Se procurarmos, encontraremos matemática em tudo. Os planetas e os astros são esferas que se movem em elipses seguindo trajetórias que podem ser calculadas. A bola de futebol que chutamos para o alto é uma esfera que se move em uma parábola até cair no chão do outro lado. Árvores, garrafas e lápis são cilindros, degraus são retângulos, placas são quadrados. E assim vai.
Mas apesar de a matemática ser parte de praticamente tudo a nossa volta, suas fórmulas, contas e lógicas são conceitos abstratos, o que torna mais difícil para algumas pessoas visualizá-los, entendê-los e aplicá-los. Tendo isso em mente, uma das estratégias da professora de matemática Luciene de Sousa, do Ensino Fundamental 2 da Escola Santi,é trazer estes conceitos para o plano concreto.
"É muito diferente você explicar para um aluno o que é uma pirâmide de base quadrada e qual a área que ela ocupa apenas falando ou desenhando na lousa, mostrando essa pirâmide em 3D no computador ou trazendo uma pirâmide real, que eles possam ver, tocar, girar e manipular da forma que eles quiserem e debater em cima dela suas observações e hipóteses. Fazer isso permite que eles saim da abstração e vejam um problema real", explica a professora de matemática do 6º, 7º e 9º ano da Santi.
Para isso, os alunos da Santi contam não apenas com construções geométricas e materiais manipulativos como cubos de encaixe, pirâmides e toda a sorte de modelos de figuras geométricas, mas também contam com a tecnologia. Durante as aulas, utilizam a ferramenta online Geogebra e até mesmo as câmeras de seus celulares para visualizar a relação entre as formas, as equações e o mundo a sua volta.
O Geogebra é um aplicativo que permite você criar construções geométricas usando pontos, retas, formas, desenhos e figuras, inclusive em três dimensões, e ligar cada um desses objetos a uma função ou fórmula. Os desenhos criados são interativos e podem ser manipulados à vontade, enquanto o aplicativo mostra como a mudança na forma influencia cada uma das funções, fórmulas e equações ligadas a eles. Com isso, o Geogebra permite representar, ao mesmo tempo e em um único ambiente visual, as características geométricas e algébricas de um mesmo objeto. Nas aulas, além de a professora usar o aplicativo para demonstrar aos alunos conceitos, fórmulas e sólidos geométricos, eles também podem utilizar o software para criar seus próprios desenhos e equações.
Já as câmeras dos celulares foram usadas para estreitar a percepção dos alunos sobre a relação entre a matemática, a geometria e o mundo a nossa volta. "A ideia era que os alunos saíssem da sala de aula e enxergassem as figuras geométricas no ambiente. Assim, a partir desse olhar mais focado e diferenciado, eles conseguem revisar características, pensar e relembrar o que constitui cada forma", conta Luciene.
A mesma figura geométrica não pode se repetir em duas fotos do mesmo grupo e cada foto precisa ser planejada com cuidado, já que depois os alunos escrevem legendas para cada uma delas, contando qual a forma representada na foto, o que ela significa naquele espaço e porque resolveram registrar aquela forma específica. Depois de encerrado o projeto, as fotos tiradas pelos alunos serão compartilhadas no Instagram da escola.
A importância de se realizar atividades tão diferenciadas envolvendo o mesmo tema é clara: além de tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes para os alunos, que por consequência focam e aprendem mais, o uso de diferentes estratégias garante que os diferentes tipos de aprendizagem sejam contemplados.
"Cada pessoa aprende de forma diferente. Algumas fazendo resumos, outras conversando sobre o assunto, outras com desenhos, outras com atividades práticas e assim por diante, e todas essas necessidades precisam ser levadas em conta na sala de aula para facilitar o entendimento dos problemas e garantir que todos aprendam", finaliza Luciene.