Sete escolas estaduais de São Paulo foram fechadas por casos de infecção por coronavírus antes mesmo de retomarem as aulas presenciais. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 8, pelo secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, que não detalhou o número de casos confirmados de covid-19.
Na semana passada, situação parecida ocorreu no interior paulista, quando ao menos três escolas privadas e uma pública de Campinas registraram casos de covid-19 após a retomada dos trabalhos presenciais, no fim de janeiro. A situação mais grave foi registrada no colégio Jaime Kratz, com 37 funcionários e cinco alunos infectados pelo coronavírus.
A rede estadual de ensino foi reaberta nesta segunda em São Paulo para aulas presenciais - no total, foram 4,5 mil escolas abertas (de 5,3 mil que fazem parte da rede). Segundo o governo, 516 municípios já autorizaram o retorno, mas há 129 que vetaram a volta das escolas estaduais. Nessas cidades, 800 escolas da rede estadual permanecem fechadas por falta de autorização.
Na semana passada, as escolas começaram a reabrir para distribuição de merenda e planejamento dos professores. Um dos colégios fechados é a Escola Estadual Ermelino Matarazzo, na capital paulista, que teve duas infecções confirmadas e outras sete pessoas com sintomas. Esses funcionários estão sendo testados para que a escola seja liberada para reabrir.
"Que a gente possa afirmar, surto até agora não houve, mas estamos investigando todos os casos, fazendo testagem", disse o secretário Rossieli Soares, que não descarta a necessidade de eventualmente fechar turmas ou outras unidades durante o processo de reabertura. Rossieli acompanhou a reabertura da Escola Estadual Raul Antônio Fragoso, em Pirituba, zona norte de São Paulo na manhã desta segunda-feira, 8.
A volta às aulas na rede estadual ocorre em meio à segunda onda da pandemia de coronavírus e sofre pressão contrária de professores.
Escolas da rede estadual só receberão 35% dos estudantes nas primeiras semanas mesmo em cidades na fase amarela do plano estadual de flexibilização da quarentena, como a capital. Já as particulares nessas regiões podem receber até 70% dos alunos, se os prefeitos permitirem.
O secretário disse que foi mantido o porcentual de 35% mesmo na fase amarela por uma questão de planejamento. "Optamos pela rede estadual com até 35% justamente porque a escola já tinha feito todo um planejamento, comunicado todas as famílias. Mantivemos aquilo que as escolas tinham planejado para dar estabilidade a esse retorno."
A Apeoesp, sindicatos dos professores da rede estadual, também apontou casos de contaminação pela covid nas escolas. Segundo o sindicato, relatos em 96 escolas indicam 206 casos confirmados da covid-19. Os docentes entraram em greve contra a volta às aulas em meio à pandemia e o governo pretende endurecer as medidas contra o sindicato para garantir a reabertura.
Segundo Rossieli, os salários desses professores que não retornarem à escola serão descontados a partir desta segunda. O governo ainda estuda acionar a Justiça contra a greve dos docentes. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, 5% dos professores faltaram nesta segunda. "Não tivemos nenhuma escola parada por causa de greve", disse Rossieli, pela manhã.
De acordo com a Apeoesp, a greve teve adesão de 15% dos professores, mas o sindicato espera crescimento do movimento nos próximos dias. Ainda segundo a Apeoesp, foi "baixíssima" a presença de estudantes, "em torno de 5%". "Isto mostra que a sociedade está consciente dos riscos da reabertura das escolas neste contexto de grave pandemia", afirmou, por meio de nota. O governo estadual não apresentou balanço do número de alunos que foi à escola nesta segunda-feira.
Aluno não é obrigado a ir à escola
Rossieli voltou a falar sobre a obrigatoriedade de retorno presencial à escola. Deliberação do Conselho Estadual da Educação homologada pelo secretário estipulava que cada aluno deveria cumprir 1/3 das aulas obrigatoriamente na escola a partir da fase amarela.
Os pais da rede estadual, no entanto, não estão sendo obrigados a mandar os filhos, embora a capital e outras regiões já tenham avançado à fase amarela. Segundo Rossieli, o retorno será feito de forma opcional em um período que chamou de transição, de "duas a três semanas".
A volta obrigatória enfrenta resistência até mesmo de pais que faziam campanha pela reabertura de escolas, mas era defendida pelo secretário.
Indagado sobre a não obrigatoriedade de presença especificamente em escolas particulares (que também são regidas pela deliberação do conselho), Rossieli disse que a deliberação do conselho também indica que podem ser feitas alterações nessa regra.
"Entendemos que vai ter de ter uma espécie de tempo de transição, para que a escola possa se reorganizar e replanejar. Vamos fazer adaptações necessárias. Essa regra também deverá valer para escolas particulares."
Na sexta-feira, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação informou que a obrigatoriedade seria suspensa na fase amarela para todas as escolas, públicas e privadas. Depois, informou que a medida não seria formalizada em nenhuma publicação oficial.