Um em cada dez estudantes brasileiros é vítima de bullying, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Estudo realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), em parceria com o Ministério da Educação, revelou que 69,7% dos estudantes brasileiros declaram ter presenciado alguma situação de violência dentro da escola.
O professor de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) José Leon Crochick define o bullying como uma hostilidade duradoura contra um mesmo alvo, que não consegue se defender o suficiente para evitar a agressão. Ele e outros especialistas ouvidos pelo Estado explicam como identificar se uma crianças está sofrendo bullying.
Sinais apresentados por uma criança que sofre bullying
- Tristeza
- Isolamento
- Mudanças repentinas de humor
- Raiva excessiva
- Falta de iniciativa para deixar a casa
De acordo com Márcia Régis, pedagoga do Colégio Presbiteriano Mackenzie, o tema é complexo e exige que haja total atenção dos pais sobre as nuances no comportamento dos filhos. Ela diz que o primeiro sinal que uma criança que está sofrendo bullying apresenta é o aspecto de tristeza e isolamento.
A pedagoga ressalta que é justamente naqueles ciclos nos quais as crianças convivem diretamente, entre amigos, por exemplo, que surge o bullying. “Há uma relação de afeto e de admiração, e quando a criança recebe uma palavra ou uma expressão que a deprima ou a coloque em uma situação inferior, ela sente muito”, explica.
O professor do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da USP José Leon Crochick acrescenta que também pode haver mudanças repentinas de humor, ataques de raiva e dificuldade em concentração em leituras, conversas ou qualquer outra atividade rotineira.
“As pessoas reagem de formas distintas, conforme sua estrutura psíquica; de todo modo, os sinais de quem sofre (a agressão) são mais visíveis, pois se referem a comportamentos que são repentinamente alterados”, completa.
Segundo ele, também é possível que a criança não queira sair de casa ou voltar ao lugar onde sofreu a agressão.
Professora de Psicologia da USP, Maria Isabel da Silva Leme ressalta que, quando este tipo de situação ocorre em ambiente escolar, é comum que as crianças “inventem motivos” para não ir ao colégio, mostrem-se ansiosas em qualquer situação que envolva a escola e tenham seu desempenho escolar influenciado negativamente.
Como proceder se o seu filho é vítima de bullying
Crochick aponta que uma conversa franca entre pais e filhos é o que melhor pode haver. “Mas que seja um diálogo acolhedor, que procure entender o que se passa com o filho no que diz respeito ao bullying”, ressalta.
Para que a conversa não seja intimidadora, Crochick sugere que se comece conversando sobre o bullying de uma forma geral, perguntando à criança ou adolescente o que ele acha da prática, para em seguida perguntar se já praticou ou foi alvo e o que fazer para evitar essa situação.
O professor afirma que os pais devem enfatizar que não há nada errado com ele, mas, sim, com o autor da agressão, que o escolheu por acaso e poderia escolher qualquer outro que julgasse que não pudesse enfrentá-lo e procurar o professor, o coordenador ou o diretor para que eles tomem ciência da situação.