que priorizam a tecnologia e a conveniência "sob demanda" em detrimento da qualidade e relevância. Isto pode trazer alguns riscos, uma vez que a utilização de testes de língua inglesa inadequados para o ingresso na universidade pode resultar em mau desempenho, elevados níveis de abandono dos cursos, para não mencionar os problemas de ansiedade e bem-estar associados a não ter os conhecimentos de língua inglesa necessários. Atente-se para os testes que cobrem apenas uma gama restrita de tarefas, tarefas que não são relevantes para a universidade e aqueles testes que têm limitadas pesquisas independentes para validar sua eficácia.
O que constitui um bom teste para esse propósito?
Embora a tecnologia desempenhe um papel importante nos testes para a universidade, é importante não perder de vista o que constitui um bom teste. Acreditamos que um bom teste de inglês para ingresso na universidade deve:
- Ter validade para o propósito ou propósitos específicos para os quais foi projetado;
- Ter considerável precisão na sua aferição;
- Ter um impacto positivo, o que inclui um «retorno» para as práticas de ensino e aprendizagem e na sociedade como um todo;
- Ser prático para desenvolver, aplicar e corrigir.
É com estes quatro princípios em mente que desenvolvemos as Cambridge English Qualifications, que ajudam as pessoas a aprender inglês e provar suas habilidades para o mundo.
Segurando a 'mão' da tecnologia
Como mencionei anteriormente, não me entenda mal, a ascensão da tecnologia torna este um momento emocionante para nos envolvermos no ensino da língua inglesa, mas ainda precisaremos segurar a "mão" da tecnologia para uma jornada tranquila, à medida que evoluímos para a era digital. Recentemente li uma analogia maravilhosa que resume bem isso em um relatório político preparado pelo Escritório de Tecnologia Educacional do Departamento de Educação dos EUA. Ele descreve um futuro aprimorado pela tecnologia mais parecido com uma bicicleta elétrica e menos com robôs aspiradores. Penso que esta é uma forma fantástica de destacar o fato de que a IA amplifica o desempenho humano e reduz a carga, sem substituir totalmente o envolvimento humano na aprendizagem, no ensino e na avaliação.