Por Diego Silva*
Atualmente, vivemos em um mundo em que a produção e a análise de dados não têm precedentes na história da humanidade. Nesse contexto, é indicado que a tomada de decisões de uma instituição seja orientada pelos dados obtidos, analisados e compartilhados com os envolvidos e, na educação, não deve ser diferente. Pretendo expor, neste texto, a necessidade de empregar a análise de dados no processo decisório da gestão escolar com base em avaliações, principalmente externas, para trazer à consciência o que e como os alunos têm aprendido e aumentar assertividade e embasamento na tomada de decisões.
A busca por dados na educação passa necessariamente pelo processo avaliativo. Encontrar os instrumentos que forneçam a maior quantidade de dados relevantes é imprescindível para embasar opiniões e sugerir intervenções para turmas, alunos e professores. As avaliações produzidas internamente, pelos próprios professores e gestores de área do conhecimento, fornecem dados valiosos sobre o que seus alunos aprenderam ou ainda precisam aprender. No entanto, como vemos em casos de sucesso obtidos por escolas no Brasil e mundo afora, a avaliação externa emerge como uma ferramenta poderosa para trazer evidências de aprendizagem ao empregar métricas bem definidas estabelecidas, por exemplo, pelo IDEB, ENEM ou PISA. Isto porque, avaliações externas têm a premissa de serem aplicadas a um grande número de alunos de diferentes realidades e terem testado previamente seus itens para calibração da dificuldade e adequação em relação ao ano ou à série. Ao unir dados internos e externos ganha-se, assim, um grau de comparabilidade e credibilidade ainda maior na identificação das competências e habilidades que ainda não foram atingidas e quais já foram.
Contudo, os dados por si só não promovem mudanças positivas na educação. Segundo Philip Davies, da Universidade de Oxford, a junção entre os dados produzidos externamente e a experiência docente é o que promove uma educação baseada em evidências. Ele define sua característica central como um processo de duas vias: em uma, há uma ampliação do que fundamenta a experiência docente ao localizá-la dentro da evidência disponível; em outra, há a demanda por criação de pesquisas e estudos que explorem e testem as experiências de professores e alunos (cf. DAVIES, p. 117). Na primeira via, por exemplo, a experiência docente é enriquecida pelos dados obtidos para que haja maior assertividade nas intervenções realizadas em sala de aula, para trabalhar com habilidades específicas que ainda precisam ser desenvolvidas, enquanto os alunos recebem dados personalizados indicando estudos para atingir seus objetivos de aprendizagem. Na segunda via, as práticas de sucesso dos docentes e bons resultados pedagógicos podem ser aprimorados e replicados mediante testes com dados confiáveis.
No Colégio Pentágono, temos buscado uma educação baseada em evidências, além das avaliações internas, também por meio de avaliações externas como sondagens de alfabetização (para alunos da Educação Infantil e dos Anos Iniciais), o PISA-S (para concluintes dos Anos Finais) e simulados modelo ENEM (para o Ensino Médio). Os dados obtidos são tratados, analisados e compartilhados com gestores, professores e alunos, por meio de relatórios personalizados para cada parte interessada em um processo que, ao trazer à consciência - ou tornar visível - a situação como está, encaminha a ação orientada pelos dados. Isto não só promove melhores resultados, como também proporciona ganho de eficiência pela gestão escolar, aprimoramento das práticas docentes e qualidade do ensino recebido pelos nossos alunos.
* Diego Silva é Gestor de Dados do Colégio Pentágono
Referência bibliográfica: Davies, P. What is Evidence-based Education? In: British Journal of Educational Studies, 47(2), 108-121, 1999.