Coach para vestibular


Febre da consultoria profissional para assuntos de carreira e da vida chega à preparação para as provas antes da faculdade. Profissional auxilia na organização dos estudos e trabalha o preparo emocional

Por Luciana Alvarez e Túlio Kruse

SÃO PAULO - Ter um coach para evoluir na carreira já não causa espanto a ninguém no mundo empresarial. Mas agora até mesmo jovens vestibulandos estão buscando ajuda desse tipo de profissional para serem conduzidos ao sucesso nas provas. De forma geral, passar por um processo de coaching para vestibulares significa ter um apoio personalizado para organizar os estudos e se manter motivado.

Professor de cursinho com 30 anos de experiência, Claudio Recco via diariamente os problemas comuns dos jovens nessa fase da vida: insegurança, pressão familiar, estresse, indecisão quanto ao curso e brancos na hora da prova, entre outras questões. “Percebia que muitas vezes a gestão da emoção era mais importante que ensinar conteúdos. Por isso, fui buscar uma formação diferente para me tornar um coach”, conta Recco. 

De acordo com o professor e coach, o principal motivo que leva os estudantes a entrarem num processo de coaching é buscar uma melhor organização dos estudos. A vantagem do coaching sobre outros planejamentos já estruturados, como o dos cursinhos, é a visão individual, personalizada, que o estudante recebe. “As pessoas são diferentes nas habilidades, nos desafios, nos sonhos. O que funciona para um pode não funcionar para outro”, afirma Recco.

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Um bom coach deve promover o autoconhecimento, para o jovem que saiba identificar seus pontos fortes e fracos e, com isso, ter um rendimento melhor nos estudos. “Os alunos normalmente contam as horas de estudo, mas é preciso ter qualidade. Alguns, por exemplo, querem ficar sem dormir”, cita o professor. 

Adicional. Até mesmo os cursinhos pré-vestibulares passaram a oferecer esse tipo de serviço aos estudantes. “O coach é mais do que um coordenador pedagógico, porque vai ajudar na dificuldade individualmente. Às vezes um aluno está indo mal em Matemática por causa da interpretação de texto. Então, o encaminho para um professor de Português”, explica Fernando Nisoli, professor de Matemática, pedagogo e coach para vestibulando do cursinho Hexag. 

Para além do lado acadêmico, o coach tem o papel de aumentar a motivação do estudante para os estudos. “O aluno sente muita pressão. Para entrar em Medicina na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, pode errar no máximo dez questões. Ele chega no início do ano com vontade, mas às vezes vai mal em um simulado e acaba se desmotivando. Trabalho com questões emocionais, motivacionais e técnicas”, relata Nisoli. 

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Maria Clara de Souza Santos, de 19 anos, que tenta justamente conquistar uma vaga em Medicina, aprovou a experiência do coaching com Nisoli. “Consegui criar uma rotina de estudos para a semana mais produtiva. Também me ajudou muito com as crises de ansiedade que eu tinha. Ele me mostrou que preciso de um tempo para mim, que preciso parar um pouco de vez em quanto”, diz a estudante. 

Mas há limites para a atuação do profissional. O coach não pode assumir o papel de um psicólogo. “Tem alguns jovens com barreiras fortes em alguma matéria por causa de algum trauma na infância. Quando percebo uma questão mais séria, eu encaminho para a psicóloga aqui da escola”, explica Nisoli.

Dicas - Como superar o estresse

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Veja aqui como chegar bem até um dia importante e tenso como o vestibular, seguindo estas dicas de Wellington Souza, coordenador do ensino médio do Colégio Arquidiocesano

1 - Exercite-se: No último ano do ensino médio do Colégio Móbile, Fernanda Nishikawa praticava corrida três vezes por semana. “Ficar o dia inteiro só estudando me deixava esgotada”, conta. O exercício libera serotonina e endorfina, hormônios que trazem bem-estar. Deu certo para ela: Fernanda passou na USP, na Unicamp, na Unesp e no Einstein.

2 - Respire com calma: Contra o nervosismo na prova, exercícios de respiração podem ser úteis. “Quando percebia que estava ansiosa, perdendo a concentração, fazia um exercício básico: prender o ar em quatro tempos e soltar em quatro”, relata Isabella Marucci, ex-aluna do Arquidiocesano, que cursa Administração Pública na Unesp.

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3 - Faça simulados: Além de saber o conteúdo, é importante treinar o formato da prova, acostumar-se com a longa duração, dividir o tempo entre questões. A experiência dos simulados ajuda a ter tranquilidade na prova. 

4 - Durma: Dormir pouco prejudica a consolidação das memórias, provoca sensação de cansaço constante e pode aumentar o estresse. Portanto, nada de trocar o sono pelo estudo, sobretudo na véspera do exame. 

5 - Alimente-se bem: Para muitos, a comida funciona como um escape à tensão. Mas o excesso de alimentos gordurosos, açúcar e cafeína pode interferir na produção hormonal e provocar ainda mais estresse.

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6 - Participe de competições: Esportes ensinam a superar medo e insegurança frente a adversários.

7 - Medite: Pesquisas científicas mostram que a meditação melhora a saúde física e mental. A técnica mais recomendada é chamada mindfulness, ou atenção plena. Bastam 15 minutos por dia.

Diploma mais rápido

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Quando a empresa na qual Michelle Duarte trabalhava decidiu em 2011 internalizar alguns serviços de Recursos Humanos (RH) que antes eram feitos por terceiros, ela viu uma oportunidade de crescer na carreira. Inicialmente, Michelle procurou um bacharelado em Psicologia, mas por recomendação do chefe trocou por uma graduação tecnológica.

“Cheguei a fazer a matrícula em Psicologia, mas meu chefe falou que um curso de gestão de RH seria mais direcionado e me ajudaria a entrar na área”, conta. Ela seguiu o conselho, obteve o diploma em dois anos, e não se arrepende. Mas, depois, cursou o bacharelado em Psicologia. “A escolha depende do momento da carreira”, conta. 

A velocidade com que se obtém o diploma é de fato um grande atrativo nesse tipo de graduação, reconhece Santiago Valverde, coordenador-geral dos cursos tecnológicos da Universidade Paulista (Unip). “Há cursos de dois e três anos, no máximo. O aluno quer sair rápido da faculdade, mas também quer empregabilidade. Como são cursos focados para fornecer mão de obra qualificada para o mercado, o índice de empregabilidade é muito alto”, garante.

Eles são mais curtos porque têm um foco mais restrito. “Você pode, por exemplo, estudar Marketing, Logística ou Recursos Humanos. Numa graduação de Administração, você vai ter conhecimento de todas essas áreas”, exemplifica Valverde. “Como são cursos associados a uma especificidade, é comum pessoas que já trabalham escolherem as graduações tecnológicas, por ser algo que precisam para sua carreira naquele momento.”

Rendimento. O perfil do estudante dos cursos de tecnologia costuma ser um pouco mais velho, pessoas que já atuam na área ou em algum campo correlato. Para Michelle, isso foi uma vantagem. “No curso de Gestão de RH, 90% dos alunos já eram do setor. O diálogo fica muito mais produtivo. No bacharelado, o leque é muito aberto, há várias pessoas sem conhecimento do mercado”, conta.  Apesar de ser uma graduação de nível superior, ainda persiste um certo preconceito contra esse curso rápido em relação ao bacharelado. Isso porque o modelo de ensino do Brasil não privilegia a educação voltada para o mercado de trabalho, diz André Macêdo, coordenador de Ensino Superior de Graduação do Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs. “O modelo brasileiro ainda é antiquado: ou uma pessoa se prepara para pensar e planejar, o bacharel, ou para pôr a mão na massa e fazer, o técnico de nível médio. Essa visão é arraigada na mente das pessoas”, afirma o coordenador do Centro Paula Souza.

Mas o tecnólogo é um profissional que consegue planejar e executar, garante Macêdo. Para ele, essa é a principal característica em comum de seus estudantes. “Vamos abrir um curso voltado para desenhar pranchas de alta qualidade para esportes aquáticos. Nesse caso, o perfil é de jovens que buscam se lançar como empreendedores”, conta o coordenador das Fatecs. “Mas há também alunos na faixa dos 40 anos, em geral alguém que quer assinar projetos ou progredir na carreira.”

O coordenador do Centro Paula Souza também garante que o mercado de trabalho deve se aquecer nos próximos anos para tecnólogos. “Temos planos de expandir o número de vagas. A partir do ano que vem, vamos lançar mais cursos de EAD (ensino a distância)”, afirma Macêdo. 

Voltados para a prática

Se acompanhar a evolução da tecnologia é difícil para estudantes e profissionais, o desafio não é menor nos cursos que ensinam como usar e criar essas ferramentas. Nas graduações tecnológicas, nas quais o foco é uma formação voltada para o mercado de trabalho, o problema geralmente se resolve com a mão na massa. “A grande essência do curso é o laboratório”, diz o professor Luciano Francisco Oliveira, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, um dos mais concorridos na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste (Fatec-ZL), em São Paulo.

A atualização constante se torna um trabalho sem trégua quando o assunto é engenharia de software e outras tecnologias. O curso faz revisões semestrais do currículo, tanto na parte de conteúdos quanto na das metodologias. Na primeira metade de 2018, os professores renovaram as ementas das disciplinas, que descrevem o que o aluno deve aprender em cada aula. 

Hoje são 71 Fatecs em todo o Estado, com 74 cursos. Entre os mais procurados estão Gestão de Negócios e Inovação, Marketing e Automação Industrial. A oferta varia de acordo com o mercado local. Em regiões no interior do Estado onde o agronegócio predomina, por exemplo, há cursos focados na produção de alimentos e na indústria agrícola. Na unidade da Baixada Santista, há vagas para estudar Gestão Portuária. 

Segundo o Centro Paula Souza (CPS), autarquia do governo paulista responsável pelo ensino tecnológico, a regionalização permite absorção dos recém-formados. Uma pesquisa interna do CPS, feita com formandos de 2014 e divulgada em 2016, diz que a empregabilidade dos egressos no ano seguinte à graduação foi de 86%. Para professores, outra explicação para esse taxa é justamente o foco na prática. “O curso é bastante focado para uma expectativa de mercado”, diz Oliveira.

Saiba mais: A principal novidade do vestibular de inverno da Fatec é a inauguração do curso de graduação tecnológica em Design de Mídias Digitais. O curso, oferecido em Barueri, é focado em alunos com interesse em tecnologia, publicidade e marketing.

INSCRIÇÃO: Aberta até 8 de junho VAGAS: 40 por curso DATA DA PROVA: 1º de julho RESULTADO: 20 de julho MENSALIDADE: Gratuito SITE: vestibularfatec.com.br

EAD bate recorde 

Estudantes matriculados em graduações de ensino a distância (EAD) somam quase 1,5 milhão, um recorde histórico. Segundo o Censo do Ensino Superior 2016, último dado oficial disponível, a modalidade tem uma participação de 18,6% do total de matrículas na educação superior no Brasil. Em 2006, o índice era de só 4,2%. Analistas do setor afirmam com segurança que o EAD vai seguir crescendo. 

A oferta tem aumentado porque o Ministério da Educação (MEC) flexibilizou no ano passado as regras para novos polos e permitiu a criação de cursos totalmente online, sem a instituição ter de oferecer o curso na modalidade presencial. “Se antes EAD já chegava a cidades médias, agora vai a cada cantinho do Brasil. É a maneira de dar acesso ao conhecimento para todos”, afirma Betina von Staa, responsável pelo CensoEad.Br da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). 

Ao aspecto de regulamentação soma-se a questão econômica: com a escassez de recursos para programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), os estudantes de baixa renda veem na modalidade uma opção mais acessível. “EAD nunca teve Fies. As instituições tiveram de se adaptar ao mercado, altamente competitivo”, diz Betina. Mas não basta comparar preços, é preciso investigar a qualidade. “Não é tudo a mesma coisa. O candidato deve ver o tipo de tutoria, em que plataformas o conteúdo é oferecido, o apoio presencial, como os trabalhos são cobrados.” 

Em São Paulo é possível cursar EAD gratuitamente, tendo aulas com professores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Embora as primeiras turmas de alunos não tenham se formado ainda, a Universidade Virtual de São Paulo (Univesp) já é referência de EAD. “Visamos a oferecer cursos de extrema qualidade, com investimento em tecnologia e o melhor material didático. E o aluno tem a oportunidade de estudar com alguns dos melhores professores do Brasil”, afirma a presidente da Univesp, Maria Alice Carraturi. 

A permanência dos estudantes ainda é um desafio, reconhece Maria Alice. “Alguns se matriculam esperando que EAD seja mais fácil. É flexível, você pode estudar a qualquer hora, mas é preciso dedicar tempo. Com os prazos, é até mais rígido do que o presencial, porque com o sistema não dá para negociar a entrega.” Quem consegue seguir não tem sofrido preconceito por estudar a distância. “Nossos alunos são mais velhos e quase 90% já estão inseridos no mercado. O que vemos são estudantes deslocados para outras áreas, promovidos, outros abrem a própria empresa.”

SÃO PAULO - Ter um coach para evoluir na carreira já não causa espanto a ninguém no mundo empresarial. Mas agora até mesmo jovens vestibulandos estão buscando ajuda desse tipo de profissional para serem conduzidos ao sucesso nas provas. De forma geral, passar por um processo de coaching para vestibulares significa ter um apoio personalizado para organizar os estudos e se manter motivado.

Professor de cursinho com 30 anos de experiência, Claudio Recco via diariamente os problemas comuns dos jovens nessa fase da vida: insegurança, pressão familiar, estresse, indecisão quanto ao curso e brancos na hora da prova, entre outras questões. “Percebia que muitas vezes a gestão da emoção era mais importante que ensinar conteúdos. Por isso, fui buscar uma formação diferente para me tornar um coach”, conta Recco. 

De acordo com o professor e coach, o principal motivo que leva os estudantes a entrarem num processo de coaching é buscar uma melhor organização dos estudos. A vantagem do coaching sobre outros planejamentos já estruturados, como o dos cursinhos, é a visão individual, personalizada, que o estudante recebe. “As pessoas são diferentes nas habilidades, nos desafios, nos sonhos. O que funciona para um pode não funcionar para outro”, afirma Recco.

Um bom coach deve promover o autoconhecimento, para o jovem que saiba identificar seus pontos fortes e fracos e, com isso, ter um rendimento melhor nos estudos. “Os alunos normalmente contam as horas de estudo, mas é preciso ter qualidade. Alguns, por exemplo, querem ficar sem dormir”, cita o professor. 

Adicional. Até mesmo os cursinhos pré-vestibulares passaram a oferecer esse tipo de serviço aos estudantes. “O coach é mais do que um coordenador pedagógico, porque vai ajudar na dificuldade individualmente. Às vezes um aluno está indo mal em Matemática por causa da interpretação de texto. Então, o encaminho para um professor de Português”, explica Fernando Nisoli, professor de Matemática, pedagogo e coach para vestibulando do cursinho Hexag. 

Para além do lado acadêmico, o coach tem o papel de aumentar a motivação do estudante para os estudos. “O aluno sente muita pressão. Para entrar em Medicina na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, pode errar no máximo dez questões. Ele chega no início do ano com vontade, mas às vezes vai mal em um simulado e acaba se desmotivando. Trabalho com questões emocionais, motivacionais e técnicas”, relata Nisoli. 

Maria Clara de Souza Santos, de 19 anos, que tenta justamente conquistar uma vaga em Medicina, aprovou a experiência do coaching com Nisoli. “Consegui criar uma rotina de estudos para a semana mais produtiva. Também me ajudou muito com as crises de ansiedade que eu tinha. Ele me mostrou que preciso de um tempo para mim, que preciso parar um pouco de vez em quanto”, diz a estudante. 

Mas há limites para a atuação do profissional. O coach não pode assumir o papel de um psicólogo. “Tem alguns jovens com barreiras fortes em alguma matéria por causa de algum trauma na infância. Quando percebo uma questão mais séria, eu encaminho para a psicóloga aqui da escola”, explica Nisoli.

Dicas - Como superar o estresse

Veja aqui como chegar bem até um dia importante e tenso como o vestibular, seguindo estas dicas de Wellington Souza, coordenador do ensino médio do Colégio Arquidiocesano

1 - Exercite-se: No último ano do ensino médio do Colégio Móbile, Fernanda Nishikawa praticava corrida três vezes por semana. “Ficar o dia inteiro só estudando me deixava esgotada”, conta. O exercício libera serotonina e endorfina, hormônios que trazem bem-estar. Deu certo para ela: Fernanda passou na USP, na Unicamp, na Unesp e no Einstein.

2 - Respire com calma: Contra o nervosismo na prova, exercícios de respiração podem ser úteis. “Quando percebia que estava ansiosa, perdendo a concentração, fazia um exercício básico: prender o ar em quatro tempos e soltar em quatro”, relata Isabella Marucci, ex-aluna do Arquidiocesano, que cursa Administração Pública na Unesp.

3 - Faça simulados: Além de saber o conteúdo, é importante treinar o formato da prova, acostumar-se com a longa duração, dividir o tempo entre questões. A experiência dos simulados ajuda a ter tranquilidade na prova. 

4 - Durma: Dormir pouco prejudica a consolidação das memórias, provoca sensação de cansaço constante e pode aumentar o estresse. Portanto, nada de trocar o sono pelo estudo, sobretudo na véspera do exame. 

5 - Alimente-se bem: Para muitos, a comida funciona como um escape à tensão. Mas o excesso de alimentos gordurosos, açúcar e cafeína pode interferir na produção hormonal e provocar ainda mais estresse.

6 - Participe de competições: Esportes ensinam a superar medo e insegurança frente a adversários.

7 - Medite: Pesquisas científicas mostram que a meditação melhora a saúde física e mental. A técnica mais recomendada é chamada mindfulness, ou atenção plena. Bastam 15 minutos por dia.

Diploma mais rápido

Quando a empresa na qual Michelle Duarte trabalhava decidiu em 2011 internalizar alguns serviços de Recursos Humanos (RH) que antes eram feitos por terceiros, ela viu uma oportunidade de crescer na carreira. Inicialmente, Michelle procurou um bacharelado em Psicologia, mas por recomendação do chefe trocou por uma graduação tecnológica.

“Cheguei a fazer a matrícula em Psicologia, mas meu chefe falou que um curso de gestão de RH seria mais direcionado e me ajudaria a entrar na área”, conta. Ela seguiu o conselho, obteve o diploma em dois anos, e não se arrepende. Mas, depois, cursou o bacharelado em Psicologia. “A escolha depende do momento da carreira”, conta. 

A velocidade com que se obtém o diploma é de fato um grande atrativo nesse tipo de graduação, reconhece Santiago Valverde, coordenador-geral dos cursos tecnológicos da Universidade Paulista (Unip). “Há cursos de dois e três anos, no máximo. O aluno quer sair rápido da faculdade, mas também quer empregabilidade. Como são cursos focados para fornecer mão de obra qualificada para o mercado, o índice de empregabilidade é muito alto”, garante.

Eles são mais curtos porque têm um foco mais restrito. “Você pode, por exemplo, estudar Marketing, Logística ou Recursos Humanos. Numa graduação de Administração, você vai ter conhecimento de todas essas áreas”, exemplifica Valverde. “Como são cursos associados a uma especificidade, é comum pessoas que já trabalham escolherem as graduações tecnológicas, por ser algo que precisam para sua carreira naquele momento.”

Rendimento. O perfil do estudante dos cursos de tecnologia costuma ser um pouco mais velho, pessoas que já atuam na área ou em algum campo correlato. Para Michelle, isso foi uma vantagem. “No curso de Gestão de RH, 90% dos alunos já eram do setor. O diálogo fica muito mais produtivo. No bacharelado, o leque é muito aberto, há várias pessoas sem conhecimento do mercado”, conta.  Apesar de ser uma graduação de nível superior, ainda persiste um certo preconceito contra esse curso rápido em relação ao bacharelado. Isso porque o modelo de ensino do Brasil não privilegia a educação voltada para o mercado de trabalho, diz André Macêdo, coordenador de Ensino Superior de Graduação do Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs. “O modelo brasileiro ainda é antiquado: ou uma pessoa se prepara para pensar e planejar, o bacharel, ou para pôr a mão na massa e fazer, o técnico de nível médio. Essa visão é arraigada na mente das pessoas”, afirma o coordenador do Centro Paula Souza.

Mas o tecnólogo é um profissional que consegue planejar e executar, garante Macêdo. Para ele, essa é a principal característica em comum de seus estudantes. “Vamos abrir um curso voltado para desenhar pranchas de alta qualidade para esportes aquáticos. Nesse caso, o perfil é de jovens que buscam se lançar como empreendedores”, conta o coordenador das Fatecs. “Mas há também alunos na faixa dos 40 anos, em geral alguém que quer assinar projetos ou progredir na carreira.”

O coordenador do Centro Paula Souza também garante que o mercado de trabalho deve se aquecer nos próximos anos para tecnólogos. “Temos planos de expandir o número de vagas. A partir do ano que vem, vamos lançar mais cursos de EAD (ensino a distância)”, afirma Macêdo. 

Voltados para a prática

Se acompanhar a evolução da tecnologia é difícil para estudantes e profissionais, o desafio não é menor nos cursos que ensinam como usar e criar essas ferramentas. Nas graduações tecnológicas, nas quais o foco é uma formação voltada para o mercado de trabalho, o problema geralmente se resolve com a mão na massa. “A grande essência do curso é o laboratório”, diz o professor Luciano Francisco Oliveira, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, um dos mais concorridos na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste (Fatec-ZL), em São Paulo.

A atualização constante se torna um trabalho sem trégua quando o assunto é engenharia de software e outras tecnologias. O curso faz revisões semestrais do currículo, tanto na parte de conteúdos quanto na das metodologias. Na primeira metade de 2018, os professores renovaram as ementas das disciplinas, que descrevem o que o aluno deve aprender em cada aula. 

Hoje são 71 Fatecs em todo o Estado, com 74 cursos. Entre os mais procurados estão Gestão de Negócios e Inovação, Marketing e Automação Industrial. A oferta varia de acordo com o mercado local. Em regiões no interior do Estado onde o agronegócio predomina, por exemplo, há cursos focados na produção de alimentos e na indústria agrícola. Na unidade da Baixada Santista, há vagas para estudar Gestão Portuária. 

Segundo o Centro Paula Souza (CPS), autarquia do governo paulista responsável pelo ensino tecnológico, a regionalização permite absorção dos recém-formados. Uma pesquisa interna do CPS, feita com formandos de 2014 e divulgada em 2016, diz que a empregabilidade dos egressos no ano seguinte à graduação foi de 86%. Para professores, outra explicação para esse taxa é justamente o foco na prática. “O curso é bastante focado para uma expectativa de mercado”, diz Oliveira.

Saiba mais: A principal novidade do vestibular de inverno da Fatec é a inauguração do curso de graduação tecnológica em Design de Mídias Digitais. O curso, oferecido em Barueri, é focado em alunos com interesse em tecnologia, publicidade e marketing.

INSCRIÇÃO: Aberta até 8 de junho VAGAS: 40 por curso DATA DA PROVA: 1º de julho RESULTADO: 20 de julho MENSALIDADE: Gratuito SITE: vestibularfatec.com.br

EAD bate recorde 

Estudantes matriculados em graduações de ensino a distância (EAD) somam quase 1,5 milhão, um recorde histórico. Segundo o Censo do Ensino Superior 2016, último dado oficial disponível, a modalidade tem uma participação de 18,6% do total de matrículas na educação superior no Brasil. Em 2006, o índice era de só 4,2%. Analistas do setor afirmam com segurança que o EAD vai seguir crescendo. 

A oferta tem aumentado porque o Ministério da Educação (MEC) flexibilizou no ano passado as regras para novos polos e permitiu a criação de cursos totalmente online, sem a instituição ter de oferecer o curso na modalidade presencial. “Se antes EAD já chegava a cidades médias, agora vai a cada cantinho do Brasil. É a maneira de dar acesso ao conhecimento para todos”, afirma Betina von Staa, responsável pelo CensoEad.Br da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). 

Ao aspecto de regulamentação soma-se a questão econômica: com a escassez de recursos para programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), os estudantes de baixa renda veem na modalidade uma opção mais acessível. “EAD nunca teve Fies. As instituições tiveram de se adaptar ao mercado, altamente competitivo”, diz Betina. Mas não basta comparar preços, é preciso investigar a qualidade. “Não é tudo a mesma coisa. O candidato deve ver o tipo de tutoria, em que plataformas o conteúdo é oferecido, o apoio presencial, como os trabalhos são cobrados.” 

Em São Paulo é possível cursar EAD gratuitamente, tendo aulas com professores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Embora as primeiras turmas de alunos não tenham se formado ainda, a Universidade Virtual de São Paulo (Univesp) já é referência de EAD. “Visamos a oferecer cursos de extrema qualidade, com investimento em tecnologia e o melhor material didático. E o aluno tem a oportunidade de estudar com alguns dos melhores professores do Brasil”, afirma a presidente da Univesp, Maria Alice Carraturi. 

A permanência dos estudantes ainda é um desafio, reconhece Maria Alice. “Alguns se matriculam esperando que EAD seja mais fácil. É flexível, você pode estudar a qualquer hora, mas é preciso dedicar tempo. Com os prazos, é até mais rígido do que o presencial, porque com o sistema não dá para negociar a entrega.” Quem consegue seguir não tem sofrido preconceito por estudar a distância. “Nossos alunos são mais velhos e quase 90% já estão inseridos no mercado. O que vemos são estudantes deslocados para outras áreas, promovidos, outros abrem a própria empresa.”

SÃO PAULO - Ter um coach para evoluir na carreira já não causa espanto a ninguém no mundo empresarial. Mas agora até mesmo jovens vestibulandos estão buscando ajuda desse tipo de profissional para serem conduzidos ao sucesso nas provas. De forma geral, passar por um processo de coaching para vestibulares significa ter um apoio personalizado para organizar os estudos e se manter motivado.

Professor de cursinho com 30 anos de experiência, Claudio Recco via diariamente os problemas comuns dos jovens nessa fase da vida: insegurança, pressão familiar, estresse, indecisão quanto ao curso e brancos na hora da prova, entre outras questões. “Percebia que muitas vezes a gestão da emoção era mais importante que ensinar conteúdos. Por isso, fui buscar uma formação diferente para me tornar um coach”, conta Recco. 

De acordo com o professor e coach, o principal motivo que leva os estudantes a entrarem num processo de coaching é buscar uma melhor organização dos estudos. A vantagem do coaching sobre outros planejamentos já estruturados, como o dos cursinhos, é a visão individual, personalizada, que o estudante recebe. “As pessoas são diferentes nas habilidades, nos desafios, nos sonhos. O que funciona para um pode não funcionar para outro”, afirma Recco.

Um bom coach deve promover o autoconhecimento, para o jovem que saiba identificar seus pontos fortes e fracos e, com isso, ter um rendimento melhor nos estudos. “Os alunos normalmente contam as horas de estudo, mas é preciso ter qualidade. Alguns, por exemplo, querem ficar sem dormir”, cita o professor. 

Adicional. Até mesmo os cursinhos pré-vestibulares passaram a oferecer esse tipo de serviço aos estudantes. “O coach é mais do que um coordenador pedagógico, porque vai ajudar na dificuldade individualmente. Às vezes um aluno está indo mal em Matemática por causa da interpretação de texto. Então, o encaminho para um professor de Português”, explica Fernando Nisoli, professor de Matemática, pedagogo e coach para vestibulando do cursinho Hexag. 

Para além do lado acadêmico, o coach tem o papel de aumentar a motivação do estudante para os estudos. “O aluno sente muita pressão. Para entrar em Medicina na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, pode errar no máximo dez questões. Ele chega no início do ano com vontade, mas às vezes vai mal em um simulado e acaba se desmotivando. Trabalho com questões emocionais, motivacionais e técnicas”, relata Nisoli. 

Maria Clara de Souza Santos, de 19 anos, que tenta justamente conquistar uma vaga em Medicina, aprovou a experiência do coaching com Nisoli. “Consegui criar uma rotina de estudos para a semana mais produtiva. Também me ajudou muito com as crises de ansiedade que eu tinha. Ele me mostrou que preciso de um tempo para mim, que preciso parar um pouco de vez em quanto”, diz a estudante. 

Mas há limites para a atuação do profissional. O coach não pode assumir o papel de um psicólogo. “Tem alguns jovens com barreiras fortes em alguma matéria por causa de algum trauma na infância. Quando percebo uma questão mais séria, eu encaminho para a psicóloga aqui da escola”, explica Nisoli.

Dicas - Como superar o estresse

Veja aqui como chegar bem até um dia importante e tenso como o vestibular, seguindo estas dicas de Wellington Souza, coordenador do ensino médio do Colégio Arquidiocesano

1 - Exercite-se: No último ano do ensino médio do Colégio Móbile, Fernanda Nishikawa praticava corrida três vezes por semana. “Ficar o dia inteiro só estudando me deixava esgotada”, conta. O exercício libera serotonina e endorfina, hormônios que trazem bem-estar. Deu certo para ela: Fernanda passou na USP, na Unicamp, na Unesp e no Einstein.

2 - Respire com calma: Contra o nervosismo na prova, exercícios de respiração podem ser úteis. “Quando percebia que estava ansiosa, perdendo a concentração, fazia um exercício básico: prender o ar em quatro tempos e soltar em quatro”, relata Isabella Marucci, ex-aluna do Arquidiocesano, que cursa Administração Pública na Unesp.

3 - Faça simulados: Além de saber o conteúdo, é importante treinar o formato da prova, acostumar-se com a longa duração, dividir o tempo entre questões. A experiência dos simulados ajuda a ter tranquilidade na prova. 

4 - Durma: Dormir pouco prejudica a consolidação das memórias, provoca sensação de cansaço constante e pode aumentar o estresse. Portanto, nada de trocar o sono pelo estudo, sobretudo na véspera do exame. 

5 - Alimente-se bem: Para muitos, a comida funciona como um escape à tensão. Mas o excesso de alimentos gordurosos, açúcar e cafeína pode interferir na produção hormonal e provocar ainda mais estresse.

6 - Participe de competições: Esportes ensinam a superar medo e insegurança frente a adversários.

7 - Medite: Pesquisas científicas mostram que a meditação melhora a saúde física e mental. A técnica mais recomendada é chamada mindfulness, ou atenção plena. Bastam 15 minutos por dia.

Diploma mais rápido

Quando a empresa na qual Michelle Duarte trabalhava decidiu em 2011 internalizar alguns serviços de Recursos Humanos (RH) que antes eram feitos por terceiros, ela viu uma oportunidade de crescer na carreira. Inicialmente, Michelle procurou um bacharelado em Psicologia, mas por recomendação do chefe trocou por uma graduação tecnológica.

“Cheguei a fazer a matrícula em Psicologia, mas meu chefe falou que um curso de gestão de RH seria mais direcionado e me ajudaria a entrar na área”, conta. Ela seguiu o conselho, obteve o diploma em dois anos, e não se arrepende. Mas, depois, cursou o bacharelado em Psicologia. “A escolha depende do momento da carreira”, conta. 

A velocidade com que se obtém o diploma é de fato um grande atrativo nesse tipo de graduação, reconhece Santiago Valverde, coordenador-geral dos cursos tecnológicos da Universidade Paulista (Unip). “Há cursos de dois e três anos, no máximo. O aluno quer sair rápido da faculdade, mas também quer empregabilidade. Como são cursos focados para fornecer mão de obra qualificada para o mercado, o índice de empregabilidade é muito alto”, garante.

Eles são mais curtos porque têm um foco mais restrito. “Você pode, por exemplo, estudar Marketing, Logística ou Recursos Humanos. Numa graduação de Administração, você vai ter conhecimento de todas essas áreas”, exemplifica Valverde. “Como são cursos associados a uma especificidade, é comum pessoas que já trabalham escolherem as graduações tecnológicas, por ser algo que precisam para sua carreira naquele momento.”

Rendimento. O perfil do estudante dos cursos de tecnologia costuma ser um pouco mais velho, pessoas que já atuam na área ou em algum campo correlato. Para Michelle, isso foi uma vantagem. “No curso de Gestão de RH, 90% dos alunos já eram do setor. O diálogo fica muito mais produtivo. No bacharelado, o leque é muito aberto, há várias pessoas sem conhecimento do mercado”, conta.  Apesar de ser uma graduação de nível superior, ainda persiste um certo preconceito contra esse curso rápido em relação ao bacharelado. Isso porque o modelo de ensino do Brasil não privilegia a educação voltada para o mercado de trabalho, diz André Macêdo, coordenador de Ensino Superior de Graduação do Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs. “O modelo brasileiro ainda é antiquado: ou uma pessoa se prepara para pensar e planejar, o bacharel, ou para pôr a mão na massa e fazer, o técnico de nível médio. Essa visão é arraigada na mente das pessoas”, afirma o coordenador do Centro Paula Souza.

Mas o tecnólogo é um profissional que consegue planejar e executar, garante Macêdo. Para ele, essa é a principal característica em comum de seus estudantes. “Vamos abrir um curso voltado para desenhar pranchas de alta qualidade para esportes aquáticos. Nesse caso, o perfil é de jovens que buscam se lançar como empreendedores”, conta o coordenador das Fatecs. “Mas há também alunos na faixa dos 40 anos, em geral alguém que quer assinar projetos ou progredir na carreira.”

O coordenador do Centro Paula Souza também garante que o mercado de trabalho deve se aquecer nos próximos anos para tecnólogos. “Temos planos de expandir o número de vagas. A partir do ano que vem, vamos lançar mais cursos de EAD (ensino a distância)”, afirma Macêdo. 

Voltados para a prática

Se acompanhar a evolução da tecnologia é difícil para estudantes e profissionais, o desafio não é menor nos cursos que ensinam como usar e criar essas ferramentas. Nas graduações tecnológicas, nas quais o foco é uma formação voltada para o mercado de trabalho, o problema geralmente se resolve com a mão na massa. “A grande essência do curso é o laboratório”, diz o professor Luciano Francisco Oliveira, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, um dos mais concorridos na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste (Fatec-ZL), em São Paulo.

A atualização constante se torna um trabalho sem trégua quando o assunto é engenharia de software e outras tecnologias. O curso faz revisões semestrais do currículo, tanto na parte de conteúdos quanto na das metodologias. Na primeira metade de 2018, os professores renovaram as ementas das disciplinas, que descrevem o que o aluno deve aprender em cada aula. 

Hoje são 71 Fatecs em todo o Estado, com 74 cursos. Entre os mais procurados estão Gestão de Negócios e Inovação, Marketing e Automação Industrial. A oferta varia de acordo com o mercado local. Em regiões no interior do Estado onde o agronegócio predomina, por exemplo, há cursos focados na produção de alimentos e na indústria agrícola. Na unidade da Baixada Santista, há vagas para estudar Gestão Portuária. 

Segundo o Centro Paula Souza (CPS), autarquia do governo paulista responsável pelo ensino tecnológico, a regionalização permite absorção dos recém-formados. Uma pesquisa interna do CPS, feita com formandos de 2014 e divulgada em 2016, diz que a empregabilidade dos egressos no ano seguinte à graduação foi de 86%. Para professores, outra explicação para esse taxa é justamente o foco na prática. “O curso é bastante focado para uma expectativa de mercado”, diz Oliveira.

Saiba mais: A principal novidade do vestibular de inverno da Fatec é a inauguração do curso de graduação tecnológica em Design de Mídias Digitais. O curso, oferecido em Barueri, é focado em alunos com interesse em tecnologia, publicidade e marketing.

INSCRIÇÃO: Aberta até 8 de junho VAGAS: 40 por curso DATA DA PROVA: 1º de julho RESULTADO: 20 de julho MENSALIDADE: Gratuito SITE: vestibularfatec.com.br

EAD bate recorde 

Estudantes matriculados em graduações de ensino a distância (EAD) somam quase 1,5 milhão, um recorde histórico. Segundo o Censo do Ensino Superior 2016, último dado oficial disponível, a modalidade tem uma participação de 18,6% do total de matrículas na educação superior no Brasil. Em 2006, o índice era de só 4,2%. Analistas do setor afirmam com segurança que o EAD vai seguir crescendo. 

A oferta tem aumentado porque o Ministério da Educação (MEC) flexibilizou no ano passado as regras para novos polos e permitiu a criação de cursos totalmente online, sem a instituição ter de oferecer o curso na modalidade presencial. “Se antes EAD já chegava a cidades médias, agora vai a cada cantinho do Brasil. É a maneira de dar acesso ao conhecimento para todos”, afirma Betina von Staa, responsável pelo CensoEad.Br da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). 

Ao aspecto de regulamentação soma-se a questão econômica: com a escassez de recursos para programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), os estudantes de baixa renda veem na modalidade uma opção mais acessível. “EAD nunca teve Fies. As instituições tiveram de se adaptar ao mercado, altamente competitivo”, diz Betina. Mas não basta comparar preços, é preciso investigar a qualidade. “Não é tudo a mesma coisa. O candidato deve ver o tipo de tutoria, em que plataformas o conteúdo é oferecido, o apoio presencial, como os trabalhos são cobrados.” 

Em São Paulo é possível cursar EAD gratuitamente, tendo aulas com professores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Embora as primeiras turmas de alunos não tenham se formado ainda, a Universidade Virtual de São Paulo (Univesp) já é referência de EAD. “Visamos a oferecer cursos de extrema qualidade, com investimento em tecnologia e o melhor material didático. E o aluno tem a oportunidade de estudar com alguns dos melhores professores do Brasil”, afirma a presidente da Univesp, Maria Alice Carraturi. 

A permanência dos estudantes ainda é um desafio, reconhece Maria Alice. “Alguns se matriculam esperando que EAD seja mais fácil. É flexível, você pode estudar a qualquer hora, mas é preciso dedicar tempo. Com os prazos, é até mais rígido do que o presencial, porque com o sistema não dá para negociar a entrega.” Quem consegue seguir não tem sofrido preconceito por estudar a distância. “Nossos alunos são mais velhos e quase 90% já estão inseridos no mercado. O que vemos são estudantes deslocados para outras áreas, promovidos, outros abrem a própria empresa.”

SÃO PAULO - Ter um coach para evoluir na carreira já não causa espanto a ninguém no mundo empresarial. Mas agora até mesmo jovens vestibulandos estão buscando ajuda desse tipo de profissional para serem conduzidos ao sucesso nas provas. De forma geral, passar por um processo de coaching para vestibulares significa ter um apoio personalizado para organizar os estudos e se manter motivado.

Professor de cursinho com 30 anos de experiência, Claudio Recco via diariamente os problemas comuns dos jovens nessa fase da vida: insegurança, pressão familiar, estresse, indecisão quanto ao curso e brancos na hora da prova, entre outras questões. “Percebia que muitas vezes a gestão da emoção era mais importante que ensinar conteúdos. Por isso, fui buscar uma formação diferente para me tornar um coach”, conta Recco. 

De acordo com o professor e coach, o principal motivo que leva os estudantes a entrarem num processo de coaching é buscar uma melhor organização dos estudos. A vantagem do coaching sobre outros planejamentos já estruturados, como o dos cursinhos, é a visão individual, personalizada, que o estudante recebe. “As pessoas são diferentes nas habilidades, nos desafios, nos sonhos. O que funciona para um pode não funcionar para outro”, afirma Recco.

Um bom coach deve promover o autoconhecimento, para o jovem que saiba identificar seus pontos fortes e fracos e, com isso, ter um rendimento melhor nos estudos. “Os alunos normalmente contam as horas de estudo, mas é preciso ter qualidade. Alguns, por exemplo, querem ficar sem dormir”, cita o professor. 

Adicional. Até mesmo os cursinhos pré-vestibulares passaram a oferecer esse tipo de serviço aos estudantes. “O coach é mais do que um coordenador pedagógico, porque vai ajudar na dificuldade individualmente. Às vezes um aluno está indo mal em Matemática por causa da interpretação de texto. Então, o encaminho para um professor de Português”, explica Fernando Nisoli, professor de Matemática, pedagogo e coach para vestibulando do cursinho Hexag. 

Para além do lado acadêmico, o coach tem o papel de aumentar a motivação do estudante para os estudos. “O aluno sente muita pressão. Para entrar em Medicina na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, pode errar no máximo dez questões. Ele chega no início do ano com vontade, mas às vezes vai mal em um simulado e acaba se desmotivando. Trabalho com questões emocionais, motivacionais e técnicas”, relata Nisoli. 

Maria Clara de Souza Santos, de 19 anos, que tenta justamente conquistar uma vaga em Medicina, aprovou a experiência do coaching com Nisoli. “Consegui criar uma rotina de estudos para a semana mais produtiva. Também me ajudou muito com as crises de ansiedade que eu tinha. Ele me mostrou que preciso de um tempo para mim, que preciso parar um pouco de vez em quanto”, diz a estudante. 

Mas há limites para a atuação do profissional. O coach não pode assumir o papel de um psicólogo. “Tem alguns jovens com barreiras fortes em alguma matéria por causa de algum trauma na infância. Quando percebo uma questão mais séria, eu encaminho para a psicóloga aqui da escola”, explica Nisoli.

Dicas - Como superar o estresse

Veja aqui como chegar bem até um dia importante e tenso como o vestibular, seguindo estas dicas de Wellington Souza, coordenador do ensino médio do Colégio Arquidiocesano

1 - Exercite-se: No último ano do ensino médio do Colégio Móbile, Fernanda Nishikawa praticava corrida três vezes por semana. “Ficar o dia inteiro só estudando me deixava esgotada”, conta. O exercício libera serotonina e endorfina, hormônios que trazem bem-estar. Deu certo para ela: Fernanda passou na USP, na Unicamp, na Unesp e no Einstein.

2 - Respire com calma: Contra o nervosismo na prova, exercícios de respiração podem ser úteis. “Quando percebia que estava ansiosa, perdendo a concentração, fazia um exercício básico: prender o ar em quatro tempos e soltar em quatro”, relata Isabella Marucci, ex-aluna do Arquidiocesano, que cursa Administração Pública na Unesp.

3 - Faça simulados: Além de saber o conteúdo, é importante treinar o formato da prova, acostumar-se com a longa duração, dividir o tempo entre questões. A experiência dos simulados ajuda a ter tranquilidade na prova. 

4 - Durma: Dormir pouco prejudica a consolidação das memórias, provoca sensação de cansaço constante e pode aumentar o estresse. Portanto, nada de trocar o sono pelo estudo, sobretudo na véspera do exame. 

5 - Alimente-se bem: Para muitos, a comida funciona como um escape à tensão. Mas o excesso de alimentos gordurosos, açúcar e cafeína pode interferir na produção hormonal e provocar ainda mais estresse.

6 - Participe de competições: Esportes ensinam a superar medo e insegurança frente a adversários.

7 - Medite: Pesquisas científicas mostram que a meditação melhora a saúde física e mental. A técnica mais recomendada é chamada mindfulness, ou atenção plena. Bastam 15 minutos por dia.

Diploma mais rápido

Quando a empresa na qual Michelle Duarte trabalhava decidiu em 2011 internalizar alguns serviços de Recursos Humanos (RH) que antes eram feitos por terceiros, ela viu uma oportunidade de crescer na carreira. Inicialmente, Michelle procurou um bacharelado em Psicologia, mas por recomendação do chefe trocou por uma graduação tecnológica.

“Cheguei a fazer a matrícula em Psicologia, mas meu chefe falou que um curso de gestão de RH seria mais direcionado e me ajudaria a entrar na área”, conta. Ela seguiu o conselho, obteve o diploma em dois anos, e não se arrepende. Mas, depois, cursou o bacharelado em Psicologia. “A escolha depende do momento da carreira”, conta. 

A velocidade com que se obtém o diploma é de fato um grande atrativo nesse tipo de graduação, reconhece Santiago Valverde, coordenador-geral dos cursos tecnológicos da Universidade Paulista (Unip). “Há cursos de dois e três anos, no máximo. O aluno quer sair rápido da faculdade, mas também quer empregabilidade. Como são cursos focados para fornecer mão de obra qualificada para o mercado, o índice de empregabilidade é muito alto”, garante.

Eles são mais curtos porque têm um foco mais restrito. “Você pode, por exemplo, estudar Marketing, Logística ou Recursos Humanos. Numa graduação de Administração, você vai ter conhecimento de todas essas áreas”, exemplifica Valverde. “Como são cursos associados a uma especificidade, é comum pessoas que já trabalham escolherem as graduações tecnológicas, por ser algo que precisam para sua carreira naquele momento.”

Rendimento. O perfil do estudante dos cursos de tecnologia costuma ser um pouco mais velho, pessoas que já atuam na área ou em algum campo correlato. Para Michelle, isso foi uma vantagem. “No curso de Gestão de RH, 90% dos alunos já eram do setor. O diálogo fica muito mais produtivo. No bacharelado, o leque é muito aberto, há várias pessoas sem conhecimento do mercado”, conta.  Apesar de ser uma graduação de nível superior, ainda persiste um certo preconceito contra esse curso rápido em relação ao bacharelado. Isso porque o modelo de ensino do Brasil não privilegia a educação voltada para o mercado de trabalho, diz André Macêdo, coordenador de Ensino Superior de Graduação do Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs. “O modelo brasileiro ainda é antiquado: ou uma pessoa se prepara para pensar e planejar, o bacharel, ou para pôr a mão na massa e fazer, o técnico de nível médio. Essa visão é arraigada na mente das pessoas”, afirma o coordenador do Centro Paula Souza.

Mas o tecnólogo é um profissional que consegue planejar e executar, garante Macêdo. Para ele, essa é a principal característica em comum de seus estudantes. “Vamos abrir um curso voltado para desenhar pranchas de alta qualidade para esportes aquáticos. Nesse caso, o perfil é de jovens que buscam se lançar como empreendedores”, conta o coordenador das Fatecs. “Mas há também alunos na faixa dos 40 anos, em geral alguém que quer assinar projetos ou progredir na carreira.”

O coordenador do Centro Paula Souza também garante que o mercado de trabalho deve se aquecer nos próximos anos para tecnólogos. “Temos planos de expandir o número de vagas. A partir do ano que vem, vamos lançar mais cursos de EAD (ensino a distância)”, afirma Macêdo. 

Voltados para a prática

Se acompanhar a evolução da tecnologia é difícil para estudantes e profissionais, o desafio não é menor nos cursos que ensinam como usar e criar essas ferramentas. Nas graduações tecnológicas, nas quais o foco é uma formação voltada para o mercado de trabalho, o problema geralmente se resolve com a mão na massa. “A grande essência do curso é o laboratório”, diz o professor Luciano Francisco Oliveira, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, um dos mais concorridos na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste (Fatec-ZL), em São Paulo.

A atualização constante se torna um trabalho sem trégua quando o assunto é engenharia de software e outras tecnologias. O curso faz revisões semestrais do currículo, tanto na parte de conteúdos quanto na das metodologias. Na primeira metade de 2018, os professores renovaram as ementas das disciplinas, que descrevem o que o aluno deve aprender em cada aula. 

Hoje são 71 Fatecs em todo o Estado, com 74 cursos. Entre os mais procurados estão Gestão de Negócios e Inovação, Marketing e Automação Industrial. A oferta varia de acordo com o mercado local. Em regiões no interior do Estado onde o agronegócio predomina, por exemplo, há cursos focados na produção de alimentos e na indústria agrícola. Na unidade da Baixada Santista, há vagas para estudar Gestão Portuária. 

Segundo o Centro Paula Souza (CPS), autarquia do governo paulista responsável pelo ensino tecnológico, a regionalização permite absorção dos recém-formados. Uma pesquisa interna do CPS, feita com formandos de 2014 e divulgada em 2016, diz que a empregabilidade dos egressos no ano seguinte à graduação foi de 86%. Para professores, outra explicação para esse taxa é justamente o foco na prática. “O curso é bastante focado para uma expectativa de mercado”, diz Oliveira.

Saiba mais: A principal novidade do vestibular de inverno da Fatec é a inauguração do curso de graduação tecnológica em Design de Mídias Digitais. O curso, oferecido em Barueri, é focado em alunos com interesse em tecnologia, publicidade e marketing.

INSCRIÇÃO: Aberta até 8 de junho VAGAS: 40 por curso DATA DA PROVA: 1º de julho RESULTADO: 20 de julho MENSALIDADE: Gratuito SITE: vestibularfatec.com.br

EAD bate recorde 

Estudantes matriculados em graduações de ensino a distância (EAD) somam quase 1,5 milhão, um recorde histórico. Segundo o Censo do Ensino Superior 2016, último dado oficial disponível, a modalidade tem uma participação de 18,6% do total de matrículas na educação superior no Brasil. Em 2006, o índice era de só 4,2%. Analistas do setor afirmam com segurança que o EAD vai seguir crescendo. 

A oferta tem aumentado porque o Ministério da Educação (MEC) flexibilizou no ano passado as regras para novos polos e permitiu a criação de cursos totalmente online, sem a instituição ter de oferecer o curso na modalidade presencial. “Se antes EAD já chegava a cidades médias, agora vai a cada cantinho do Brasil. É a maneira de dar acesso ao conhecimento para todos”, afirma Betina von Staa, responsável pelo CensoEad.Br da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). 

Ao aspecto de regulamentação soma-se a questão econômica: com a escassez de recursos para programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), os estudantes de baixa renda veem na modalidade uma opção mais acessível. “EAD nunca teve Fies. As instituições tiveram de se adaptar ao mercado, altamente competitivo”, diz Betina. Mas não basta comparar preços, é preciso investigar a qualidade. “Não é tudo a mesma coisa. O candidato deve ver o tipo de tutoria, em que plataformas o conteúdo é oferecido, o apoio presencial, como os trabalhos são cobrados.” 

Em São Paulo é possível cursar EAD gratuitamente, tendo aulas com professores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Embora as primeiras turmas de alunos não tenham se formado ainda, a Universidade Virtual de São Paulo (Univesp) já é referência de EAD. “Visamos a oferecer cursos de extrema qualidade, com investimento em tecnologia e o melhor material didático. E o aluno tem a oportunidade de estudar com alguns dos melhores professores do Brasil”, afirma a presidente da Univesp, Maria Alice Carraturi. 

A permanência dos estudantes ainda é um desafio, reconhece Maria Alice. “Alguns se matriculam esperando que EAD seja mais fácil. É flexível, você pode estudar a qualquer hora, mas é preciso dedicar tempo. Com os prazos, é até mais rígido do que o presencial, porque com o sistema não dá para negociar a entrega.” Quem consegue seguir não tem sofrido preconceito por estudar a distância. “Nossos alunos são mais velhos e quase 90% já estão inseridos no mercado. O que vemos são estudantes deslocados para outras áreas, promovidos, outros abrem a própria empresa.”

SÃO PAULO - Ter um coach para evoluir na carreira já não causa espanto a ninguém no mundo empresarial. Mas agora até mesmo jovens vestibulandos estão buscando ajuda desse tipo de profissional para serem conduzidos ao sucesso nas provas. De forma geral, passar por um processo de coaching para vestibulares significa ter um apoio personalizado para organizar os estudos e se manter motivado.

Professor de cursinho com 30 anos de experiência, Claudio Recco via diariamente os problemas comuns dos jovens nessa fase da vida: insegurança, pressão familiar, estresse, indecisão quanto ao curso e brancos na hora da prova, entre outras questões. “Percebia que muitas vezes a gestão da emoção era mais importante que ensinar conteúdos. Por isso, fui buscar uma formação diferente para me tornar um coach”, conta Recco. 

De acordo com o professor e coach, o principal motivo que leva os estudantes a entrarem num processo de coaching é buscar uma melhor organização dos estudos. A vantagem do coaching sobre outros planejamentos já estruturados, como o dos cursinhos, é a visão individual, personalizada, que o estudante recebe. “As pessoas são diferentes nas habilidades, nos desafios, nos sonhos. O que funciona para um pode não funcionar para outro”, afirma Recco.

Um bom coach deve promover o autoconhecimento, para o jovem que saiba identificar seus pontos fortes e fracos e, com isso, ter um rendimento melhor nos estudos. “Os alunos normalmente contam as horas de estudo, mas é preciso ter qualidade. Alguns, por exemplo, querem ficar sem dormir”, cita o professor. 

Adicional. Até mesmo os cursinhos pré-vestibulares passaram a oferecer esse tipo de serviço aos estudantes. “O coach é mais do que um coordenador pedagógico, porque vai ajudar na dificuldade individualmente. Às vezes um aluno está indo mal em Matemática por causa da interpretação de texto. Então, o encaminho para um professor de Português”, explica Fernando Nisoli, professor de Matemática, pedagogo e coach para vestibulando do cursinho Hexag. 

Para além do lado acadêmico, o coach tem o papel de aumentar a motivação do estudante para os estudos. “O aluno sente muita pressão. Para entrar em Medicina na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, pode errar no máximo dez questões. Ele chega no início do ano com vontade, mas às vezes vai mal em um simulado e acaba se desmotivando. Trabalho com questões emocionais, motivacionais e técnicas”, relata Nisoli. 

Maria Clara de Souza Santos, de 19 anos, que tenta justamente conquistar uma vaga em Medicina, aprovou a experiência do coaching com Nisoli. “Consegui criar uma rotina de estudos para a semana mais produtiva. Também me ajudou muito com as crises de ansiedade que eu tinha. Ele me mostrou que preciso de um tempo para mim, que preciso parar um pouco de vez em quanto”, diz a estudante. 

Mas há limites para a atuação do profissional. O coach não pode assumir o papel de um psicólogo. “Tem alguns jovens com barreiras fortes em alguma matéria por causa de algum trauma na infância. Quando percebo uma questão mais séria, eu encaminho para a psicóloga aqui da escola”, explica Nisoli.

Dicas - Como superar o estresse

Veja aqui como chegar bem até um dia importante e tenso como o vestibular, seguindo estas dicas de Wellington Souza, coordenador do ensino médio do Colégio Arquidiocesano

1 - Exercite-se: No último ano do ensino médio do Colégio Móbile, Fernanda Nishikawa praticava corrida três vezes por semana. “Ficar o dia inteiro só estudando me deixava esgotada”, conta. O exercício libera serotonina e endorfina, hormônios que trazem bem-estar. Deu certo para ela: Fernanda passou na USP, na Unicamp, na Unesp e no Einstein.

2 - Respire com calma: Contra o nervosismo na prova, exercícios de respiração podem ser úteis. “Quando percebia que estava ansiosa, perdendo a concentração, fazia um exercício básico: prender o ar em quatro tempos e soltar em quatro”, relata Isabella Marucci, ex-aluna do Arquidiocesano, que cursa Administração Pública na Unesp.

3 - Faça simulados: Além de saber o conteúdo, é importante treinar o formato da prova, acostumar-se com a longa duração, dividir o tempo entre questões. A experiência dos simulados ajuda a ter tranquilidade na prova. 

4 - Durma: Dormir pouco prejudica a consolidação das memórias, provoca sensação de cansaço constante e pode aumentar o estresse. Portanto, nada de trocar o sono pelo estudo, sobretudo na véspera do exame. 

5 - Alimente-se bem: Para muitos, a comida funciona como um escape à tensão. Mas o excesso de alimentos gordurosos, açúcar e cafeína pode interferir na produção hormonal e provocar ainda mais estresse.

6 - Participe de competições: Esportes ensinam a superar medo e insegurança frente a adversários.

7 - Medite: Pesquisas científicas mostram que a meditação melhora a saúde física e mental. A técnica mais recomendada é chamada mindfulness, ou atenção plena. Bastam 15 minutos por dia.

Diploma mais rápido

Quando a empresa na qual Michelle Duarte trabalhava decidiu em 2011 internalizar alguns serviços de Recursos Humanos (RH) que antes eram feitos por terceiros, ela viu uma oportunidade de crescer na carreira. Inicialmente, Michelle procurou um bacharelado em Psicologia, mas por recomendação do chefe trocou por uma graduação tecnológica.

“Cheguei a fazer a matrícula em Psicologia, mas meu chefe falou que um curso de gestão de RH seria mais direcionado e me ajudaria a entrar na área”, conta. Ela seguiu o conselho, obteve o diploma em dois anos, e não se arrepende. Mas, depois, cursou o bacharelado em Psicologia. “A escolha depende do momento da carreira”, conta. 

A velocidade com que se obtém o diploma é de fato um grande atrativo nesse tipo de graduação, reconhece Santiago Valverde, coordenador-geral dos cursos tecnológicos da Universidade Paulista (Unip). “Há cursos de dois e três anos, no máximo. O aluno quer sair rápido da faculdade, mas também quer empregabilidade. Como são cursos focados para fornecer mão de obra qualificada para o mercado, o índice de empregabilidade é muito alto”, garante.

Eles são mais curtos porque têm um foco mais restrito. “Você pode, por exemplo, estudar Marketing, Logística ou Recursos Humanos. Numa graduação de Administração, você vai ter conhecimento de todas essas áreas”, exemplifica Valverde. “Como são cursos associados a uma especificidade, é comum pessoas que já trabalham escolherem as graduações tecnológicas, por ser algo que precisam para sua carreira naquele momento.”

Rendimento. O perfil do estudante dos cursos de tecnologia costuma ser um pouco mais velho, pessoas que já atuam na área ou em algum campo correlato. Para Michelle, isso foi uma vantagem. “No curso de Gestão de RH, 90% dos alunos já eram do setor. O diálogo fica muito mais produtivo. No bacharelado, o leque é muito aberto, há várias pessoas sem conhecimento do mercado”, conta.  Apesar de ser uma graduação de nível superior, ainda persiste um certo preconceito contra esse curso rápido em relação ao bacharelado. Isso porque o modelo de ensino do Brasil não privilegia a educação voltada para o mercado de trabalho, diz André Macêdo, coordenador de Ensino Superior de Graduação do Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs. “O modelo brasileiro ainda é antiquado: ou uma pessoa se prepara para pensar e planejar, o bacharel, ou para pôr a mão na massa e fazer, o técnico de nível médio. Essa visão é arraigada na mente das pessoas”, afirma o coordenador do Centro Paula Souza.

Mas o tecnólogo é um profissional que consegue planejar e executar, garante Macêdo. Para ele, essa é a principal característica em comum de seus estudantes. “Vamos abrir um curso voltado para desenhar pranchas de alta qualidade para esportes aquáticos. Nesse caso, o perfil é de jovens que buscam se lançar como empreendedores”, conta o coordenador das Fatecs. “Mas há também alunos na faixa dos 40 anos, em geral alguém que quer assinar projetos ou progredir na carreira.”

O coordenador do Centro Paula Souza também garante que o mercado de trabalho deve se aquecer nos próximos anos para tecnólogos. “Temos planos de expandir o número de vagas. A partir do ano que vem, vamos lançar mais cursos de EAD (ensino a distância)”, afirma Macêdo. 

Voltados para a prática

Se acompanhar a evolução da tecnologia é difícil para estudantes e profissionais, o desafio não é menor nos cursos que ensinam como usar e criar essas ferramentas. Nas graduações tecnológicas, nas quais o foco é uma formação voltada para o mercado de trabalho, o problema geralmente se resolve com a mão na massa. “A grande essência do curso é o laboratório”, diz o professor Luciano Francisco Oliveira, do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, um dos mais concorridos na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste (Fatec-ZL), em São Paulo.

A atualização constante se torna um trabalho sem trégua quando o assunto é engenharia de software e outras tecnologias. O curso faz revisões semestrais do currículo, tanto na parte de conteúdos quanto na das metodologias. Na primeira metade de 2018, os professores renovaram as ementas das disciplinas, que descrevem o que o aluno deve aprender em cada aula. 

Hoje são 71 Fatecs em todo o Estado, com 74 cursos. Entre os mais procurados estão Gestão de Negócios e Inovação, Marketing e Automação Industrial. A oferta varia de acordo com o mercado local. Em regiões no interior do Estado onde o agronegócio predomina, por exemplo, há cursos focados na produção de alimentos e na indústria agrícola. Na unidade da Baixada Santista, há vagas para estudar Gestão Portuária. 

Segundo o Centro Paula Souza (CPS), autarquia do governo paulista responsável pelo ensino tecnológico, a regionalização permite absorção dos recém-formados. Uma pesquisa interna do CPS, feita com formandos de 2014 e divulgada em 2016, diz que a empregabilidade dos egressos no ano seguinte à graduação foi de 86%. Para professores, outra explicação para esse taxa é justamente o foco na prática. “O curso é bastante focado para uma expectativa de mercado”, diz Oliveira.

Saiba mais: A principal novidade do vestibular de inverno da Fatec é a inauguração do curso de graduação tecnológica em Design de Mídias Digitais. O curso, oferecido em Barueri, é focado em alunos com interesse em tecnologia, publicidade e marketing.

INSCRIÇÃO: Aberta até 8 de junho VAGAS: 40 por curso DATA DA PROVA: 1º de julho RESULTADO: 20 de julho MENSALIDADE: Gratuito SITE: vestibularfatec.com.br

EAD bate recorde 

Estudantes matriculados em graduações de ensino a distância (EAD) somam quase 1,5 milhão, um recorde histórico. Segundo o Censo do Ensino Superior 2016, último dado oficial disponível, a modalidade tem uma participação de 18,6% do total de matrículas na educação superior no Brasil. Em 2006, o índice era de só 4,2%. Analistas do setor afirmam com segurança que o EAD vai seguir crescendo. 

A oferta tem aumentado porque o Ministério da Educação (MEC) flexibilizou no ano passado as regras para novos polos e permitiu a criação de cursos totalmente online, sem a instituição ter de oferecer o curso na modalidade presencial. “Se antes EAD já chegava a cidades médias, agora vai a cada cantinho do Brasil. É a maneira de dar acesso ao conhecimento para todos”, afirma Betina von Staa, responsável pelo CensoEad.Br da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). 

Ao aspecto de regulamentação soma-se a questão econômica: com a escassez de recursos para programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), os estudantes de baixa renda veem na modalidade uma opção mais acessível. “EAD nunca teve Fies. As instituições tiveram de se adaptar ao mercado, altamente competitivo”, diz Betina. Mas não basta comparar preços, é preciso investigar a qualidade. “Não é tudo a mesma coisa. O candidato deve ver o tipo de tutoria, em que plataformas o conteúdo é oferecido, o apoio presencial, como os trabalhos são cobrados.” 

Em São Paulo é possível cursar EAD gratuitamente, tendo aulas com professores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Embora as primeiras turmas de alunos não tenham se formado ainda, a Universidade Virtual de São Paulo (Univesp) já é referência de EAD. “Visamos a oferecer cursos de extrema qualidade, com investimento em tecnologia e o melhor material didático. E o aluno tem a oportunidade de estudar com alguns dos melhores professores do Brasil”, afirma a presidente da Univesp, Maria Alice Carraturi. 

A permanência dos estudantes ainda é um desafio, reconhece Maria Alice. “Alguns se matriculam esperando que EAD seja mais fácil. É flexível, você pode estudar a qualquer hora, mas é preciso dedicar tempo. Com os prazos, é até mais rígido do que o presencial, porque com o sistema não dá para negociar a entrega.” Quem consegue seguir não tem sofrido preconceito por estudar a distância. “Nossos alunos são mais velhos e quase 90% já estão inseridos no mercado. O que vemos são estudantes deslocados para outras áreas, promovidos, outros abrem a própria empresa.”

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